Muitos dos hábitos e das possibilidades que hoje cercam a cerveja brasileira são resultado de uma longa e lenta evolução. Muita coisa mudou – inclusive a própria bebida – desde que os primeiros barris desembarcaram no Rio de Janeiro, nos porões dos navios que trouxeram a Família Real portuguesa para o exílio no Brasil, em 1808.
Sabe-se que o próprio príncipe regente Dom João, notório apreciador da cerveja, foi um dos principais responsáveis por sua difusão. É verdade que a cerveja consumida por Sua Alteza não era exatamente o líquido dourado, brilhante e leve que os brasileiros aprenderiam a saborear.
Em vez das loiras geladas, o príncipe apreciava as marcas mais morenas e encorpadas, típicas da Inglaterra. Uma questão de preferência motivada, talvez, pelo desconhecimento de outras possibilidades.
Até chegar ao atual estágio, a cerveja – uma das bebidas mais antigas do mundo – percorreu um longo caminho. Muita gente ainda acredita que o líquido tenha se originado na região da atual Alemanha, de onde teria se espalhado para o restante da Europa durante a Idade Média. A história não é bem essa. Pode-se dizer, sem exagero, que a evolução da bebida confunde-se com a própria história da civilização.
Segundo alguns pesquisadores, mesmo antes de surgirem as primeiras aldeias na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde é hoje o Iraque, por volta do ano 3500 a.C., nossos ancestrais já consumiam um líquido alcoólico resultante da fermentação de cereais imersos em água. O que se sabe, com certeza, é que a humanidade aprendeu a fazer cerveja tão logo descobriu uma forma de armazená-la e antes mesmo de dominar a arte de fazer o pão.
Os sumérios e os babilônios foram os primeiros a legar para as gerações posteriores um registro de como se fabricava a bebida. Um monumento conhecido como Pedra Azul, que se encontra hoje exposto no Museu do Louvre, em Paris, datado dos primórdios da civilização suméria, contém inscrições sobre como se produzia a cerveja.
Conforme registros que datam de cinco milênios atrás, esses povos dominavam os processos produtivos de mais ou menos 20 tipos de cervejas diferentes. O principal deles dava origem a uma bebida conhecida como Sikaru, utilizada para honrar os deuses e para alimentar os doentes. O certo é que a cerveja logo se popularizou entre os povos antigos e não tardou a ultrapassar os limites da Mesopotâmia. Dali, o líquido precioso chegou ao Egito, onde passou a ser produzido em larga escala.
Arqueólogos que conduziram escavações nas tumbas dos faraós, em meados do século XIX, encontraram entre os objetos de ouro e dos outros tesouros sepultados ao lado os soberanos, cestos e mais cestos abarrotados com os cereais utilizados na produção da cerveja.
Um papiro, escrito há mais de mil anos da era cristã, tratava do processo de produção de uma bebida forte, chamada Dizythum, e de uma outra mais fraca, batizada de Busa. Em 1990, descobriu-se nas escavações do Templo do Sol, da rainha Nefertiti, uma enorme cozinha onde se produzia a cerveja à base de cevada, que ainda hoje é o principal malte utilizado na fabricação das cervejas.
Tudo isso dá uma idéia do prestígio que a bebida tinha entre um dos povos mais evoluídos da Antiguidade.
E mais: há registros de que a cerveja era distribuída aos trabalhadores que ergueram as pirâmides – com o objetivo de relaxá-los. Ou seja, desde os tempos mais remotos, o hábito de tomar uma cervejinha depois do batente já era considerado saudável. Tudo isso comprova que os egípcios, de fato, eram mais sábios do que se imagina.
Inspiração divina
De uma forma ou de outra, as bebidas alcoólicas produzidas a partir da fermentação de cereais e outras plantas eram conhecidas em diversas partes do mundo. Em algumas regiões da África, produziam-se bebidas a partir de gramíneas nativas como o sorgo e o milheto.
Os chineses dominavam um processo de fabricação mais avançado do que o egípcio e produziam uma cerveja à base do arroz. A civilização asteca, que floresceu onde hoje é o México, e os próprios índios que viviam nas matas que viriam a se tornar o Brasil tinham suas bebidas fermentadas.
O líquido criado pelos habitantes primitivos da nossa Pindorama era obtido a partir da fermentação da mandioca. Mas o certo mesmo é que o processo do qual se originou a cerveja que hoje conhecemos foi aquele desenvolvido no Egito e que chegou à Europa no alvorecer da Era Cristã, levado pelos conquistadores romanos, que se encarregaram de espalhá-lo pelo seu vasto império. No século I d.C., a cerveja já era produzida pelos antepassados dos alemães e dos franceses. E logo alcançou outras regiões do continente.
A Idade Média, vista por muita gente apenas como um período de trevas, também teve seus momentos iluminados. Foi naquela época, mais precisamente entre os anos 700 e 800, que a cerveja passou a ser produzida nos mosteiros e deu os primeiros passos para tornar-se esta bebida nobre, de sabor ligeiramente amargo.
Foram os monges da era medieval os responsáveis pela adição do lúpulo à fórmula da cerveja – o que, sem dúvida alguma, deve ser visto como um sinal de inspiração divina. Hoje, as dezenas de variedades dessa planta estão presentes na grande maioria das cervejas conhecidas no mundo. A intervenção dos monges representou um passo importante não só no aperfeiçoamento do sabor, mas também na conservação da bebida.
Explica-se
As cervejas mais antigas, preparadas segundo um processo extremamente rudimentar, tinham um ciclo de vida muito curto. Adicionava-se água ao malte e, depois, alguns aromatizantes que podiam ser a camomila, o coentro, a canela, o gengibre, o zimbro, o açafrão e até mesmo o pêssego. Essa mistura era posta para fermentar – e nesse processo se formava o álcool e o gás carbônico característicos da bebida.
Os monges descobriram que o lúpulo não apenas empresta à cerveja o sabor amargo que a caracteriza nos dia de hoje como, também, impede que se deteriore num período muito curto de tempo. Ou seja, além de sofisticar o gosto, esse ingrediente comprovou-se um conservante natural e de ótima qualidade.
Graças à adição do lúpulo à sua receita, a bebida se disseminou pela Europa, vindo a adquirir, com o tempo, as características regionais que deram fama às cervejas de diversas partes do mundo. A Inglaterra, a Irlanda, a Holanda e a Bélgica são berços de algumas cervejas de excelente qualidade e de ótima reputação. Nem todas, no entanto, são feitas da mesma maneira.
Assim como os antigos egípcios tinham a Dizythum, uma bebida mais forte, e a Busa, mais suave, as cervejas modernas também se dividem, basicamente, em duas grandes famílias. De um lado estão as do tipo Ale, como são conhecidas as cervejas de alta fermentação. Do outro, as Lager, de baixa fermentação. É desse segundo ramo genealógico que se origina o tipo de cerveja mais apreciado no Brasil.
Bebida shakespeariana
Em sua obra, Willian Shakespeare faz 14 menções à palavra “Ale” e cita cinco vezes a palavra “beer.” Isso nos leva a duas conclusões: uma é que no tempo de Shakespeare – ele viveu de 1564 a 1616 – a cerveja já era uma bebida muito popular; a outra é que além de gênio, o dramaturgo era um homem de bom gosto.
Degustação
Como degustar uma cerveja?
Saborear uma cerveja é uma arte, e como todas as artes necessita de um aprendizado e de um estado de espírito.
1. Observar a cor e o brilho
2. Observar a espuma
3. Sentir o aroma
4. Sentir o sabor e o corpo
Fonte: www.ambev.com.br
História da Cerveja
As primeiras bebidas fermentadas feitas à base de cereais surgiram há cerca de 9000 anos.
A cerveja pertence ao grupo do pão, vinho ou vidro, que possuem uma origem muito antiga e um processo básico de fabrico simples e muito disseminado.
Desde tempos imemoriais que se estabeleceram, entre o Tigre e o Eufrates, os Sumérios – um povo de elevado grau de civilização. É deles que nos chega, 7000 anos antes de Cristo, o mais antigo conhecimento de uma bebida fermentada feita à base cereais – o antepassado da cerveja dos nossos dias.
Os Babilónios, que lhes sucederam, deixaram-nos já muitos testemunhos de uma indústria cervejeira florescente. O mesmo acontece relativamente aos Egípcios, onde a cerveja se tornou numa bebida nacional – bebiam-na o povo e os reis, era oferecida a deuses e figurava nos tesouros dos sarcófagos mais notáveis.
Na Etiópia, no Norte de África, entre os Gregos e os Persas, a cerveja aparece como bebida corrente. Mas foi o domínio que a espalhou pela Europa, principalmente quando Domiciano, para combater a grave crise na cultura cerealífera, proibiu o cultivo da vinha em terrenos onde pudessem ser semeados cereais. Através da Gália chega à Grã-Bretanha, à Escandinávia e à Península Ibérica e depressa se torna a bebida favorita dos povos do Norte.
A origem etimológica da palavra cerveja encontra-se no latim cervesia, designação específica de bebida fermentada. Os Gauleses chamavam-lhe cerevisia, provavelmente evocadora de Ceres – Deusa das Colheitas.
O aproveitamento do final verbal da expressão cervesiam bibere deve ter dado origem às palavras que noutras línguas europeias designam a cerveja (bière, bier, beer). Com efeito, a expressão bibere (para beber) era frequentemente usada pelos legionários romanos de Júlio César na Europa Central.
Naturalmente que a cerveja terá tido, ao longo dos anos, diferentes caracterizações. Como traço comum, o fato de ser uma bebida fermentada obtida a partir de cereais. Só no início do século XVI, contudo, se precisou na Europa o conteúdo da palavra cerveja – bebida constituída pelo cozimento, aromatizada pelo lúpulo e fermentada pela ação de leveduras.
Foi, porém, no século XIX que o fabrico da cerveja recebeu um maior impulso, através da resolução de dois problemas fundamentais: o isolamento das leveduras responsáveis pela fermentação, o que ficou a dever-se a Pasteur, e a possibilidade de manutenção dos tanques de fermentação e as caves de guarda a temperaturas convenientemente baixas durante todo o ano (aliás, a proibição de fazer cerveja durante a época estival existiu na Baviera entre 1550 e 1850).
O fabrico da cerveja começou por ser uma atividade familiar, como cozer o pão ou fiar o linho. Pouco a pouco, à medida que cresciam os aglomerados populacionais e que se libertavam os servos, entre os séculos VII e IX, começaram a surgir artesãos cervejeiros, trabalhando principalmente para grandes senhores e para abadias e mosteiros. E quando, a partir do século XII, o fabrico da cerveja passou também a ser dominado pelos burgueses, depressa pequenas fábricas proliferaram na Europa Central.
Em Portugal, desde o século XVII que há notícia de se consumir cerveja e tanto assim que havia nessa época, em Lisboa, um Pátio da Cerveja, na antiga freguesia da Conceição Nova. O gosto pela cerveja foi crescendo, pelo que em 1801 se regista a existência de nada menos que sete fábricas de cerveja e bebidas gasosas na cidade do Porto.
Em 1834 fundou-se, em Lisboa, a Fábrica da Trindade e em 1890 constituiu-se a Companhia União Fabril Portuense que aglomerava as sete fábricas existentes. Em 1977, foi constituída a UNICER, com a nacionalização da CUFP, da Companhia Portuguesa de Cervejas (COPEJA), de Santarém e a União Cervejeira (IMPERIAL), de Loulé.Ao mesmo tempo constituiu-se, também, a CENTRALCER, com a nacionalização da Sociedade Central de Cervejas e a Companhia de Cerveja de Portugal (CERGAL).
Os componentes da cerveja
O traço comum da bebida que, ao longo dos tempos, foi incluindo na designação de cerveja, é como se referiu, a sua obtenção a partir de cereais. E o fato de ter sido a cevada um dos primeiros cereais extensivamente cultivados pelo homem faz supor que depressa tenha sido reconhecida a sua especial aptidão para o fabrico de uma bebida fermentada.
E então, ao longo dos séculos, foi-se sedimentando o conhecimento e aprimorando o gosto, entre os segredos da experiência e os ensinamentos da técnica.
Hoje a cerveja tem quatro componentes fundamentais:
– O Malte, ou cevada germinada, que fornece os elementos básicos do mosto;
– A Água, para o fabrico de mosto;
– O Lúpulo, ao qual se devem o aroma e o amargor tradicionais;
– A Levedura, agente responsável pela fermentação;
O malte, rico em amido (hidrato de carbono) e enzimas é a matéria-prima fundamental. Obtém-se da cevada, preferencialmente dística, através de uma operação que consiste, no essencial, na germinação controlada do grão e na interrupção desse processo em momento oportuno.
Esta operação (maltagem) vai permitir em fase posterior o fácil desdobramento do material de reserva do grão (essencialmente hidratos de carbono e substâncias azotadas) por via das enzimas formadas durante o processo de germinação.
Lúpulo
Com a finalidade de possibilitar a rápida extração e conversão dos componentes do malte, este ´w moído antes de ser misturado com a água a uma temperatura adequada (processo ao qual se chama empastagem).
Das transformações operadas nesta fase obtém-se o mosto, no qual estão dissolvidos os açucares (resultantes da degradação enzimática do amido), substâncias azotadas em maior ou menor grau de desdobramento (resultantes da degradação enzimática das proteínas) e outros elementos nomeadamente sais minerais. Mas podem utilizar-se também outros produtos complementares, como o milho e o arroz, quer por razões que se prendem com a correcção da composição azotada do mosto, quer ainda por razões económicas.
A água utilizada na operação de empastagem que conduz ao mosto tem uma importância fundamental. Além de dever ser bacteriologicamente pura, terá também de conter certos sais minerais. Mas, para ser possível manter constantes as características de uma cerveja, é necessário que a água mantenha também constante a sua composição.
E, porque hoje é possível corrigir esta composição através de tratamento adequado a cada caso específico, pode compreender-se a importância da qualidade da água de certas regiões na construção, ao longo dos tempos, de uma imagem de excelência da cerveja local.
O lúpulo (Humulus lupulus) é inquestionavelmente a principal planta aromática que o técnico cervejeiro usa desde há cerca de 500 anos. É ele que dá à cerveja o amargor e o aroma característico, além de ajudar a clarificar o mosto e de favorecer a floculação de matérias azotadas durante a ebulição. É uma planta trepadora, vivaz, de que apenas se aproveita a flor feminina não fecundada.
Levedura
A levedura é um fungo unicelular, do género Saccharomyces, que se adiciona ao mosto lupulado depois de arrefecido como agente da fermentação alcoólica. Esta transformação, basicamente a conversão dos açucares do mosto em álcool e dióxido de carbono, dá também origem à formação de grande parte dos produtos secundários responsáveis pelas características finais da cerveja (álcoois aromáticos, esteres, etc). Daí que cada fabricante de cerveja seja muito zeloso na selecção e cultivo das suas próprias raças de levedura e as mantenha como um verdadeiro segredo de fabrico.
O fabrico
Do que atrás foi referido pode concluir-se que há três estádios fundamentais no fabrico da cerveja:
– A Maltagem, que transforma a cevada limpa e calibrada em malte;
– A Brassagem, que transforma a farinha de malte num mosto açucarado;
– A Fermentação, durante a qual os açucares do mosto se transformam em álcool, dióxido de carbono e outros produtos secundários;
A bebida obtida no final da fermentação merece já a designação de cerveja.
Depois há ainda fases muito importantes do ciclo que prepara a cerveja para o consumidor final e que são:
1 – Maturação.
2 – Filtração.
3 – Enchimento.
A cerveja e a saúde
De todas as bebidas ligeiramente alcoolizadas a cerveja é, sem dúvida, uma das mais sãs. Antes de mais, pela qualidade das matérias-primas utilizadas e equilíbrio dos seus componentes, pela natureza do seu processo industrial adoptado, devidamente adequado à produção de uma eminentemente natural e pelas condições de extrema higiene em que o mesmo se desenvolve.
Na sua composição encontra-se o álcool, que varia, em regra, entre 3 a 5% conforme os diferentes tipos de cerveja, quantidades importantes de vitaminas do grupo B e a vitamina PP, teores significativos de fosfatos, aminoácidos e hidratos de carbono.
Estudos feitos por médicos e especialistas alimentares revelam que o consumo moderado de cerveja tem um efeito estimulante sobre as funções digestivas, melhorando a função hepática e a função intestinal, exerce um efeito calmante sobre o sistema nervoso, estimula o metabolismo e pode ter uma ação benéfica sobre as pessoas sujeitas a doenças de pele. São igualmente conhecidos os seus efeitos diuréticos.
A imagem popular, criada ao longo dos séculos, ainda hoje associa a cerveja à boa saúde moral e física. O bebedor de cerveja é sempre apresentado como uma personagem jovial, alegre e cheia de vida. E nos países anglo-saxónicos existem inúmeras canções que se entoam, com alegria, à volta de uma caneca da divina cerveja.
O brinde à sua saúde será, pois, mais apropriado quando feito com um copo de cerveja espumosa, viva e reconfortante.
Uma boa cerveja
É fundamental a forma como se apresenta um bom copo de cerveja: espuma abundante e cremosa, líquido límpido e suavemente borbulhante como se estivesse vivo, temperatura correta para permitir apreciar em pleno as qualidades do seu gosto e do seu aroma.
Fonte: www.naturlink.pt
História da Cerveja
A bebida revolucionária
Você já imaginou um mundo sem cerveja? Não seriam só suas happy hours que estariam comprometidas. Vários cientistas acreditam que a civilização poderia simplesmente não existir se o homem não tivesse inventado o pão… e a cerveja.
Foi a descoberta da fermentação dos cereais processo básico da fabricação desses dois alimentos que incentivou o homem a abandonar a vida nômade de caçador e coletor e se reunir em comunidades agrícolas. Pela primeira vez, era possível comer e beber com prazer, já que o processo de fermentação era capaz de mascarar alguns sabores desagradáveis. Há 12 mil anos, isso foi um avanço e tanto.
As evidências arqueológicas mais antigas da bebida são de 6 mil anos antes de Cristo e foram encontradas na Mesopotâmia (região onde hoje é o Iraque). Mas é possível que a primeira loirinha tenha sido fabricada bem antes disso, por algum povo antigo da Ásia.
Rica em carboidratos e proteínas, ela foi um complemento alimentar importante e uma ótima substituta para a água, cuja pureza não era lá essas coisas naquela época. Grossas e corpulentas, as cervejas pioneiras não se pareciam em nada com o chope que você bebe hoje. Já as razões pelas quais uma mesa de bar parece irresistível numa sexta-feira depois do expediente não mudaram tanto assim.
Primeiros goles
Afinal, quem veio primeiro: o pão ou a cerveja?
Intrigado com a questão, o químico inglês Ian Hornsey, da Sociedade Real de Química, leu, pesquisou e ouviu historiadores, antropólogos, arqueólogos, químicos e cientistas em geral e escreveu A History of Beer and Brewing (“Uma História da Cerveja e da Fermentação”, sem tradução em português), um calhamaço de 700 páginas que investiga a fabricação da bebida desde os seus primórdios.
Não há consenso sobre as verdadeiras origens da birra, mas Hornsey constatou a existência de um raciocínio comum entre os estudiosos: a cerveja não foi inventada pelo homem, mas descoberta por acaso.
Tudo teria começado com alguns grãos de cevada expostos à umidade, que fermentaram naturalmente em contato com o ar. Algum homem encontrou esse líquido e, bravamente, resolveu prová-lo. Claro que ele gostou daquela poção primitiva e se encarregou de recriar o processo. Pronto. A humanidade estava apresentada à bebida mais democrática dos últimos 8 mil anos. Esse feliz acidente etílico teria acontecido com um habitante do Oriente Médio, não por acaso o berço da nossa civilização.
As pesquisas de Hornsey mostraram que a tecnologia de fabricação da cerveja teria explodido no antigo Egito, já na era da Pré-dinastia, entre 5500 e 3100 a.C., mas mesmo sobre esse fato há um bocado de controvérsia.
As teorias desencontradas têm uma explicação: é muito provável que a loirinha não tenha sido uma invenção isolada. Alguns arqueólogos conseguiram provar que ela surgiu espontaneamente por todo o planeta, inclusive em civilizações ocidentais que viveram isoladas até o século 15.
O que parece ter sido um denominador comum, em todas as sociedades, é a função social do ato de beber. “A falta de realidade causada pela embriaguez deve ter sido profundamente bem-vinda num mundo sombrio e entediante”, escreve Hornsey. Alguma semelhança com suas motivações para um copo de cerveja?
Nos primórdios, a palavra cerveja englobava toda bebida fermentada originada de algum grão, e cada região preparava a bebida de forma distinta. Na África, todas as tribos têm a sua bebida alcoólica tradicional, feita do cereal predominante na região. Na América do Sul, os índios da Amazônia usavam a mandioca, e os incas, o milho que ainda hoje é usado para preparar a chicha boliviana. Japoneses, chineses e russos fermentavam bebidas de arroz, trigo e centeio, respectivamente. No restante da Ásia, o sorgo (uma planta também conhecida como milho-zaburra) era o preferido.
Até a invenção dos destilados, no século 14, a outra opção de bebida alcoólica era o vinho, considerado um líquido nobre por gregos e romanos. Para esses povos, era quase absurdo o fato de que até os faraós do Egito apreciavam aquela bebida grossa e turva produzida com a mistura de cevada e água. Mas felizmente os preconceitos desses dois povos foram ignorados no Oriente Médio e a tradição se espalhou. Diferentemente do vinho, a cerveja era uma bebida democrática e agradava reis e escravos. Ela era oferecida aos deuses em festas religiosas, receitada como remédio e usada como salário para operários.
Se a bebida não era exatamente a mesma de hoje, o comportamento social dos bebedores não mudou tanto assim. Há 4 600 anos, o ministro egípcio Kagmeni se viu obrigado a bolar a primeira campanha de consumo consciente. “Um copo de água sacia a sede” era um dos slogans que tentavam doutrinar os boêmios adeptos dos copos. Constantemente bêbados, celtas, vikings e saxões eram capazes de brigar com os próprios companheiros depois de vencerem uma guerra.
