9.8.12
Abade Faria
Por Emerson Santiago
José Custódio de Faria, mais conhecido por Abade Faria (30 de Maio de 1756, Candolim, Índia – 30 de setembro de 1819 Paris, França) foi um monge católico nascido em Goa (à época, parte do Estado da Índia portuguesa) e reconhecido como um dos pioneiros do estudo científico da hipnose, na sequência da obra de Franz Anton Mesmer. Faria é responsável por introduzir a hipnose oriental na França. Filho de Caetano Vitorino de Faria, brâmane saraswati e Rosa Maria de Souza, possuía ainda uma irmã adotada, de nome Catarina. Os pais do abade separaram-se mais tarde, ambos aderindo à vida monástica.
Aos quinze anos de idade, viaja acompanhado de seu pai com destino a Lisboa. Depois de cerca de um ano vivendo na metrópole, ambos convencem o rei de Portugal à época, D. José I, a custear os estudos de Faria sênior em Roma, e os de seu filho, como religioso. Mais tarde o próprio abade conquistaria, a 12 de Março de 1780, a ordenação como presbítero e doutouramento em Filosofia e Teologia pela Universidade de Roma, causando impressão suficiente no papa de então, Pio VI, que o convidou a realizar um sermão na Capela Sistina, assistido por Sua Santidade em pessoa. Terminando os seus estudos, regressa a Portugal, conquistando grande fama como pregador.
Em 1788 emigra para Paris, fixando residência na Rua de Ponceau, dedicando-se ao estudo do hipnotismo, sendo pioneiro no lançamento da doutrina da auto-sugestão, similar ao entendimento atual. Também foi o primeiro a propagar que a hipnose se produzia e se explicava em função do paciente e não era devido a nenhuma influência magnética do hipnotizador, como pregava Mesmer. Sua prática costumeira consistia em recomendar o relaxamento muscular ao paciente, fitar-lhe os olhos e em seguida ordenar em voz alta: “Durma”! A ordem era várias vezes repetida, para provocar o transe hipnótico.
Em 1795, no auge dos desdobramentos da Revolução Francesa, torna-se líder de um batalhão revolucionário, comandando uma das secções do tristemente célebre “10 do Vendimario”, que atacou a convenção e em cuja queda tomou parte ativa. Estabeleceu relações com altas personalidades políticas, como o Marquês de Puységur, a quem dedicou o seu livro sobre as “Causas do Sono Lúcido”. Em 1797 é preso por razões desconhecidas, passando um bom tempo numa solitária do temido presídio “Chateau d’If”. Libertado, é logo acusado de charlatanismo, resolvendo enfim recolher-se a uma ordem monástica obscura, morrendo de derrame em Paris, em setembro de 1819.
Curioso citar que em seu “Conde de Monte Cristo”, Alexandre Dumas inclui o abade como um dos personagens de sua trama, dando especial atenção ao período em que o abade passou no Chateàu d´If.
Bibliografia:
SANTIAGO, Emerson. A história do abade Faria, o hipnotizador. Disponível em: <http://opatifundio.com/site/?p=338>. Acesso em: 22 jul. 2012.
MONTEIRO, Francisco. Abade Faria (1756-1819). Disponível em: <http://www.supergoa.com/pt/read/news_cronica.asp?c_news=602>. Acesso em: 22 jul. 2012.
Fonte: