1.4.12
Motins do Maneta
Os Motins do Maneta mobilizou a populaçao colonial de Salvador contra as autoridades metropolitanas.
A economia mercantil européia foi responsável por uma série de transformações de ordem política e econômica. No campo econômico, podemos destacar como a concorrência mercantilista motivou diversas nações a buscarem a exploração de colônias no continente americano e a adoção de medidas de caráter protecionista. No âmbito político, as relações entre as nações européias se tornavam cada vez mais delicadas mediante os interesses comerciais antagônicos.
Nesse contexto, observamos a forma pela qual a Inglaterra conseguiu se sobressair mediante as demais nações européias. Racionalizando sua burocracia estatal, incentivando as atividades mercantis e empreendendo vantajosos acordos comerciais, a Coroa Britânica conseguiu tomar a frente no cenário econômico europeu. Uma das experiências que indicam esse triunfo obtido pela Inglaterra foi a paulatina conquista do mercado consumidor lusitano, que não possuía uma economia tão forte e independente.
Portugal, ao longo de sua experiência mercantilista acabou não dinamizando os setores de sua economia. Dessa maneira, acabou dependendo profundamente da exploração de suas colônias que levantavam capital suficiente para a aquisição de mercadorias manufaturadas, principalmente, de origem britânica. Por conseguinte, a dependência (junto aos britânicos) e a exploração (das riquezas da colônia brasileira) forçaram Portugal a participar da Guerra de Sucessão Espanhola.
Esse conflito envolveu as principais nações do continente europeu. Isso porque a França pretendia dominar o trono espanhol alegando direito legítimo mediante a falta de um herdeiro direito ao governo da Espanha. A Inglaterra, temendo o nascimento de uma imbatível potência no contexto econômico europeu, declarou guerra contra os franceses. Nesse período, Portugal que dependia economicamente da Inglaterra, se envolveu no conflito gastando grandes somas em dinheiro.
O rombo causado nos cofres lusitanos foi diretamente sentido em terras brasileiras. Portugal, visando melhorar suas finanças, resolveu aumentar os impostos cobrados na comercialização de sal e escravos. Os colonos moradores da cidade de São Salvador, indignados com o desmando metropolitano, resolveram protestar contra as novas cobranças. Entre os líderes desse levante urbano, se destacou o comerciante brasileiro João de Figueiredo da Costa conhecido como “maneta”.
A primeira medida tomada pelos insurretos foi distribuir cartazes que incitavam o restante da população contra o governo. Logo em seguida, o grupo urbano se voltou contra o estabelecimento comercial do português Manuel Dias Figueiras, um dos maiores vendedores de sal da cidade. Imediatamente, os manifestantes foram à casa do governador exigindo o fim dos impostos de valor abusivo. Temendo um conflito maior, as autoridades revogaram a cobrança.
Naquele mesmo período, as tropas francesas entravam em guerra contra Portugal. Durante o conflito, o governo francês autorizou a invasão da cidade do Rio de Janeiro, coordenado pelo corsário René Duguay-Trouin. Ao saber do episódio, os colonos de Salvador se viram amedrontados com a possibilidade de uma invasão francesa. Por isso, organizaram um novo motim onde exigiam o envio de tropas que defendessem a cidade do Rio de Janeiro.
A nova rebelião – também conhecida como Motim Patriota – contou com a liderança de Domingos Gomes, Domingos da Costa Guimarães e Luís Chafet. Em conseqüência à manifestação, tropas foram organizadas com o objetivo de combater os invasores franceses da cidade do Rio de Janeiro. No entanto, o esforço popular e militar foi todo em vão. Antes de empreender a luta, René Duguay-Trouin partiu para a Guiana Francesa.
Passados os conflitos, as autoridades portuguesas resolveram punir exemplarmente os problemas ocorridos naquele período. As lideranças dos motins baianos foram julgadas pelas autoridades coloniais. Além disso, a Coroa Portuguesa resolveu nomear um novo governador para a cidade do Rio de Janeiro.
Por Rainer Sousa
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