10.7.12
Bilac e Patrocínio causaram o primeiro acidente de carro do Brasil
Escrito por Natália Pesciotta
Parece que bom-senso e sorte faltaram a José do Patrocínio.
Quando o abolicionista José do Patrocínio comprou um carro, em 1903, o automóvel estava longe de ser produto de massa no País. Poucos veículos circulavam pelas ruas brasileiras – o primeiro havia sido trazido pela família de Santos Dumont, em 1892. Como se pode imaginar, o “trânsito” guiava-se mais pelo bom-senso dos motoristas do que por regras estabelecidas. E parece que bom-senso e sorte faltaram a José do Patrocínio.
O abolicionista convidou o poeta Olavo Bilac para experimentar o possante veículo movido a vapor. O modelo do francês Serpollet seguia padrão inglês: Bilac sentou-se à direita, no banco do motorista, e José do Patrocínio acomodou-se à esquerda, no de passageiro. Por alguns quilômetros, o poeta seguiu com o veículo levemente desgovernado, deixando os transeuntes de cabelo em pé. Por fim, à incrível velocidade de três quilômetros por hora, perdeu o controle da alavanca de direção e atingiu em cheio uma árvore.
Por sorte, ela foi a única vítima do primeiro acidente automobilístico de que se tem notícia no Brasil. Os dois aventureiros saíram ilesos, mas o veículo teve perda total. Dizem que Patrocínio ficou arrasado. Teria concluído, irônico: “Isso só aconteceu porque eu não fui batizado. Sem religião e com essas ruas vagabundas o progresso não é possível”.
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