Abençoada por Deus
No continente europeu, onde hoje vivem os maiores consumidores mundiais de cerveja, a bebida progrediu e mudou a história da humanidade. No mundo medieval ela era tão preciosa que valia até como pagamento do dízimo na Igreja e dos impostos.
Como a produção era simples bastavam um suprimento de água e cereais, um esmagador de grãos, uma vasilha, fogo com combustível para aquecer a água e recipientes para armazenar a cerveja era normalmente produzida em casa. E sem condições de conservá-la por muito tempo, a produção servia apenas para consumo imediato.
Na primeira metade da Idade Média, entre os anos 500 e 1000 da era cristã, a produção foi centralizada em monastérios e conventos, que costumavam oferecer pousada e refeições para os viajantes. Santa decisão. Com tempo para aprimorar a produção, os religiosos revelaram-se excelentes e abnegados mestres cervejeiros. Nessa época nasceu a cervejaria mais antiga do mundo ainda em atividade, montada em 1040 no mosteiro Weihenstephan, na cidade alemã de Freisig.
Naquele tempo, era comum a adição de ervas e raízes como gengibre, sálvia e louro para aromatizar a cerveja. Foram os monges em suas experiências que aperfeiçoaram a bebida, introduzindo o lúpulo no processo de fabricação a partir do século 9. Simultaneamente, ele passou a ser utilizado na Alemanha, na Suíça e na Inglaterra. Essa folha conferiu à bebida um sabor amargo e, o melhor de tudo, tornou-a mais resistente à passagem do tempo, abrindo melhores possibilidades de armazenagem e transporte.
A bebida doméstica
Um dos marcos da padronização da produção da cerveja é o Reinheitsgebot, o código de pureza promulgado pelo duque Guilherme IV da Bavária em 23 de abril de 1516. A lei proibiu o uso de qualquer cereal, erva ou tempero que não fossem malte de cevada, lúpulo e água no preparo de cervejas. A proibição, no entanto, só valia para as cervejarias comerciais da época. “O duque e seus companheiros estavam livres para usar o que eles quisessem”, diz Hornsey.
De qualquer forma, a lei da Bavária pegou e foi aplicada em todo o território alemão depois da unificação do país, no século 19. Atualmente, ela vale como regra para a maioria das fábricas européias que buscam um produto de qualidade internacional (a exceção são as cervejas de alta fermentação, tradicionais na Alemanha, que utilizam o malte de trigo).
O maior mérito do Reinheitsgebot foi combater a falsificação da bebida, que se tornara uma praga na Europa no século 15. Em 1492, o rei inglês Henrique VII criou uma carta de recomendação para os fabricantes honestos, que facilitava a exportação do produto para outros países. Na mesma época, e discretamente, os cervejeiros começaram a incentivar o consumo da bebida fora dos bares. Como na época ainda não haviam sido inventadas as eficientes campanhas publicitárias com muitas mulheres em poucas roupas exibindo seus atributos em outdoors e propagandas de TV, a criação da cerveja engarrafada foi uma mão na roda.
Não se sabe ao certo quem teve a idéia, mas os diários de Alexander Nowell, sacerdote-chefe da Catedral de São Paulo, em Londres, de 1560 a 1602, já mencionam a existência da cerveja em garrafas de vidro. Antes disso, os recipientes eram barris de carvalho ou vasilhames de couro. Nowell descobriu, em 1602, que a bebida durava mais se as garrafas estivessem lacradas com rolhas de cortiça. O novo formato permitia que a cerveja fosse levada para casa, mas foi apenas em 1882 que os fabricantes notaram que a loirinha azedava nas garrafas claras e adotaram o vidro escuro, que impede a passagem da luz e garante a integridade do produto por mais tempo.
Mas e as cervejas modernas vendidas em garrafas transparentes? O jornalista austríaco Conrad Seidl, autor de O Catecismo da Cerveja, conta que hoje se adiciona óxido de magnésio ao lúpulo para proteger a cerveja dos raios ultravioleta. A substância não altera o gosto e o vidro claro permite que o potencial bebedor admire o tantas vezes irresistível amarelo da bebida. “As garrafas transparentes são mais um golpe de marketing, não influenciando em nada o gosto da bebida”, afirma Seidl.
Quando a revolução industrial tomou o mundo no século 19, diversos países já tinham as suas próprias cervejas típicas. A Alemanha era o lar das claras Dortmunder (amarga e picante) e Weissbier (leve e ácida) e das escuras München (leve e picante), Bock (forte e encorpada) e Malzbier (doce). Os checos inventaram a Pilsen (leve e encorpada). Na Inglaterra, os súditos bebiam a clara Ale (frutada) e as escuras Stout (doce e amarga) e Porter (doce e forte). Mas o pontapé inicial para a fabricação em grande escala veio dos Estados Unidos, que há 300 anos desenvolviam sua indústria nacional. A refrigeração (1860), a pasteurização (1876), a tampinha de metal (1892) e o aperfeiçoamento da filtragem popularizaram a cerveja engarrafada, que agora podia ser produzida e vendida em grandes quantidades.
Para abalar de vez os hábitos dos consumidores, a fábrica americana Kreger, de Newark, lançou a primeira cerveja em lata de estanho que, no lugar do lacre inventado em 1965 tinha uma tampinha de metal igual à das garrafas de vidro. A latinha de alumínio foi adotada pela também americana Coors em 1959 e demorou mais 30 anos para aparecer no Brasil. A novidade mais recente, cervejas em garrafas plásticas, aportou nos supermercados daqui nos anos 90, mas ainda não caiu no gosto dos bebedores.
Gelada nos trópicos
Apesar de nós, brasileiros, nos considerarmos com frequência amantes incomparáveis de cerveja, a tradição não reforça esse mito. O Brasil entra tarde na história da bebida mais popular do mundo. Apesar de os colonizadores holandeses terem trazido a bebida em 1634, via Companhia das Índias Ocidentais, nenhuma cervejaria foi instalada em solo nacional. “Com a saída dos holandeses em 1654, a cerveja deixou o país por um século e meio e só reapareceu no fim do século 18”, escreveu Sergio de Paula Santos em Os Primórdios da Cerveja no Brasil. Dá para acreditar que nós fomos capazes de viver sem a bebida por 150 anos?
Antes da chegada da família real, em 1808, os portos brasileiros estavam fechados aos navios estrangeiros. Mas isso não significa que os portugueses estavam privados da bebida. A pouca cerveja que aparecia por aqui era contrabandeada. Com as importações liberadas, houve períodos de predominância dos barris ingleses e das garrafas alemãs. Embora não seja possível precisar uma data, registros mostram que imigrantes alemães do Rio Grande do Sul fabricavam a própria cerveja por volta de 1820.
O fato é que nossos avós e bisavós gostaram da bebida e passaram o costume para as gerações seguintes. Hoje, cada brasileiro consome cerca de 50 litros de cerveja “estupidamente gelada” por ano.
A birra em temperatura próxima a zero grau, motivo de orgulho em tantos botequins, é provavelmente a única contribuição genuinamente tupini-quim para a história da cerveja e nem é reconhecida como um avanço. Se você sentar em um “biergarten” de Munique ou num pub de Londres, vai receber um copo com temperatura entre 10 ºC ou 15 ºC, faixa em que a maioria das cervejas revela o seu sabor. Para o calor tropical, essa é uma temperatura impensável, o que acabou originando o mito de que europeus são fãs de cerveja morna. Verdade ou não, fato é que criticar a cerveja alheia tem sido um ato recorrente na história. E um ótimo jeito de iniciar as conversas numa mesa de bar.
O nome da loira
No Brasil, a palavra chope vem da expressão “ein Schoppenbier”, que era como os alemães pediam um quartilho (copo de 0,6655 litro) tirado do barril. A cerveja segue o mesmo processo de produção, mas a versão em garrafas e latas é pasteurizada para durar mais.
Ressaca faraônica
Beber até cair era mais que um prazer pessoal para os antigos egípcios. Todos os anos, era realizado o festival para a deusa Tefnuf, regado a muita comida, música e cerveja. Pinturas de um túmulo de 4 mil anos encontrado em Beni-Hasan mostram dois homens completamente bêbados sendo carregados de um banquete e mulheres vomitando depois de uma ressaca brava. Entre os egípcios, sair de uma festa caminhando com as próprias pernas era visto como maus modos, sinal de que o convidado não se divertira o suficiente.
Barriga de chope não!
Os celtas foram os grandes fabricantes e consumidores de cerveja da Europa no primeiro milênio antes de Cristo. Mas o consumo de cerveja tinha limite.
Avessos à obesidade, tentavam não ficar barrigudos demais. Por isso, criaram uma multa para quem excedesse o tamanho padrão de um cinto.
Se beber, não dirija
O uso de veículos com tração animal e o consumo de álcool caminharam lado a lado a partir da metade do quarto milênio antes de Cristo.
Para o arqueólogo inglês Andrew Sherrat, assim começou a história de uma das piores dobradinhas da elite ocidental: carros e bebidas.
Nessa época, o arado usado no cultivo de cereais e, logo, na produção de cerveja e as carroças puxadas por cavalos chegaram à Europa. E, não muito diferente de hoje, apenas alguns privilegiados tinham acesso às duas tecnologias.
Porre sagrado
No século 7 da era cristã, a farra alcoólica transcendeu às tavernas e tornou-se um constrangimento na Igreja inglesa. Bispos e monges ganharam a má reputação de bêbados ou glutões. Os porres eram tão comuns que alguns chegavam a vomitar a hóstia durante a Eucaristia. As autoridades religiosas criaram então leis de conduta, punindo os clérigos que passassem da conta. Um monge levava 60 dias de penitência. Já um bispo podia ser punido com 80 dias de suspensão e até mesmo com a expulsão.
Barrica cheia
No século 16, a Inglaterra criou uma das punições mais inusitadas para acabar com os bebuns. O bêbado era colocado em um barril com buracos para cabeça, braços e pernas e exposto em praça pública. Em geral, o sujeito estava tão embriagado que dependia da boa vontade alheia para se soltar.
Toque feminino
A fabricação da cerveja é uma atividade ligada historicamente às mulheres. No antigo Egito, elas produziam a bebida e vendiam nas próprias tavernas para trabalhadores e estudantes. Entre os sumérios, a cervejaria era a única profissão zelada por uma divindade feminina, a deusa Ninkasi. Mas o hábito mais curioso vem do Japão. O arroz usado no saquê considerado a cerveja japonesa só podia ser mastigado por mulheres virgens. A técnica durou até o início do século 20, em Okinawa.
Cervejaria em alto-mar
Em 1944, os britânicos decidiram construir um navio-cervejaria, capaz de fabricar 250 barris por semana e saciar a sede dos soldados que combatiam na Segunda Guerra Mundial. Os navios Menestheus e Agamemnon foram enviados ao Canadá para as adaptações. Para azar dos militares, o primeiro deles só ficou pronto após o fim da guerra.
Cervejas em guerra
A cervejaria de Zittau, na Alemanha, tinha uma caldeira capaz de produzir 7 hectolitros de cerveja uma quantidade impressionante para a época e exportava para cidades vizinhas. Os habitantes de Görlitz ficaram furiosos com a importação da cerveja rival. Em 1491, a turma de Görlitz atacou e destruiu uma carroça com cerveja de Zittau. Para acalmar os ânimos, o governo local instituiu um imposto para a bebida concorrente.
Vai pagar quanto?
Para desestimular o consumo de álcool, a Noruega tem algumas das bebidas mais caras da Europa. Neste ano, uma guerra no comércio derrubou o preço de uma garrafa. O governo agiu rápido e avisou que vender bebidas abaixo do custo é ilegal. A farra durou poucos dias, mas foi o suficiente para os noruegueses encherem as adegas.
Existe muita controvérsia sobre a data de criação das primeiras cervejarias medievais, sobretudo se levarmos em conta aquelas instaladas em mosteiros. Os registros não são confiáveis e o ano de fundação dos mosteiros se confunde com o início da produção da bebida.
A única coisa certa é que as pioneiras estão na Alemanha.
Entre um gole e outro, os sócios da confraria alemã Biersekte cravaram a seguinte lista das cervejarias mais antigas ainda em atividade.
1. Bayerische Staatsbrauerei Weihenstephan (1040)
2. Klosterbrauerei Weltenburger (1050)
3. Herzoglich Bayerisches Brauhaus Tegernsee (1050)
4. Klosterbrauerei Scheyern (1119)
5. Schlossbrauerei Herrngiersdorf (1131)
Leandro Steiw
Fonte: www.inf.ufsc.br
História da Cerveja
TABELA DOS TIPOS DE CERVEJA
Cerveja Origem Coloração Teor Alcoólico Fermentação
Pilsen República Checa clara médio baixa
Dortmunder Alemanha clara médio baixa
Stout Inglaterra escura alto geralmente baixa
Porter Inglaterra escura alto alta ou baixa
Weissbier Alemanha clara médio alta
München Alemanha escura médio baixa
Bock Alemanha escura alto baixa
Malzbier Alemanha escura alto baixa
Ale Inglaterra Clara & avermelhada médio ou alto alta
Ice Canadá clara alto
Pela legislação brasileira, além das denominações tradicionais, a cerveja pode ser também denominada Export e Lager (características semelhantes a Pilsen).
Além dessas denominações as cervejas são classificadas em 5 itens:
1) Pela Fermentação: alta e baixa.
2) Extrato Primitivo: Fraca – 7 a 11% Comum – 11 a 12,5% Extra – 12,5 a 14% Forte – acima de 14%.
3) Cor: Clara – menos de 15 EBC; Escura – 15 ou mais unidades EBC.
4) Teor Alcoólico: Sem álcool – menos de 0,5% p.p. Baixo – 0,5 a 2 % p.p. Médio – 2 a 4,5 % p.p. Alto – 4,5 a 7 % p.p.
5) Teor de Extrato (final): Baixo – até 2 %. Médio – 2 a 7%. Alto – mais de 7%.
FABRICAÇÃO DA CERVEJA
Moagem do Malte
Ainda que as palavras “trituração” e “moagem” se utilizem com frequência como sinônimos, o termo “trituração” é o que melhor descreve esta etapa do processamento, na indústria cervejeira. A grande maioria das indústrias buscam com a moagem, a redução de toda a matéria a um grau uniforme de finura.
No Brasil, as indústrias cervejeiras preferem não utilizar malte de uma só procedência mas, sim, uma mistura de diversos maltes com o objetivo de obter um mosto mais padronizado.
Para o malte, os objetivos nesta etapa são os seguintes:
Rasgar a casca, para deixar exposto a porção interior do grão
Produzir, a desintegração total do endospermo, a parte interna do grão, para que todos os seus elementos constituintes estejam acessíveis à atuação da ação enzimática. Manter a quantidade de elementos finos (farinha) a um mínimo, para evitar a formação de substâncias que produzam uma quantidade excessiva de pasta dentro do mosto.
A moagem do malte não deve ser muito fina a ponto de tornar lenta a filtragem do mosto ou, ao contrário, muito grossa, o que dificultaria a hidrólise do amido. A maior dificuldade provém de partículas finas de endosperma, proteína e de grãos de amido muito pequenos, como consequência de grãos muito moídos.
Em termos práticos, um malte bem triturado teria as seguintes características:
Nenhum grão sem ter sido triturado. A maioria das cascas rasgadas de um extremo ao outro sem aderência de partículas de endospermo. O endospermo reduzido a um tamanho uniforme de partículas pequenas. Um mínimo de farinha fina.
A Mosturação
Compreende a mistura do malte moído com água e a adição de seu complemento. O objetivo é promover a liquefação e posterior hidrólise do amido a açúcares.
O pH e a temperatura interagem para controlar a degradação do amido e das proteínas.
Pelo processo de mosturação, obtém-se a extração de 65% dos sólidos totais do malte que, em dissolução ou suspensão em água, constituirão o mosto para a fermentação da cerveja.
Para se entender o processo de mosturação é necessário fazer algumas colocações: existem enzimas específicas para cada reação e todo processo enzimático depende da temperatura, do tempo e do grau de acidez do meio em que atuam. Enzimas são substâncias existentes em todos os seres vivos, animais ou vegetais.
São responsáveis pelas transformações bioquímicas que se realizam nos processos de vida.; podem acelerar as reações químicas até um pré-determinado grau e agem como catalisadores. Portanto, não são consumidas pela reação.)
No processo cervejeiro, as enzimas do malte têm como função transformar o amido em açúcar e solubilizar as proteínas.
A enzima amilase (diástase) é a responsável pela decomposição do amido em dois procedimentos distintos:
liquefação do amido pela alfa amilase; açucaração pela beta amilase A enzima peptidase, rompe os complexos protéicos do malte proporcionando maior quantidade de proteínas solúveis no mosto.
O malte ainda é o único agente sacarificante permitido na fabricação da cerveja, embora técnicas sejam propostas para sua substituição pelo uso de enzimas puras. A liquefação do amido facilita a atuação das enzimas já que expõe as cadeias do polissacarídeo que, em sua forma cristalina, é mais resistente ao ataque enzimático.
Amidos de maior teor de amilopectina, fécula de raízes e tubérculos ou cereais “cerosos”, proporcionam menor rendimento alcoólico e cerveja mais encorpada. O uso adequado do complemento permite jogar com esses fatores, levando-se em conta o tipo de cerveja que se pretende produzir, ou seja, leve ou densa.
Pesquisas recentes têm proposto o uso de enzimas bacterianas, como a pululanase, capazes de agir sobre as ligações alfa 1,6, desdobrando as cadeias ramificadas das dextrinas em cadeias retilíneas que as fazem suscetíveis às enzimas do malte. As enzimas desdobram o amido do próprio malte e podem ainda hidrolisar o correspondente a 50% do peso do malte, em forma de complemento acrescentado. Acima deste limite, torna-se necessária a adição de enzimas suplementares.
A Filtração
Após a açucaração da mistura há a clarificação do mosto com a sedimentação natural do bagaço, uma massa resultante da aglutinação da casca com resíduos do processo.
A remoção do mosto limpo é efetuado por gravidade através do bagaço nas tinas de filtração, que possuem fundo falso tipo peneira. Pode ser feita ainda em filtros, prensas e através de panos de algodão ou nylon
A fervura do mosto a 100ºC com lúpulo estabiliza sua composição, inativando as amilases e proteases por causar coagulação das proteínas e de tanino do lúpulo por reação com a proteína, que se precipitam em flocos denominados “trubs. Outros efeitos da fervura do mosto são a aromatização, a concentração e a esterilização, além da caramelização de alguns açúcares.
Muitas vezes, o lúpulo é acrescentado quando a fervura vai ao meio ou mesmo no final. Outras vezes pode ser adicionado em parcelas durante o processamento. A razão é que os óleos essenciais responsáveis pelo desenvolvimento do aroma são voláteis, podendo perder-se na fervura.
O processo de ebulição proporciona estabilidade ao mosto em quatro sentidos: biológico, bioquímico, coloidal e sabor.
Os fatores físicos que participam do desenvolvimento da estabilidade são: duração e vigor da ebulição. As borbulhas de vapor que aparecem em uma ebulição intensa ajudam a formar um bom coágulo. Por isso é importante que todo o mosto mantenha uma temperatura uniforme, sem a formação de sítios de menor temperatura. Da tina de filtração para a de cozimento, não é permitida a entrada de ar, pois a presença de oxigênio no mosto inibe a coagulação da proteína, assim como os taninos se oxidam à formas mais precipitáveis na presença do ar.
A Decantação e o Resfriamento
Os objetivos do resfriamento do mosto são:
Abaixar a temperatura do mosto de cerca de 100ºC
Até a temperatura do início de fermentação ( entre 9º e 12ºC);
Eliminar os constituintes do mosto que sejam produtores de turbidez;
Aeração adequada do mosto para permitir que opere devidamente a levedura.
A Fermentação
Consiste na decomposição dos açúcares fermentáveis do mosto em álcool e gás carbônico pela ação da levedura. O levedo produz álcool e gás carbônico ao dissociar os açúcares fermentáveis alimentando-se, ao mesmo tempo, de proteínas, sais minerais e alguns açúcares.
As leveduras mais utilizadas em cervejaria são duas espécies do gênero Saccharomyces, S. cerevisiae e S. uvarum (S. carlsbergensis). A cerveja americana e a alemã Pilsener do tipo Lager são produzidas pela fermentação profunda (baixa), por cepas de S. uvarum. São consideradas como de alta atividade fermentativa e de menor capacidade respiratória que a S. cerevisiae. As cervejas inglesas Porter ou Stout do tipo Ale são, em geral, produzidas por fermentação superficial (alta), realizadas por cepas de S. cerevisiae.
Outras leveduras, como as dos gêneros Schizosaccacharomyces, Hansenula, Pichia, Torulopsis, Candida, Brettanomyces assim como algumas outras espécies de Saccharomyces estão relacionadas com a deterioração da cerveja e são normalmente denominadas leveduras “selvagens”, no sentido de ser diferente das cultivadas. Elas proporcionam sabor e aroma anormais, razão por que são consideradas como infecções perigosas e representam sério risco à qualidade da cerveja. Exames microbianos de rotina devem ser feitos para esses contaminantes, assim como para bactérias, a fim de que seja mantida a qualidade da cultura do fermento utilizado.
Maturação
Consiste no armazenamento da cerveja fermentada a baixa temperatura durante um determinado período de tempo. Uma lenta fermentação ocorre na cerveja, proporcionando a clarificação por precipitação de leveduras e proteínas, assim como de sólidos solúveis. Além destas, ocorrem alterações químicas que auxiliam a clarificação e melhoram o aroma e sabor. Ao iniciar-se a maturação, a maior parte dos açúcares foi metabolizado a álcool etílico, gás carbônico, glicerol, ácido acético e álcoois superiores.
