1.5.12
Aborígenes desafiam as teorias de migração humana
Um tufo de cabelo doado por um aborígene australiano em 1923 pode mudar definitivamente as teorias migratórias existentes. Hoje, de acordo com os estudos arqueológicos, acredita-se que o homem deixou a África para “povoar” o resto do mundo cerca de 24 mil anos atrás. Só que o DNA deste doador prova que a Austrália foi povoada entre 60 e 50 mil anos atrás.
O resultado do mapeamento genético, fruto do trabalho de uma equipe internacional de pesquisadores, foi publicado na revista Science e confirma a datação atribuída a objetos encontrados anteriormente em escavações na Austrália.
Segundo os arqueólogos australianos, os objetos e ossadas encontradas em diversos sítios arqueológicos indicavam que os primeiros assentamentos humanos na Oceania tiveram início há 50 mil anos atrás. E estes achados, claro, tinham sempre sua datação questionada, pois as teorias apontavam que o homem havia deixado a África há “apenas” 24 mil anos atrás, e não 50 mil anos. Houve também uma primeira onda migratória para a Ásia, iniciada há cerca de 70 mil anos, mas esta migração teria estagnado no continente e não espalhou-se para outras partes do mundo.
Esta pesquisa vem provar o contrário, que esta primeira onda migratória não ficou restrita à Ásia.
Aqui cabe um parênteses, pois não é a primeira vez que a teoria migratória mais aceita é contestada por arqueólogos de outras partes do mundo. Aqui na América, por exemplo, acredita-se que o homem iniciou o povoamento do continente entre 15 e 12 mil anos atrás. Mas o trabalho da arqueóloga brasileira Niède Guidon, que é co-gestora do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí – onde também fica o Museu do Homem Americano – prova que o homem chegou no continente há cerca de 45 mil anos atrás.
E a arqueóloga brasileira também tem seus achados contestados. Não seria a hora de fazer um mapeamento mais detalhado do genoma humano e compará-lo com o de outros povos também aqui na América, com os nativos brasileiros, por exemplo?
É esta a vontade dos pesquisadores que trabalharam no DNA do doador aborígene de 1923. Eles já estão pensando em fazer o mapeamento em amostras de DNA dos povos da América. Para esta pesquisa, foram comparados os DNAs do aborígene, de um chinês, de um europeu e de um africano. Faltou o material genético do nativo americano!
Preparem-se, pois como eu já escrevi aqui em alguns textos, quando se trata de arqueologia, o que hoje é verdade amanhã já pode ser, ou estar ultrapassado…
Fontes:
- A notícia no Último Segundo, do portal IG. Também encontrei informações no site da BBC Brasil.