Discuta como o BRock pensou as questões políticas do país na década de 1980.
Na década de 1980, o Brasil havia se tornado um verdadeiro caldeirão de transformações políticas, sociais e culturais. Diversos membros da nossa sociedade vivenciaram as expectativas, tensões e desfecho que marcaram o processo de redemocratização do nosso país. O regime militar já se mostrava completamente desgastado e, com isso, seus dirigentes promoveram o conhecido processo de abertura “lenta, gradual e segura”.
O fim da ditadura significava a retomada de uma série de liberdades civis que foram completamente banidas pelas ações restritivas impostas pelo governo que vigorou durante duas décadas. Sem dúvida, a expectativa gerada por essa transformação se desdobrou em uma série de manifestações que demonstrava o interesse dos cidadãos em modernizar as práticas políticas do país e, principalmente, resgatar a importância política dos indivíduos no estabelecimento de uma sociedade democrática.
Um dos momentos de maior agitação que expôs esse processo de transformação aconteceu entre os anos de 1983 e 1984, período em que vários cidadãos saíram às ruas exigindo que a população tivesse o direito de escolher o próximo presidente através do voto direto. O chamado movimento das “Diretas Já” não só denominou as várias passeatas ocorridas nos centros urbanos do país, mas também instigou uma série de manifestações artísticas que refletiam sobre aquele momento.
Em meio a tantas mudanças, o rock brasileiro ganhou um novo conjunto de grupos e cantores que embalavam a juventude daquela época promovendo um diálogo com as questões políticas naquele momento. Entre outros vários conjuntos, podemos destacar o surgimento dos Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Barão Vermelho, Titãs, dentre outras. Para diferenciá-los das bandas que já existiam, críticos e estudiosos convencionaram chamar esses novos grupos como pertencentes ao BRock.
Para demonstrar ao aluno sobre a preocupação de tais bandas em discutir a situação nacional por meio de canções, o professor tem um extenso número de canções que podem assinalar tal característica. Como sugestão, indicamos o trabalho com a canção “Inútil” da banda Ultraje a Rigor, gravada no ano de 1983. Agrupando uma série de questões desenvolvidas no período, esta canção tratava de um amplo leque de temas a serem debatidos.
Destacando a defesa pelo regime democrático, a letra cria um narrador que ironiza as limitações impostas aos cidadãos. Já no primeiro verso, a banda diz que “A gente não sabemos escolher presidente” fazendo clara referência ao movimento das “Diretas”. Logo em seguida, toca no problema da dívida externa brasileira denunciando que “A gente pede grana e não consegue pagar” e da ausência de políticas culturais dizendo que “A gente escreve livro e não consegue publicar...“.
Caso o professor prefira, a canção pode ser utilizada para fechar todas as questões e fatos históricos que marcaram a História do Brasil durante a década de 1980. Além de oferecer um divertido exercício de interpretação, o uso dessa letra pode ainda abrir caminho para o debate sobre o cenário cultural contemporâneo. Para isso, o mestre pode, nessa mesma atividade, pedir que a turma pesquise canções atuais que debatam questões do cotidiano.
Por Rainer Sousa
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