As importante funções da maturação são:
Carbonatação: é feita por contrapressão no próprio tanque de maturação com o gás carbônico produzido na fermentação do extrato restante; O gás carbônico produzido é suficiente para fornecer à cerveja o teor quase correto, sendo somente corrigido após a filtração para uma padronização das produções.
Clarificação: realizada após a fermentação, já que devido a presença de leveduras, encontra-se turva maturação do sabor
Três reações têm grande influência sobre a maturação do sabor: a redução na concentração de ácido sulfídrico, de acetaldeído e de diacetil. Todos estes compostos são produtos da fermentação da levedura. Podem ser minimizados mediante a menor temperatura de fermentação, a seleção da levedura e a composição do mosto.
Álcoois superiores e ácidos graxos se formam durante a fermentação e não se modificam significativamente durante a maturação. O álcool amílico pode aumentar durante o repouso prolongado. Os ésteres aumentam na mesma proporção que se produz etanol.
Durante o período de maturação são formados ésteres dando origem a aroma e sabor que caracterizam a cerveja “madura”. Entre os ésteres predominam o acetato de etila em média de 21,4 mg/l e o acetato de amila com 2,6 mg/l.
Filtração
Podemos dividir a filtração em três etapas:
1.Primeira etapa: retenção das partículas de maior porte. São as leveduras em maior porcentagem. Para esta etapa, utilizam-se filtros de terra diatomácea
2.Etapa intermediária: consiste na retenção de moléculas médias, geralmente proteínas. Como agente de filtração é empregado o PVPP (polivinil pirrolidona).
3.Filtração de polimento: é a etapa final, responsável por dar o brilho à cerveja
Envasamento
A cerveja acondicionada em latas e garrafas é esterilizada por pasteurização. A pasteurização da cerveja envasada é realizada em túneis onde a temperatura é elevada à 60ºC e mantida nessa temperatura até garantir a morte dos microorganismos deterioradores. Em seguida, sofre um drástico resfriamento.
A cerveja em barris, denominada chope, não é pasteurizada e, por isso, deve ser armazenada a baixa temperatura em recipiente de aço inoxidável, alumínio ou madeira, de volume variável e ainda assim, tem conservação limitada.
Fonte: www.virtual.epm.br
História da Cerveja
Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha amido pode, naturalmente, sofrer fermentação. Assim, bebidas semelhantes à cerveja foram inventadas de forma independente em diversas sociedades em redor do mundo.Na Mesopotâmia, a mais antiga evidência referente à cerveja está numa tabuinha sumeriana com cerca de 6000 anos de idade, na qual se vêem pessoas tomando uma bebida através de juncos de uma tigela comunitária.
A cerveja também é mencionada na Epopeia de Gilgamesh. Um poema sumeriano de 3900 anos, homenageando a deusa dos cervejeiros, Ninkasi, contém a mais antiga receita que sobreviveu, descrevendo a produção de cerveja de cevada utilizando pão.
A cerveja tornou-se vital para todas as civilizações produtoras de cereais da antiguidade clássica, especialmente no Egipto e na Mesopotâmia.
O Código Babilônico de Hamurabi dispunha que os taverneiros que diluíssem ou sobretaxassem a cerveja deveriam ser supliciados.
A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas durante a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida alcoólica preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria de bárbaros. Tácito, em seus dias, escreveu depreciativamente acerca da cerveja preparada pelos povos germânicos.
No idioma eslavo, a cerveja é chamada “pivo”, do verbo “piti” – beber. Por isso, “pivo” pode ser traduzido como “a bebida”, o que demonstra a importância que lhe é concedida.
O “Kalevala”, coligido na forma escrita no século XIX, mas baseado em tradições orais seculares, contém mais linhas sobre a origem da fabricação de cerveja do que sobre a origem do homem.
A maior parte das cervejas, até tempos relativamente recentes, eram do tipo que agora chamamos de ales. As lagers foram descobertas por acidente no século XVI, quando a cerveja era estocada em frias cavernas por longos períodos; desde então elas ultrapassaram largamente as cervejas tipo ale em volume (veja abaixo a distinção). O uso de lúpulo para dar o gosto amargo e preservar é uma invenção medieval. O lúpulo é cultivado na França desde o século IX.
O mais antigo escrito remanescente a registrar o uso do lúpulo na cerveja data de 1067 pela Abadessa Hildegarda de Bingen: “Se alguém pretender fazer cerveja da aveia, deve prepará-la com lúpulo.” No século XV, na Inglaterra, a fermentação sem lúpulo podia dar origem a uma bebida tipo ale – o uso do lúpulo torná-la-ia uma cerveja. A cerveja com lúpulo era importada para a Inglaterra (a partir dos Países Baixos) desde cerca de 1400, em Winchester. O lúpulo passou a ser cultivado na ilha a partir de 1428. A Companhia dos Fabricantes de Cerveja de Londres foi tão longe que especificou “nenhum lúpulo, ervas, ou outra coisa semelhante será colocada dentro de nenhuma ale ou bebida alcoólica enquanto a ale estiver sendo feita – mas somente um licor (água), malte e uma levedura”.
Contudo, por volta do século XVI, “ale” veio a referir-se a a qualquer cerveja forte, e todas as ales e cervejas continham lúpulo.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, a produção começa a fazer-se em grande escala e o consumo expande-se. Um século mais tarde, as descobertas de Louis Pasteur permitem aperfeiçoar o processo de produção de cerveja o uso da pasteurização permite dar à cerveja maior durabilidade, tornando possível o transporte a grande distância. Com a descoberta do processo de fermentação baixa, no século XIX, a cerveja tornou-se mais clara, suave e duradoura.
Foi neste século que o fabrico de cerveja recebeu um maior impulso, em parte graças ao trabalho do Professor Emil Hansen, do Laboratório da Carlsberg, que conseguiu resolver o problema do isolamento das leveduras responsáveis pela fermentação, a que juntaria mais tarde o contributo dos aparelhos frigoríficos, que permitiram manter os tanques de fermentação e as caves de guarda a temperaturas baixas durante todo o ano.
Com a evolução da tecnologia observou-se uma modernização das técnicas e procedimentos, sendo que o cervejeiro moderno é um engenheiro que conta com todos os recursos técnicos e sanitários para a elaboração de um produto perfeito.
Em Portugal, existem registos de consumo de cerveja desde o século XVII, época de que data um Pátio da Cerveja em Lisboa, na antiga Freguesia da Conceição Nova. No início do século XIX existiam já sete fábricas de cerveja e bebidas gasosas na cidade do Porto, a que se juntaria, em 1834, a Fábrica da Cerveja da Trindade, em Lisboa, no espaço atualmente ocupado pelas Cervejaria da Trindade, à qual se seguiriam muitas outras unidades de produção de cerveja.
A Cerveja
A cerveja é uma bebida fermentada. Acredita-se, tenha sido a primeira bebida alcoólica desenvolvida pelo homem.
Uma cerveja é qualquer uma das variedades de bebidas alcoólicas produzidas pela fermentação de matéria com amido, derivada de cereais ou de outras fontes vegetais.
As fábricas de cerveja e de algumas outras bebidas alcoólicas são geralmente chamadas de Cervejarias (Brewer, em inglês). Em termos históricos, a cerveja era já conhecida pelos sumérios, egípcios e mesopotâmios, desde pelo menos 4 000 a.C. Como os ingredientes usados para fazer cerveja diferem de acordo com o local, as características (tipo, sabor e cor) variam amplamente.
De todas as bebidas mais consumidas no mundo, a terceira mais consumida é a cerveja. A frente da “loira”, como é carinhosamente chamada no Brasil, estão somente o café e o leite.
A mais longínqua notícia que se tem da cerveja vem de 2600 a 2350 a.C. Desta época, arqueólogos encontraram indícios, escritos em uma placa de barro com o Hino a Ninkasi, a deusa da cerveja, de que os Sumérios já produziam a bebida. Já na Babilônia da-se conta da existência de diferentes tipos de cerveja, originadas de diversas combinações de plantas e aromas e o uso em diversas quantidades de mel. O Código de Hammurabi, rei da Babilônia entre os anos de 1792 e 1750 antes de cristo incluia várias leis de comercialização, fabricação e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das tabernas.
Os vários tipos de cerverja:
a ) Lager
b ) Stout
c ) Porter e Ale
d ) Brown Ale ou Newcastle Ale
e ) Pilsner
f ) Bock
g ) Cerveja sem Álcool
h ) Barley Wine
i ) Bitter
j ) Doppelbock
l ) Dortmunder
m ) Munchener
n ) Mild
o ) Lambics
Lager
A Lager é uma cerveja de «baixa fermentação» e pouca graduação alcoólica.
A maioria das nossas cervejas são deste tipo.
Stout
É uma cerveja muito ao tipo inglês, escura, forte, devido à elevada proporção de malte e lúpulo.
A Stout mais conhecida mundialmente é a Guinnes, de origem Irlandesa.
Porter e Ale
São cervejas do tipo inglês, fortes e encorporadas e de «alta fermentação».
Brown Ale ou Newcastle Ale
É uma cerveja castanha-escura, adocicada, sendo de salientar aquela que se produz na zona de Newcastle, no Norte de Inglaterra.
Pilsner
É uma cerveja amarga, pálido-dourada, originária de Pilsen (Bohemia, em 1842).
Esta cidade é agora na ex-Checoslováquia. Este é um dos tipos de cerveja mais imitado.
Bock
A cerveja Bock é uma cerveja forte de origem alemã.
Nos Estados Unidos esta cerveja é normalmente mais escura e adocicada.
Na Bélgica, este tipo de cerveja é muito menos alcoólica.
Cerveja sem álcool
Cerveja dietética cujo álcool foi suprimído por «vácuo». Especialmente destinada a quem não bebe álcool, condutores e diabéticos.
Também obtida por interrupção da fermentação.
Barley Wine
Esta cerveja é de cor escura, frutada e de alto teor alcoólico, que varia de 6 a 11 graus.
Bitter
A sua cor é semelhante ao cobre. Aparece normalmente em barril.
Dá-se-lhe o nome de Bitter (amargo) devido ao elevado grau de lúpulo usado na sua produção.
Este tipo de cerveja é muito popular na Grã-Bretanha.
Doppelbock
Esta cerveja é extra forte e bastante popular na Alemanha.
Dortmunder
Uma cerveja «loira» com um ligeiro sabor a lúpulo.
Munchener
Uma cerveja castanha-escura e bastante maltada.
Mild
É um tipo de cerveja indistinto, adocicada e fraca, mais escura que a cerveja Bitter.
Lambics
São cervejas belgas, de fermentação espontânea e de cerca de 4,5º.
São aromatizadas com frutos e outros, como açúcar candi, caramel, etc.
Algumas das mais conhecidas são La Gueuze, La Kriek, Faro, Framboise.
Formas de Servir a Cerveja
A temperatura ideal é entre os 5º e os 7º. Para que a espuma seja mais consistente deve molhar-se o copo antes de servir.
A cerveja deve ser bebida e não engolida. Para se beber corretamente qualquer líquido é indispensável bebê-lo com os lábios.
A cerveja é também muito utilizada em cozinhados.
Meio litro de cerveja corrente tem um valor nutritivo semelhante a 95 gramas de carne de vaca, 248 gramas de bacalhau, 15 gramas de manteiga, 51 gramas de pão, 181 gramas de leite ou um ovo médio.
Fonte: www.cervejasecervejarias.com.br
História da Cerveja
IDADE MÉDIA
A partir da Idade Média, os conventos assumiram a fabricação da cerveja que, até então, era feita de forma doméstica. No século X, conforme documentos encontrados num convento de St. Gallen, Suíça, os frades que produziam a cerveja, recebiam 5 litros diários para o seu consumo pessoal. Foram os monges que tornaram popular o uso de lúpulo como fator de amargor da cerveja. Neste mesmo século, o Rei Ludwig da Baviera decretou uma lei favorecendo aos conventos a fabricação de cerveja, e estabeleceu cotas para aristocratas de acordo com suas categorias hierárquicas.
Os conventos mais antigos que iniciaram a produção de cerveja foram os de St. Gallen, na Suíça, e os alemães Weihenstephan e St. Emmeran. Os beneditinos de Weihenstepham foram os primeiros a receber, oficialmente, a autorização profissional para fabricação e venda da cerveja, em 1040 d.C. Com isso, esta é a cervejaria mais antiga do mundo em funcionamento e é hoje, principalmente, conhecida como o Centro de Ensino da Tecnologia de Cervejaria da Universidade Técnica de Munique.
Os povos do norte da Europa descobriram a técnica da cervejaria não muito antes da era cristã. As primeiras bebidas celtas e teutônicas feitas de uma mistura de milho e mel originaram o “hidromel” de sabor ligeiramente ácido, o que levou ao desenvolvimento de fermentações lácticas. A cerveja sempre foi consumida em países onde o clima e solo eram inadequados para a produção de vinho de uva.
SÉCULO XVI
Uma curiosidade é que a cerveja já era conhecida na América antes de Colombo, que teria ganhado dos índios cerveja de milho. Entretanto, foram os ingleses, em 1548, que introduziram a verdadeira cerveja.
Na Antiguidade usava-se para a elaboração da cerveja uma variedade imensa de ingredientes para aromatizar o produto, como folhas de pinheiro, cerejas silvestres e variadas ervas. Para regularizar o processo de fabricação da cerveja, o Duque Guilherme IV da Baviera, decretou em 1516 d.C, a Lei da Pureza.
Essa lei, a mais antiga e conhecida do mundo, determina que os ingredientes que podem ser usados na fabricação de cerveja são: cevada, lúpulo e água. A levedura de cerveja ainda não era conhecida e, somente mais tarde foi incluída na lei
SÉCULO XIX
Enquanto na Antiguidade o que caracterizava o processo de fabricação era a experiência e a tradição, a partir do século XIX, o fabrico da cerveja é dominado pela ciência e pela técnica. Até o evento de Louis Pasteur, a fermentação do mosto era natural o que, normalmente, trazia prejuízos aos fabricantes. O notável cientista francês convenceu os produtores a utilizarem culturas selecionadas de leveduras para fermentação do mosto, para manter uma padronização na qualidade da cerveja e impedir a formação de fermentação acética.
Pasteur descobriu que eram os microorganismos os responsáveis pela deterioração do mosto e que poderiam estar no ar, na água e nos aparelhos, sendo estranhos ao processo. Graças a esse princípio fundamental, limpeza e higiene tornaram-se os mais altos mandamentos da cervejaria. O nome de Louis Pasteur é lembrado através do termo “pasteurização”, método pelo qual os microorganismos são inativados através do calor.
Outros dois grandes nomes estão ligados ao desenvolvimento da fabricação da cerveja. Emil Christian Hansen e Carl Von Linde. O primeiro, em função do desenvolvimento do microscópio, descobriu também células de levedura de baixa fermentação, pois antes eram somente conhecidas leveduras de alta fermentação. Ele isolou a célula, que foi multiplicada sob cultura pura. Como a levedura influencia fundamentalmente o sabor, esta descoberta permitiu a constância do sabor e qualidade.
Carl Von Linde desenvolveu, através da compressão, a Teoria da Geração de Frio Artificial com sua máquina frigorífica a base de amônia. Com isso, a produção de cerveja pode, desde então, ser feita em qualquer época do ano, sendo possível controlar os processos de fermentação de forma científica exata pelo entendimento da atividade dos microorganismos e reconhecimento de que diversas leveduras, por exemplo, atuam diferentemente e de que as condições do meio afetam de maneira básica a ação de uma mesma cepa.
BRASIL
No Brasil, a cerveja demorou a chegar, pois os portugueses temiam perder o filão da venda de seus vinhos. O hábito de beber cerveja começou nos tempos de D. João VI, época em que a Colônia Inglesa importava a bebida da Europa e, até o final do século passado, o Brasil ainda importava a bebida.
As primeiras indústrias brasileiras surgiram na época da Proclamação da República, em 1889. Essas cervejas nacionais tinham um grau de fermentação tão alto que, mesmo depois de engarrafadas, produziam uma enorme quantidade de gás carbônico, criando grande pressão
As primeiras marcas nacionais foram a Logos, Guarda Velha e Gabel. Um pouco mais tarde surgiram as marcas Vesosso, Stampa, Olinda, Leal e Rosa, todas de curta duração.
Destino bem diferente teria a “Manufatura de Cerveja” do suíço Joseph Villiger, fundada em 1888, no Rio de Janeiro, portanto, muito antes das demais. Inconformado com a má qualidade das cervejas até então fabricadas no Brasil, ele decidiu abrir uma cervejaria em sua própria casa. Sua fórmula fez muito sucesso e, a cada dia, sua casa estava mais cheia de amigos que queriam beber o novo produto.
Fonte: sayph.multiply.com
História da Cerveja
Há mais de 10.000 anos, o homem primitivo conheceu o fenômeno da fermentação e obteve, em pequena escala, as primeiras bebidas alcoólicas.
Quase todos os povos primitivos elaboravam algum tipo de bebida alcoólica equivalente a cerveja. Perdem-se no tempo as primeiras bebidas elaboradas pelo homem, que remontam à pré-história. Matérias primas açucaradas como mel, suco de frutas, suco de palmas, além do leite e féculas, serviram de base para a elaboração destas bebidas. Ainda não há um consenso entre os historiadores sobre a origem da cerveja, entretanto esta bebida é tida como a mais antiga consumida pelo homem.
A cerveja é tão antiga quanto o pão, pois era obtida a partir da fermentação de cereais como cevada e trigo.
A cerveja era feita por padeiros devido à natureza da matéria-prima utilizada: grãos de cereais e leveduras. A cevada era deixada de molho até germinar e, então, moída grosseiramente, moldada em bolos aos quais se adicionava a levedura. Os bolos, após parcialmente assados e desfeitos, eram colocados em jarras com água e deixados fermentar.
Há evidências de que a prática da cervejaria originou-se na região da Mesopotâmia onde a cevada cresce em estado selvagem. Os primeiros registros de fabricação de cerveja têm aproximadamente 6.000 anos e remetem aos Sumérios. A Suméria ficava entre os rios Tigre e Euphrates, na área da Mesopotâmia do sul.
Provavelmente os Sumérios descobriram o processo de fermentação por acaso. Naturalmente, ninguém sabe hoje, exatamente como isto ocorreu, mas poderia ser que uma parte do pão de cevada ficou molhada e esquecida simplesmente, depois de algum tempo o pão começou a fermentar e resultou numa polpa inebriante. A primeira cerveja foi provavelmente um acidente. Tem-se que a cerveja feita de cevada maltada já era fabricada na Mesopotâmia. No 4º ou 5º milênio A.C. já existiam diversos tipos de cerveja. Documentos históricos mostram que em 2100 a.C. os sumérios alegravam-se com uma bebida fermentada, obtida de cereais. Na Suméria, cerca de 40% da produção dos cereais destinavam-se às cervejarias chamadas “casas de cerveja”, mantida por mulheres.
Uma antiga placa de argila gravada com a língua suméria indica que a fabricação de cerveja era uma profissão feminina e altamente respeitada e esboça as etapas para fazer a cerveja. Esta placa tem pictógrafos que representam a cevada, pão cozinhando, pão desintegrado sendo posto na água, a massa sendo feita e então uma bebida.
Os Sumérios aperfeiçoaram este processo e são reconhecidos como a primeira cultura civilizada a fabricar a cerveja, tinham descoberto a divina bebida que ofereceram a seus deuses. Como em 1800 a.C. ofereceram em celebração a deusa Ninkasi. A cerveja foi bebida com uma palha para ajudar a filtrar os sedimentos e o pão encharcado que era parte da fermentação.
Quando o império sumério desmoronou, os babilônios transformaram as leis da Mesopotamia e incorporaram a cultura suméria à sua própria. Em consequência, adquiriram o conhecimento para fabricar a cerveja. Os babilônios fabricaram pelo menos vinte tipos diferentes de cerveja, sendo 8 fermentadas com emmer puro (tipo de grão e similar pré-histórico do trigo), 8 de cevada pura e 4 de mistura de grãos. Nesta época a cerveja era turva e não filtrada e era bebida com ajuda de palha para evitar que o resíduo alcançasse a boca, pois era muito amargo. O 6º rei babilônio, Hammurabi, decretou uma coleção de leis sôbre a cerveja, dentre as quais havia uma que estabelecia uma ração diária de cerveja.
Quanto mais elevado o status, mais cerveja recebia, como por exemplo: um trabalhador normal recebia 2 litros, os empregados do império recebiam 3 litros, os sacerdotes e os altos administradores recebiam 5 litros. Nesta época a cerveja não era vendida, mas trocada por cevada, o rei Hammurabi decretou a morte por afogamento em sua própria cerveja de uma mulher que aceitou pagamento para o seu produto, afogamento também era a punição para cerveja de baixa qualidade.
Os babilônios exportaram também a cerveja para o Egito, apesar de estarem distantes 1000 quilômetros.
Os egípcios logo aprenderam a arte de fabricar cerveja e carregaram a tradição no milênio seguinte. Continuaram a usar o pão para fermentar a cerveja mas adicionaram também temperos para modificar seu sabor.
Os egípcios antigos tiveram mesmo um hieróglifo para o fabricante de cerveja o que ilustra a importância da fabricação de cerveja para a cultura. Os antigos originais egípcios mostram que a cerveja e o pão eram parte da dieta diária e tanto foram consumidos pelo ricos quanto pelo pobres.
A cervejaria mais antiga que se conhece foi descoberta recentemente por arqueólogos no Egito. Ela data de 5400 anos a.C. e produzia vários tipos de cerveja. A cerveja produzida naquela época era bem diferente da de hoje em dia. Era escura, forte e muitas vezes substituía a água, sujeita a todos os tipos de contaminação, causando diversas doenças à população.
Mas a base do produto, a cevada fermentada, era a mesma. Ela já fazia parte do cardápio da humanidade desde o começo das primeiras civilizações mesopotâmicas.
A expansão definitiva da cerveja se deu com o Império Romano, que se encarregou de levá-la para todos os cantos onde ainda não era conhecida. Júlio César era um grande admirador da cerveja e, em 49 a.C., depois de cruzar o Rubicon, ele deu uma grande festa a seus comandantes, na qual a principal bebida era a cerveja. A César também é atribuída a introdução de cerveja entre os britânicos, pois quando ele chegou à Britânia, esse povo apenas bebia leite e licor de mel.
Entre os chamados povos bárbaros, vickings e germanos, por exemplo, a cerveja de teor alcoólico alto era a bebida favorita e também tinha o sabor do sagrado.
Os vickings a fabricavam a bordo de seus temíveis barcos de guerra, com os quais assaltavam e pilhavam as cidades do Norte europeu, entre os séculos VIII e X. Para os vickings, a maior felicidade de um herói era ser admitido no palácio do deus Odin, onde poderia beber à vontade o licor de malte fermentado. Nos festejos em honra a Odin, ninguém podia participar sem antes ter tomado grandes doses de cerveja. Os germanos produziam e consumiam a cerveja em grandes quantidades desde os seus primórdios. A cerveja era a bebida indispensável nas festas em honra a seus deuses.
A partir do séc. XII pequenas fábricas foram surgindo nas cidades europeias e com uma técnica mais aperfeiçoada, os cervejeiros já sabiam que a água tinha um papel determinante na qualidade da cerveja. Assim a escolha da localização da fábrica era feita em função da proximidade de fontes de água muito boa. É por isso que houve maior concentração de cervejarias em Burtonon Trent na Inglaterra, em Munique na Alemanha ou Pilsen na Tchecoslováquia, cidades famosas devido a excelência de suas águas.
A cerveja tal como conhecemos hoje, com o aroma e o sabor caracteristicamente amargo do lúpulo, segundo os saxões, foi obra do lendário rei Gambrinus, da região de Flanders, na Holanda. Os saxões afirmam que esse rei, amante da cerveja, aí pelo século XII, foi quem pela primeira vez colocou o lúpulo na cerveja, dando o troque definitivo à lendária bebida que acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Entretanto, essa história não é aceita por todos.
Para os Tchecos, a adição do lúpulo aconteceu pela primeira vez em seu país, já que esta planta é natural da Tchecoslováquia. E o sucesso do lúpulo na cerveja foi tão grande que o rei Wenceslau, da Bohemia, instituiu a pena de morte para quem contrabandeasse mudas de lúpulo para fora do reino.
Lei Reinheitsgebot
A Lei Reinheitsgebot foi uma lei promulgada pelo Duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de Abril de 1516.
A Lei da Pureza da Cerveja instituiu que a cerveja deveria ser fabricada apenas com os seguintes ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo. Ela constitui um dos mais antigos decretos alimentares da Europa.
Lei Reinheitsgebot”
Como a cerveja deve ser elaborada e vendida neste país, no verão e no inverno:
Decretamos, firmamos e estabelecemos, baseados no Conselho Regional, que daqui em diante, no principado da Baviera, tanto nos campos como nas cidades e feiras, de São Miguel até São Jorge, uma caneca de 1 litro (1) ou uma cabeça (2) de cerveja sejam vendidos por não mais que 1 Pfennig da moeda de Munique, e de São Jorge até São Miguel a caneca de 1 litro por não mais que 2 Pfennig da mesma moeda, e a cabeça por não mais que 3 Heller (3), sob as penas da lei. Se alguém fabricar ou tiver cerveja diferente da Märzen, não pode de forma alguma vende-la por preço superior a 1 Pfennig por caneca de 1 litro .
Em especial, desejamos que daqui em diante, em todas as nossas cidades, nas feiras, no campo, nenhuma cerveja contenha outra coisa além de cevada, lúpulo e água.
Quem, conhecendo esta ordem, a transgredir e não respeitar, terá seu barril de cerveja confiscado pela autoridade judicial competente, por castigo e sem apelo, tantas vezes quantas acontecer. No entanto, se um taberneiro comprar de um fabricante um, dois ou três baldes (4) de cerveja para servir ao povo comum, a ele somente, e a mais ninguém, será permitido e não proibido vender e servir a caneca de 1 litro ou a cabeça de cerveja por 1 Heller a mais que o estabelecido anteriormente.
Guilherme IV, duque da Baviera, no dia de São Jorge (23 de abril), no ano de 1516, em Ingolstadt” (Extraído do livro “O catecismo da Cerveja”, de Conrad Seidl – Editora Senac)
(1) A caneca da Baviera tinha na época 1,069 litros.
(2) Tigela em forma semicircular para líquidos, com pouco menos de uma caneca de 1 litro.
(3) O Heller geralmente equivale a meio Pfennig
(4) Equivalente a 60 canecas de 1 litro.
Fonte: www.imigrantesbebidas.com.br
História da Cerveja
A cerveja é um produto com longa tradição no Brasil, surgindo já referências a esta bebida em documentos que datam do século XVII. No entanto, a sua ascensão foi demorada e tortuosa, sendo que, no início do século XIX, acachaça e o vinho eram as bebidas alcoólicas preferidas pelo povo.
Nessa época, a cerveja já era produzida, mas o seu consumo não se encontrava generalizado, antes permanecendo como uma produção caseira e típica de populações imigrantes.
Por outro lado, devido à pressão e influência portuguesas, o vinho era a bebida mais comercializada.
Tal situação só seria modificada com a abertura dos portos brasileiros a artigos de outras origens que não portuguesa, sendo a cerveja um desses produtos. O consumo foi crescendo gradualmente e, em 1836, surgiu a primeira notícia sobre a fabricação de cerveja no Brasil.
Esse anúncio, publicado no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, dizia o seguinte: “Na Rua Matacavalos, número 90, e Rua Direita número 86, da Cervejaria Brazileira, vende-se cerveja, bebida acolhida favoravelmente e muito procurada. Essa saudável bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por muito tempo”. Tal seria o ponto de arranque para o desenvolvimento da cerveja a um nível mais comercial.
Em 1846, Georg Heinrich Ritter instala uma pequena linha de produção de cerveja na região de Nova Petrópolis -RS, criando então a marca Ritter, uma das precursoras do ramo cervejeiro.
A década de 40 do século XIX foi um período de grande desenvolvimento no fabrico e consumo de cerveja. Para além da já mencionada cerveja Ritter, muitas outras aproveitaram o caminho anteriormente desbravado, como sejam os casos da firma Vogelin & Bager, que abriu uma cervejaria no bairro do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, ou a Henrique Leiden e Cia, que deu origem à Imperial Fábrica de Cerveja Nacional, também no Rio de Janeiro.
O Almanak Laemmert dá-nos a conhecer muitas outras cervejarias que foram abrindo um pouco por todo o Brasil, desde Joinville – SC a São Paulo – SP, passando por Petrópolis – RJ e Niterói – RJ.
Na década seguinte, apareceu uma nova leva de industriais interessados em investir neste negócio florescente. Para dar apenas alguns exemplos, recordamos a Fábrica de Cerveja Nacional de Alexandre Maria VillasBoas & Cia, no Rio de Janeiro – RJ, a Fábrica de Cerveja de Thimóteo Durier, em Petrópolis – RJ, a Fábrica de Jacob Nauerth no Rio de Janeiro – RJ, a Fábrica de Cerveja Guarda Velha de Bartholomeu Correa da Silva, também no Rio de Janeiro e a Fábrica de Cerveja de Friederich Christoffel, em Porto Alegre – RS. Poderíamos aqui incluir muitas outras, mas o nosso objetivo não passa por enumerá-las todas.
Queremos apenas demonstrar a grande quantidade de fábricas e cervejarias que foram surgindo entre os anos 40 e 80 doséculo XIX, algo que permitiu uma grande expansão no consumo de cerveja, fato esse que levou a que esta bebida se tornasse a mais popular do Brasil
Fábrica de Cerveja Christoffel
Curiosamente, até ao estabelecimento da cerveja como bebida rainha, o produto mais procurado e consumido pela população era a “Gengibirra”, feita de farinha de milho, gengibre, casca de limão e água. Após a mistura dos ingredientes, deixava-se a infusão a descansar alguns dias, sendo posteriormente vendida em garrafas ou canecas.
Também popular era a “Caramuru”, feita de milho, gengibre, açúcar mascavado e água, sendo que esta mistura costumava fermentar por uma semana antes de ser consumida. Todavia, e como referimos, estes produtos passaram a sofrer uma forte concorrência por parte da cerveja, sendo exemplo disso o pequeno bar “À Cidade de Berna”, local de grande sucesso onde era servida a Cerveja Bávara, então produzida pela Stupakoff & Cia.
Por essa altura, o Rio de Janeiro já era uma cidade comparável a outras da Europa, possuindo um mercado consumidor relevante. A venda de cerveja era feita ao balcão da própria cervejaria, que atendia a particulares. As entregas eram feitas por carroças, que se deslocavam às zonas comerciais dos bairros adjacentes.
Em 1882 formou-se uma sociedade que iria dar origem a uma marca que, ainda hoje, desempenha um papel de grande relevo na indústria cervejeira brasileira. Assim, surge a expressão “Antarctica”, fruto da associação entre Louis Bucher e Joaquim Salles, este último proprietário de um matadouro de suínos com aquele nome, local onde possuía uma máquina de fazer gelo.
Tal fato revestiu-se de enorme importância pois as fábricas não produziam cerveja com marca alguma, já que esta era vendida diretamente dos barris e, nos poucos casos em que era engarrafada, não possuía um rótulo próprio. O passo seguinte para esta sociedade foi a criação da “Antarctica Paulista – Fábrica de Gelo e Cervejaria”, firma que, como o nome indicava, se dedicava à produção de gelo e produtos alimentícios.
No entanto, esta marca não ficaria por muito tempo sozinha no mercado. Em 1888, um imigrante suiço de nome Joseph Villiger, acostumado ao sabor das cervejas europeias e inconformado com a má qualidade das cervejas fabricadas no Brasil, resolveu abrir o seu próprio negócio, começando a fazer cerveja em casa.
Deste modo, a 6 de Setembro desse ano, é registada a “Manufatura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia”, fundada pelo próprio Villiger, por Paul Fritz e por Ludwig Mack, sendo então comercialmente lançada a CervejaBrahma. A manufatura foi inaugurada com uma produção diária de 12.000 litros de cerveja e 32 funcionários. Começava aí uma luta que sobreviveu até aos nossos dias! O crescimento de ambas as empresas é grande e quase imediato.
Em 1889 é publicado o primeiro anúncio de uma marca de cerveja brasileira: “Cerveja Antarctica encontra-se à venda na Rua Boa Vista, 50 A”, podia ler-se no jornal “A Provincia de São Paulo” (atualmente o “Estado de São Paulo”). No ano seguinte, a Antarctica aumenta o seu quadro de funcionários para 200 e a sua capacidade de produção passa a ser de 40 mil hectolitros/ano.
Este desenvolvimento leva a que a empresa se transforme numa sociedade anónima, com 61 accionistas, passando então a chamar-se de “Companhia Antarctica Paulista SA”. Dois desses accionistas, João Carlos António Zerrener e Adam Ditrik von Bullow, eram sócios numa empresa de importação, em Santos, algo que facilitou a compra de máquinas e de matéria-prima para a cervejaria. Contudo, este grande crescimento não foi sustentado, pelo que ainda em 1893 a Antarctica se encontra à beira da falência, sendo então comprada pela sua principal credora, a empresa Zerrener, Bullow & Cia.
De fato, este fenómeno de rápido surgimento de muitas marcas no mercado, era posteriormente acompanhado do desaparecimento de muitas outras. Assim sendo, a maior parte delas não chegaram aos nossos dias ou mudaram de donos. Como exemplos, temos as cervejas Bock e Victória da Cervejaria Feldmann de Blumenau – SC, que já não existem, a cerveja Caracu, inicialmente pertença da Cervejaria Rio Claro, em Rio Claro – SP e que hoje faz parte do portefólio da AmBev ou a Cervejaria Bavária, localizada na Moóca, que foi adquirida em 1904 pela Antarctica, que aí instalou a sede do seu grupo.
Quem não parava era a Brahma. Em pouco mais de uma década esta empresa viria a registar quase uma dúzia de marcas, como são exemplos a cerveja Bier, a Crystal, a Pilsener, a Franziskaner-Brau, a Munchen, a Guarany, a Ypiranga, a Bock-Ale ou a Brahma Porter, para apenas nomear algumas.
A expansão da firma fazia-se também à custa da aquisição e fusão com outras empresas, como aconteceu em 1904, ano em que surgiu a Companhia Cervejaria Brahma, resultante da união entre a Georg Maschkle & Cia. Cervejaria Brahma e a Preiss Haussler & Cia. Cervejaria Teutônia (produtora, entre outras, das cervejas Excelsior, Teutonia e Munchen-Bock).
A notoriedade da Brahma era também obtida através de fortes campanhas publicitárias e do patrocínio que dava a bares, restaurantes e artistas. Para além do mais, a importação de novos equipamentos e a melhoria geral da qualidade da sua maquinaria proporcionou-lhe a obtenção de uma boa imagem junto dos consumidores. Nesta altura, a produção de chope em tonéis chega já aos 6 milhões de litros e a distribuição conta com 9 depósitos situados no centro do Rio de Janeiro.
Este crescimento contínuo foi acompanhado, durante os primeiros anos do século XX, do lançamento de novas marcas, casos da ABC, da Bock-Crystal, da Bramina, da Bull Bock, da Rainha ou da Colombo.
Pode parecer surpreendente o grande número de marcas lançadas por uma única empresa, neste caso a Brahma, mas o mercado cervejeiro do início do século passado encontrava-se em grande ebulição, com a fundação de inúmeras indústrias um pouco por todo o Brasil, sendo que cada empresa tratava logo de registar um elevado número de marcas diferentes, por forma a assegurar uma determinada fatia do mercado.
Não querendo fazer um rol muito extenso de todas as marcas que foram sendo criadas, convém enumerar algumas, por forma a ficar-se com uma ideia da pujança da indústria cervejeira da época. Comecemos em 1903, ano em que a Cervejaria Mora de Petrópolis RJ, se tornou na Fábrica de Bebidas Cascata, produtora das cervejas Cascata Preta e Cascata Branca.
Em 1906, a Cervejaria Kuhene lançou a Progresso 1906, cerveja criada com o objetivo de comemorar a inauguração da estação ferroviária de Joinville. Um ano depois, a fábrica de cerveja Caetano Carmignani, em Pirassununga, começa a elaborar a cerveja preta Cavalinho, isto após adquirir novas máquinas e equipamentos.
Já em 1912 é inaugurada a Cervejaria Tripolitana, fabricante da Tripolitana e com sede em Cachoeiro do Itapemirim ES. Resumindo e só para se ficar com uma ideia geral, basta dizer que um ano antes do início da Grande Guerra, isto é, em 1913, existiam 134 cervejarias só no estado do Rio Grande do Sul!
A 1ª Guerra Mundial não trouxe grandes alterações ao panorama cervejeiro do Brasil. O fato da guerra se desenrolar principalmente na Europa e de a importação de cerveja estrangeira ser diminuta ou mesmo nula, fez com que não só o consumo como também a produção se mantivessem a níveis bastante elevados e em franco crescimento.
Das poucas notícias que nos chegaram relativamente à influência que esta guerra teve na indústria cervejeira brasileira, há que destacar o fato da viúva Kremer, proprietária da Cervejaria Germânia, ter sentido a necessidade de alterar o nome da sua empresa para Cervejaria Americana.
Para além disso, notou-se um ligeiríssimo abrandamento no lançamento de novas marcas no mercado: a Brahma surgiu com a Carioca, a Fidalga, a Suprema e a Malzbier e aCompanhia Cervejaria Paulista passou a distribuir a Níger, Poker e Trust. E pouco mais há a realçar! O fim da década de 1910 é atingido rapidamente, sem que aconteçam alterações substanciais no tecido empresarial e no mercado cervejeiro brasileiro.
Durante este período, assistiu-se à consolidação da cervejaria Brahma como a mais influente e dinâmica da sua área. Veja-se que logo em 1921, esta empresa adquiriu a Cervejaria Guanabara, uma das mais antigas do país, confirmando assim a sua vocação expansionista.
O seu crescimento era, logicamente, combatido por outras fábricas e marcas, quer isso se fizesse através do lançamento de novos produtos, quer através da utilização de meios publicitários. Uma das firmas que se entregou a essa “luta” foi a Companhia Cervejaria Adriática, que anunciava nos jornais com relativa frequência.
Num desses anúncios, a Adriática mencionava a entrada no mercado de 15 mil dúzias de Adriática Pilsen, Adriática Poschorr, Operária e Primor, assim como “da muito afamada Cachorrinha”, todas “leves e límpidas no seu amarello-topázio”.
Após uma breve resenha histórica aos primórdios da fabricação e consumo de cerveja no Brasil, importa agora debruçarmo-nos sobre as marcas que assumiram, não só, a liderança do mercado, mas também a vanguarda tecnológica.
E nestas áreas há que destacar duas empresas: a Brahma e a Antarctica. Considerando que só a partir dos anos 30 do século XX se começou a definir com alguma precisão o conceito de marca, já que, como referimos anteriormente, muitas cervejas eram lançadas para o mercado sem nome próprio, iremos fazer uma análise à história de cada uma individualmente. Deste modo e sem ter em conta nenhuma ordem em especial, começaremos pela Brahma.
A Brahma foi fundada em 1888 pelo imigrante suiço Joseph Villiger. A empresa, então instalada na Rua Visconde de Sapucaí 128, adoptou o mesmo nome que um deus daÍndia, muito venerado junto das águas do lago de Pushkar, sendo que quem aí se banha tem todos os seus pecados perdoados, por piores que estes sejam.
A primeira imagem associada à Brahma representava uma mulher envolta por ramos floridos de lúpulo e cevada, sendo esta a componente do também primeiro rótulo da marca. Após algumas fusões e aquisições já aqui enumeradas, a Brahma era, no início da década de 30, uma empresa bem estruturada e virada para o futuro.
A aposta em novas tecnologias e publicidade criou uma grande afinidade entre a empresa e os consumidores, não sendo por isso de estranhar que, em 1934, fosse a Brahma Chopp a cerveja mais consumida no país. Nesse ano, a produção alcançou os 30 milhões de litros de cerveja. Ary Barroso eBastos Tigre compuseram a marchinha “Chopp em Garrafa” que, cantada por Orlando Silva, publicitou fortemente este produto.
De fato, a Brahma Chopp era a principal marca da firma, em 1937, ao lado de 29 tipos de cerveja e 16 tipos de refrigerante. Em 1943 é introduzida a Brahma Extra, cerveja com extrato forte e encorpado e que tinha o slogan “Extra no Sabor, Extra na Qualidade, Extra nos Ingredientes – Cerveja Brahma Extra, em garrafas ou 1/2 garrafas”.
Para além do lançamento de novos produtos, a política de aquisições mantinha-se bastante ativa. Exemplo disso foi a compra do maior grupo cervejeiro do Rio Grande do Sul, a Bopp, Sassen, Ritter e Cia. Ltda, também conhecida por Cervejaria Continental, em 1946, que mais tarde se viria a tornar na filial Rio Grande do Sul. Esta fábrica foi, entretanto, descontinuada (1998).
Em 1954, a empresa celebrou o seu quinquagésimo aniversário, tomando como base o ano de 1904, data em que a firma se tornou na Companhia Cervejaria Brahma, resultante da fusão entre a Cervejaria Brahma e a Cervejaria Teutônia.
Nesse curto espaço de tempo, a empresa tinha-se tornado numa das maiores do Brasil, com 6 fábricas e 1 maltaria em laboração. Para continuar a expandir-se, tornava-se urgente a elaboração de um plano de distribuição que abrangesse as áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos.
Para isso, a Brahma comprou pequenas empresas e criou filiais. Neste último caso, podemos dar como exemplos a filial deAgudos, São Paulo, que nasceu a partir da antiga Companhia Paulista de Cerveja Vienenses, que mais tarde passou a fabricar a cerveja em lata, ou a Filial do Nordeste, na cidade do Cabo – Pernambuco, que foi inaugurada em 1962.
Sendo a Brahma uma empresa de capital 100% nacional e sempre preocupada em manter o padrão de qualidade dos seus produtos e a participação no desenvolvimento do país, tornava-se óbvio que a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico não podiam ficar de fora dos seus planos.
Assim, em 1968, é inaugurada, no Rio Grande do Sul, a Estação Experimental de Cevada para testes de novas variedades de cevada cervejeira, adaptadas ao clima e solo da região.
Em 1971, através da Cervejaria Astra S.A., a companhia concretiza uma forte aliança para a fabricação e distribuição dos seus produtos no Norte e Nordeste do Brasil. A Astra tinha sido criada um ano antes pela firma J. Macêdo & Cia, em Fortaleza – CE, produzindo então uma cerveja de marca própria.
Ainda nesse ano, a J. Macêdo adquire o controlo accionário da Cervejaria Miranda Corrêa, de Manaus – AM, para, de seguida, se associar à Brahma, como já atrás foi referido.
Os anos 70 são marcados pela contínua expansão da companhia e por algumas alterações na forma de apresentar os produtos. Logo em 72, a filial de Agudos lança a Brahma Chopp e a Brahma Extra em lata de folha de flandres. É também nesse ano que chega ao mercado a garrafa “personalizada”, de vidro incolor e com o nome do produto gravado no vidro.
Esta evolução iria dar origem, alguns anos mais tarde, ao lançamento da Brahma Chopp em garrafa própria, de vidro e cor âmbar (antes era engarrafada em vasilhames de qualquer cor). Destaca-se também a adopção dos engradados plásticos para o transporte de cervejas e refrigerantes, inovação levada a cabo pela filial da Brahma em Curitiba (antiga Cervejaria Atlântica, na posse da Brahma desde 1942).
Realce igualmente para o pequeno número de novas cervejas que foram lançadas durante esta década. Tal iria manter-se durante os anos 80, período em que a Brahma apostou forte no mercado de refrigerantes. Todavia, a origem cervejeira da empresa nunca foi descurada, pelo que não é de admirar que em 1980, com a exportação da Brahma Beer (Brahma Chopp), a revista “The Washingtonian” a tenha eleito como a melhor cerveja importada dos EUA.
Para aumentar a sua participação no mercado cervejeiro, a empresa adquire o controlo accionário das Cervejarias Reunidas Skol Caracu, S.A. Além da cerveja Skol, Chopp Claro Skol, da cerveja em lata Ouro Fino (destinada à exportação) e da histórica cerveja Caracu, a companhia deu continuidade à sua linha de produtos, elaborados em 7 fábricas espalhadas um pouco por todo o Brasil.
Tecnologicamente avançada e com espírito empreendedor, a empresa lançou, em 1982, a Brahma Light, a primeira cerveja de baixa fermentação e baixo teor alcoólico produzida no Brasil. Em 1983, na cidade de Nova Iorque, a Brahma Light concorreu com mais de 972 trabalhos internacionais e 14 brasileiros ao prémio “Clio Awards”, um dos mais prestigiados do mundo publicitário, tendo arrebatado o primeiro lugar.
Mas como nem só de publicidade vive uma empresa, importando igualmente a qualidade dos seus produtos e a atenção que dá à satisfação das necessidades dos seus consumidores, foi introduzida, em 1984, a Malt 90, apresentada em embalagens de garrafas retornáveis de 300 e 600ml e também em lata. Esta cerveja do tipo pilsen, apresentava cor clara, teor alcoólico médio e paladar suave e saboroso. Infelizmente, não foi muito bem recebida pelos consumidores e acabou por ser descontinuada, pelo que já não se encontra disponível no mercado.
A internacionalização da marca e a sua grande aceitação no mercado interno fez com que o jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung” a destacasse como a 7ª empresa de cerveja do mundo, numa avaliação com companhias de mais 90 países. Este reconhecimento económico surgiu a par do reconhecimento científico, obtido após a inauguração de uma moderna cervejaria piloto para o desenvolvimento de novos produtos, no laboratório da Filial Rio. Outra importante realização foi a inauguração, em 1988, de mais uma fábrica de cerveja, neste caso a Cebrasp, em Jacareí, São Paulo.
Acompanhando a evolução do mercado e preocupada com o meio ambiente, a Brahma lançou igualmente o “Projeto Brahma para Reciclagem”, introduzindo então a embalagem em lata de alumínio para a Brahma Chopp e também a embalagem descartável de 300ml para a Malt 90. O final da década fica fortemente marcado pela aquisição da Companhia Cervejaria Brahma pelo Grupo Garantia, iniciando-se então um período de reestruturação e construção de novas fábricas, como por exemplo a da Cervejaria Equatorial, em São Luis, Maranhão.
A entrada na última década do século passado fez-se, pois, com excelentes perspectivas no futuro e com um espírito cada vez mais empreendedor. Deste modo, institui-se em 1991 o Serviço ao Consumidor Brahma, junto com o Código de Defesa do Consumidor, ambos visando garantir apoio e satisfação aos clientes.
Durante o ano de 1992 inicia-se o esforço de exportação da Brahma Chopp para a Argentina onde, ao final do primeiro ano, se torna a cerveja nº 1 entre as importadas. Como consequência, torna-se necessário ampliar algumas fábricas, o que acontece com a Cebrasp. 1994 é um ano de mudanças e conquistas.
A Administração Central da companhia sai do Rio de Janeiro e instala-se em São Paulo, cidade onde ainda hoje se encontra. Relativamente às conquistas, temos a incorporação da Companhia Anonima Cervecera Nacional, da Venezuela, no portefolio da empresa, passando aí a produzir-se a Brahma Chopp.
São inauguradas igualmente mais duas filiais: a Filial Santa Catarina, em Lages e a Fábrica de Luján, na Argentina.
Este desenvolvimento chama a atenção da empresa norte-americana Miller Brewing Company, que constatou que o mercado cervejeiro estava em crescimento, especialmente na América do Sul. Em função disso, faz em 1995 uma joint venture (acordo) com a Brahma para distribuir a Miller Genuine Draft. Nesteacordo, havia a possibilidade da Brahma fabricar a cerveja no Brasil para competir no mercado interno.
É exatamente o que acontece em Julho de 1996: a Miller Genuine Draft passa a ser fabricada pela Cebrasp e distribuída pela rede Exclusivas Brahma. A partir desse ano, o 0800 foi divulgado em todas as embalagens dos produtos e o consumidor também pôde optar pelo atendimento via carta e, desde Junho, via Internet.
A companhia foi a primeira empresa de bebidas a oferecer esse serviço via Internet ao consumidor mantendo, inclusive, contato com consumidores de outros países. As perguntas e sugestões dos consumidores geraram algumas mudanças de processos e contribuíram para o desenvolvimento de novas embalagens como a Malzbier long neck.
Reforçando o seu carácter moderno, a empresa lança no mercado as novas embalagens long neck e lata com 355ml, já que esse é o padrão internacional de embalagens descartáveis. Para dar continuidade a essa modernidade e atender às necessidades do consumidor, a Malzbier Brahma, lançada em 1945, sofre uma modificação visual no seu rótulo e também entra no mercado com a embalagem long neck na versão 355ml.
Os últimos dez anos continuaram a ser de crescimento, pelo que, muito naturalmente, se tomou a decisão de expandir o parque fabril. No início de 1996 é inaugurada a Filial Rio de Janeiro, no bairro de Campo Grande – RJ. Trata-se da maior fábrica de cerveja da América Latina, com capacidade de produção de 12 milhões de hectolitros por ano.
É igualmente iniciada a construção de mais 2 unidades fabris: uma em Viamão – Rio Grande do Sul e outra correspondente à Cervejaria Águas Claras, no município de Estância,Aracaju. O aumento da produção permite também um incremento nas exportações, pelo que em 1998 a Brahma Chopp passou a ser exportada para a Europa, utilizando como porta de entrada a França. Influência deste último país, ou não, o fato é que a chegada do novo milénio é comemorada com a introdução de uma Brahma Chopp em embalagem especial, muito similar a uma garrafa dechampanhe.
Aproximava-se então o grande choque: em 1999, a Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma anunciavam a criação da Companhia de Bebidas das Américas (AMBEV), resultante da fusão entre ambas. Estava assim criado um gigante económico mundial, sobre o qual nos debruçaremos mais tarde.
Já em 2006, surge o Chopp Brahma Black. Trata-se de um chopp estilo Lager, escuro, com adicção de nitrogénio, o que torna a bebida mais leve e com uma espuma muito mais estável e cremosa.
Nota: alguma da informação aqui contida foi desenvolvida com base no excelente site Cervisiafilia, local que desde já o convidamos a visitar.
A história da Antarctica desenvolveu-se a par da da Brahma. Após os primeiros anos de alguma indefinição e de contínuas mudanças, a firma estabilizou, tornando-se numa das maiores empresas brasileiras do setor das bebidas.
A última grande convulsão terá acontecido em 1940, ano em que os proprietários da Companhia Antárctica Paulista, Antonio e Helena Zerrener, alemães de nascença, faleceram e não deixaram herdeiros.
A companhia passou entãopor diversas mãos, até ser comprada por vários investidores e se tornar na Companhia Antarctica Paulista Indústria Brasileira de Bebidas e Conexos, com fábricas em Bom Retiro (Cerveja Progresso e cerveja preta) e na Mooca (cervejas claras e conexos).
Esta reformulação da empresa permitiu-lhe crescer e ficar mais forte, lançando-se então numa sucessão de aquisições, sendo talvez a de maior destaque a da Cervejaria Adriática, instalada em Ponta Grossa – PR.
Esta companhia, pertencente aos Thielen, família de origem alemã, tinha ganho algum destaque na indústria cervejeira, principalmente através da cerveja Original, produzida, quase como a conhecemos ainda hoje, desde 1930.
O desenvolvimento da Antarctica passou também pela constituição de uma maltaria própria, neste caso em Jaguaré, São Paulo, e por mais uma aquisição, nomeadamente o antigo prédio da Fábrica de Cerveja e Gelo Colúmbia, em Campinas – SP, que passou a servir de depósito à fábrica adjacente. Infelizmente, esse prédio encontra-se vazio e abandonado desde 1989
Em 1960, a Antarctica celebrou 75 anos de história possuindo, por essa altura, uma capacidade de produção de 3,9 milhões de hectolitros/ano, número que engloba cervejas e refrigerantes. À medida que as vendas iam crescendo, também aumentava o número de empresas concorrentes. Uma dessas empresas era aCervejaria Bohemia, produtora da excelente e muito antiga cerveja Bohemia e também do Guaraná Petrópolis, grande concorrente do Guaraná Antarctica. Para eliminar esse foco de competição, a Antarctica adquiriu o controlo accionário da cervejaria Bohemia, marca essa que ainda hoje faz parte do portefolio da AmBev.
Com as constantes aquisições, a Antarctica tinha-se tornado num gigante industrial, sempre atento a novas oportunidades de mercado e a tendências de consumo. Pelo caminho, outras empresas iam ficando sob a sua alçada, casos da Polar, próspera empresa do estado do Rio Grande do Sul, ou da Cerman, da Cervejaria Catarinense (que se instalou em Joinville, em 1938) e, talvez a mais importante de todas, a Companhia Cervejaria Paulista.
Esta firma, de grandes tradições e instalada em Ribeirão Preto desde 1911, iniciou uma tradição nesta cidade, local onde abririam inúmeras choperias, entra as quais a muito famosa Pinguim, ao lado doTheatro Pedro II. De fato, não é por acaso que Ribeirão Preto é denominada a Capital do Chope!
O ano de 1973 foi caracterizado por um conjunto de medidas postas em prática pela Diretoria da Empresa, tendo em vista a descentralização das atividades industriais e comerciais do complexo empresarial Antarctica.
Nesse ano foram constituídas empresas com personalidade jurídica própria, em vários Estados brasileiros, a saber:
a) Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, com sede em Joinville, Estado de Santa Catarina, que passou a operar a partir de Abril de 1973, com a incorporação das unidades de Ponta Grossa e Curitiba;
b) Cervejaria Antarctica Niger S/A, de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, resultante da fusão, no mesmo ano, da Cervejaria Antarctica de Ribeirão Preto S/A, com a Cervejaria Níger S/A;
c) Indústria de Bebidas Antarctica do Rio de Janeiro S/A, resultante da Fusão da Cervejaria Antarctica da Guanabara Ltda, com a Companhia Cervejaria Bohemia, de Petrópolis.
A entrada na década de 70 é, pois, feita em grande, com mais uma mão cheia de aquisições e inaugurações. Assim, a Antarctica adquire ainda a Cervejaria Pérola deCaxias do Sul – RS e a Companhia Itacolomy de Pirapora – MG. Por curiosidade, refira-se que a produção da cervejaria em Pirapora foi estrategicamente transferida e centralizada, em 1998/99, na cidade de Jacarepaguá – RJ.
No ano de 73 são também constituídas novas filiais emGoiânia – GO, Montenegro – RS, Rio de Janeiro – RJ e Viana – ES e nos anos seguintes são inauguradas as filiais no Rio Grande do Sul e Teresina. O desenvolvimento exponencial da firma foi também acompanhado por um crescente interesse no campo científico e tecnológico.
Para isso, a Antarctica decidiu ampliar a sua maltaria, situada em São Paulo, adquirindo, ao mesmo tempo, uma área de 14,32 hectares em Paulo de Frontin – PR, destinada à pesquisa e experimentação agrícolas com a cevada cervejeira.
Assegurada que estava a sua estabilidade e representatividade em território brasileiro, importava agora abraçar novos desafios e explorar outros mercados. Os anos 80 são, por isso, dedicados à internacionalização da companhia, iniciando-se então a exportação de produtos da Antarctica para a Europa, Ásia e Estados Unidos.
Curiosamente, o produto que acabou por ter mais sucesso foi o Guaraná, já que as cervejas da marca tiveram algumas dificuldades em se impor nos mercados mencionados. A comercialização de produtos para outros países, obrigou a um aumento na produção de bebidas, não sendo de estranhar o valor de 16,4 milhões de hectolitros/ano atingido em 1980.
Para conseguir igualar a procura, foi necesssário a compra de mais fábricas e a abertura de novas filiais. É assim adquirida, ainda em 1980, a Cervejaria Serramalte, com as suas fábricas de Getúlio Vargas e Feliz – RS.
Esta companhia, fundada em 1953, tinha como origem a Cervejaria Ruschel, fundada por Victor Ruschel tendo, posteriormente, passado a designar-se por Cervejaria Polka, até chegar ao nome de Cervejaria e Maltaria da Serra, Ltda. (Serramalte). Ao longo dos anos, apresentou uma evolução extraordinária, cotando-se mesmo como uma das maiores da região e do estado e uma das principais do ramo no país.
Do início das suas atividades até 1957, a indústria funcionou apenas com o setor da maltaria, sendo que a venda da sua produção se limitava às regiões Central e Norte do país, enquanto era construída e montada a cervejaria.
A 24 de Junho de 1957, foi lançada a primeira cerveja Serramalte, produto que ainda hoje é vendido pela AmBev. Todavia, a compra das fábricas da Serramalte continuava a ser insuficiente, pelo que, em 1985, se inicia a construção de uma fábrica da Antarctica em João Pessoa – PB, que começa a laborar três anos mais tarde, altura em que é também inaugurada a Fábrica de Cervejas Antarctica no Rio de Janeiro, com capacidade de produção de 3,5 milhões de hectolitros/ano.
O número de filiais não pára igualmente de crescer pelo que, para não cansar, vamos apenas enumerar algumas: Filial Jaguariúna – SP, Filial Canoas – RS, Filial Cuiabá – MT, enfim, muitas e espalhadas um pouco por todo o Brasil, num total de 25
A última década do século passado é aproveitada pela Antarctica para renovar a sua gama de produtos, começando pelo lançamento da Kronenbier, uma das primeiras cervejas sem álcool do mercado brasileiro.
Para além desta, muitas outras surgem, novas ou apenas renovadas: a Antarctica Bock, a Polar, a Polar Pilsen, a Bavária Premium, a Antarctica Pilsen Extra em long neck, a Antarctica Pilsen em long neck com rótulo metalizado e ainda a Bavária Pilsen em garrafa 600ml descartável e em lata.
Há finalmente que destacar o acordo entre a companhia e a gigante cervejeira norte-americana Anheuser-Busch no sentido de ser constituída aBudweiser Brasil, que tinha como objetivo a distribuição da cerveja Budweiser nos postos de revenda da Antarctica e, em troca, a venda do Guaraná Antarctica nos Estados Unidos.
Mas é claro que o grande destaque desta década vai para a já referida união entre a Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma, daí resultando a colossal AmBev, à qual voltaremos mais tarde. Entretanto, a Antarctica comemorou já o seu centésimo aniversário, tendo lançado para o efeito uma garrafa comemorativa.
Tendo feito uma breve resenha do historial das duas mais importantes companhias cervejeiras do Brasil, a Brahma e a Antarctica, não é menos importante debruçarmo-nos um pouco sobre as restantes empresas que, quer hoje quer no passado, ajudaram a moldar o mercado de cervejas deste país.
Deste modo temos:
Belco – A Cervejaria Belco foi fundada em 1983 em Botucatu – SP. A empresa foi instalada onde antes funcionava a Belgium Co., uma cooperativa de produção que reunia os remanescentes da colonização belga na região. A formulação do nome veio naturalmente, com a junção das sílabas iniciais da cooperativa.
A primeira unidade de produção tinha capacidade para produzir 3600 hectolitros/ano, comercializados em barris de madeira na forma de chopp. Em 1988, a fábrica mudou-se para São Manuel, onde ainda hoje se situa, tendo aberto, entretanto, uma segunda fábrica em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.
Atualmente, a cerveja é já exportada para os Estados Unidos, Europa e Ásia. No mercado, encontram-se as marcas Chopp Belco, Belco Pilsen, Tauber, Malzbier Belco, Mãe Preta e Belco Sem Álcool.
Cerpa – A cerveja Cerpa nasceu em 1966 pelas mãos da Cerpasa ou Cervejaria Paraense como também é conhecida. A fábrica ficou instalada junto das margens da Baía do Guajará, em Belém – PA, numa área de 157.633 m2. Apesar da forte concorrência de produtos como a Brahma e aAntarctica, a Cerpa conseguiu granjear um bom prestígio a nível interno, independentemente das vendas nunca terem realmente disparado.
Procurando diferenciar-se das suas rivais pela qualidade do produto e inovação, a Cerpa apresentou, em 1996, o processo Draft Beer, no qual a cerveja não passa pelo tradicional sistema de pasteurização, mas antes por uns complexos filtros de celulose e descarga térmica.
Atualmente, a Cerpa é líder no Estado do Pará e produz a Pilsen Draft Beer e a Export Draft Beer (Cerpinha).
Cervejaria Malta – A história desta cervejaria começa em 1956, com a escolha da cidade de Assis – SP para instalação da fábrica. O local foi escolhido pela presença de uma mina de água, cujas características minerais eram perfeitas para a produção de refrigerantes. Naquela época, com o nome inicial de Indústria e Comércio de Bebidas Cristalina Ltda, a empresa foi ganhando a preferência dos consumidores.
Em 1960, ainda fabricando somente refrigerantes, a distribuição já atingia as cidades mais próximas. Procurando sempre expandir a área de venda dos seus produtos, a companhia organizou um quadro de distribuidores nas cidades da região, como Presidente Prudente, Marília, Bauru, Tupã e Londrina, a fim de ampliar a comercialização dos produtos Cristalina. Essa medida triplicou as vendas da empresa no período de um ano.
Mantendo o crescimento constante com ações de merchandising e promoções, rapidamente se chegou à marca de 30.000 litros produzidos por dia em 1980. Em 1984, com o lançamento comercial do Chopp Malta (3600 litros/mês), iniciava-se uma nova fase da empresa. O começo da década de 90 é marcado pela estreia da nova Malta. No período seguinte, deve-se destacar o constante avanço tecnológico da firma, acompanhado pela ampliação da linha de produtos.
Em 1996, a denominação social da companhia foi alterada para a atual Cervejaria Malta Ltda. Presentemente, a Cervejaria Malta comercializa: a Malta Pilsen, Malta Malzbier, Malta Golden e o Chopp Malta.
Cervejaria Petrópolis – Decorria o ano de 1993 quando um grupo de empresários se associou e decidiu comprar algumas máquinas, equipamentos e um terreno perto da rodovia Br 040 – Km 51.
Aproveitando o clima ameno da região serrana, a existência de água de qualidade excepcional e fazendo uso dos excelentes conhecimentos de um mestre cervejeiro e de matéria-prima importada de alta qualidade, é lançada em 1994 a cerveja Itaipava, cuja primeira aparição decorreu no Shopping Vilarejo, tendo tal festa contado com a presença de muitas pessoas da sociedade Petropolitana.
A Itaipava começou a ser comercializada ainda nesse ano e em 1998 viria a aparecer com um novo rótulo, mais moderno e identificativo. Curiosamente, ainda em 98 a cervejaria é vendida a um novo grupo de investidores, que aposta na aquisição de novas máquinas e na expansão da fábrica. Surge igualmente um novo produto que teve logo boa aceitação no mercado brasileiro, a cerveja Crystal.
Com o aumento da demanda e a preocupação em atender aos diversos paladares, aCervejaria Petrópolis ampliou em meados de 2004, a sua lista de produtos, lançando a Petra, uma cerveja escura Premium (produzida em Petrópolis), além de ampliar as linhas das marcas Itaipava e Crystal com as long neck nas versões Pilsen, Premium e Malzbier e também versões em chope claro e escuro.
A Petrópolis também inovou ao adoptar o selo higiénico, que é uma folha fina de alumínio que cobre a parte superior da lata e que tem de ser retirada para permitir a abertura da mesma.
Cintra – Em 1997, o grupo empresarial de origem portuguesa Cintra, lança-se no mercado de cervejas brasileiro. Com atuação em áreas tão diferentes como o petróleo, imobiliária, energias renováveis ou águas minerais, a companhia viu uma hipótese de negócio a partir da aquisição de uma fábrica de cerveja situada em Mogi-Mirim – SP, antes pertença da Kaiser.
Com uma capacidade de produção de perto de 150 milhões de litros de cerveja por ano só na unidade de Mogi-Mirim, o grupo Cintra prevê continuar a crescer no Brasil, não só através do lançamento de novos produtos mas também apostando no aumento da capacidade de produção das atuais fábricas. A conquista do mercado é feita através da Cintra Pilsen, Cintra Escura, Cintra Mulata e Chopp claro e escuro.
Colônia/INAB – Inicialmente designada por Cervejaria Sul Brasileira, a INAB (Indústria Nacional de Bebidas) é uma empresa recente no mercado de bebidas brasileiro, apresentando, no entanto, um forte crescimento e expansão.
Fundada em 1994 por iniciativa de Jaime Gatto e Saul Brandalise Jr., a empresa de Toledo – PR elabora vários produtos, sendo o de maior destaque a cerveja Colônia Pilsen. Para além desta, produz também a Sambadoro, uma cerveja Premium destinada à exportação, a Colônia Malzbier, a Colônia Negra (uma cerveja escura tipo stout, lançada em 2004), a Colônia Low Carb, a Colônia Extra Lager e o Chopp Colônia.
Um dos produtos mais inovadores desta firma é a Donna’s Beer. Esta cerveja, especialmente vocacionada para o público feminino, possui aroma e sabor delicados, suaves e refrescantes, com uma sensação levemente frutada no paladar final.
As garrafas são envolvidas por um rótulo sleeve (sistema de rotulagem plástica) importado de França, em tons de prata e vermelho, com detalhes em flores que se destacam quando expostos à luz negra.
