Por Emerson Santiago
No mundo islâmico, a caligrafia assumiu uma nova dimensão, alçada ao patamar da arte mais sublime. Isto se deve basicamente à filosofia do Islã, que percebe a arte figurativa (representação de seres vivos, humanos e animais) como uma possível forma de idolatria.
Tal raciocínio permitiu o surgimento de uma espécie de arte diferente nesta parte do mundo, no qual a caligrafia passou a ser cultuada, elaborada e estilizada, tornando-se uma forma de arte entre os povos de religião muçulmana. A escrita árabe é um “abjad” (abjad ou consonantário é um sistema de escrita no qual os símbolos representam consoantes, deixando ao leitor que interprete e complete com a vogal apropriada o símbolo escrito), oficializado em 786 por Khalil ibn Ahmad al Farahidi, e que, a partir do século X, gradativamente, escribas islâmicos passaram a transformar em obra de arte visual. Não se pode deixar de mencionar o Alcorão como ator fundamental em meio a esta prática, pois muitos religiosos eram estimulados a converter em arte gráfica várias passagens do livro sagrado, o que os estimulava a melhor memorizá-lo.
Com a expansão árabe, vários outros povos desenvolveram estilos particulares de caligrafia, com destaque para o Irã e a Turquia, sendo que neste segundo país, a escrita árabe foi substituída no meio da década de 20 do século passado por uma versão turca do alfabeto latino.
Os principais estilos de caligrafia islâmica ou árabe são:
naskh – é uma das primeiras formas a surgir, popularizada no século X por Ibn Muqlah Shirazi, calígrafo iraniano. É normalmente feita com traços pequenos horizontais, e as curvas são cheias e profundas. Os traços são retos e verticais e as palavras geralmente bem espaçadas. Atualmente, a naskh é considerada a escrita máxima para quase todos os muçulmanos e árabes em todo o mundo.
kufi – ou ainda escrita cúfica, foi a forma predominante no início do Islã. Criada no século VIII nas cidades de Basra (Bassora) e Kufa, no Iraque, ela possui medidas específicas, além da angulosidade e linhas quadradas pronunciadas, características evidentes desta escrita.
thuluth – criada no século VII, só foi se desenvolver realmente no século IX. É ainda a mais popular forma de escrita ornamental árabe, e mesmo assim raramente foi utilizada na escrita do Alcorão, sendo preferida para a escrita de cartazes, placas, inscrições, etc. Caracteriza-se pelas letras curvas, apresentando pequenos traços, como farpas, na parte de cima das letras. As letras são ligadas e algumas vezes entrecortadas, produzindo, assim, uma fluência cursiva de grandes e complexas proporções. A escrita thuluth é conhecida por seus traços elaborados e por sua incrível plasticidade.
riq´ah – ou ruq´ah, é uma evolução dos estilos naskh e thuluth. As formas geométricas das letras são semelhantes às da thuluth, porém menores e com mais curvas. Ela é arredondada e estruturada de uma forma mais densa, com pequenos traços horizontais. Era bastante popular entre os calígrafos turcos.
taliq – também conhecida por farsi (persa), estima-se que foi criada por calígrafos iranianos a partir de um estilo obscuro denominado firamuz. Escrita cursiva modesta, aparentemente em uso desde o início do século IX.
nastaliq – nastaliq é uma palavra derivada de “naskh” e de “taliq”. Forma mais leve e elegante, criada pelo calígrafo iraniano Mir Ali Sultan al-Tabrizi.
Bibliografia:
MUNIZ, Mônica. A Arte da Caligrafia Árabe.. Disponível em <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=312>. Acesso em: 09 abr. 2012.
Caligrafia árabe.. Disponível em <http://www.caligrafiaarabe.com.br/caligrafia.htm>. Acesso em: 09 abr. 2012.
Fonte: