A Reforma Protestante nasceu das 95 críticas duras feitas ao catolicismo pelo religioso da Saxônia, no leste da atual Alemanha. Nessas teses, Lutero condenava os excessos e a corrupção da Igreja Católica Apostólica Romana, em especial a prática papal de pedir pagamento em dinheiro – as chamadas ‘indulgências’ – para o perdão dos pecados cometidos. Na teologia católica, a indulgência é a remissão, parcial ou total, do castigo temporal imputado a alguém por conta dos seus pecados.
Naquele tempo, qualquer pessoa poderia comprar uma indulgência, fosse para si mesmo, fosse para um parente já morto que estivesse no Purgatório. À época, um prelado dominicano de nome Johann Tetzel, nomeado pelo arcebispo de Mogúncia e pelo papa Leão X, era o intermediário de uma vasta campanha de arrecadação de fundos destinados a financiar a reforma da Basílica de São Pedro, em Roma.
Embora o eleitor Frederico III da Saxônia tivesse proibido a venda de indulgências em Wittenberg, muitos membros da igreja e simples fieis viajavam para aquela cidade a fim de comprá-las. Quando retornavam aos seus lugares de origem, mostravam-nas a Lutero, que por ali andava, os perdões que haviam adquirido, afirmando que não mais precisariam arrepender-se de seus pecados.
A frustração de Lutero com aquela prática levou-o a escrever as teses (na véspera do dia de Todos os Santos, quando haveria peregrinação à igreja de Wittenberg), que foram rapidamente entendidas pela população, traduzidas do latim para o alemão e amplamente distribuídas. As ideias condenavam o que Lutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam.
Para todos os efeitos, contudo, Lutero não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder as tais indulgências. Uma cópia chegou ao Vaticano e esforços foram despendidos para convencer Lutero a mudar de parecer. O monge recusou-se a manter-se em silêncio e, em 1521, o papa Leão X o excomungou formalmente da Igreja católica.
No mesmo ano, Lutero recusou-se de novo a abjurar seus escritos diante do imperador Carlos V, que acabou publicando o famoso Édito de Worms, declarando Lutero um fora-de-lei e herege e dando permissão a quem quer que fosse que o matasse sem que pudesse advir alguma consequência. Protegido por Frederico III, Lutero começou a trabalhar na tradução da Bíblia para o alemão, uma tarefa que levou 10 anos para concluir.
A expressão "protestante" para designar os dissidentes apareceu pela primeira vez em 1529, quando Carlos V revogou a disposição que permitia ao governante de cada Estado do Sacro Império escolher se queria respeitar e fazer cumprir o Édito de Worms ou não. Diversos príncipes e outros defensores de Lutero publicaram um protesto, declarando que sua lealdade a Deus suplantava sua lealdade ao imperador. Passaram então a serem conhecidos pelos opositores como ‘protestantes’. Paulatinamente, a expressão se estendeu a todos aqueles que acreditavam que a Igreja deveria ser reformada, mesmo os que viviam fora da Alemanha.
Por ocasião da morte de Lutero (de causas naturais), em 1546, suas crenças revolucionárias constituíram o alicerce da Reforma protestante, que, ao longo dos três séculos subsequentes, exerceu forte influência sobre a civilização ocidental.
Fonte: http://adm.operamundi.com.br/conteudo/noticias/1801/hoje+na+historia+martinho+lutero+publica+teses+contra+a+igreja.shtml
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