10.7.12
10 tragédias ocorridas em circos
Os circos sempre encantaram crianças e adultos com seus palhaços, malabaristas, animais e várias outras atrações, fazendo as pessoas sorrirem e esquecerem por um momento dos problemas da vida. Infelizmente em algumas ocasiões os circos se tornaram perigosos, causaram dor, tristeza e até mesmo mortes. Conheça agora 10 horríveis acontecimentos envolvendo circos:
10. Morte no Cirque du Soleil
O Cirque du Soleil possui alguns dos espetáculos mais fantásticos do mundo e um faturamento de milhões de dólares ao ano, mas mesmo no maior e mais seguro circo do mundo os acidentes podem acontecer. No dia 17 de outubro de 2009 o acrobata Oleksandr Zhurov sofreu um grave acidente durante um treino na cidade de Montreal.
O ucraniano caiu enquanto fazia o “balanço russo”, um movimento no qual o artista é catapultado a uma altura de pouco mais de 9 metros e deve cair sobre os ombros de um parceiro, em uma tela de pouso ou às vezes até mesmo “voar” de um balanço para o outro. Zhurov foi levado para o hospital, mas faleceu no dia seguinte devido às lesões no crânio e cérebro. Esse foi o pior acidente já ocorrido no Cirque du Soleil.
Espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, com "balanço russo" | Foto: Patrick Bernath/Cirque du Soleil
9. O triste fim de um palhaço
No dia 28 de agosto de 2006 o palhaço Vitaly Kharapavitski e sua esposa Sasha estavam terminando uma apresentação na Irlanda quando as coisas deram terrívelmente errado. Vitaly havia entrado em uma jaula esférica de aço suspensa por um balão que acidentalmente pegou fogo. O incêndio foi assistido por mais de 300 pessoas e algumas afirmaram que o palhaço empurrou sua esposa para baixo antes de o fogo se espalhar, segundos depois a jaula caiu e esmagou o crânio de Vitaly. Sasha apenas quebrou o braço, mas se o marido não a tivesse empurrado ela provavelmente teria sido esmagada com ele.
Palhaço morto | Foto: Simulação
8. A morte de um engolidor de espadas
Em um dia qualquer de junho de 1969 o engolidor de espadas Francis P. Doran trabalhava para o Circo Clyde Beatty Cole Bros. e estava completamente bêbado ao iniciar sua apresentação. Um dos números que deveriam ser feitos era engolir um tubo de neón, tarefa simples para Duran, mas na hora de agradecer à platéia ele curvou demais o próprio corpo e o tubo explodiu. O artista acabou internado e sobreviveu, mas o acidente danificou seus pulmões de forma irreversível e assim dez anos depois ele faleceu aos 61 anos de idade devido as complicações.
Engolidor de espadas Francis P. Doran | Foto: Sword Swallowers Association International (SSAI)
7. Incêndio em um circo indiano
No dia 8 de Fevereiro de 1981 a cidade de Bangalore, na Índia, sofreu com um dos piores desastres de sua história. Um incêndio tomou conta da tenda principal do Circo Vênus fazendo-o desabar em chamas sobre uma multidão de cerca de 4.000 pessoas que corriam apavoradas procurando pelas saídas. Não foram encontradas causas para a tragédia, mas acredita-se que um curto circuito nos cabos de iluminação da tenda pode ter causado o desastre. Por mais inacreditável que pareça, poucas pessoas perderam a vida por culpa do fogo, a maior parte das 66 vítimas fatais era de crianças que morreram pisoteadas enquanto fugiam.
Fogo com circo ao fundo | Foto: Montagem
6. O ataque da elefanta Tyke
Durante boa parte do século XX o circo era um dos principais divertimentos nos Estados Unidos, mas poucos visitavam as ilhas do Havaí devido aos altos custos da viagem. Ainda assim a capital Honolulu teve o seu circo com direito aos palhaços, malabaristas, acrobatas aéreos e até mesmo uma elefanta chamada Tyke.
No dia 20 de agosto de 1994 centenas de espectadores assistiram Tyke matar o treinador Allen Campbell e ferir uma de suas assistentes. A elefanta então fugiu da arena e correu pelas ruas por meia hora, ferindo outro homem antes de finalmente ser abatida pelos policiais. Foram necessários 86 tiros para derrubar o animal. No YouTube é possível assistir ao vídeo do ataque da elefanta Tyke.
Ataque da Elefanta Tyke | Imagem: Vídeo do ataque
5. O misterioso incêndio no Ringling Brothers
Quase sete mil pessoas estavam no Ringling Brothers e Barnum & Bailey Circus no dia 6 de julho de 1944, na cidade de Hartford em Connecticut, quando um pequeno incêndio teve início. Rapidamente os espectadores foram alertados, mas o pânico tomou conta da multidão. A tenda do circo era impermeabilizada com aproximadamente 800 quilos de parafina dissolvidos em mais de 20 mil litros de gasolina, quando as chamas se espelharam a parafina fervente “choveu” sobre o público e a tenda desmoronou.
O número de vítimas não é exato, mas aproximadamente 168 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas. A origem do fogo nunca foi esclarecida e alguns sugeriram que um cigarro poderia ter iniciado a tragédia. Vários anos mais tarde um homem chamado Robert Dale Segee disse ser culpado, mas nunca foi julgado e assim retirou a confissão, fazendo com que o incêndio voltasse e ser um mistério.
Incêndio no Ringling Brothers e Barnum & Bailey Circus, na cidade de Hartford | Foto: Corbis/HartfordHistory.net
4. Um menino atacado e devorado pelos leões
José Miguel dos Santos Fonseca Júnior era um garoto de apenas 6 anos no dia 9 de abril de 2000, quando assistia junto com seu pai e sua irmã aos espetáculos do Circo Vostok instalado no estacionamento do Shopping dos Guararapes, em Recife. Foi anunciado um intervalo de 20 minutos nas apresentações, José e sua família aproveitaram esse tempo tirar fotos com os animais, mas quando estavam retornando aos seus lugares um dos leões colocou a pata para fora da jaula e puxou o menino através das grades quebrando vários ossos do corpo. Ele foi arrastado até o picadeiro e em frente ao público José foi dilacerado e outros leões começaram a devorá-lo, um deles levou o garoto até a caçamba onde os animais ficam guardados e mais leões o atacaram. Ele teve o pescoço quebrado, um braço arrancado do corpo e as vísceras ficaram expostas.
A Polícia Militar matou quatro dos animais, o único sobrevivente foi um filhote com 7 meses de idade que vive hoje no jardim zoológico de Recife. A necropsia dos felinos revelou que eles não eram alimentados a 3 dias e investigações mostraram que as jaulas eram ridiculamente frágeis.
A equipe de necropsia da UFRPE abriu os leões | Foto: Desconhecido
3. O desastre com o Circo Wallace Hagenbeck
O Circo Wallace Hagenbeck viajou por vários lugares da América no início do século XX e no seu auge era considerado o segundo maior circo do continente americano. Por causa da grande quantidade de artistas, animais e equipamentos o circo utilizava um trem como principal meio de transporte. Na madrugada de 22 de junho de 1918 o circo fazia mais uma viagem quando foi atingido por outro trem. Alonzo Sargent era o maquinista da segunda locomotiva e havia dormido nos controles fazendo com que os dois comboios se chocassem a quase 60 quilômetros por hora. 127 pessoas ficaram feridas e 86 morreram, mas o circo se recuperou e continuou funcionando até 1938.
Circo Hagenbeck-Wallace, 1933 em Ithaca, Nova York | Foto: Circus Historical Society
2. O dia em que enforcaram um elefante
Mary era uma fêmea de elefante que pesava 5 toneladas e pertencia ao Sparks Brothers Circus. No dia 11 de setembro de 1916 Red Eldridge, funcionário de um hotel, foi contratado como assistente do treinador de elefantes do circo. No dia seguinte Mary atacou e matou Eldridge, os detalhes e o motivo do ataque nunca foram esclarecidos. Charlie Sparks e seu circo foram proibidos de entrar em outras cidades, então ele decidiu enforcar o animal, transformando a morte de Mary em um espetáculo público.
No dia 13 de setembro ela foi transportada até a cidade de Erwin no Tennessee, onde mais de 2500 pessoas se reuniram para assistir a execução. Um guindaste industrial montado na Estrada de Ferro Clinchfield foi utilizado para realizar o enforcamento, mas na primeira tentativa a corrente arrebentou, a elefanta caiu e quebrou o quadril. Na segunda tentativa foram necessários 30 minutos antes de o pobre animal ser declarado morto e então enterrado em local próximo dos trilhos.
A autenticidade da foto seguinte não foi confirmada, pois só foi revelada na década de 1930 pelo jornal Kingsport Times.
Anúncio do circo Sparks no jornal Johnson City Staff e a famosa foto da elefanta Mary sendo enforcada
1. O incêndio no Gran Circus Norte-Americano
O Gran Circus Norte-Americano estreou em Niterói no dia 15 de dezembro de 1961. Os anúncios afirmavam que era o maior circo da América Latina, com cerca de 60 artistas e 150 animais. Para a montagem da tenda foram contratados 50 trabalhadores, entre eles estava Adílson Marcelino Alves que tinha antecedentes por roubo e apresentava problemas mentais. Dois dias depois Adílson acabou demitido e mais tarde foi agredido pelo tratador de elefantes ao tentar entrar escondido no circo, ele chegou a reagir e jurou vingança.
Na tarde de 17 de dezembro de 1961 Adílson e dois comparsas, José dos Santos e Walter Rosa dos Santos, decidiram colocar fogo na tenda. O espetáculo estava quase acabando quando um trapezista percebeu o incêndio e alertou as 3000 pessoas na platéia, mas em menos de 10 minutos o lugar foi completamente devorado pelo fogo. 372 pessoas morreram na hora quando a lona de 6 toneladas desabou. Nos dias que se seguiram vários feridos faleceram nos hospitais da região elevando para 500 o número de vítimas fatais, 70% delas eram crianças. Foi um dos piores incêndios do Brasil e a pior tragédia na história dos circos.
Adílson foi condenado a 16 anos de prisão e a mais 6 anos de internação em um manicômio judiciário, mas foi misteriosamente assassinado em 1973. José foi condenado a 14 anos de prisão e mais dois anos em colônia agrícola, Walter recebeu 16 anos de condenação e mais um ano também em uma colônia agrícola.
Vítima do incêndio no Gran Circus Norte-Americano | Foto: Laboratório de História Oral e Imagem da UFF
Os 10 itens listados aqui mostram que em certos momentos os circos causaram muita dor, mas a função deles é fazer sorrir e muitos deles tem feito isso incrivelmente bem. O número de momentos alegres supera em milhares de vezes o número de momentos tristes na história das artes circenses e cada ferida serviu para tornar os circos cada vez mais seguros, cada vez melhores em todos os sentidos e assim eles continuam levando sorrisos aos rostos de crianças e adultos do mundo inteiro.
Por Fernando Williams