Conti – O ano de 2001 assistiu à concretização de uma ambiciosa parceria entre a Krones, a maior fornecedora de máquinas do mundo para o segmento das bebidas, e a Casa di Conti, fabricante do tradicional vermute Contini. O resultado desse acordo de colaboração foi o surgimento da Cervejaria Conti, que ainda durante o primeiro ano iniciou a produção da cerveja Conti. A fábrica, com uma capacidade de produção de 300 mil hectolitros/ano, produz atualmente a Conti Bier, a Conti Malzbier e o Chopp Conti.
Eisenbahn/Cervejaria Sudbrack – A Sudbrack, de Blumenau – SC, é uma empresa bastante recente no mercado de cervejas brasileiro. Criada em 2002, surgiu devido ao descontentamento de alguns empresários do setor pela forma como estava a evoluir o mercado de cervejas do país. De fato, cada vez mais se faz chopp e cervejas do tipo pilsen, esquecendo-se os outros tipos tradicionais de cerveja originários da Europa.
Apostando num experiente mestre cervejeiro e seguindo a Reinheitsgebot, a Lei Alemmuitas formas: Dunkel, Kolsch, Pale Ale, ã da Pureza, criaram a Eisenbahnque pode, hoje em dia, ser degustada sob Pilsen, Pilsen Orgque tal variedade é muito difícil, senão ânica, Weihnachts Ale, Weizenbier, Weizenbock, Rauchbier, Bierlikor e, claro, Chopp. Admitamos mesmo impossível, de encontrar em qualquer outra empresa cervejeira brasileira.
Frevo – A empresa Frevo Brasil Indústrias de Bebidas, sedeada em Recife – PE, decidiu entrar no mercado das cervejas no início do novo milénio, lançando, para isso, a cerveja Frevo Pilsen em Julho de 2003. Tal representou um investimento de 20 milhões de reais e coincidiu com o sexto aniversário desta companhia. A área de distribuição desta cerveja pernambucana incidiu, inicialmente, na região do Nordeste, sendo que a empresa esperava conseguir controlar 10% desse mercado no final do primeiro ano. Estes objetivos ambiciosos não foram totalmente atingidos pelo que, em Dezembro de 2005, a Frevo apareceu no mercado com uma nova fórmula, pronta a agradar ao gosto do consumidor brasileiro.
Germânia – Apesar do nome idêntico, não se deve confundir esta cervejaria com uma que existiu no início do século XX e que entretanto desapareceu.
A atual Germânia foi fundada em 1991 na cidade de Vinhedo – SP. Após um início difícil, a contratação de um mestre cervejeiro e o investimento no desenvolvimento da fábrica fez com que a empresa se tornasse conhecida, especialmente na venda de chopp.
Resultado: hoje a Germânia responde por 10% do mercado de chopp de São Paulo e prepara-se para obter a mesma performance longe da região Sudeste. Para além do chopp, a Germânia comercializa também a cerveja Pilsen e a Escura.
Guitt’s/Refrigerantes Convenção – A Guitt’s, criada em 2001 pelos Refrigerantes Convenção, é uma nova aposta desta empresa e resulta num investimento que permitiu criar na cervejaria uma capacidade instalada suficiente para produzir 300 mil hectolitros anuais. Localizada em Caieiras – SP, a firma produz a Guitt’s Pilsen e a Guitt’s Malzbier.
E porquê Convenção?
Em 18 de abril de 1873, um encontro denominado Convenção de Itu, reuniu um grupo de paulistas partidários do derrube do regime monárquico. Eram, na sua maioria, fazendeiros, comerciantes, profissionais liberais e beneficiários dos negócios da grande lavoura cafeeira. Neste encontro foram propostos novos princípios para a organização do país e lançadas as bases do movimento republicano. Foi este grande marco histórico que inspirou a criação da marca Convenção.
Kaiser Tudo começou em 1980, ano em que Luiz Otávio Possas Gonçalves, um dos principais accionistas do grupo Gonçalves-Guarany, proprietário, desde 1947, de duas grandes engarrafadoras de Coca-Cola no estado de Minas Gerais, passou a perder gradualmente a sua participação no mercado de refrigerantes.
De fato, as duas maiores marcas líderes do mercado de cervejas praticavam um tipo de vendas em que quase obrigavam o comerciante a comprar guaraná e soda à empresa que também lhe vendia cerveja. Para tornear esse problema, Luiz Gonçalves optou por passar a fabricar, ele próprio, cerveja. Arriscando todo o capital de que dispunha para construir uma nova cervejaria em Divinópolis – MG, a Kaiser rapidamente conseguiu colocar a sua primeira garrafa no mercado, a 2 de Abril de 1982.
O nome Kaiser foi escolhido devido ao seu significado em alemão (Imperador), por ser uma palavra de pronunciação fácil e por associar à imagem da marca a tradição dos antigos cervejeiros alemães. O rápido sucesso que a empresa teve em Minas Gerais possibilitou a expansão da estrutura com novas fábricas em Mogi-Mirim SP e Nova Iguaçu RJ.
No final de 1983, a Kaiser já distribuía para os grandes mercados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Nessa mesma época, a tradicional cervejaria holandesa Heineken, uma das maiores exportadoras de cerveja do mundo, passou a dar assistência técnica à Kaiser.
Em 1984, a Coca-Cola Internacional entrou na sociedade, ao comprar 10% da cervejaria, convencida que o mercado brasileiro apresentava características incomparáveis ao resto do mundo. Em 1986, a marca Kaiser já estava em Goiás, na região de Brasília e Mato Grosso. Depois, em Setembro de 87, foi criada uma nova unidade em São Paulo, na cidade de Jacareí, o que reforçou o abastecimento na região.
O crescimento da companhia fez-se também através de aquisições e lançamento de novos produtos, como aconteceu com a compra da marca Xingú, da Cervejaria Independente Lda., de Toledo PR e o aparecimento de uma nova marca de cerveja pilsen baptizada de Santa Cerva.Em 2002 viria a ocorrer uma grande alteração no capital social da empresa, já que a canadiana Molson Inc. adquiriu a companhia por US$ 765 milhões.
A operação envolveu a aquisição das Cervejarias Kaiser Brasil S.A, Cervejarias Kaiser Pacatuba S.A., Cervejarias Kaiser Nordeste S.A. e Cervejarias Kaiser Goiás S.A., com a transferência de 100% das ações da BavariaLtda., ficando somente a denominação Cervejarias Kaiser Brasil S.A. Apenas 4 anos depois a Kaiser viria a ser novamente comprada, desta vez pela mexicana Femsa que adquiriu 68% do capital da empresa, continuando 15% com a Molson e 17% com a Heineken. Hoje, a Kaiser possui 10 fábricas, gera cerca de 2300 empregos diretos e 620 indiretos.
A estratégia de expansão da empresa continua forte e ativa, com lançamentos de produtos como a Kaiser Gold (uma cerveja que já existia no Sul e que agora passou a ser vendida também em São Paulo), a Santa Cerva Malzbier e a Bavaria Premium em lata, uma das mais antigas cervejas do Brasil. Para além disso, novas unidades foram surgindo, como sejam as de Araraquara – SP, Feira de Santana – BA, Ponta Grossa – PR e Gravataí – RS.
Krill – A Cervejaria Krill, fundada em 1987, está localizada na Estância Hidromineral de Socorro – SP, a 140 Km da capital paulista, povoação famosa em todo o país pelas suas riquezas naturais e pela abundância de fontes de água mineral.
A privilegiada região em que a empresa se localiza é conhecida como “Circuito das Águas” e atrai, todo o ano, milhares de turistas que procuram descanso e contato com a natureza. Em 1994, a cerveja Krill começou a ser produzida de uma forma quase artesanal, isto apesar da história da empresa se ter iniciado bastante antes, mais precisamente na década de 50 do século passado.
Da produção de bebidas como licores e conhaques, rapidamente se passou à elaboração de refrigerantes, nomeadamente o Guaraná Mantovani ou Indião, como é conhecido na região.
Esta bebida depressa se tornou líder do mercado regional, sendo um sucesso absoluto entre os habitantes locais e os turistas e visitantes do “circuito das águas”. No início dos anos 80, ainda sob o comando dos Mantovani, a empresa foi vendida a um grupo de empresários paulistas.
O início da produção de cerveja resultou do fato desses empresários terem sentido a necessidade de lançar um novo produto no mercado. A Krill teve então algum sucesso e, com ele, tornou-se evidente a necessidade de se efetuarem mais investimentos.
No início de 1996, a empresa adquiriu uma linha de produção ainda mais moderna, munida de centrais computorizadas. Mais recentemente foi lançada a Malzbier nas versões garrafa de 600 ml e long neck. A empresa comercializa também o Chopp Krill.
Kilsen – A história da cerveja Kilsen começa a 3 de Julho de 1984, com a aquisição de uma pequena engarrafadora de aguardente na cidade de Chapecó – SC. A perseverança e tenacidade dos novos proprietários fizeram com que a fábrica rapidamente atingisse a sua capacidade máxima de produção, pelo que se tornou necessário ampliar as instalações e mesmo deslocalizá-las.
Em Novembro de 1987, a empresa transferiu-se para novas instalações, tendo por objetivo a criação de uma rede distribuidora capaz de satisfazer todo o mercado brasileiro e mesmo alguns países do Mercosul.
Atualmente, a companhia produz a Kilsen Pilsen, a Kilsen Chopp, a Kilsen Malzbier e a Kilsen Extra.
Lecker/Worldbev – A Worldbev (antes conhecida por Fornel e Cia.) está presente no mercado de bebidas há mais de 40 anos (bebidas Boite Show), elaborando produtos tão diversificados como sejam os refrigerantes, cervejas, vinhos, chopps, destilados, entre outros. Atualmente, a empresa está instalada numa área de 100.000 metros quadrados, na cidade de Capivari, estado de São Paulo.
Tendo-se dotado dos mais modernos e sofisticados equipamentos para elaboração e engarrafamento dos seus produtos, a companhia comercializa, hoje em dia, várias marcas de cerveja, a saber: Lecker Pilsen, Piva, Prosit, Lecker Malzbier e Lecker Munique.
Lokal/Cervejaria Teresópolis – A Cervejaria Teresópolis, uma divisão industrial da tradicional Bebidas Comary, empresa líder de mercado em compostos alcoólicos, apostou, no início de 2003, no lançamento da cerveja Lokal Bier (que quer dizer “cerveja da nossa terra”), após investir cerca de 40 milhões de dólares. Gerando 480 empregos diretos e indiretos, a Cervejaria Teresópolis tem potencial somente na 1ª fase para produzir mais de 10,8 milhões de garrafas de 600ml por mês, com perspectiva de ampliar para mais de 24 milhões/mês na 2ª fase (já em andamento).
Atualmente, a empresa possui uma rede de 60 distribuidores, estando presente em mais de 250 mil postos de venda e em cinco estados diferentes: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e São Paulo. Do seu portefolio fazem parte a Ale, a Bock, a Dortmunder, a Ice, a Malzbier, a Munchen, a Weissbier, a Porter, a Stout e a Pilsen
Schincariol – A história da Schincariol começa em 1939, na cidade paulista de Itu. Fundada por Primo Schincariol, a pequena e simples fábrica limitava-se a produzir refrigerantes, como a famosa Itubaína com sabor a tutti-frutti. Durante muitos anos a empresa manteve-se a um nível regional, só se destacando a partir de 1989, altura em que começou a produzir a sua primeira cerveja, tipo pilsen, que foi logo um sucesso em termos comerciais. Hoje, a Schincariol tem 7 fábricas, que produzem mais de 2,1 biliões de litros de cerveja por ano.
A sua linha de produtos é formada por cervejas, chopp, refrigerantes e água mineral e estes são distribuídos em todo o território brasileiro, para além de vários países do Mercosul, Ásia e Europa.
Em 2003, a empresa lançou a All Beer, uma marca própria dos supermercados Carrefour, resultante de intensas negociações entre as duas firmas. A gama de cervejas da Schincariol inclui a Nova Schin, a Primus, a Glacial e a NS2. A sua última unidade industrial localiza-se em Igrejinha – RS e resulta de um investimento de R$ 170 milhões. A planta vai produzir 150 milhões de litros de cerveja e 50 milhões de litros de refrigerante e água mineral por ano, com geração de 300 empregos diretos e 2,4 mil indiretos.
Atualização.: Durante 2007/2008, a Schincariol comprou as microcervejarias Nobel, Devassa, Baden-Baden e Eisenbahn.
Eis uma breve história sobre a Indústria de Bebidas Igarassu (IBI), fabricante da cerveja Nobel:
A Indústria de Bebidas Igarassu (IBI) iniciou as suas operações em Setembro de 2006, na cidade de Igarassu, situada a cerca de 30 km de Recife. A cidade foi escolhida por possuir um lençol freático com uma das águas mais puras do Brasil, o que possibilita a produção de uma cerveja com muito qualidade.A Nobel começou a ser vendida em Outubro de 2006 e rapidamente se tornou num sucesso em Recife.
Os consumidores receberam a novidade de braços abertos e, em apenas nove meses, a cerveja já havia conquistado 6,4% de participação de mercado na cidade. Um desempenho excepcional, que poucas vezes foi visto na história do disputado mercado de cervejas. Em 2007, o Grupo Schincariol comprou a IBI e a marca Nobel.
Foi assim que a marca se expandiu para outras praças no Nordeste, como Maceió e Salvador. Este processo de expansão ganhou mais força com a comercialização de Nobel no interior do Estado da Bahia, em Aracaju (SE), Natal (RN) e João Pessoa (PB).
Em Abril e Maio do mesmo ano, a Nobel também começou a ser comercializada em Fortaleza (CE), Teresina (PI) e em São Luís (MA), onde a cerveja só foi vendida em supermercados e hipermercados. Em São Paulo, na capital e em algumas cidades do interior, a Nobel pode ser encontrada na rede Pão de Açúcar.
Spoller/INBEB – A Spoller é uma empresa que iniciou as suas atividades em Ourinhos – SP, local onde produz a tradicional cachaça Oncinha. Em 1997 a companhia passou também a produzir acerveja Spoller e, numa tentativa de aumentar a capacidade de produção, mudou-se em 2004 para a cidade de Londrina – PR, adoptando a empresa uma nova designação comercial: INBEB – Industrial Norte Paranaense de Bebidas, Lda. A firma comercializa as cervejas Spoller Pilsen e Spoller Malzbier.
E eis-nos na altura de regressarmos à história bem recente da AMBEV e daINBEV. Por motivos cronológicos, falemos então da primeira. A Companhia de Bebidas das Américas (AMBEV) resultou da fusão das históricas Companhia Antarctica Paulista e Companhia Cervejaria Brahma.
Após longos meses de negociações, as empresas chegaram a um acordo, criando, assim, a 5ª maior empresa de bebidas do mundo. Esta nova empresa possuía, no seu leque de marcas, produtos tão famosos como a Brahma, a Antarctica, a Skol, a Bohemia e ainda outras marcas como a Kronenbier, a Caracu, a Carlsberg, a Miller, a Polar e a Serramalte.
A única designação que alienaram foi a Bavária, vendida ao gigante canadiano Molson que, entretanto, adquiriu o grupo Kaiser. Apesar desta junção, os produtos mantiveram a sua autonomia e diferentes ritmos de desenvolvimento. Por exemplo, logo no ano 2000 a Antarctica aproveita para mudar de visual, apresentando uma nova cor, um novo rótulo e uma nova campanha na comunicação social, cujo slogan era: “Mudou ou não mudou?”. Do lado da Brahma, apareceram as embalagenstermossensíveis que indicavam se a cerveja estava gelada e, portanto, no ponto exato para ser bebida.
Mas não foi apenas na área das cervejas que a AMBEV apostou forte. Através de aquisições e fortes campanhas publicitárias lançou novos produtos em mercados pouco tradicionais, como foi o caso do grande investimento que fez em Portugal e Porto Rico por altura da introdução nesses países do Guaraná Antarctica.
Aliou-se igualmente a empresas importantes, como a argentina Quilmes, a peruana Embotelladora Rivera ou a equatoriana Cerveceria SurAmericana, fato que lhe permitiu aceder com mais facilidade a alguns países da América do Sul e Central. Chegou mesmo a comprar as uruguaias Salus e Cympai (produtora das marcas Nortea e Prinz).
A nível interno, foram apresentados três novos produtos: a Skol Beats, a Bohemia escura e a Bohemia Weiss.
Ainda o mercado não tinha absorvido por completo a junção da Brahma com a Antarctica, já outro terramoto comercial se adivinhava: a união entre a AMBEV e a Interbrew. Tal viria a ser anunciado em 2004, originando a criação da INBEV, uma empresa com mais de 200 marcas no seu portefolio, entre as quais se encontram as bem conhecidas Beck’s, Brahma, Stella Artois e Leffe.
Empregando cerca de 85.000 pessoas e estando presente em 32 países, a INBEV é atualmente a maior empresa cervejeira do mundo, vendendo cerca de 202 milhões de hectolitros de cerveja e 31,5 milhões de hectolitros de refrigerantes só em 2004. A Interbrew era uma empresa de raízes belgas, formada pela junção da flamenga Stella Artois com a Piedboeuf da região da Valónia.
O seu carácter regional só desapareceu quando adquiriu a canadiana Labatt, uma companhia que, à altura, era praticamente do mesmo tamanho que a Interbrew. A partir daí, através de fusões e aquisições, tornou-se na maior companhia de cervejas do mundo, à frente de gigantes como a SABMiller, a Anheuser-Busch e a Heineken.
Já sob a nova gerência, é introduzida, ainda em 2004, a cerveja Serrana, com uma receita inédita, elaborada a partir de várias fórmulas datadas do início do século XX e que foram encontradas na fábrica da cervejaria Antarctica durante a catalogação do Projeto Memória Viva da empresa. Para além desta, surgem também a Bohemia Royal Ale, a Brahma Liber e a Skol big-neck, em garrafa de 50cl e com tampa de rosca.
Resta-nos deixar uma última palavra para a cerveja que é líder incontestada do mercado brasileiro: a Skol.
Curiosamente, a ideia de formar a Skol surgiu na Europa, em 1964, a partir de um grupo formado por seis cervejarias entre as quais se incluia a “Sociedade Central de Cervejas”, de Portugal.
Inicialmente, a Skol associou-se ao Grupo S (Scarpa), que era detentor de 4 cervejarias: a Rio Claro(Caracu), a Santista, a Cayru e a Londrina. Essa união originou a Indústrias Reunidas Skol/Caracu, S.A., que viria a lançar a cerveja Skol Pilsen. Em 1970, a Skol é adquirida pela BRASCAN, grupo formado por empresários brasileiros e canadianos.
A estrutura accionista só viria a ser alterada em 1980, ano em que a Brahma compra a empresa, juntando às suas marcas a Skol, a Caracu e a Ouro Fino. Sempre na vanguarda da tecnologia, a Skol foi a primeira cerveja em lata do Brasil a ser comercializada em folha de flandres, para além de ter inovado com embalagens descartáveis de vidro e tampas de abertura fácil.
Por outro lado, novas versões vão surgindo, como sejam a Skol Bock, a Skol Ice e a Skol Fest (cerveja em lata de 5 litros, acompanhada de bomba e bolsa térmica), mantendo-se igualmente a aposta na Caracu (relançada em lata em 1998).
É também firmado um acordo com a Carlsberg, o que permite à Skol distribuir esta marca no Brasil. A última grande novidade desta empresa foi o lançamento, em 2002, da Skol Beats, uma cerveja refrescante e de aspecto moderno e, mais recentemente, a Skol Lemon, uma cerveja com um ligeiro sabor a limão.
O mercado de cervejas brasileiro tem sofrido fortes convulsões nos últimos anos, quer com a junção da Brahma e da Antarctica no grupo AMBEV, quer com a posterior fusão entre esta e a belga Interbrew, que deu origem a um dos maiores grupos cervejeiros do mundo: a INBEV.
Para além desta situação, um outro fenómeno tem ganho particular destaque neste mercado tão competitivo: a expansão das microcervejarias. Após o aparecimento da primeira, que muitos consideram ser a Bavarian Park de Curitiba, surgem, por ano, entre 4 a 6 novas marcas, elaboradas tendo em vista a qualidade do produto e a satisfação do consumidor.
Com cervejas que fogem do padrão comum, nomeadamente o tipo pilsen, tão querido das grandes cervejeiras brasileiras, estas pequenas explorações estão, a pouco e pouco, a conquistar o paladar do povo brasileiro. Para estas microcervejarias, a criatividade não tem limites, não sendo por isso de estranhar o surgimento de cervejas com sabor a fruta, chocolate ou tequila.
Tal fato já se refletiu nas grandes empresas, obrigadas a criar novos produtos que acompanhem essas tendências. Foi o caso do lançamento de uma série de cerveja preta especial da marca Bohemia, com garrafa personalizada e numerada.
Deste modo, importa também ficar a conhecer um pouco das mais importantes microcervejarias brasileiras. Por questões de espaço, não nos é possível falar de todas, nem descrevê-las ao pormenor como muitas mereceriam. Fica apenas um pequeno apontamento sobre aquelas que nos parecem mais relevantes.
A saber:
Alles Bier – A fábrica da Alles Bier foi fundada em Curitiba decorria o ano de 1986. Esta pequena cervejaria, idealizada por alemães que vivem no Brasil, produz, ainda hoje, as suas cervejas sem recorrer à junção de quaisquer aditivos, resultando num produto fresco e sem pasteurização.
Em Curitiba estão centralizadas as fases de cozimento, fervura e fermentação, garantindo assim higiene, homogeneidade de fabricação e controlo de qualidade.
Cerca de 90% da produção é consumida na Alles Bier, a cervejaria/botequim/discoteca que apoia este projeto. Situado em Campinas, o espaço possui 1800 metros quadrados onde se concentra, para além do grande balcão que circunda a mini-fábrica de cerveja, a pista de dança, o restaurante e uma completa infra-estrutura para eventos especiais. Tudo isto aliado à qualidade da cerveja produzida artesanalmente.
Ashby – A Cervejaria Ashby foi criada em 1993 pela família com o mesmo nome. Localizada em Amparo – SP, cidade que pertence ao Circuito das Águas, a empresa beneficia das óptimas condições locais e da excelente água mineral aí existente para produzir chopp e cerveja de alto gabarito.
O objetivo maior da cervejaria sempre foi o de elaborar produtos de qualidade superior, pois os seus donos consideravam que o país ainda não possuía a cultura das cervejarias gourmet europeias. A sua primeira cerveja foi produzida em 1995 e desde então vem apostando fortemente no segmento do chopp personalizado.
A empresa, onde pontifica o mestre cervejeiro Scott Ashby, comercializa o chopp Pilsener, a California Cooler (um produto inovador igualmente conhecido como chopp de vinho), o chopp Porter (chopp escuro), o chopp Weiss, o Hops Pilsen e o Hops Escuro, sendo estes dois últimos, basicamente, chopp engarrafado, ideais para viagens ou para consumir em casa. Leia a entrevista que fizemos à Ashby clicando aqui ou veja a newsletter da companhia.
Belts Beer – Esta microcervejaria de Goiânia produz chopp artesanalmente, feito a partir de técnicas especiais que dispensam o uso de quaisquer produtos químicos, conservantes ou estabilizantes de espuma. A sua fermentação é feita a uma temperatura abaixo dos 12 graus, enquanto a das grandes fábricas é processada, em geral, entre os 16 e os 17 graus.
Apesar de possuir o mesmo teor alcoólico da cervejaindustrializada (4,5%), o chopp natural é isento de corantes e o fermento permanece vivo no líquido, garantindo a reposição do complexo B no consumidor e neutralizando qualquer indisposição estomacal.
Além de atender o movimento da casa com 60% da produção de 10 mil litros de chopes mensais, a Belts Beer também comercializa a sua bebida para uso doméstico, através da venda de barris de chopp.
Bierland – Quando começou a produzir, em 2003, a capacidade instalada daBierland era de 20 mil litros/mês, tendo sido posteriormente ampliada para 60 mil litros/mês após a compra de novos equipamentos de produção e extração do chope. Abrangendo inicialmente a zona de Santa Catarina, a distribuição da Bierland espera alargar o seu campo de atuação através do lançamento de novos projetos, nomeadamente o envasamento dos seus produtos, o que permitirá uma venda mais fácil por todo o Brasil.
Nesta cervejaria, a qualidade do chope é assegurada pelo mestre cervejeiro Ilceu Dimer, que trabalha no ramo desde 1977.
Relativamente aos produtos que comercializa, a Bierland apresenta três variedades: o Chope Pilsen (teor alcoólico de 4,8%), o Chope Bock (é uma variação de uma lager, de coloração escura e de teor alcoólico de 5,8%) e o Chope Weizenbier (naturalmente turvo, é produzido com malte de cevada e de trigo).
Borck – A cerveja Borck foi lançada em 1996 na cidade de Timbó – SC, fruto da vontade de Brunhard Borck em criar uma pequena firma onde se pudesse elaborar cervejas de qualidade e de modo artesanal, como é habitual na Europa. No dia 25 de Agosto de 1996, sai dos tanques da companhia a primeira cerveja, elaborada sob a direcção do mestre cervejeiro húngaro Zoltan Yhaz.
Atualmente, a Borck já é distribuída nas cidades de Jaraguá do Sul, Balneário de Camboriú, Blumenau, Canoinhas, Lages, Indaial, Pomerode e Rio do Sul, para além de Timbó, claro. Produzindo cerca de 20 mil litros por mês, a Borck comercializa os chopes Pilsen e Malzbier.
Cervejaria Abadessa – Após morar 13 anos em Munique, o epicentro cervejeiro da Alemanha, e trabalhar na Cervejaria Spaten Brauerei, detentora da marca Franziskaner Weissbier entre outras, Herbert Schumacher regressou ao Brasil em 1999, com o objetivo de criar um espaço onde as pessoas pudessem desenvolver o gosto pela cultura cervejeira alemã. Tal sonho viria a tornar-se realidade em 2005, ano em quejuntamente com os irmãos Rosenbach e um grupo de investidores da Baviera liderados por Gunther Warter, fundou a Cervejaria RSW Abadessa.
O início das atividades fabris aconteceu a 2 de Abril de 2006, com a produção de 750 litros de Festbier no município de Pareci Novo/Vale do Cai – Rio Grande do Sul. Presentemente, produzem as cervejas Abadessa Export, Slava Pils, Abadessa Helles, Dunkles Nektar, Abadessa Weizenbier, Frankonia Rauchbier, Abadessa Festbier e Emigrator Bock/D-Bock.
Cervejaria Baden-Baden – Esta microcervejaria produz, possivelmente, algumas das melhores cervejas do Brasil. Desenvolvidas por dois Carlos Hauser (pai e filho), as cervejas são o complemento perfeito para uma deliciosa refeição, tipicamente alemã, servida na choperia Baden-Baden.
Localizada em Campos do Jordão, a cervejaria que lhe está associada produz inúmeras cervejas de qualidade, como a Red Ale (estilo Barley Wine; 7,5% ABV), a Cristal (estilo Pilsen; 3,8% ABV), a Golden (estilo Ale; 3,8% ABV), a Stout (6,5% ABV), a Bock (5.5% ABV) e a 20 Anos (cerveja estilo Bitter Ale e comemorativa dos 20 anos da choperia Baden-Baden).
Para além destas, existem igualmente duas cervejas sazonais: a Celebration Inverno (estilo Doppelbock; 8,2% ABV) e a Celebration Verão (estilo Weiss; 5,5% ABV). Infelizmente, o espaço é pouco para descrever todas as qualidades das cervejas atrás mencionadas, algo facilmente constatável pelo reconhecimento e prémios internacionais que algumas delas já obtiveram.
O único conselho que deixamos é: se realmente gosta de cerveja, experimente uma Baden-Baden!
Atualização: em Janeiro de 2007, a Schincariol comprou a Baden-Baden.
Cervejaria Bierbaum – Bierbaum ou “Árvore de Cerveja” é o nome de um dos sócios desta companhia, formada pelos austríacos Josef Suppan e Karl Bierbaum e família. Adeptos do conceito europeu de se produzir cervejas artesanais e diferenciadas, em ambientes em que o público possa visualizar o processo de fabricação, decidiram inaugurar em 2004, na cidade de Treze Tílias – Santa Catarina, uma microcervejaria anexa ao restaurante Edelweiss.
De início, a capacidade de produção era de 10 mil litros/mês, com opção de três sabores: chopp pilsen, frutado e escuro. A empresa, além de servir o chopp no local, diretamente dos tanques da cervejaria a uma temperatura de -1º C, disponibiliza também o produto em barris de 10, 15, 30 e 50 lts. Como nome comercial, os donos escolheram “Edelbier”, que traduzido para português significa “Cerveja Nobre”.
Cervejaria Canoinhense – Tudo começou na estrada Itapocu em Corupá – SC, local escolhido por João Otto W. Loeffeland para instalar uma pequena cervejaria. Tendo chegado ao Brasil em 1897, procedente da Alemanha, Otto casou-se já no país e, nessa altura, decidiu mudar o sobrenome para Loeffler.
Em 1924, Loeffler instala-se em Canoinhas e adquire a Cervejaria Canoinhense (fundada em 1908 por Luis Kaesemodel), que é provavelmente a cervejaria artesanal mais antiga do Brasil. Aí passa a produzir a cerveja escura de alta fermentação com a marca Nó-de-Pinho. Sobre a direcção do atual dono e mestre-cervejeiro, Rupprecht Loeffler, aCervejaria de Canoinhas – SC produz cerveja e chope artesanais baseados numa receita que está na família há 5 gerações, seguindo a Reinheitsgebot – Lei da Pureza Alemã.
Os tonéis de carvalho onde as cervejas maturam foram trazidos da Alemanha e têm mais de um século. A produção é de cerca de 1500 garrafas por mês. As suas principais marcas são a escura Nó de Pinho, a clara Jahu e a Mocinha. Todas possuem um teor alcoólico a rondar os 3%. Junto à fábrica fica o bar que é tão antigo quanto a cervejaria, estando decorado com animais empalhados.
Cervejaria Cevada Pura – Fruto do espírito empreendedor de dois jovens do interior do estado de São Paulo – Carlos Alberto Colombo e Alexandre Augusto Peres Moraes, a Cevada Pura teve o seu início no ano de 1998, altura em que estes dois amigos formaram uma sociedade com o objetivo de produzir chopp de qualidade. Tendo escolhido Piracicaba como local para instalarem a fábrica, teriam de aguardar até Setembro de 2001 até que esta estivesse pronta a laborar.
Atualmente, a empresa vende chopp em barris de 15 a 50 litros, podendo estes conter as variedades Pilsen Cevada Pura (teor alcoólico de 3,8% e cor opaca devido a não ser filtrada), Chopp de Trigo (cor alaranjada e teor alcoólico próximo dos 5,5%) e Chopp Escuro (cerveja tipo stout, com teor alcoólico entre os 6% e os 7%).
Cervejaria Cidade Imperial – Localizada em Petrópolis, estado do Rio de Janeiro, esta cervejaria produz o exclusivo Chopp Premium, fabricado utilizando processos idênticos aos que são ainda usados nas microcervejarias alemãs.
Aproveitando a excelente água que existe em Petrópolis, reconhecida como uma das melhores do país, e fazendo uso de uma fórmula trazida por imigrantes alemães que obedece rigorosamente à Lei da Pureza da Cerveja Alemã, o chopp Imperial apresenta um excelente sabor e não recorre ao uso de conservantes.
Existente nas versões escura e clara, o chopp pode ser adquirido em barris de 10, 30 ou 50 litros. Pode também experimentar a versão âmbar, resultante da mistura da cerveja escura com a clara.
Cervejaria Colorado – A Cervejaria Colorado, do carioca Marcelo Carneiro da Rocha, é um bom exemplo da forte aposta que alguns empresários estão a fazer no segmento das microcervejarias.
Há quase dez anos, montou a sua própria empresa na Capital do Chope (leia-se Ribeirão Preto), onde produz três tipos de chopes Premium: a Weissbier (de trigo, não filtrado), o tradicional Pilsen e o elaborado Índia Pale Ale, este último já classificado pelo guru da cerveja, Michael Jackson.
Os chopes Premium da Cervejaria Colorado são elaborados com a mais pura água do Aquífero Guarani. A fórmula de sucesso leva ainda malte seleccionado, lúpulo checo, fermento especial e uma grande dose de criatividade no processo de elaboração.
As cervejas Colorado podem ser encontradas em vários locais de Ribeirão Preto, em Sertãozinho (Bar do Pedrão), Angra dos Reis (Hotel Portobello e Hotel do Frade), Campos Jordão (Hops Bar) e São Paulo (Restaurante Arábia, Bar 13, Nyc Nyc, Terraço Paulista e Finnegan’s Pub).
Cervejaria da Ilha – Situada em Florianópolis – Santa Catarina, esta microcervejaria produz o Chopp Ilhéu, que surge em três estilos diferentes: pilsen, stout e red ale. Curiosamente, a água utilizada para fabricar a cerveja é captada num lençol freático que passa por baixo da fábrica! Para além disso, os tanques de fermentação e cozimento foram fabricados no próprio local, o que transmite uma característica especial a esta cervejaria.
Cervejaria Estância Alto da Serra – Esta nova aposta do empresário Elói Carlone, dono da Estância Alto da Serra, espaço que é uma referência em shows country e sertanejo, fica localizada em Itaim – SP.
A cervejaria tem capacidade para receber 2 mil pessoas e a sua arquitetura rústica reproduz o animado cenário de um saloon com 5 ambientes: o piso de entrada, a ‘mezzanine’, a cachaçaria, a loja e a pista de dança. Para além dos inúmeros espectáculos, é também um bom local para jantar e para experimentar os chopps Estância, nomeadamente o Premium, o Black, o Menta, o Groselha e o Vinho.
Cervejaria Fellice – A Cervejaria Fellice foi inaugurada a 10 de Junho de 2002, sendo a primeira e, até ao momento, única cervejaria artesanal de Manaus.
No seu interior, a Fellice tem capacidade para 400 pessoas sentadas, distribuídas em 6 ambientes diferentes: ‘Mezzanine’ externo, ‘Mezzanine’ Interno, Sala Vip, Térreo externo, Salão principal e Adega.
Nestes locais pode-se apreciar 4 tipos diferentes de cerveja: a Pilsen – o estilo mais tradicional no Brasil; a Ale – de alta fermentação; a cerveja Escura – produzida com um malte que lhe oferece esta cor e a Weizen – cerveja clara de trigo de alta fermentação e naturalmente turva. As cervejas foram desenvolvidas pelo mestre cervejeiro André Nothaf e seguem os mais rigorosos padrões de qualidade e higiene, mantendo a Lei de Pureza Alemã.
Cervejaria Heimat – A Heimat foi fundada em 2005 na cidade de Indaial, na região do Médio Vale de Santa Catarina, conhecido como Vale Europeu, devido à forte presença de imigrantes de origem alemã. Os proprietários são Georg Sigmar Nuber e a sua irmã Elisabeth Nuber, descendentes de alemães da cidade de Lindau.
A receita da cerveja foi resgatada pelo dono da Heimat à história dos seus familiares, que já faziam cerveja nos porões das suas casas medievais. Heimat significa “terra natal”, homenagem aos avós de Georg Nuber.
Cervejaria Imperial – As portas da Imperial foram abertas em Outubro de 2003, no mesmo endereço que abrigou por muitos anos o Zillerthal, no conhecido Largo de Moema, São Paulo. O espaço da cervejaria é acolhedor e a decoração é inspirada no Brasil Imperial.
O prédio de dois andares é recheado de raridades que compõem o Museu da Cerveja, com peças que pertenceram à antiga fábrica da Bohemia, fundada em 1853, em Petrópolis – RJ e à Companhia Antarctica Paulista, entre outras. Produzindo chopp claro e escuro, elaborados em colaboração com a AMBEV, a casa serve também pratos típicos alemães, petiscos, massas e saladas. Destaque para a feijoada em buffet, servida aos almoços de Sábado.
Cervejaria Independente/Palma Louca Pils – A Cervejaria Independente de Toledo – PR não é propriamente uma microcervejaria, apesar do seu tamanho não ser comparável a uma Brahma ou Kaiser. A sua especificidade reside no fato de apostar fortemente no mercado da exportação.
Tal apetência pelo exterior iniciou-se com a venda nos Estados Unidos e França da Xingu Black Beer (1988), uma cerveja preta, forte, que já ganhou a medalha de ouro do Beverage Testing Institute de Chicago.
Mais recentemente (1998) a firma lançou a Palma Louca Pilsen, um produto que apela à imagem exótica que o Brasil transmite para os outros países. Trata-se de uma cerveja tipo lager, muito refrescante e suave, bem ao gosto de países com climas quentes.
Cervejaria Mistura Clássica – Localizada em Volta Redonda – RJ, esta microcervejaria produz chopp próprio, distribuindo-o por cidades próximas da sua sede, nomeadamente Barra Mansa, Valença e Resende.
A cerveja é elaborada sem corantes e estabilizantes e as receitas seguem o enunciado pela Lei da Pureza Alemã – a Reinheitsgebot. Na sua fórmula utilizam apenas elementos naturais como água purificada, malte, lúpulo e fermento.
No bar da fábrica da Mistura Clássica, para além dos petiscos e vários pratos de carne ou marisco, é possível experimentar o Chopp Pilsen, o Chopp Premium, o Chopp Extra, o Chopp Ale Amber, o Chopp Stout Café (mistura bastante curiosa entre chopp e um toque de café) e o Chopp Pilsen Frambor (cerveja Pilsen com aroma natural de framboesa).
Cervejaria Munique – Com mais de 20 anos de história, a cervejaria Muniquefoi pioneira neste segmento, ao instalar-se dentro de um shopping center, em São Paulo.
Desde a sua inauguração em 1984, a condução dos destinos da companhia ficou a cargo de Arno van Enck, que tem no seu currículo, entre outros, a gestão do conhecido restaurante Recreio Holandês, que esteve instalado num tradicional bairro Alemão de São Paulo entre 1930 e 1983.
Para além de várias marcas de cerveja estrangeiras, aqui também é possível apreciar o chopp Munique, produto exclusivo e fabricado na cidade de Vinhedo, a 70 Km de São Paulo.
A partir deste último, é possível fazer várias misturas, entre as quais se destacam a Choco Beer (chopp claro com licor de cacau), a Beerberry (chopp claro com groselha), a Blu Beer (chopp claro com Curaçao) e a Royal Beer (chopp claro com licor de cassis).
Cervejaria Paulista – Com dois estabelecimentos distintos, um em Guarulhos e outro em Tatuapé, aPaulista, apesar do nome, não produz chopp próprio, antes vendendo o da Brahma. No entanto, este merece um tratamento especial, saindo de torneiras douradas e podendo ser misturado, para quem preferir, com uma dose de groselha, licor de menta ou até de tequilla. De resto, muita música, dança e animação.
Cervejaria Premium/Fass – Pertença do grupo Aralco (Araçatuba Álcool S/A), a Cervejaria Premium resultou do investimento de 68 milhões de reais, necessários para a produção da Fass (barril, em alemão): cerveja leve, tipo pilsen e com graduação alcoólica de 4,8%. A primeira unidade, localizada em Frutal-MG, tem potencial para produzir mais de 100milhões de litros de cerveja por ano.
A escolha da cidade no Triângulo Mineiro foi motivada por dois aspectos fundamentais: a qualidade da água e a localização estratégica para a distribuição do produto, que inicialmente teve a sua comercialização feita em quatro Estados: Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Na primeira fase de produção, a Cervejaria Premium estima colocar no mercado cerca de 35 milhões de litros/ano, podendo estender esta capacidade até chegar aos tais 100 milhões de litros, dependendo da aceitação do produto nos diferentes mercados em que vai atuar.
Cervejaria Universitária – Estabelecida em Barão Geraldo – SP desde 2002, a Universitária já conquistou a região de Campinas com a sua cerveja artesanal de alta qualidade. Com uma produção de 25 mil litros de cerveja, a empresa do mestre cervejeiro Reynaldo Fogagnolli (ex-Brahma) tem duas lojas de fábrica em Valinhos e Vinhedo, para além das fábricas em Barão Geraldo, Americana e Itu.
Todas as cervejas da Universitária são feitas sem corantes ou aditivos, seguindo a Reinheitsgebot ou Lei de Pureza da Baviera, de 1516, podendo ser degustadas em quatro estilos diferentes: a Pilsen Clássica, a Amber (cerveja de alta fermentação, elaborada com maltes especiais que lhe conferem a cor), a Porter (escura e de alta fermentação, com graduação alcoólica de 7% vol.) e a Hefeweizen (turva e de alta fermentação).
Cervejaria Zanni – Em 1975, José Eugénio, um então jovem empreendedor, tornou-se revendedor de cerveja em Maringá, dando início a um longa carreira de 30 anos no mercado cervejeiro. Em Londrina, nos anos 70, criou a revenda Belon, que comercializava os produtos Skol e em 1994 adquiriu o parque fabril de refrigerantes da Brahma, em Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina), tendo aí instalado a Indústria de Bebidas Zanni, onde começou a produzir o refrigerante ”Guaratuba”.
Atualmente, a Cerveja Zanni é feita numa das fábricas mais modernas da América Latina, estando a comercialização a cargo do grupo Allston Brew. A Zanni é do tipo pilsen, suave e com baixo teor alcoólico. Uma das suas principais características reside no “blend do malte feito com cevada importada”, ingrediente desenvolvido para compor a cerveja Zanni e que lhe garante assim um sabor exclusivo.
Chopp do Fritz – Formado como mestre-cervejeiro pela Universidade de Berlim, Jörg Schwabe, 52 anos, trabalhou para grandes empresas cervejeiras durante 22 anos. Em 1993, já com capacidade financeira suficiente para criar a sua própria marca, apresentou o Chopp do Fritz, localizado em Sumaré. Hoje, a Cervejaria Chopp do Fritz tem uma produção mensal satisfatória, mas os diretores da empresa têm a perspectiva de dobrar os números atuais (cerca de 100 mil litros por mês). A cervejaria trabalha com quatro tipos diferentes de chopp.
São eles: o Klar (chopp claro tipo pilsen, de baixa fermentação); a Koelsch (reserva especial, chope de alta fermentação e não filtrado); a Dunkel (chopp escuro de baixa fermentação) e o Natur (chopp pilsen de baixa fermentação e não filtrado), que são distribuídos nas choperias Beppo e Mitto, de Americana, assim como numa dezena de estabelecimentos de Campinas e regiões adjacentes.
DaDo Bier – A DaDo Bier é um mix de restaurante, bar, música ao vivo, festas e, claro, cerveja. Situada em Porto Alegre, a empresa chegou a ter uma fábrica no Rio de Janeiro, com capacidade para 60 mil litros mensais. No início de 2001 a DaDo já tinha encerrado as atividades de uma outra microcervejaria em São Paulo (que reunia uma pequena unidade de produção, restaurante, bar e boate no mesmo local), aberta em 1996.
Em 2000 também arrendou uma operação semelhante situada no Rio de Janeiro, a funcionar desde 1998, permanecendo apenas com a produção de cerveja.
O objetivo passa por concentrar todas as operações em Porto Alegre. A cerveja artesanal DaDo Bier é produzida sem nenhum aditivo químico ou cereal não maltado, utilizando apenas lúpulo, malte, fermento e água. É uma cerveja aromática, com teor médio de amargo e volume alcóolico que varia entre os 3,5 e os 4%.
Devassa – A Devassa, dos sócios Cello Macedo, Marcelo do Rio, Joca Muller e Tito Lívio Macedo, é uma cerveja produzida numa unidade própria de mil metros quadrados, instalada na zona portuária do Rio de Janeiro, que contou com investimentos da ordem dos 1,5 milhões de reais e que surgiu no ano 2000. A produção mensal da fábrica é de 70 mil litros, dos quais 16 mil são engarrafados. A expectativa é chegar a 360 mil litros/mês, a capacidade máxima de produção.
