Os 14 guardas do cemitério de Pistóia.
Por Edson Day
Em 3 de agosto de 1947 a revista A Noite Ilustrada publicava em suas paginas a História dos guardiões do cemitério da Força Expedicionária na Itália. Com o Titulo "OH, QUE SAUDADE DA ITÁLIA!, a reportagem de José Leal com fotografias de J. Sousa relatava a História de um grupo de soldados que guardava o local de repouso dos restos mortais dos Brasileiros que tombaram no campo de batalha Italiano.
No dia 23 de dezembro de 1945, um navio americano zarpou do Rio de Janeiro com destino ao porto Italiano de Gênova levando 14 soldados Brasileiros que tinham como missão fazer a guarda do cemitério brasileiro em Pistóia. Eram um Capitão, um Tenente, dois Sargentos, dois cabos e oito Soldados. A missão começou com uma viagem de 24 dias atravessando o Atlântico seguido de aproximadamente de dezenove meses de guarda ao cemitério Brasileiro em Pistóia, Itália. Função fazer a segurança e a guarda, bem como a limpeza, organização, manutenção e orientação aos visitantes no cemitério.
Eram eles:
Comandante Capitão: Haroldo França de Souza Silveira
Sub comandante Tenente: Ivan Lobo Mazza
Sargento: José Gomes Beato
Sargento: Luis Gomes da Silva
Cabo: Manoel Teixeira da Silva
Cabo: Elias da Silva
Soldado: José Claro
Soldado: Odilon Perpétuo
Soldado: José Bork
Soldado: José Elisário de Souza
Soldado: Afonso Fernandes
Soldado: Norival Feijó
Soldado: Nestor Fontaine
Soldado: Osvaldo Hosteri
Em entrevista esses soldados relataram que a primeira impressão foi que achavam engraçado o idioma Italiano, e as Italianas além de muito bonitas, tinham o sorriso franco. Relataram que se impressionaram com a rápida e inacreditável reorganização e recuperação de um pais que a muitos anos sofria as mazelas da guerra. A indústria e o comercio local estavam em plena recuperação. Em especial a indústria automobilística era uma das mais promissoras. Disseram que apesar de tudo uma sombra ainda pairava sobre a Itália, o Fascismo. Os seguidores de Mussolini ainda eram em grande numero. A princípio esses seguidores do Fascismo negavam sua devoção ao regime, mas que depois de uma conversa mais franca e aberta acabam revelando seus pontos de vista políticos. Mas os Italianos em grande parte não queriam mais nem ouvir falar em Fascismo, muito menos em Mussolini ou qualquer outro ligado ao regime dele. O custo de vida para os italianos era muito alto em contrapartida para os estrangeiros quase tudo custava o razoavelmente barato.
Relataram que eram muito bem recebidos em todos os lugares por todas as pessoas. Foram considerados entre os Aliados que ainda permaneciam na Itália do Pós Guerra, os mais simpáticos, comedidos e que tinham uma grande empatia com o sofrimento dos Italianos.
O cemitério Brasileiro era muito visitado, principalmente pelos estrangeiros. O povo Italiano passou a gostar ainda mais dos Brasileiros depois da participação da Feb na segunda guerra. Nossos soldados foram e são muito admirados ainda. Por onde a Feb passou todo tem prazer em falar dos nossos soldados e da nossa pátria. Na época muitos Italianos demonstravam desejo de vir morar no Brasil por conta da FEB. Mas as dificuldades e os preços das passagens marítimas na época eram um grande empecilho tendo em vista a crise econômica por qual o povo Italiano passava.
A missão terminou com decisão de repatriar os restos mortais dos pracinhas pelo ministro da guerra Brasileiro. A viagem de retorno dos 14 guardiões ao Brasil foi realizada a bordo do navio Almirante Jaseguai. A chegada se deu em Julho de 1947 no Rio de Janeiro.
Com a missão cumprida os 14 guardas se dirigiram as suas unidades de origem no Brasil. Quase todos deram baixa imediatamente com exceção dos dois sargentos, o tenente, e o capitão. Assim se desfez a Guarda do cemitério de Pistóia. Cumpriram uma bela missão. No final da entrevista o soldado Odilon com vontade de chorar diz: Que saudades daquela gente.
Segue abaixo os 14 guardas suas histórias e as paginas da revista.
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Fonte e Referencias: LEAL, José. Ho, que saudade da Itália!. A Noite Ilustrada, Rio de Janeiro. nº 962, p 03 a 14, Agosto de 1947.
