29.6.11

Empirismo

Para Locke quando nascemos somos como uma folha em branco.

O empirismo é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias. O nome empirismo vem do latim: empiria (experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Temos, assim, a “corrente filosófica da experiência”.

Ao longo de toda a história da filosofia, diversos pensadores abordaram a questão, dando importância ao conhecimento da experiência (da sensibilidade) ao invés de apenas ao intelectual. Entretanto, o principal defensor do empirismo foi John Locke (1632-1704), filósofo inglês. O empirismo defendido ficou conhecido como empirismo britânico, e influenciou diversos filósofos.

Locke defendeu que a experiência forma as ideias em nossa mente, no seu livro Ensaio acerca do entendimento humano, de 1690. Na introdução, ele escreve que “só a experiência preenche o espírito com ideias”. Para argumentar a favor, Locke critica o conceito de que já existem ideias em nossa mente (ideias inatas). Ele procura demonstrar que qualquer ideia que temos não nasce conosco, mas se inicia na experiência.

A experiência, para Locke, não são as experiências de vida. Experiência para ele são as nossas sensações (sentidos). Ouvimos, enxergamos, tocamos, saboreamos e cheiramos. Cada um dos cinco sentidos leva informações para o nosso cérebro. Quando nascemos não sabemos o que é uma maçã, mas formamos a ideia de maçã a partir dos sentidos. Vemos a sua cor, sentimos o seu aroma, tocamos sua casca e mordemos a fruta. Cada uma dessas sensações simples nos faz ter a ideia de maçã. A partir da sensação, há a reflexão. Dessa forma, nossas ideias são um reflexo daquilo que nossos sentidos perceberam do mundo.

Com essa constatação, Locke afirma que, ao nascermos, somos como uma folha em branco. São, então, os sentidos responsáveis pelo preenchimento dessa folha.

Para confirmar sua teoria, o filósofo inglês antecipa futuras críticas. Entre as possibilidades de crítica, existe o argumento de que somos capazes de ter ideias de coisas que nunca foram percebidas pelos nossos sentidos. Locke argumenta contra este tipo de crítica, pois mesmo ideias de seres mitológicos como sereias, unicórnios e faunos são apenas junções de ideias que já tivemos anteriormente. Uma sereia é a união da ideia de mulher e peixe. Um unicórnio é a união da ideia de cavalo com a de chifre. Um fauno é a mistura de homem com bode. Não há nada nessas ideias que não tenha sido conhecida previamente. Até mesmo a ideia recente de alienígenas nada mais é do que a ideia de um homem deformado (com cabeça e olhos maiores, corpo pequeno etc.)

Depois de Locke, o empirismo britânico conheceu a reformulação feita pelo irlandês George Berkeley (1685-1753). Para ele, o que conhecemos do mundo não é realmente o que o mundo é. O mundo não é o que percebemos dele. Podemos perceber o mundo através dos sentidos, mas não conhecê-lo de verdade.

Mais radical do que o empirismo de Berkeley está o que pensou David Hume (1711-1776), natural de Edimburgo, Escócia. De acordo com Hume, só existe o que percebemos. Todas as relações que fazemos entre o que conhecemos não são conhecimentos verdadeiros. Podemos conhecer uma bola e podemos conhecer um pé, porém se chutamos uma bola não há nada que confirme que a bola se move porque foi o pé que a moveu. Com isto, Hume critica as ciências, pois trabalham com a ideia de causa e efeito. Essa relação de causalidade (causa-efeito) é uma relação entre ideias e é, portanto, não verdadeira. Tudo o que pensamos ser verdadeiro, como a causa do movimento da bola, é imaginação.

Se o que sabemos vem da experiência e a experiência apenas nos informa um pouco sobre como o mundo é, precisamos, de acordo com o empirismo, estar atentos e críticos às falsas ideias que não podem ser verificadas pelos sentidos.

Filipe Rangel Celeti

Fonte:

http://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/empirismo.htm

As fontes históricas

O trabalho do historiador com as fontes sofreu grandes mudanças ao longo do tempo

Quando observamos a organização do tempo e das informações históricas em um livro didático, mal pensamos sobre todo o processo que envolveu a fabricação daquele material disponível para estudo. O passado, enquanto objeto de estudo, não está devidamente organizado e analisado em todas as suas dimensões. Para que seja possível conhecê-lo, o historiador tem que sair em busca dos vestígios que possam fornecer informações e respostas ao seu exercício de investigação.

Sob tal aspecto, notamos que o historiador deve estar à procura constante e regular de fontes que viabilizem o seu contato com as experiências que já se consumaram ao longo do tempo. Fora desse tipo de ação, a pesquisa histórica fica sujeita à produção de suposições e julgamentos que fogem ao compromisso do historiador em conferir voz ao tempo que ele observa e pesquisa. Sendo assim, as fontes históricas aparecem como elementos de suma importância em tal caminhada.

Ao contrário do que possa parecer, o reconhecimento e uso de uma determinada fonte histórica não é naturalmente realizado por aqueles que se colocam em busca do passado. Dependendo dos interesses e influências que marcam a trajetória do historiador, notamos que as fontes históricas podem ser empregadas ou não em seu trabalho. Desse modo, entendemos que nenhum historiador terá a capacidade ou disposição de esgotar o uso de todas as possíveis fontes relacionadas a um determinado evento ou tema.

Durante muito tempo, os historiadores acreditavam que o passado não poderia ser reconhecido para fora das fontes escritas oficiais. Tal critério, que perdurou até o século XIX, chegou a determinar que o tempo em que a escrita não fora dominada pelo homem ou as sociedades que não dominavam tal técnica não poderiam ter o seu passado escrito. Sendo assim, o trabalho de vários historiadores esteve preso aos documentos ou fontes escritas.

No século passado, a ação de outros historiadores e o desenvolvimento de novas formas de estudo foi gradativamente revelando que o conjunto de fontes a serem trabalhadas pelo historiador pode muito bem extrapolar o mundo letrado. A partir de então, fontes de natureza, visual, oral e sonora foram incorporadas ao conjunto de compreensão do passado. Com isso, observamos que determinados temas históricos tiveram a sua discussão renovada e ampliada para outros patamares.

Logicamente, não podemos deixar de frisar que o uso de diferentes fontes empreendeu o reconhecimento de novos desafios ao ofício do historiador. Em contrapartida, ofereceu ao historiador e ao público interessado uma oportunidade de renovar e determinar o crescimento da produção técnica, científica e didática sobre o assunto. De fato, o século XX foi marcado por um volume de publicações de temas históricos nunca antes observados em qualquer outro tempo.

Por Rainer Sousa

Fonte:

http://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/as-fontes-historicas.htm

Reformas Pombalinas


As reformas de Pombal visavam modernizar a administração da Coroa Portuguesa.

Durante a segunda metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa sofreu a influência dos princípios iluministas com a chegada de Sebastião José de Carvalho aos quadros ministeriais do governo de Dom José I. Mais conhecido como Marquês de Pombal, este “super-ministro” teve como grande preocupação modernizar a administração pública de seu país e ampliar ao máximo os lucros provenientes da exploração colonial, principalmente em relação à colônia brasileira.

Esse tipo de tendência favorável a reformas administrativas e ao fortalecimento do Estado monárquico compunha uma tendência política da época conhecida como “despotismo esclarecido”. A chegada do esclarecido Marquês de Pombal pode ser compreendida como uma conseqüência dos problemas econômicos vividos por Portugal na época. Nessa época, os portugueses sofriam com a dependência econômica em relação à Inglaterra, a perda de áreas coloniais e a queda da exploração aurífera no Brasil.

Buscando ampliar os lucros retirados da exploração colonial em terras brasileiras, Pombal resolveu instituir a cobrança anual de 1500 quilos de ouro. Além disso, ele resolveu tirar algumas atribuições do Conselho Ultramarino e acabou com as capitanias hereditárias que seriam, a partir de então, diretamente pelo governo português. Outra importante medida foi a criação de várias companhias de comércio incumbidas de dar maior fluxo às transações comerciais entre a colônia e a metrópole.

No plano interno, Marquês de Pombal instituiu uma reforma que desagradou muitos daqueles que viviam das regalias oferecidas pela Coroa Portuguesa. O chamado Erário Régio tinha como papel controlar os gastos do corpo de funcionários reais e, principalmente, reduzir os seus gastos. Outra importante medida foi incentivar o desenvolvimento de uma indústria nacional com pretensões de diminuir a dependência econômica do país.

Outra importante medida trazida com a administração de Pombal foi a expulsão dos jesuítas do Brasil. Essa medida foi tomada com o objetivo de dar fim às contendas envolvendo os colonos e os jesuítas. O conflito se desenvolveu em torno da questão da exploração da mão-de-obra indígena. A falta de escravos negros fazia com que muitos colonos quisessem apresar e escravizar as populações indígenas. Os jesuítas se opunham a tal prática, muitas vezes apoiando os índios contra os colonos.

Vendo os prejuízos trazidos com essa situação, Pombal expulsou os jesuítas e instituiu o fim da escravidão indígena. As terras que foram tomadas dos integrantes da Ordem de Jesus foram utilizadas como zonas de exploração econômica através da venda em leilão ou da doação das mesmas para outros colonos. Com relação aos índios, Pombal pretendia utilizá-los como força de trabalho na colonização de outras terras do território.

Mesmo pretendendo trazer diversas melhorias para a Coroa, Pombal não conseguiu manter-se no cargo após a morte de Dom José I, em 1777. Seus opositores o acusaram de autoritarismo e de trair os interesses do governo português. Com a saída de Pombal do governo, as transformações sugeridas pelo ministro esclarecido encerraram um período de mudanças que poderiam amenizar o atraso econômico dos portugueses.

Por Rainer Sousa

Fonte:

http://www.brasilescola.com/historiab/reformas-pombalinas.htm

Vulcão Puyehue

Por Fernando Rebouças
Desde 1960, o vulcão Puyehue, situado no Chile, estava adormecido. No dia 4 de junho de 2011, entrou em erupção depois de um terremoto, a consequência foi a emissão de um névoa cinza densa que se espalhou por diversas regiões do país e da América do Sul, prejudicando vôos na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.

Nos primeiros dias de intensa emissão de fumaça, as empresas áreas brasileiras, incluindo a Gol, a TAM, a Webjet e a Azul, tiveram que suspender temporariamente suas operações no aeroporto de Porto Alegre e em outras regiões do Sul do Brasil. Os serviços mais prejudicados foram os voos agendados do Brasil para Buenos Aires.

Nas regiões chilenas, as cinzas se espalharam criando uma visão de penumbra nas primeiras noites realçada pela incidência de uma tempestade de raios. Em algumas cidades foi necessário retirar a população. A poeira de cinzas era percebida do solo até 7,5 quilômetros de altura.

A área da erupção está a 900 quilômetros ao sul de Santiago, houve a morte de 4,3 milhões de peixes nos leitos dos rios atingidos pelas cinzas e pedras vulcânicas provenientes das fortes erupções.

No ano de 2010, o vulcão já havia emitido gases e cinzas finas no decorrer de algumas semanas, diferente do ocorrido em 2011, quando as erupções expulsaram extensas colunas de fumaças. O Chile é país que possui mais de 2.000 vulcões, dos quais 125 são geologicamente ativos e 60 apresentaram alguma atividade nos últimos 450 anos.

O vulcão Puyehue faz parte com complexo vulcânico Puyehue-Cordón Caulle, situado no lado chileno da Cordilheira dos Andes. O complexo se estende por 15 quilômetros e está entre duas regiões meridionais, Puyehue representa a maior cratera do complexo e possui 2.240 metros de altitude.

Fontes:
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5184368-EI8140,00-Por+vulcao+Chile+suspende+voos+a+Argentina+e+ao+Uruguai.html
http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20110610-vulcao-chileno-paralisa-trafego-aereo-no-sul-do-brasil
http://exame.abril.com.br/economia/meio-ambiente-e-energia/album-de-fotos/vulcao-puyehue-no-chile-cinzas-avancam-e-cancelam-voos-no-brasil

PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)

PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
Programa adotado no começo do segundo mandado do Presidente Lula, em 28 de janeiro de 2007. Tal ação visa o crescimento do País através de investimentos em infra-estrutura e o estímulo ao crédito.

Tal medida ainda prevê a diminuição de impostos das atividades ligadas a investimento e também a limitação de gastos públicos.

Segundo a primeira fase, intitulado como PAC, estava previsto investimentos na ordem de 500 bilhões de reais, no qual, constavam apenas 67,8 bilhões no orçamento, onde o restante iria depender das estatais e do setor privado. Algo que não foi visto de bom grado pelos empresários e economistas.

Atualmente, está decorrendo a "Segunda Fase", ou "PAC 2", lançado em 29 de março de 2010, e que prevê gastos na ordem de R$ 1,59 trilhão, que serão usados em: PAC Cidade Melhor, PAC Comunidade Cidadã, PAC Minha Casa, Minha Vida, PAC Água e Luz para Todos, PAC Transportes e PAC Energia.


Conheça mais sobre o PAC em:
http://www.brasil.gov.br/pac/o-pac/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_Acelera%C3%A7%C3%A3o_de_Crescimento

William Gilbert (1544 - 1603)

William Gilbert  (1544 - 1603)

Os antigos gregos conheciam uma pedra, capaz de atrair pedaços de ferro, a que chamavam magneto, porque provinha da Magnésia, na Tessália. Tales de Mileto (século VI a.C.) a menciona e, no diálogo Íon de Platão (século IV a.C.), Sócrates afirma poder ligar vários anéis de ferro com o auxílio de um pedaço de magneto, comparando o fenômeno à inspiração poética. O magneto atrai não apenas o anel de ferro que o toca, mas também todos os que se aproximam do último, assim como o poeta inspirado suscita ao seu redor entusiasmos em cadeia. (Mais tarde, os romanos estenderam o conhecimento empírico sobre os fenômenos relacionados com a estranha pedra.)

Gregos e romanos, no entanto, ficaram na simples constatação e na metáfora poética, não atingindo o nível da explicação científica; quando tentavam faze-lo, permaneciam amarrados a concepções fracas e finalistas. Acreditavam que o ferro tivesse anéis para prender pequenos ganchos dos magnetos.

A Idade Média não fugiu a essas limitações. Alexandre de Afrodísia e Averroés, por exemplo, eram de opinião que o ferro se aproxima do ímã, a fim de encontrar uma natureza semelhante, como se fosse dirigido por sua causa final.

Esse panorama negativo seria modificado somente no século XIII, ao ser introduzida no Ocidente a bússola dos chineses, que a conheciam pelo menos desde o século XI. O matemático e inventor Shen Kua (1030-93) refere-se ao uso do ímã como indicador de direção, enquanto Chu Yu, em 1100, relata seu emprego na arte da navegação marítima.



Na Europa, a primeira referência à bússola encontra-se no inglês Alexander Neckan, mas é na obra "De Magnete", redigida em 1269 pelo cruzado francês Pierre de Maricourt, que se descrevem pormenorizadamente as propriedades dos ímãs. Revelando senso de experimentação surpreendente para a época, distinguiu claramente o fenômeno da bipolaridade e verificou que cada um dos pólos volta-se para um dos pólos do mundo. Realizou a experiência do ímã partido, constatando a formação de quatro pólos, que se reduzem a dois, quando o ímã é recomposto novamente.

Acreditava que a bipolaridade estivesse ligada a todo o universo, o ímã trazendo em si "a semelhança do céu". Pierre de Maricourt permaneceu praticamente desconhecido por mais de trezentos anos. No Renascimento, a história do magnetismo sofreu um retrocesso, enquanto explicação científica. Geronimo Cardano (1501-76), por exemplo, sustenta no "De Subtilitate" que as pedras vivem, envelhecem e morrem e que, "envelhecida, a pedra de Hércules não mais atrai o ferro".

Não obstante as idéias erradas dos filósofos, nesse período ocorreram alguns progressos importantes, como a descoberta da inclinação e declinação, a distinção entre atração elétrica e atração magnética e as primeiras medidas de atração e repulsão feitas por Giovanni Battista della Porta (1535-1615), descritas no livro "Magia Naturalis".

Tais contribuições foram mais fruto da prática e técnica dos marinheiros renascentistas do que resultado de pensamento científico. Uma verdadeira ciência do magnetismo estava ainda esperando pela instalação definitiva do espírito matemático e experimental. Curiosamente, o personagem responsável pela fundação do magnetismo como ciência não foi um conhecido físico, mas o médico particular da rainha Elizabeth I, William Gilbert.


(Casa onde Gilbert viveu)

Gilbert nasceu na pequena cidade de Colchester, no Essex, num dia e mês conhecidos com exatidão - 24 de maio. Todavia, não se sabe o ano; provavelmente terá sido em 1540. Com certeza, sabe-se que foi o primogênito dos cinco filhos de Jerome Gilbert, magistrado muito considerado na cidade. O garoto bem cedo foi estudar na escola da localidade. Em 1558, ou no St. John's College, de Cambridge, onde prosseguiu os estudo durante onze anos, dedicando-se mais às disciplinas científicas, nas quais revelava grande aptidão. Em 1565, foi nomeado examinador de matemática e quatro anos mais tarde recebeu o título de doutor em medicina.

Não se conhece muito dessa época de sua vida, a não ser o êxito como estudante e uma longa viagem empreendida pelo continente europeu. Na Itália, esteve provavelmente em Pisa, onde exerceu honrosamente a profissão de médico e conheceu alguns estudiosos, com os quais posteriormente manteve correspondência. Em Veneza tornou-se amigo do teólogo Paolo Sarpi.

Em 1573, estava novamente em Londres; inscreveu-se no Colégio Real de Médicos, onde viria a ocupar cargos de notável importância, como os de censor, tesoureiro e presidente. Em 1589, tornou-se membro do comitê para redação da "Pharmacopaeia Londoniensis", publicada muito depois, em. 1618.

O renome de Gilbert como médico cresceu a ponto de a rainha Elizabeth I convidá-lo para tratar exclusivamente dela. Não foi, no entanto, como discípulo de Hipócrates que ingressaria na história da ciência; isso aconteceu com a publicação, em 1600, da obra "De Magnete, Magneticisque Corporibus et de Magno Magnete Tellure - Physiologia Nova".

O que se evidencia logo aos primeiros capítulos do livro é a posição claramente crítica diante da obra dos antigos, que julga incapazes de elaborar o material empírico. Gilbert ataca também acerbamente os, contemporâneos, aos quais chama de literatos bufões e copistas, que julgam fazer filosofia quando não sabem fazer mais que remanejar e dissertar sobre os dogmas das doutrinas vindas de Aristóteles.



O maior mérito do "De Magnete" consiste justamente em apresentar mais de seiscentas experiências, em parte feitas pelos predecessores, outras realizadas por ele mesmo, sob orientação de informações recebidas quase sempre de homens do mar. Retomando as idéias de Pierre de Maricourt, Gilbert foi o primeiro a chamar de pólos as extremidades de uma agulha que ficam dirigidas para o norte e para o sul da Terra. Definiu como magnéticos os corpos que, como os ímãs, se atraem, e descobriu as afinidades e diferenças entre corpos elétricos e corpos magnéticos. Mostra como qualquer material pode tornar-se elétrico, ao passo que só os compostos de ferro são capazes de magnetização. Atualmente, sabe-se que isso não é correto, pois há substâncias como o cobalto e o níquel, por exemplo, que também apresentam propriedades magnéticas. De qualquer forma, a Gilbert cabe o mérito da distinção entre o magnetismo e a eletricidade.



Especialmente importantes foram as contribuições de Gilbert a respeito do magnetismo da Terra. Servindo-se engenhosamente de um ímã esférico - "terrella", como o chamava -, sobre cuja superfície apoiava-se uma agulha, estudou suas propriedades e descobriu que correspondiam às da Terra. Daí concluiu ser esta um grande ímã, conseguindo explicar a direção norte , sul da agulha magnética e sua inclinação, bem como definir o eixo de um ímã e as linhas de força da Terra.

"Os raios da força magnética distribuem-se por toda parte em zonas concêntricas, e o centro de tais orbes não fica no pólo, mas no centro da pedra (de ímã) e da terrella. Do mesmo modo, o centro da Terra é o centro dos movimentos magnéticos. . . "

Assim, o ímã não é uma justaposição de dois centros de atração, mas uma unidade. Daí decorre que as linhas de força se estendem também pelo interior do ímã e formam um circuito fechado.

Gilbert rejeita todas as explicações mágicas, desenvolvendo uma idéia que exercerá enorme influência sobre Kepler e Newton: os corpos atraem-se em virtude de uma força física. Que pode ser medida e estudada. Essa força pode ser constatada nos ímãs e no ferro.

A influência das novas idéias de Gilbert foi extensa e profunda, tendo provocado grande interesse e fazendo do médico da soberana um homem famoso em toda a Europa. Galileu proclamou-se fervoroso admirador do médico inglês e mesmo arístotélicos como Nicolau Cabeo e Atanasius Kircher foram seus discípulos. O teólogo Paolo Sarpi afirmou ser ele o único escritor original da época.

Na Inglaterra, Francis Bacon elogiou-lhe o pensamento filosófico, especialmente o uso do método experimental. Embora Bacon não aprovasse completamente as teses de Gilbert, serviu-se de alguns trechos do "De Magnete" para apoiar as próprias idéias. A proximidade entre as concepções dos dois é particularmente evidente numa obra de Gilbert, publicada postumamente, em 1651, e intitulada "De Mundo Nostro Sublunari Philosophia Nova". Nela é esboçado um novo sistema de filosofia natural (como era então chamada a física), sobre as ruínas da filosofia aristotélica. Quase desconhecida, caracteriza-se por grande originalidade de pensamento e atitude crítica diante da escolástica imperante.

O conflito com o velho espírito medieval, que impedia o surgimento de uma verdadeira ciência da natureza, não foi travado apenas nos domínios da pesquisa pura. Em sua casa em Colchester, Gilbert costumava reunir um grupo de estudiosos para debater todos os problemas da época. Ao transferir-se para a corte, a fim de atender à rainha, formou na residência londrina uma vasta coleção de livros, instrumentos e minerais, sempre à disposição dos amigos apaixonados pelos mesmos interesses. Era um grande animador de reuniões, que depois se tornaram regulares e mensais. Foram elas que levaram à formação da Royal Society, instituição que exerceu papel fundamental no desenvolvimento da ciência inglesa. A importância dessas reuniões é facilmente compreensível, considerando-se que cumpriam a mesma função hoje confiada a congressos, seminários e, sobretudo, à impressão de obras.


(Gilbert faz uma demonstação prática para a rainha Elizabeth)

Gilbert era assim um dos homens mais conhecidos da Inglaterra. Elizabeth o cumulava de todas as atenções e atribuiu-lhe uma pensão anual de 100 esterlinos. James I, seu sucessor, manteve-o como médico da corte, mas Gilbert sobreviveu apenas poucos meses à sua benfeitora. Nunca se casou e não se sabe exatamente como morreu: ao que tudo indica, foi durante uma peste, em 1603. Como legado ao Colégio dos Médicos, deixou a biblioteca e as coleções, infelizmente destruídas durante o grande incêndio de Londres, em 1666. O novo espírito científico, no entanto, permaneceria para sempre.



Fonte:
http://br.geocities.com/saladefisica3/biografias/gilbert.htm


Otto von Guericke (1602 - 1686)

Otto von Guericke (1602 - 1686)
Otto von Guericke estudou Matemática e Direito na Universidade de Leiden (Holanda), antes de trabalhar como engenheiro na Alemanha. Aos 25 anos, retomou a Magdeburgo, sua cidade natal, que quatro anos mais tarde seria destruída na Guerra dos Trinta Anos. Conseguiu fugir com a família, mas perdeu todos os seus bens. Fez parte então do exército sueco durante algum tempo, até poder voltar a Magdeburgo, em cuja reconstrução trabalhou como engenheiro. Em 1646, tornou-se prefeito da cidade, ocupando esse cargo por 35 anos.

Guericke foi um defensor da idéia de que o vácuo existia. O argumento mais acatado na época era ainda o de Aristóteles, segundo o qual a natureza teria "horror ao vácuo", preenchendo imediatamente, a todo custo, qualquer espaço que fosse deixado sem matéria.

Guericke acreditava que as evidências valiam mais que a argumentação teórica e, em 1650, começou a realizar experimentos para testar suas idéias. Conseguiu assim demonstrar que, no vácuo, uma vela não queimava, pequenos animais não sobreviviam e o som de um sino não se propagava.


(Bomba de sucção inventada por Otto von Guericke)

Em 1650 Guericke construiu uma bomba de sucção que esvaziava um barril cheio de água ou removia o ar de um balão de cobre. Em ambos os casos a operação requeria o esforço de dois homens.

Com essa bomba Guerick realizou sua experiência mais famosa, em 1654. Ele mandou fazer uma esfera oca, de metal, de meio metro de diâmetro, formada por dois hemisférios metálicos que se encaixavam perfeitamente. Ao remover o ar do interior da esfera assim formada, os hemisférios se mantinham unidos, não sendo possível separá-los nem com o esforço de diversos cavalos. Foram necessárias oito parelhas de cavalos do Imperador para separá-las (Graças aos estudos de Torricelli, com os quais teve contato, Guericke conseguiu relacionar todos esses fenômenos à pressão exercida pela atmosfera.)


(Experiência dos hemisférios de Magdeburgo)

Ele também criou uma máquina eletrostática, constituída por uma esfera revestida de enxofre que podia ser girada por uma manivela. Esse movimento fazia a esfera acumular eletricidade estática, que podia ser descarregada na forma de faíscas. O que o levou a criar esse aparelho foram as pesquisas de Gilbert, feitas em 1672, sobre a eletrização por atrito. Numa carta ao matemático alemão Leibniz, Guericke descreveu os resultados que obteve.


(Máquina eletrostática)

Fonte:
http://br.geocities.com/saladefisica3/biografias/guericke.htm

A Era Clinton

Desenvolvimento econômico e concentração de renda: a maior contradição instalada na Era Clinton.

No início da década de 1990, o governo George Bush sofreu oscilações diversas que colocaram em dúvida a credibilidade da administração dos republicanos. Por um lado, a queda do bloco socialista e os bem sucedidos ataques na Guerra do Golfo o prestigiavam. Por outro, os incômodos índices de desemprego e a retração da produção transformavam a manutenção de Bush no poder em uma verdadeira incógnita política para os norte-americanos.

De fato, seria por conta dessa dubiedade que George Bush não conseguiria se reeleger presidente, permitindo a chegada do democrata Bill Clinton ao mais alto cargo político dos EUA. Durante esse tempo, a redução significativa dos gastos militares e dos gastos públicos propiciou o desenvolvimento da economia e a recuperação da competitividade das empresas norte-americanas no mercado internacional. Sob tal aspecto, a “indigesta” década de 1980 parecia deixar seus efeitos no passado.

No final de seu primeiro mandato, Clinton conseguiu uma recuperação econômica que superou as mais otimistas projeções realizadas no período. Nessa época, o PIB dos Estados Unidos conseguiu atingir patamares superiores à somatória do PIB da Alemanha e do Japão. Usufruindo desse invejável desempenho e de uma imensa popularidade, o presidente democrata não teve maiores dificuldades para vencer as eleições presidenciais de 1996.

Naturalmente, o seu segundo mandato estava cercado de expectativas positivas e quase nenhuma ameaça sobre a hegemonia dos EUA. Contudo, o tempo em que Clinton teoricamente somente administraria as vitórias conquistadas, foi marcado por novas perturbações. O desenvolvimento que fez os norte-americanos reassumirem o topo do capitalismo mundial foi também responsável por um índice de concentração de renda nunca antes observado em toda história dos Estados Unidos.

Segundo algumas estimativas, em 1998, a nação americana contava com uma população de bilionários dezenas de vezes maior se comparada à década de 1980. Além disso, quanto à crise econômica que atingiu a economia internacional na mesma época, os EUA acumulavam um déficit comercial de aproximadamente 170 bilhões de dólares. No ano seguinte, a concentração veio a bater mais um novo recorde quando a renda dos 400 indivíduos mais ricos do país era de mais de um trilhão de dólares.

Nesse mesmo período, Bill Clinton ainda seria alvo de um processo de impeachment, decorrente de um escândalo sexual envolvendo a ex-estagiária Mônica Lewinsky. Em meio a esses problemas, o Partido Democrata ainda tentou se manter no poder lançando Al Gore como candidato à presidência nas eleições de 2000. No entanto, após uma polêmica apuração de votos, os republicanos voltaram à Casa Branca com o candidato George Walter Bush.

Por Rainer Sousa

Fonte:

O Brasil na Liga das Nações

Por Emerson Santiago
Este artigo trata da breve participação brasileira na Liga das Nações (ou Sociedade das Nações, como às vezes costuma ser grafado), abordando um período onde pela primeira vez a diplomacia brasileira buscou uma posição de protagonismo no cenário mundial, manobra que, analisada posteriormente, se mostrou bastante equivocada e fora da realidade política internacional à época.

Mesmo tendo participado timidamente da Primeira Guerra Mundial, na qualidade de país beligerante ao lado dosaliados, tal gesto permitiu que o país tivesse acesso às negociações de paz e consequentemente, às conferências responsáveis pela instituição da Liga das Nações, sendo portanto membro fundador da organização, a 28 de junho de 1919.

Este momento inicial de participação na Liga das Nações, onde o Brasil comporta-se de maneira dedicada e devota aos seus assuntos coincide com o governo de Epitácio Pessoa, que foi juiz da então Corte Internacional de Haia e chefe da delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes (dedicada às condições sob as quais se daria a rendição da Alemanha). A maior participação de seu presidente em assuntos internacionais talvez explique esta atitude de euforia com relação à nova organização, ao contrário do que se daria logo depois, com a ascensão de Artur Bernardes à presidência, que não possuía tal experiência internacional e tinha uma visão bastante diferente de seu antecessor.

Bernardes via o Brasil como uma potência em crescimento, destinada a logo ocupar um lugar de destaque entre os países desenvolvidos da época, e o objetivo principal dos representantes brasileiros passaria a ser a conquista de um assento permanente no Conselho da organização (tal como hoje em dia, onde os líderes brasileiros buscam uma vaga como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, Organização das Nações Unidas, sucessora direta da Liga das Nações após a Segunda Guerra Mundial). Para conquistar um apoio em meio aos outros países, e como demonstração de capacidade e de prestígio à organização, o Brasil é o primeiro país a abrir uma Delegação Permanente junto à Liga, causando surpresa ante os outros países, tornando-se ainda o sétimo maior financiador da organização. Outra manobra com o mesmo objetivo foi a de se aliar à Espanha, também desejosa de uma vaga permanente no Conselho, e apresentar uma candidatura conjunta.

A política externa de Bernardes com relação à Liga das Nações era irredutível, onde não se cogitava a derrota. Era vencer, ou não perder. O problema com tal posição foi que o Brasil começou a se isolar diplomaticamente, ficando precária a partir dos acordos de Locarno, que buscavam suavizar as demandas oriundas do Tratado de Versalhes, que já na metade dos anos 20 começavam a se mostrar exageradas, desestabilizando não só a Alemanha como a Europa como um todo. Para evitar tal crise, e uma maior aproximação da Alemanha à União Soviética, que se esboçava com o isolamento alemão, os acordos de Locarno previam ainda uma reforma do Conselho da Liga, onde a Alemanha seria admitida como membro permanente. O Brasil se colocou contra tal arranjo, negando-se a dar seu voto positivo à admissão da Alemanha ao Conselho, lançando candidatura própria. Bernardes dá ordens expressas aos representantes na Liga para não ceder. Com tais posições extremadas, e o Brasil se isolando cada vez mais dentro da Liga, o país decide abandonar a organização a 10 de junho de 1926, ante um mal estar entre os integrantes e mesmo entre a opinião pública brasileira, ficando tal episódio ligado a um dos momentos mais negativos da diplomacia brasileira em toda sua história. O Brasil nunca mais voltará à Liga das Nações, que será reformada após a Segunda Guerra Mundial, dando origem à ONU.

Bibliografia:
CÉSAR, Susan . O Brasil e a Liga das Nações . Disponível em http://www.batalhaosuez.com.br/onuOBrasileaLigaDasNacoes.htm . Acesso em 19/06/2011.

RAMOS, Leonardo Berto de Almeida . Brasil, Primeira Guerra Mundial e Liga das Nações: Um Panorama Econômico e Político .Disponível em http://www.webartigos.com/articles/25226/1/BRASIL-PRIMEIRA-GUERRA-MUNDIAL-E-LIGA-DAS-NACOES/pagina1.html . Acesso em 19/06/2011.

Fonte: http://www.infoescola.com/historia/o-brasil-na-liga-das-nacoes/


Hendrik Antoon Lorentz (1853 - 1928)

Hendrik Antoon Lorentz (1853 - 1928)
Uma atitude muito comum quando se analisa o progresso científico é a tendência a condicioná-lo unicamente ao surgimento cíclico de gênios individuais. É certo que a contribuição isolada de um pesquisador pode ser decisiva em determinado momento histórico, mas ela é necessariamente condicionada à existência de um background de conhecimentos, reunidos por outros estudiosos. Assim, dizer que a Newton se deveu a criação da mecânica clássica é dizer apenas meia verdade: ele é, inegavelmente, um marco, pois com ele muitas etapas foram queimadas; mas não se deve esquecer que sua figura está ligada ao pano de fundo formado pelos pesquisadores que o antecederam (o que, de modo algum, diminui sua estatura). Da mesma forma, a obra de Albert Einstein baseou-se em conhecimentos anteriores da física, mesmo se para revisá-los.

E como precursor do criador da teoria da relatividade, destaca-se Hendrik A. Lorentz.

Lorentz viveu numa época de grande importância para a física: nela ocorreu desde o surgimento da teoria atômica da matéria à penetração na estrutura do átomo até o núcleo. Thomson, ao mostrar que o átomo contém elétrons, e Becquerel, descobrindo a radiatividade, abriram caminho para os estudos das relações entre a química e a física. Já se efetuavam experiências de aceleração de elétrons, e havia a certeza de que o mesmo poderia ser feito com outras partículas eletricamente carregadas. Pouco a pouco, descobriam-se novas propriedades da matéria.

Em fins do século XIX e começo do XX, os cientistas, até então satisfeitos com as leis da física, que explicavam satisfatoriamente o conjunto de fenômenos conhecidos, começaram a deparar-se com um mundo de indagações: estariam essas leis de acordo com os novos dados experimentais?

Entre outras coisas, ignorava-se por que um elétron acelerado parecia ter sua massa aumentada quando animado de velocidades muito altas; não se sabia, igualmente, qual a disposição dos elétrons e das cargas positivas no átomo.

Lorentz foi um dos primeiros estudiosos a se defrontarem com as dificuldades levantadas pelas novas descobertas da física. A maneira como o fez abriu caminho para a teoria da relatividade.

O pai de Lorentz era um rico agricultor holandês, que possuía, apesar de ser pouco culto, inteligência e memória extraordinárias. Essas características foram herdadas pelo filho, que nasceu a 18 de julho de 1853.

Aos treze anos, após concluir seus primeiros estudos, Lorentz ingressou na escola secundária, instituição tão recente na Holanda que em sua classe havia apenas três alunos. Teve a sorte de encontrar bons professores que o ensinaram línguas estrangeiras e, melhor ainda, matemática e física, suas disciplinas prediletas. A seguir, para entrar na Universidade de Leiden, teve de estudar, sem qualquer ajuda, as línguas clássicas. Em pouquíssimo tempo, aprendeu-as para nunca mais esquecê-las: quarenta anos depois ainda compunha versos latinos.


(Leiden)

Foi em Leiden que Lorentz travou seu primeiro contato com os trabalhos de Maxwell (furtando, aliás, algumas obras dele da biblioteca do laboratório de física da universidade).

Terminada a primeira etapa de seu curso universitário (correspondente ao atual curso de graduação), Lorentz retornou à cidade natal, Arnheim, onde conseguira emprego de professor num curso noturno Isso lhe deixava o período diurno para o trabalho de elaboração de sua tese de doutoramento.

Em 1875, Lorentz viu recompensados seus esforços: conseguiu a láurea e duas ótimas propostas. A Universidade de Utrecht ofereceu-lhe a cadeira de matemática e a de Leyden a de física teórica, pela qual optou.

Como gostava de ensinar, estendeu as lições de física teórica à física experimental, seguindo pessoalmente os exercícios práticos. Ministrou ainda durante muitos anos um curso de física para médicos, pelo qual foi homenageado com o título de doutor honoris causa em medicina, quando de seu qüinquagésimo aniversário de doutoramento. Em 1905, Lorentz recusou uma oferta da Universidade de Munique, apenas para não deixar a Holanda. O governo premiou esta decisão dispensando-o, em parte, de suas obrigações de professor, a fim de que pudesse dedicar-se principalmente a estudos e pesquisas. Dando, assim, uma única aula por semana, que era registrada para publicação, lecionou até poucas semanas antes de sua morte.

Aliás, a idade nunca foi obstáculo para Lorentz: em 1918, presidiu o comitê para drenagem do Zuiderzee (um profundo golfo holandês), constituído para estudar a construção de um novo dique no lugar do velho. A nomeação muito honrou Lorentz, que, no entanto, não a. considerou apenas decorativa. Lançou-se com vigor ao trabalho, a despeito de seus 65 anos. Estudando os ventos, as correntes e as marés, concluiu que a nova bacia poderia conter mais água do que se previra, mesmo construindo-se um dique de menor volume. Sem nem chegar a ver a obra concluída, poupou 15 milhões de florins ao governo holandês, cujo Serviço de Águas emprega até hoje seus métodos.

As obras de Maxwell, surrupiadas do laboratório, frutificaram nas mãos de Lorentz: assimilou-as tão bem que não só dominou a teoria dos fenômenos eletromagnéticos como fê-la progredir, ordenando-a. Maxwell estabelecera de forma generalizada suas leis do eletromagnetismo. Elas serviam, por exemplo, para predizer o movimento de um elétron sujeito a um campo magnético, para explicar a reflexão de uma onda eletromagnética ou para descrever a interação entre cargas elétricas e radiações eletromagnéticas.

Restava, portanto, todo o problema - enfrentado e em parte resolvido por Lorentz - de prever as leis da óptica física através das equações gerais do eletromagnetisino. Ele perguntou-se sobre o que acontece se a onda eletromagnética for um feixe luminoso que atravessa a matéria (um cristal, por exemplo); especulou sobre a ação dos elétrons sobre uma onda incidente. Como decorrência desses estudos, Lorentz elaborou a teoria dos osciladores eletrônicos. Pela observação de um elétron vibrante em presença de um campo magnético, ele conseguiu explicar e analisar teoricamente certos aspectos do efeito Zeeman - o fenômeno da decomposição de cada raia do espectro de emissão de um átomo em diversas outras (multiplets), quando esse átomo está imerso em um campo magnético muito intenso.

Em determinadas condições, entretanto, cada raia de emissão de um átomo pode dar origem simplesmente a um triplet (três linhas muito próximas). Lorentz conseguiu interpretar este fenômeno: por isso, o triplet correspondente é chamado triplet normal de Lorentz e, devido a esse trabalho, Lorentz dividiu com Zeeman o Prêmio Nobel de Física de 1902.

Os físicos teóricos são criticados por saberem explicar qualquer fenômeno, e se restringirem apenas a isso. Lorentz, porém, foi adiante: previu que a luz correspondente às linhas nas quais se desdobram as raias espectrais de um átomo no qual se provocou o efeito Zeeman deve ser polarizada.

Outros casos do efeito Zeeman, como o efeito Zeeman anômalo e o correlato efeito Paschen-Back, só ganharam explicação muito mais tarde, quando Uhlenbeck e Goudsmit, em 1925, introduziram a teoria do spin.

Ao estudar as radiações visíveis, Lorentz encontrou uma fórmula que foi descoberta quase ao mesmo tempo por um outro físico, o dinamarquês Ludwig Valentin Lorentz. Hendrik, longe de se aborrecer com isto, comentava reiteradamente ser um dos protagonistas de um acontecimento inusitado e que talvez jamais se repetisse: dois físicos com o mesmo nome descobrirem simultaneamente a mesma lei.



Salienta-se na obra do pesquisador a descoberta da chamada transformação de Lorentz, que serviu de base para a teoria da relatividade restrita. Tentando explicar os resultados negativos da experiência de Michelson e Morley (que procuravam estabelecer a existência de um sistema referencial universal), Lorentz introduziu a hipótese de que os comprimentos dos corpos sofrem uma contração ao longo da direção da velocidade com que se movem em relação ao observador - a contração de Lorentz. Posteriormente, foi levado a reconhecer que, para conservar verdadeiras as equações de Maxwell, a transformação de coordenadas de um sistema para outro devia obedecer certas equações; definiu então as transformações de Lorentz. Foi Einstein, no entanto, quem deu nova fundamentação teórica a todas essas idéias, mostrando ser necessária uma revisão até certo ponto radical dos conceitos de tempo e espaço.

Mais que seu olhar, vivo e penetrante, e sua estrutura média, eram características de Lorentz a sua grande afabilidade e cortesia, que transpareciam em seu sorriso benevolente.

Já célebre, realizou viagens pelo mundo, principalmente para participar de reuniões internacionais. Muitas vezes dirigia tais encontros, pois à sua estatura científica aliavam-se seus conhecimentos lingüísticos e habilidade diplomática. Em 1911, 1913, 1921, 1924 e 1927 dirigiu as reuniões de cúpula da sociedade científica Salvay. Tornou-se também presidente do Comitê da Sociedade das Nações. Após sua morte, ocorrida em Haarlem, a 4 de fevereiro de 1928, instituiu-se uma fundação que leva seu nome e que se dedica ao progresso da física. Contou com preciosos colaboradores (entre os quais a filha e o genro), mas sempre preferiu o trabalho realizado em silêncio e no isolamento.

Fonte:
http://br.geocities.com/saladefisica3/biografias/lorentz.htm

Hans Christian Oersted (1777 - 1851)

Hans Christian Oersted (1777 - 1851)
Em um ensaio publicado em 1813 ele previu que deveria existir uma ligação entre a eletricidade e o magnetismo. Em 1819, durante uma aula de Eletricidade, aproximou uma bússola de um fio percorrido por corrente. Com surpresa, observou que a agulha se movia, até se posicionar num plano perpendicular ao fio. Quando a corrente era invertida, a agulha girava 180º, continuando a se manter nesse plano. Esta foi a primeira demonstração de que havia uma relação entre eletricidade e magnetismo.

Esse efeito, que foi chamado efeito de Oersted, pode ser verificado com uma pilha comum de 3 volts, um pedaço de cobre e uma bússola de bolso. Faça o fio passar sobre o vidro da bússola. Ligue uma ponta do fio a um dos pólos da pilha e a outra ao polo oposto. Assim que fizer a segunda ligação, a agulha da bússola mudará de direção: deixará de apontar para o Norte para se colocar perpendicular ao fio de cobre.

A descoberta do efeito de Oersted levou à fabricação dos primeiros galvanômetros. O galvanômetro compõe-se de uma agulha imantada , circundada por uma bobina de fio metálico. Quando a corrente elétrica atravessa a bobina, a agulha se desvia - evidenciando a passagem da corrente. O desvio para um lado ou para o outro, indica o sentido em que a corrente está fluindo pelo fio. Dependendo da intensidade da corrente este desvio pode ser maior ou menor.



Oersted publicou suas observações sobre o fenômeno em 1820. No mesmo ano, apresentou-as em Paris, causando grande interesse entre os pesquisadores.

Sua descoberta acidental, ocorrida no meio de uma aula, pode hoje ser vista como a iniciadora de um novo ramo de estudos: o Eletromagnetismo.

Oersted foi professor e conferencista de grandes recursos, dedicando-se ainda a escrever alguns artigos sobre filosofia. Em 1824, fundou uma sociedade para divulgar os conhecimentos científicos entre o povo.

Fonte:
http://br.geocities.com/saladefisica3/biografias/oersted.htm

A escala Fahrenheit

Daniel Gabriel Fahrenheit

Os primeiros termoscópios foram construídos geralmente por médicos e meteorologistas e não físicos, como pensamos. Em meio aos estudos sobre temperaturas, havia vários astrônomos realizando pesquisas nessa área.

Em meio a esses astrônomos, podemos identificar o sueco Celsius e também o dinamarquês Ole Roemer, que ficou conhecido no ano de 1676 por apresentar pela primeira vez uma evidência dizendo que a velocidade da luz era finita e não infinita como pensavam.

Roemer construiu vários termômetros abertos, nos quais utilizou também diversos tipos de álcool. Ao construir uma escala termométrica, Roemer atribuiu o grau zero à temperatura mais baixa de sua escala; assim ele evitou trabalhar com temperaturas negativas. Naquela época, era possível chegar à temperatura mais baixa através de uma mistura de partes proporcionais de gelo, água e determinado tipo de sal.

Pela familiaridade, ou por lidar com medidas de ângulos, o número 60 foi atribuído à temperatura de ebulição da água. Ainda em sua escala, ele marcou a temperatura de fusão do gelo como sendo 7,5 graus; e à temperatura do corpo humano ele atribuiu o valor de 22,5 graus.

Fahrenheit (Daniel Gabriel Fahrenheit) foi um físico alemão nascido em Danzig, na atual Polônia. A fim de conhecer os trabalhos de Roemer, Fahrenheit o visitou na Dinamarca. Ao retornar de sua viagem, Fahrenheit passou a realizar aperfeiçoamentos nos termômetros construídos por Roemer.

Foi por volta de 1717 que Fahrenheit construiu um termômetro mais preciso do que todos os que tinham sido construídos naquela época. Inicialmente, Fahrenheit adotou as escalas elaboradas por Roemer, mas logo conseguiu determinar entre um grau Roemer e outro muito grande, e, para conseguir maior precisão, dividiu o grau Roemer por 4.

Ao realizar as medidas correspondentes com sua escala, Fahrenheit passou a classificar a temperatura de ebulição da água de 60 graus Roemer (60ºR) para 240 graus Fahrenheit (240ºF), a temperatura de fusão do gelo passou de 7,5ºR para 30ºF, e a temperatura do corpo humano passou de 22,5ºR para 90ºF.

Pelo fato de os valores terem sido encontrados utilizando um termômetro não muito preciso, Fahrenheit achou melhor fazer alguns ajustes, sendo que um deles foi baixar um pouco o 0ºR, usando um tipo diferente do sal usado por Roemer na mistura gelo + água. Após esses reajustes, Fahrenheit chegou à escala Fahrenheit que conhecemos hoje.

Por Domiciano Corrêa Marques da Silva

Fonte: http://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/a-escala-fahrenheit.htm


Segunda Conferência de Paz de Haia

Por Emerson Santiago
Em 15 de junho de 1907 instalou-se solenemente a assembleia que daria início à II Conferência de Paz de Haia, realizada em Haia (Den Haag) na Holanda, convocada pela Rainha Wilhelmina da Holanda e o Czar Nicolau II da Rússia com o objetivo de evitar um conflito de dimensões mundiais, como realmente aconteceria sete anos depois com a eclosão da Primeira Guerra Mundial. A Primeira Conferência de Haia ocorreu em 1899, e tratou basicamente de estabelecer regras associadas ao comércio internacional, seus procedimentos e sobre a busca de solução pacífica de resolução de controvérsias comerciais.

O espaço entre as duas convenções foi de um dramático aumento das políticas estatais que abraçavam o imperialismo, acirrando a competição entre as potências nos campos político e econômico. Era esse o cenário em que os dois monarcas entenderam como imprescindível a convocação de uma segunda conferência que se concentrasse especialmente nas resoluções de conflitos entre duas ou mais nações.

Nesta segunda conferência participaram 44 nações europeias, asiáticas e americanas, e apesar de ter falhado em sua principal meta, tal cimeira retém uma importância histórica devido à decisão de se criar uma corte internacional permanente de justiça, dedicada a analisar conflitos internacionais. Esta corte receberia o nome de Corte Internacional de Justiça, popularmente conhecida como Corte de Haia, configurando-se em uma experiência inédita no âmbito internacional até aquela época, onde a guerra era vista como parte da agenda de qualquer país. Pela primeira vez o ser humano seria apresentado a uma instituição que buscaria a garantia da paz e a erradicação de conflitos.

O Brasil, como país soberano, foi convidado a enviar um representante à conferência. Naquele momento, chegava à presidência da república o mineiro Afonso Pena, e assim como seu antecessor, Rodrigues Alves, ele mantém na pasta das Relações Exteriores o Barão do Rio Branco, que será o responsável pela indicação do jurista Rui Barbosa como representante brasileiro à conferência. Tanto o presidente como o chanceler e o próprio Rui Barbosa tinham plena consciência da pequena expressão do Brasil no cenário mundial, especialmente entre as grandes potências, e sabiam que a participação em Haia destinava-se a ser de mero coadjuvante, assim como acontecera na anterior.

Contrariando as expectativas, na segunda reunião da convenção, de 15 de junho a 18 de outubro de 1907, brilhou de modo surpreendente a todos os representantes estrangeiros o gênio do jurista baiano, cujos discursos pronunciados em Haia são até hoje considerados peças das mais célebres da história da diplomacia brasileira.

Com a sua participação em Haia, Rui Barbosa certamente atingiu um dos pontos altos de sua carreira, deixando sua marca naquela conferência como um defensor das pequenas potências, e para o Brasil em particular, discursando sobre a igualdade jurídica dos estados. É justamente devido aos pronunciamentos de Rui que se garantiu a rejeição a uma hierarquia entre as nações independentes nos tribunais, sendo importante sua oposição ainda em relação ao conceito de um “tribunal de presas”, onde se pretendia qualificar a importância das nações de acordo com a tonelagem de sua marinha mercantil, algo que prejudicaria especialmente as nações latino-americanas.

Bibliografia:
SZKLAROWSKY, Leon Frejda. A segunda Conferência de Paz de Haia. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1579, 28 out. 2007. Disponível em: ;http://jus.uol.com.br/revista/texto/10582 . Acesso em: 26 jun. 2011.

BATISTA, Silvio da Costa Bríngel. 104 anos da II Conferência de Paz de Haia. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/10582 . Acesso em: 26 jun. 2011.

Fonte: http://www.infoescola.com/historia/segunda-conferencia-de-paz-de-haia/

Plano de Aula - O Muro de Berlim e outras barreiras físicas

Bloco de Conteúdo
História das representações e das relações de poder

Conteúdo
Nações, povos, lutas, guerras e revoluções

Mais sobre História

REPORTAGEM
Linha do tempo do Muro de Berlim
Objetivo
- Correlacionar os acontecimentos do passado e da atualidade (com base na história da construção do Muro de Berlim e nas barreiras físicas que ainda existem em alguns países).


Conteúdo
- Guerra Fria e o tempo presente.

Anos
8º e 9º.

Tempo estimado
Sete aulas.

Material necessário
Computador com acesso à internet, um mapa-múndi para cada equipe, cartolinas, canetas, filme Adeus, Lênin!, documentário Muro de Berlim, imagens do período, blogs e sites confiáveis para a pesquisa (como abr.io/pesquisa-veja e abr.io/pesquisa-folha).

Flexibilização
Para alunos com deficiência intelectual
Previamente, apresente imagens do Muro de Berlim e de barreiras de outros países ao aluno com deficiência intelectual e ofereça a ele alguns textos de apoio para que saiba o que será trabalhado nas aulas seguintes. Sugira que, na discussão sobre os trechos do filme ele contribua, contando o que aprendeu com as imagens e com os materiais de apoio oferecidos. Se necessário, amplie o tempo de escrita da dissertação para o aluno com deficiência ou proponha que esse trabalho seja feito em duplas ou em pequenos grupos. O aluno também deve colaborar na elaboração dos paineis e na apresentação da pesquisa para a turma. Conte com a ajuda do responsável pelo AEE para que ele aprenda como pesquisar informações na internet.

Desenvolvimento
1ª etapa
Antes do início do trabalho, assista ao documentário Muro de Berlim e ao filme Adeus, Lênin!. Selecione trechos que considera importantes para o entendimento da Guerra Fria e da criação do Muro de Berlim. Em sala, comunique aos alunos que eles assistirão aos trechos previamente selecionados e oriente-os a tomar nota do que consideram mais importante (por exemplo, o conflito principal, personagens e fatos históricos retratados). Essas anotações darão subsídios para a discussão inicial e servirão para estimular nos alunos uma postura de pesquisa durante a exibição dos filmes. Em seguida, mostre algumas imagens do período previamente selecionadas e promova uma discussão sobre as cenas e o contexto histórico apresentado. Estimule a participação de todos. Conte que eles vão pesquisar sobre o Muro de Berlim e as barreiras físicas que ainda segregam pessoas e culturas e, em grupos, vão produzir uma apresentação. Peça que escrevam uma dissertação sobre as informações discutidas até aqui.

2ª etapa
Introduza uma conversa sobre a existência de outros muros que ainda estão presentes no mundo (cite os casos das Coreias do Sul e do Norte, Israel e Palestina, a fronteira do México com os EUA e de Belfast, na Irlanda do Norte). No mapa-múndi, localize esses países. Conte que eles vão pesquisar sobre esses casos e, em grupo, vão produzir uma apresentação.

3ª etapa
Entregue um mapa-múndi para cada equipe e peça que pesquisem sobre uma das barreiras físicas comentadas em aula. Indique blogs e sites confiáveis para a consulta e navegue com a turma. É provável que, nessa etapa, os alunos descubram novas barreiras, além das já citadas. Essas descobertas podem ser incorporadas ao trabalho. Peça que anotem as informações e iniciem a seleção dos materiais para a apresentação do trabalho final.

4ª etapa
Circule pela sala e acompanhe a pesquisa das equipes, fazendo intervenções quando necessário. Peça que elaborem painéis para apresentação. Explique que eles devem conter uma introdução (síntese do contexto histórico e imagens dos conflitos que levaram à criação das barreiras entre os países), um desenvolvimento do tema (as consequências dessas separações para seus habitantes ao longo desse período até os dias de hoje) e uma conclusão (o que a equipe aprendeu e as semelhanças desses episódios pesquisados com o conteúdo estudado em sala no início do projeto).

5ª etapa
Cada equipe deverá apresentar seu painel. Promova a discussão dos trabalhos e incentive a participação de todos. Por fim, peça a reescrita da dissertação feita no início.

Produto final
Painéis sobre o Muro de Berlim e as demais barreiras.

Avaliação
Observe a participação da turma em todas as etapas do trabalho, levando em conta todos os materiais produzidos (textos e painéis).

Consultoria: Juliano Sobrinho
Professor da Universidade Nove de Julho (Uninove).
Fonte:

Rodada Uruguai

Por Emerson Santiago
É conhecida como “Rodada Uruguai“, a última reunião de países para a discussão das diretrizes de comércio internacional sob os auspícios do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), fórum de debates sobre a matéria comercial internacional estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, resultado de uma falta de consenso em se criar a OIC (Organização Internacional de Comércio), que finalmente após a rodada Uruguai seria estabelecida com o nome como é conhecida atualmente, OMC (Organização Mundial do Comércio).
Esta última rodada do GATT foi realizada em Punta del Este, sendo iniciada em setembro de 1986 e concluída em 1994, O acordo comercial obtido após esta rodada é considerado quase que de modo unânime como um dos mais importantes realizados dentro do sistema de trocas mundial nas últimas décadas, não só pelo fato da matéria elencada em seu conteúdo abordar temas importantes, mas também por ficar decidido que ficaria incluído no documento final todos os acordos e arranjos concluídos desde 1947 (ano da criação do GATT), além de anexos ao acordo em particular que cria a OMC, que não fora prevista em Punta del Este, mas cuja criação foi considerada importante para que abrigasse dentro de uma única moldura institucional todas as conquistas e progressos obtidos nos acordos criados naqueles mais de quarenta anos de rodadas sob o âmbito do GATT.

É necessário mencionar que a OMC (WTO, em sua sigla em inglês, mais comumente utilizada) não é uma substituta direta, ou uma simples continuação do GATT, pois no mesmo documento que cria a instituição são abordados mais assuntos além da criação da instituição em si e do campo em que esta atuaria, além do fato de que determinadas obrigações do GATT continuam em voga, devendo ser cumpridas, pois sete textos extras foram concluídos naquela rodada, não diretamente relacionados à OMC. A conclusão das discussões no âmbito da Rodada Uruguai passaria a ser chamada de GATT 1994.

Em suma, podemos citar os assuntos que receberam atenção e regulamento resultantes dos dispositivos do GATT 1994:

Acordo Constitutivo de criação da OMC – relacionado à criação da atual Organização Mundial do Comércio
Acordos diretamente relacionados ao GATT 1994 – conjunto de sete textos, o qual compõem, junto com o texto básico de 1947, além de outros textos básicos adicionais, o chamado GATT 1994.
Protocolo de Marraqueche associado ao GATT 1994 / acesso aos mercados – tratam-se de listas criadas pelos países que tratam do acesso aos mercados e das barreiras a este associadas, produzida em reunião em Marraqueche, Marrocos, dentro das discussões da Rodada Uruguai.
Acordo sobre agricultura – lida com a necessária reforma do comércio agrícola e da redução aos subsídios de exportação.
Acordo sobre têxteis e confecções – fortaleceu as poucas regras estabelecidas até o momento, propiciando eventual integração do setor ao GATT
Acordo sobre Medidas de Investimento relacionadas ao comércio – acordo sobre TRIMs (Agreement on Trade Related Investment Measures), reconhecendo novas medidas de investimento.
Acordo sobre a implementação do artigo VI do Acordo Geral (Antidumping) – negociada a terceira versão de um acordo interpretativo ao artigo VI do Acordo Geral (GATT), sendo o primeiro resultado da Rodada Kennedy e o segundo da Rodada Tóquio, sobre o problema do dumping.
Acordo sobre salvaguardas – expande e clarifica as disposições do artigo XIX do Acordo Geral (GATT)
Acordo geral sobre Comércios de Serviços – aqui, três grandes vetores foram projetados: um acordo-quadro com obrigações básicas aplicáveis a todos os membros; anexos relativos a situações especiais de determinados setores considerados em particular; e, um conjunto de listas nacionais de compromissos iniciais de liberalização assumidos pelas diferentes partes, podendo ser ampliado futuramente.
Acordos sobre barreiras técnicas ao comércio (TBT), valoração aduaneiras e licenças para importação – previamente discutido nas duas rodadas anteriores, o TBT será aperfeiçoado em vários de seus dispositivos.
Acordos sobre regras de origem e sobre inspeção prévia aos embarques – neste assunto, os países limitaram-se a criar um comitê no âmbito do GATT e um comitê técnico específico sob os auspícios do Conselho de Cooperação Aduaneira, em Bruxelas, tendo por finalidade, em três anos, harmonizar as regras existentes, exceto as relacionadas a preferências tarifárias.
Acordo sobre subsídios e medidas compensatórias – neste tópico, chegou-se a várias interpretações e aplicações específicas sobre os artigos VI, XVI e XXIII do GATT, que não tinham sido tratados na Rodada Tóquio.
Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio – Acordo sobre TRIPs (Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights), tratando de cláusula da nação mais favorecida em relação à matéria, copyrights, patentes, desenhos industriais, etc. e medidas para o cumprimento do direitos a serem protegidos.
Entendimentos sobre regras e procedimentos referentes à solução de Controvérsias (DSU) – aqui fortaleceu-se substancialmente o sistema, tornando-o semelhante ao atual. dinamizando as decisões em vários aspectos relacionados ás soluções de controvérsias.
Bibliografia:
LAMPREIA, Luís Felipe Palmeira . Resultados da Rodada Uruguai: uma tentativa de síntese . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141995000100016&script=sci_arttext . Acesso em 19/06/2011.
Fonte:http://www.infoescola.com/economia/rodada-uruguai/

Eventos marcam os 50 anos da construção do Muro de Berlim

Klaus Wowereit inaugura foto do Muro de Berlim



Tiveram início as comemorações que lembram os 50 anos da construção do Muro de Berlim. Eventos e fotos em grande formato espalhadas pela cidade lembram as vítimas do regime de fronteira da antiga Alemanha Oriental.


Klaus Wowereit inaugura foto do Muro de Berlin

Tiveram início nesta terça-feira (14/06) as comemorações que lembram os 50 anos da construção do Muro de Berlim. Como ato de abertura, o prefeito da capital alemã, Klaus Wowereit, inaugurou uma enorme foto do Muro, disposta na antiga torre de vigilância Schlesischer Busch, no bairro de Treptow. A partir desta quarta-feira, 24 fotos de grande formato em preto e branco serão expostas em 11 locais da cidades, lembrando o percurso do Muro. As fotos históricas registram a cidade dividida em 1961 e nos anos seguintes. Wowereit ressaltou que a memória das vítimas e das consequências da construção do Muro são uma das preocupações centrais de Berlim. O Muro de Berlim começou a ser erguido em 13 de agosto de 1961. A barreira circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, e tinha cerca de 155 km de perímetro. O Muro persistiu por mais de 28 anos, até cair em 9 de novembro de 1989. Calcula-se que ao menos 136 pessoas tenham morrido no Muro devido ao regime de fronteira da antiga República Democrática Alemã (RDA). Vergonha e luto O prefeito Wowereit descreveu o dia 13 de agosto de 1961 como "dia da vergonha e do luto”, que provocou inúmeras tragédias em Berlim. "Muitos morreram, famílias e amigos foram separados, relações de trabalho cortadas", recordou.

Para o próximo dia 13 de agosto, o diretor da Fundação Muro de Berlim, Axel Klausmeier, anunciou vários eventos, inclusive uma comemoração central com a presença do presidente alemão, Christian Wulff, a se realizar no memorial do Muro na rua Bernauer Strasse. O dia será totalmente dedicado às vítimas, disse Klausmeier.

Nesse contexto, a partir da meia-noite do dia 13 de agosto, biografias das vítimas do Muro serão lidas diante do memorial. Ao meio-dia, será feito um minuto de silêncio pela cidade. A seguir, corais e cantores de Berlim entoarão juntos a canção popular Die Gedanken sind frei (os pensamentos são livres), na Bernauer Strasse.

No período da noite, os organizadores informam que pretendem reunir fugitivos do Muro e pessoas que ajudaram nas fugas, para um encontro no memorial.

LF/dpa/epd
Revisão: Carlos Albuquerque
Fonte:DW

Pragmatismo Ecumênico e Responsável

Por Emerson Santiago
Recebeu o nome de “Pragmatismo Ecumênico e Responsável” a política exterior brasileira realizada durante a administração do general Ernesto Geisel (1974-1979). Seguindo a tradição dos governos militares anteriores, o conjunto de orientações e atos dos representantes brasileiros no exterior recebia um “título”, que de certa forma guardava o conceito sob o qual iria se orientar a política externa brasileira naquele determinado período. Assim, através da leitura da expressão “Pragmatismo Ecumênico e Responsável” teremos uma visão panorâmica de como o Brasil se comportou no cenário internacional durante este período dentro do regime militar.

Para se obter uma ideia precisa do que foi a diplomacia do Pragmatismo Responsável faz-se necessário analisar a expressão em seu significado semântico puro e ao mesmo tempo colocá-la no contexto em que foi elaborada, no meio da década de 1970, com os desafios que o Brasil enfrentava à época. Da palavra “pragmatismo” extraímos a noção de que o Brasil conduziria sua política externa desvinculada de princípios ideológicos, em um momento ainda bastante marcado pela Guerra Fria; a expressão “ecumênico”, vinda de ecumenismo, é utilizada para descrever o processo de busca de unidade, externando a ênfase que o governo dava ao consenso de todos setores da sociedade em atingir um objetivo comum de desenvolvimento; tal pragmatismo seria ainda conduzido de modo responsável, buscando inserir o país internacionalmente, servindo sobretudo aos interesses nacionais.

O cenário internacional era bastante movimentado, com bastantes fatos novos. A República Popular da China fora recentemente admitida na ONU no lugar da República da China (Taiwan); a Guerra do Vietnã, já sem a participação direta dos EUA encaminhava-se para um final favorável aos comunistas de Ho Chi Minh; Portugal vivia uma revolução que acabara com 42 anos de regime facista, desmantelando seu império colonial e dando origem a vários novos países de língua portuguesa independentes na África; e, talvez o fato mais marcante para o país, em particular no setor econômico, a primeira crise do petróleo, que desequilibraria as contas internacionais brasileiras de modo drástico, forçando ainda mais o aumento da inflação.

A política do pragmatismo era ainda influenciada pela meta principal do governo, que era a abertura lenta e gradual a ser implementada. Com todos esses paradigmas apresentados, a velha divisão esquerda/direita, capitalismo/comunismo perdeu importância. Necessitando de capitais, o governo foi buscar novos mercados, entre eles o do bloco socialista, com o Brasil reestabelecendo laços com a União Soviética e o Leste Europeu. Além do Leste Europeu o Brasil buscava contato com a China Popular e Angola, naquele momento já sob o governo marxista do MPLA.

O Brasil ainda entraria em polêmica com os Estados Unidos acerca da questão dos Direitos Humanos. As mortes de Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho em flagrante tortura realizada em dependências do Exército fizeram a má fama do Brasil internacionalmente. O governo reagiu de modo rancoroso, distanciando-se discretamente do governo americano.

Vale lembrar a destacada atuação do chanceler Antonio Francisco Azeredo da Silveira, responsável pela condução da política externa. É digno de menção a sua participação na aproximação com a Argentina e no reconhecimento imediato das independências de Angola e Guiné-Bissau, além do apoio à causa palestina.

Bibliografia:
SPEKTOR, Matias . Origens e direção do Pragmatismo Ecumênico e Responsável (1974-1979) . Disponível emhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200007. Acesso em 16/06/2011.

JULIÃO, Taís Sandrim . A atuação multilateral do Brasil sob o governo de Ernesto Geisel: as dinâmicas do Pragmatismo Ecumênico e Responsável (1974-1979) . Disponível emwww.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/rhs/article/view/163/244. Acesso em 16/06/2011.

Fonte: InfoEscola: Navegando e Aprendendo

Pedra do Ingá ou Itaquatiara

A Pedra do Ingá, foi o primeiro monumento arqueológico tombado como patrimônio nacional 1944; na realidade é um sítio arqueológico rochoso com dezenas de inscrições, onde pela qual não se conhece qual à sua origem e está localizado no município de Ingá, distante cerca de 100 km de João Pessoa - na beira do rio Ingá de Bacamarte. Os arqueólogos classificam à Pedra do Ingá como "Itaquatiara"- que em tupi significa "pedras pintadas", embora as inscrições estejam esculpidas em baixo relevo e não pintadas, onde no bloco rochoso principal , com 24 metros de comprimento e quase 4 metros de altura, podemos observar à maioria das inscrições que formam um fabuloso painel com dezenas de gravuras, provavelmente produzidas pelo uso de instrumentos de pedra que "guardariam" dados sobre o cotidiano e de acontecimentos marcantes do homem pré-histórico que ali viviam.

Pedra do Ingá ou Itaquatiara
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29 de junho de 1958 - Brasil é campeão do mundo!

Brasil é campeão do mundo. Jornal do Brasil: 1º de julho de 1958.


O Brasil não entrou como favorito na Copa da Suécia. O trauma sofrido na final do Mundial de 50fez com que nossa seleção realizasse uma fraca campanha na Copa da Suíça e estreasse como coadjuvante na competição de 58. O jogo, no entanto, começou a virar para o nosso lado na terceira disputa, contra a União Soviética, quando o técnico Vicente Feola revelou ao mundo a carta que tinha na manga: um rei chamdo Pelé.

Aos 17 anos de idade, Pelé, ao lado de Garrincha, foi essencial para que a equipe batesse a URSS por 2 a 0. Apesar de não ter feito gols, o jovem mineiro mostrou ao mundo o talento que, depois, o faria ser reconhecido como o melhor jogador de futebol de todos os tempos.

O dia do confronto final, contra os donos da casa, viria apenas no dia 29 de junho de 1958, após o grupo memorável emplacar goleadas históricas durante a sua trajetória. O estádio de Estocolmo, lotado com mais de 50 mil pessoas, parecia um caldeirão. A torcida, dividida entre o amor à pátria e a admiração pela brilhante campanha feita pela Seleção Brasileira, aplaudia cada jogada.

Vestindo pela primeira vez o uniforme azul reserva, o time de Zagallo, Vavá, Didi, Pelé e Garrincha sentia-se usando o “manto de Nossa Senhora Aparecida”: nada podia para-los; nem mesmo o gol marcado pela equipe sueca aos 4 minutos do primeiro tempo. Num contra-ataque de Garrincha, aos 9 minutos, Vavá recebeu a bola perto da grande área e marcou para os brasileiros empatando o jogo. Pouco
tempo depois, o mesmo Vavá fez seu segundo gol na partida alavancando a máquina canarinha que não podia mais ser freada. Com mais um gol de Vavá, outro de Zagallo dois de Pelé, a seleção abençoada venceu a Suécia por 5 a 2 e pode, enfim, levantar a Taça Jules Rimet, consagrando-se campeã.

Era início de uma nova era. Era de vitórias, a era de ouro da Seleção Brasileira, que só terminaria em 1970, com o tricampeonato e a despedida definitiva do Rei Pelé de mundiais.
Fonte: Jblog

5 tratamentos psiquiátricos bizarros que caíram em desuso

Ana Carolina Prado

Até que se entendessem as doenças mentais, muita coisa absurda já foi feita para dar um jeito nos loucos. De choque térmico por infecção pelo protozoário da malária (!) a perfurações no crânio (ambos tendo rendido o Prêmio Nobel a seus criadores!), listamos 5 “tratamentos” bizarros já usados para curar males psiquiátricos.

1- Infecção por malária

Estamos nos anos 30 e a sífilis, incurável nessa época, é a maior causa de demência no mundo. Ninguém sabe o que fazer com tanta gente paranóica, violenta e incontrolável nos manicômios. Mas aí o médico austríaco Julius Wagner von Jauregg observou que, quando essas pessoas contraíam alguma doença que provocasse episódios de febre alta e convulsão, a loucura ia embora. O que o doutor Julius fez, então? É. Ele colocou o sangue contaminado de um soldado com malária em nove pacientes com paresia crônica, a demência que ocorre em um estágio avançado da sífilis, para que elas contraíssem febre alta e tivessem convulsões. O resultado foi impressionante e até lhe rendeu um Premio Nobel em 1927: ele conseguiu recuperação completa em quatro desses pacientes e uma melhora em mais dois. “Parece absurdo dar o Prêmio Nobel a alguém que infectava os pacientes com a malária, mas o desespero na época era muito grande”, diz Renato Sabbatini, neurocientista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Esse tratamento, obviamente, era muito perigoso (você melhorava da loucura, mas ganhava a malária de presente) e deixou de ser usado nos anos 60, com a descoberta de antibióticos e medicamentos próprios para problemas mentais.

2- Terapia por choque insulínico

Em 1927, o neurologista e psiquiatra polonês Manfred Sakel pesou a mão na dose de insulina que aplicou em uma paciente diabética (que era, dizem, uma cantora lírica famosa na época) e ela entrou em coma. Mas o que poderia ter sido um desastre virou uma bela descoberta: a mulher tinha psicose maníaco-depressiva e obteve uma notável recuperação de suas faculdades mentais. Então Sakel descobriu que o tratamento era eficaz para pacientes com vários tipos de psicoses, particularmente a esquizofrenia. “Esta foi uma das mais importantes contribuições jamais feitas pela psiquiatria”, diz Sabbatini. A técnica passou a ser usada em todo o mundo, mas o entusiasmo inicial diminuiu depois que estudos mostraram que a melhora era, na maioria das vezes, temporária. Sem contar, é claro, que era extremamente perigoso. Assim, esse tratamento também caiu em desuso após a descoberta de medicamentos mais adequados.

3- Trepanação

Achados arqueológicos mostram que a trepanação, cirurgia em que era aberto um buraco (geralmente de 2,5cm a 3,5 cm de diâmetro) no crânio das pessoas, já era feita em várias partes do mundo 40 mil anos atrás. A cirurgia era realizada em rituais religiosos para liberar a pessoa de demônios e espíritos ruins – quando, na verdade, ela era vítima de doenças mentais. Até hoje é realizada por algumas tribos da África e da Oceania para fins rituais e em alguns centros modernos de neurologia para aliviar a pressão intracraniana em caso de fortes pancadas na cabeça, por exemplo. Mas não só. “Se esse procedimento for feito por algum outro motivo, isso é bizarro e perigoso”, afirma Sabbatini. Mas existem organizações hoje que defendem essa técnica “como forma de facilitar o movimento do sangue pelo cérebro e melhorar as funções cerebrais que são mais importantes do que nunca para se adaptar a um mundo em cada vez mais rápida evolução”. Isso é o que diz o site de um grupo internacional em defesa da trepanação, que defende que qualquer pessoa que deseje melhorar suas funções mentais e sua qualidade de vida deve poder realizar o procedimento.

4- Lobotomia


Os cirurgiões americanos Walter Freeman e James Watts, que aperfeiçoaram a técnica da lobotomia.

A trepanação deu origem a outro procedimento macabro: a lobotomia, incisão pequena para separar o feixe de fibras do lobo pré-frontal do resto do cérebro. Como isso provoca o desligamento na parte das emoções, pessoas agitadas se acalmavam como se tivessem tomado tranquilizantes. Essa técnica, criada pelo neurologista português Antônio Egas Moniz, foi realizada pela primeira vez em 1935 e também lhe rendeu um Nobel, em 1949. Os resultados foram tão bons, que a lobotomia começou a ser usada em vários países como uma tentativa de reduzir psicose e depressão severa ou comportamento violento em pacientes que não podiam ser tratados com qualquer outro meio (na ocasião, não havia muitos). O problema é que a técnica, que deveria ser o último recurso, passou a ser usada maciçamente nos manicômios para controlar comportamentos indesejáveis – inclusive em crianças agitadas e adolescentes rebeldes. Entre os anos de 1945 e 1956, mais de 50,000 pessoas foram sujeitas a lobotomia no mundo inteiro. E os efeitos colaterais eram horríveis: a pessoa virava um vegetal – sem emoções, apáticas para tudo. Com o aparecimento de drogas efetivas contra ansiedade, depressão e psicoses, nos anos 50, e com a evidência de seu abuso difundido e efeitos colaterais, a lobotomia foi deixando de ser usada.

5- Mesmerismo

O médico austríaco Franz Anton Mesmer acreditava ser possível aliviar sintomas clínicos e psicológicos passando imãs sobre o corpo de seus pacientes – procedimento conhecido como mesmerismo. “Mesmer acreditava que os fluidos do corpo eram magnetizados e que muitas doenças físicas e mentais eram causadas pelo desalinhamento desses fluidos. Ele também achava que era possível obter os mesmos resultados sem os imãs, passando apenas as mãos sobre o corpo do paciente”, explica o professor de psicologia Renato Sampaio Lima, da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ahhh, o poder da sugestão. Era tudo picaretagem. Ou efeito placebo, para ser mais exato. Esta arte de cura disseminou-se entre outros praticantes no século XVIII e chegou aos Estados Unidos no início do século XIX. Mesmer foi expulso de vários países e cidades porque não conseguiu provar a eficiência do seu método, mas ganhava uma grana dos crédulos. “Em todos os lugares em que ele foi, a comunidade médica o repudiou. Ele pegava madames com doenças psicossomáticas leves, fáceis de tratar com placebo, e baseava o seu prestigio nesse efeito”, completa Sabbatini. O suposto sucesso não dependia das técnicas usadas, mas no seu poder de persuasão. Após muitas críticas, a prática do mesmerismo caiu em desuso no início do século XX.

Fonte:
Superinteressante