Além do Rio de Janeiro, a Devassa já tem um ponto de venda em São Paulo e oito em Londres, onde tem tido uma aceitação excepcional, com direito a citação noSunday Times, que a apontou como a bebida mais badalada do Rio de Janeiro!
A cerveja é produzida em três estilos diferentes: a Devassa Loura, do género Pilsen, com características clássicas, mas com sabor mais apurado que uma Lager comum; a Devassa Ruiva ou Ale, uma cerveja mais encorpada, desenvolvida especialmente para o clima brasileiro, daí ter sido baptizada como Tropical Ale; e a Devassa Negra ou Dark Lager somente na versão chope.
Atualização: Em 2007, a cervejaria Devassa foi comprada pela Schincariol por 30 milhões de reais. Com um faturamento anual de 12 milhões de reais, a rede Devassa, com 13 bares no Rio de Janeiro e em São Paulo e uma fábrica no Rio, tornou-se rapidamente numa das marcas mais conhecidas de cerveja e chope artesanal no Brasil.
Fábrica do Chopp – Fundada pelos irmãos René e Ricardo Davanço Fontes, a Fábrica do Chopp localiza-se na na Rua Paulo Franco, 267, Vila Leopoldina – São Paulo. Aí, num espaço com 600 metros quadrados, é produzido o Chopp Imperatriz, a marca própria da empresa. Foram investidos R$ 1 milhão na microcervejaria para produzir 25 mil litros de chope por mês, sendo que a elaboração das receitas ficou a cargo do mestre cervejeiro Michael Walter Trommer. O Chopp Imperatriz é produzido com maltes, lúpulos e leveduras importados, sem conservantes ou aromatizantes. A água é oriunda da região serrana de Lindóia.
A microcervejeira conta ainda com um espaço reservado para a degustação, destinado a pessoas que queiram experimentar a qualidade do produto e ainda aprender mais sobre o processo de fabricação, acompanhados pelo mestre cervejeiro. Atualmente, a Fábrica do Chopp produz a Imperatriz Black Beer, a Imperatriz Pilsen, a Imperatriz Porter e a Imperatriz Red Ale.
Factory Beer – A Cervejaria Factory Beer surgiu após a reformulação do projeto inicial da discoteca Factory Club que, em Outubro de 1998, lhe viu ser adicionado um espaço onde se produzia cerveja artesanal de qualidade. Situada na região do Grande Porto Alegre, mais precisamente em São Leopoldo, a empresa produz atualmente a Pilsen Natural (de coloração dourada, mas de aparência turva por não passar pelo processo de filtragem), a Pilsen Cristal (também de coloração dourada, esta cerveja passa pelo processo de filtragem, deixando a cerveja cristalina) e a WeekBeer (feita a partir da Pilsen Cristal, são empregadas essências/aromas naturais, como chocolate, pitanga, jasmim, entre outros sabores, o que lhe dá características distintas).
Falke Bier – A história desta companhia começou em 1988, ano em que são fabricadas as primeiras 260 garrafas – 2 kits de cerveja caseira, por Marco Antonio Falcone, no sítio da família, próximo da cidade de Belo Horizonte. A marca inicial era “Cirvizia Aquila” e a produção destinava-se essencialmente a amigos e familiares. O verdaderio arranque dá-se em 2000, altura em que Falcone viaja pela Europa e pelo Brasil, visitando várias microcervejarias e estudando métodos de produção. Após vários testes, construção do edifício-sede e aquisição de máquinas e do ‘know-how” necessário, o primeiro chopp Falke Bier viria a ser comercializado no dia 28 de Junho de 2004, no bar “Mercearia Lili”. A empresa produz atualmente o Chopp Falke Bier Pilsen, o Chopp Falke Bier Ouro Preto e o Chopp Falke Bier Red Baron, produtos que podem ser saboreados em vários locais como o Café Kahlua, o Botequim do Pinguim ou o Café Pasárgada. Há ainda que destacar a Falke Tripel Monasterium, uma cerveja exclusiva, ao estilo Belgian Triple. Na sua composição entram maltes de cevada, trigo e aveia e ainda sementes de coentros e cascas de laranja. É refermentada na garrafa e envasada em garrafas estilo champanhe, com tampas de rolha. Os copos também são muito bonitos (de cristal e gravados a ouro) e produzidos propositadamente para esta cerveja.
Hamburg Bier – Localizada em Novo Hamburgo – RS, aCervejaria Hamburg Bier oferece chopp preto e branco, produzido artesanalmente na cidade de Teutônia. Inaugurada em 2003, esta microcervejaria tem restaurante, pub, mesas de bilhar e outras atrações, nomeadamente espectáculos ao vivo e diversas festas temáticas. Na área das refeições, destaque para o buffet de panquecas, pratos típicos alemães, massas e pizzas.
Haus Bier – A microcervejaria Haus Bier foi fundada em 1998 na cidade de Vilhena – RO. Idealizada por Hermes Balcon, um paranaense de origem alemã, e com a ajuda do seu primo Orlando Hanemann, um mestre cervejeiro com 32 anos de experiência na Brahma, a cervejaria pretendia trazer para o norte do Brasil o típico ambiente de uma microcervejaria artesanal alemã, local onde o cliente pode degustar a cerveja diretamente no local de produção. O sucesso foi imediato e a Haus produz hoje cerca de 80.000 litros de cerveja por mês. Aliás, rapidamente a notícia da qualidade da Haus se espalhou, fato que originou o aparecimento de inúmeros interessados em produzir cerveja nos mesmos moldes. Assim, no ano 2000, por força da insistência dos empresários interessados em produzir cerveja gastronómica Haus Bier, surgiu a necessidade de se constituir uma empresa (Indústria Metalúrgica) para fabricação de equipamentos para montagem de Microcervejarias Gastronómicas dentro do padrão cervejeiro Europeu. Nasce então a Rondinox-Haus Bier Ind. e Com. de Microcervejaria Ltda-EPP”. No restaurante da Haus Bier é possível degustar o Chopp Lager, Chopp Cristal, Chopp Escuro, Chopp com menta e Chopp com caramelo.
Klaus Bier/Cervejaria Donauer – O “Chopp Alemão” – Klaus Bier é produzido e envasado na Cervejaria Donauer, em Foz do Iguaçu – Paraná. Fruto do investimento do alemão Albert Donauer, a fábrica surgiu da vontade deste mestre cervejeiro em montar o seu próprio negócio, após ter trabalhado para diversas empresas de cerveja brasileiras.
Atualmente, a firma produz o Chopp Pilsen (baixa fermentação; 4,8% ABV), o Chopp Premium (baixa fermentação, cor escura e 4,8% ABV) e o Chopp Wein Bier. Este último é bastante característico, pois recebe 25% de vinho puro de uva na sua fase de maturação, o que dá origem a um produto de coloração rosada, bem frutado, com sabor a uva e levemente adocicado, tendo um teor alcoólico próximo dos 6%. A área de distribuição do chopp centra-se maioritariamente à volta de Florianópolis.
Krug Bier – A Krug Bier, microcervejaria de Belo Horizonte – Minas Gerais, produz chopp de forma artesanal, utilizando tecnologia e ‘know how’ de origem austríaca, mais propriamente da Grieskirchner, uma cervejaria com quase 300 anos de tradição. Inaugurada em 1997, a companhia apostou no mestre cervejeiro Arnaldo Ribeiro para elaborar e controlar a qualidade das cervejas da casa. E essa (boa) qualidade foi certamente conseguida, já que hoje os chopes Krug Bier, claro e escuro, são Premium, eleitos e premiados por um júri internacional altamente qualificado, no 1º Concurso Brasileiro de Cervejas Especiais, realizado pela ABMIC e Miller Freeman na Fispal 2000.
Para produzir os seus chopes (Krug e Cristal – claros, Âmber – escuro e Weizenbier – malte de trigo), a microcervejaria segue rigorosamente a Lei de Pureza da Baviera, na qual somente os componentes clássicos são utilizados na produção: água, malte, lúpulo e fermento, sem a adição de outros cereais não maltados.
Leviana – Lançada pela rede carioca de botequins Manoel & Juaquim, a cerveja Leviana conta com um rótulo desenhado pelo cartonista Miguel Paiva, sendo que o seu desenvolvimento se deveu a André Nothaft, ex-Devassa. Na sede da companhia, situada em Engenho de Dentro, bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro, pode-se experimentar o chopp cremoso ou a Leviana Premium em garrafa.
Lupus Bier – No dia 17 de Dezembro de 2002, foi inaugurada a primeira microcervejaria do Ceará, localizada na Rua dos Tabajaras – Praia de Iracema, em Fortaleza. O empreendimento, com capacidade para 500 pessoas sentadas, é um estabelecimento com buffet, churrascaria, pizzaria e massas preparadas na hora. Na microcervejariaLupus Bier, são produzidas cervejas do tipo pilsener e escura, para além das cervejas com frutas (morango, abacaxi, maçã, canela e caju), que podem ser degustadas nas 11 mesas de confraria que aí se encontram instaladas. As cervejas frutadas foram desenvolvidas no próprio estabelecimento pelo responsável químico e cervejeiro Evandro J. Zanini. Atualmente, a capacidade de produção instalada ronda os 40 mil litros/mês e o espaço é já um ponto de atração tanto para locais como para turistas.
OPA Bier – A Opabier é uma cerveja produzida de forma artesanal, em Joinville, que segue a Lei Alemã da Pureza de 1516. A sua elaboração é supervisionada pelo cervejeiro Elmar, pessoa com largos anos de experiência da AMBEV e da cervejaria artesanal Heimat. Com uma capacidade inicial de produção perto dos 8 mil litros mensais, a companhia produz um chope suave e refrescante. O nome OPA foi sugerido por ser um cumprimento típico da região e por, em alemão, significar avô, o que apela à tradição. Para além do mais, é uma expressão simples de memorizar.
Pils – Em 2002, a empresa DINHO Bebidas lançou a Cerveja Pils, um produto com perfil popular e que opta por oferecer um bom sabor a preços competitivos.
Atuando no segmento das bebidas há alguns anos, nomeadamente através da produção de aguardentes e outras bebidas destiladas e na distribuição de cerveja, foi com naturalidade que a companhia decidiu passar a fabricar a sua própria cerveja. Inicialmente distribuída na região de Curitiba, aPils já pode ser encontrada em diversas cidades do Paraná e de Santa Catarina, através de distribuidores e revendedores.
Para além do chopp, a Pils pode ser comprada em garrafa ou lata e em dois estilos diferentes: a Pilsen e a Malzbier.
Schmitt Bier – As cervejas Schmitt são produzidas artesanalmente na cidade gaúcha de Porto Alegre. A história da cervejaria começou há mais de 20 anos, quando Gustavo dal Ri, sócio da empresa, começou a elaborar cervejas na sua própria casa. Essa produção baseava-se na receita exclusiva de uma vizinha sua, descendente de alemães. A partir dessa época, o então candidato a mestre cervejeiro dedicou todos os seus esforços em pesquisas para aperfeiçoar os seus produtos, formando-se, entretanto, em engenharia química e viajando pela Europa e Estados Unidos para adquirir mais conhecimentos acerca da nobre arte de fazer cerveja. Hoje em dia, a companhia produz a Schmitt Ale, a Schmitt Barley Wine (com 8,5% ABV) e a La Brunette (com teor alcoólico de 4,5%).
Schornstein – Nas vésperas do Campeonato do Mundo de Futebol – Alemanha 2006, abriu uma nova opção na cidade de Pomerode – RS, mais concretamente a cervejaria Schornstein.
O bar oferece aos clientes quatro opções do líquido precioso, todas elas de baixa fermentação: o Pilsen Natural (não filtrado), o Pilsen Cristal e oPommern-Bier (do tipo Pale Ale) e a Schorn-Bier (bock, com um sabor levemente adocicado). Os três primeiros têm teor alcoólico a rondar os 4,5% e o último, um pouco mais alto, 7,5%, sendo este uma bela opção para enfrentar o inverno da região. No cardápio, para acompanhar as bebidas, existem quatro tipos de tábuas de frios, três tipos de sanduíches (pão francês, preto e baguete), tiras de Eisbein com cebola assada, Filet Mignon, Picanha, Rosbife, para além das típicas salsichas (cozidas na cerveja e servidas com mostarda amarela e escura).
Stadt Bier – Extremamente recente e moderna (2004), a Stadt Bier é a primeira microcervejaria de Brasília. O edifício que alberga a cervejaria fica situado no Setor de Indústrias Gráficas e dentro dele o consumidor pode vislumbrar todo o processo de fabricação da cerveja que vai beber.
Um enorme balcão divide o espaço: de um lado, ficam os imensos tanques de aço, que podem produzir até setenta mil litros dabebida; do outro, mesas e cadeiras para atender até 150 pessoas.
O grande destaque em termos de cerveja vai para os chopes da casa, vendidos em três estilos diferentes: o Schwartz (escuro, de puro malte, sem conservantes ou estabilizantes), o Kristal (claro, produzido apenas com água, malte e lúpulo; cor dourada e aparência límpida) e o Stadt (aparência turva, decorrente da não filtração). Para além destes, é também possível experimentar algumas cervejas estrangeiras, excelentes para acompanhar uma picanha ou um hambúrguer.
Zehn Bier – Quando a família Zen decidiu criar uma fábrica, em Brusque – SC, destinada à produção de cerveja artesanal, um dos filhos do Sr. Hylário, mentor do projeto, escreveu Zehn numa folha de papel. Era o sobrenome da família, mais o H do pai. E significa dez em alemão. Inaugurada em 2003 e com uma capacidade de produção a rondar os 50 mil litros mensais, a Zehnelabora, hoje em dia, os chopes ZeHn Bier Pilsen e Porter. Mais recentemente a firma passou também a disponibilizar o chope em garrafas de 600ml. O chope é engarrafado sem pasteurizar, fazendo com que a validade da bebida seja apenas de 30 dias. A produção inicial vai ser de 100 caixas semanais de 24 garrafas de 600ml.
Nesta parte da História da Cerveja no Brasil, iremos falar daquelas pequenas companhias produtoras de cerveja de grande qualidade, em geral conhecidas por microcervejarias.
Muitas das empresas aqui listadas produzem cerveja e chopp de grande qualidade, apesar da sua divulgação ser apenas local ou regional.
É um texto que, por isso, vai estar em constante evolução.
Por razões óbvias a ordenação vai ser feita pelas iniciais de cada tópico:
Bruder Bier – Fundada em 2005, na cidade de Lauro de Freitas – Bahia, a Brüder Bier surgiu da iniciativa de dois irmãos austríacos radicados no Brasil, mestres-cervejeiros com formação na renomada Universidade Técnica de Munique, Weihenstephan Alemanha. Após acumularem mais de 30 anos de experiência ao trabalharem para as maiores companhias cervejeiras do Brasil e não só, acabaram por conseguir realizar o sonho, em parceria com a Egisa, de montar uma fábrica própria. O chopp Brüder Bier segue os mesmos padrões de qualidade estabelecidos pela Lei de Pureza de 1516, contendo na sua formulação apenas lúpulo, malte, fermento e água. Por não possuir nenhum aditivo químico ou cereal não maltado, a Brüder Bieré comercializada apenas na forma de chopp, em barris de 30 e 50 litros.
Cerveja Backer – Tudo começou com o sucesso do chopp Backer, lançado na inauguração da churrascaria Porcão de Belo Horizonte. A grande aceitação que a receita do chopp artesanal teve, levou à produção da cerveja Backer, a primeira cerveja artesanal do estado de Minas, originária da Serra do Curral. Aposta dos irmãos Halim e Munir Khalil, a companhia chegaria ao mercado mineiro em Outubro de 2005. Para além do chopp Backer claro e escuro, a companhia produz também a cerveja Trigo (de alta fermentação e paladar suave, apresenta notas de cravo e aromas frutados), a cerveja Pilsen, a cerveja Brown (coloração escura proveniente da torrefação dos maltes; baixa fermentação) e a cerveja Pale Ale (alta fermentação, ruiva, encorpada e de amargo pronunciado).
Cerveja Bonanza – Produzida pela Montecarlo Indústria de Bebidas, Ltda, de Flores da Cunha – RS, a Bonanza é um produto recente de uma empresa que baseia o seu negócio essencialmente em refrigerantes, sejam eles sumos ou colas.
A Bonanza é uma cerveja tipo Pilsen e que segue o conceito da firma: “Viva Bonanza – O sabor da vida!”.
Cerveja Buena – A marca de refrigerantes Pakera, fabricante do guaraná Tobi e do refrigerante Grapete, colocou no mercado do estado do Rio de Janeiro, em meados de 2004, a cerveja Buena. “Fica na Buena” é o conceito que a MG (empresa publicitária) desenvolveu para lançar o produto, um dos mais novos concorrentes na “guerra” das cervejas. Marcelo Gorodicht, o mentor do projeto, planeia alargar a distribuição da marca a todo o país, dependendo da aceitação que esta tiver no Rio de Janeiro.
Cerveja Diabólica – É de Curitiba a nova cerveja Diabólica, cerveja artesanal que teve o seu lançamento oficial no dia 21 de Fevereiro de 2009 naCervejaria da Vila – bar da capital paranaense dedicado à cultura da cerveja. Para essa festa foram feitas apenas 350 garrafas da Diabólica. Criada por cinco curitibanos que desejam resgatar as tradições das cervejas antigas, estamos falando de uma IPA (India Pale Ale) que leva sete tipos diferentes de malte e utiliza o Dry Hopping, isto é, a adição de lúpulo ao final do processo de fermentação. Ela é refermentada na garrafa e a sua coloração é avermelhada, com aromas de frutas cítricas e amargor persistent. O publicitário e um dos criadores da Diabólica, Rafael Higino desenvolveu um rótulo vermelho, destacando os 6,66 % de teor alcoólico da cerveja.
Cervejaria Artesanal – Localizada na região de Capim Branco – MG, a cerca de 56 Km de Belo Horizonte, esta microcervejaria, que se parece com uma casa de chope tipicamente alemã, produz o Chopp Cristal Artesanal (chopp pilsen, delicado, suave e de baixo teor alcoólico – entre 3,5 e 4,5% ABV), o Chopp Premium Artesanal (também chopp pilsen mas produzido com matérias-primas seleccionadas), para além dos barris de chopp (10, 15 e 30 litros), tudo supervisionado pelo mestre-cervejeiro Evandro J. Zanini, pessoa com vários anos de experiência quer em cervejarias quer em microcervejarias. Com uma produção inicial próxima dos 12 mil litros mensais e que poderá ser aumentada até um máximo de 340 mil litros/mês, aArtesanal já está presente no restaurante Engenho, próximo da fábrica e ainda em São Geraldo e Sto. Antônio.
Cervejaria Barley – A produção da cerveja Barley começou como um hobby no já distante ano de 1992. Feita artesanalmente, esta cerveja continuou a ser produzida esporadicamente, para consumo próprio, até 2002, ano em que foi fundada a Micro Cervejaria Barley Ltda. A partir dessa data, iniciou-se a comercialização desta marca sendo que, atualmente, a companhia produz o Chopp não filtrado (natural), o Chopp filtrado e o Chopp Bock (apenas no Inverno). A Barley pode ser vendida em barris de 5, 10, 15, 20 30 e 50 litros, para além das garrafas long neck. Adoptando o slogan “Quem prova… não esquece” a Barley centra a sua distribuição no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Tal é natural, visto que é elaborada no município de Capela de Santana – RS. São já várias as localidades onde se pode degustar a Barley e onde existem revendedores, nomeadamente Porto Alegre, Caxias do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Capão da Canoa, Rio Pardo, Venâncio Aires, entre outras.
Cervejaria Bierlim – A Bierlim fica localizada em Limeira – SP. Para além de organizar eventos e churrascadas, a Bierlim também se destaca por produzir o seu próprio chopp, nas variedades Claro, Escuro, In Natura e de frutas (abacaxi e pêssego).
O lema da companhia é: Bierlim, o Chopp Absoluto.
Cervejaria Bruge – A Cervejaria Bruge está localizada em Águas de Lindóia, interior de São Paulo, local conhecido pelo seu microclima e pela qualidade da água. Produz as cervejas Bruge Ale e a Bruge Stout, ambas em garrafas de 500ml. A Ale é uma cerveja de alta fermentação, não filtrada, leve e com uma graduação alcoólica da 4%. Por seu turno a Stout foge um pouco ao típico deste estilo, já que a percentagem de álcool não ultrapassa os 3,2%. O fabricante/fornecedor desta bebida é a empresa Coelho e Arantes Ltda. e pode ser adquirida nas lojas online da Costibebidas ou da Imigrantesbebidas.
Cervejaria do Gordo – No final de 2007 é lançada a Cerveja do Gordo, marca associada à casa de shows Cervejaria do Gordo, localizada junto à Rodovia Presidente Dutra, Km. 57, Lorena – São Paulo. Aberta já há alguns anos, a casa decidiu passar a produzir o seu próprio chopp, instalando uma pequena fábrica dentro da cervejaria (até aí comercializavam outras marcas). A Cerveja do Gordo é um produto puro, sem aditivos, cuja produção é supervisionada pelo mestre-cervejeiro Celso Ehtnig, cervejeiro experiente e com formação alemã. A Cerveja mais gostosa e divertida do planeta é um chopp tipo pilsen que, inicialmente, será apenas comercializado dentro da própria Cervejaria do Gordo.
Cervejaria Farol – Inaugurada em 2003, na cidade de Canela – RS, a Farol é fruto do investimento de um alemão, de Estugarda, que trouxe para o Brasil uma receita ancestral e que respeita a Lei da Pureza Bávara. É possível visitar os tanques onde se fabrica a cerveja, bem como subir a uma torre de 39 metros donde se pode obter uma excelente vista panorâmica de toda a região.
Cervejaria Riopretana – Inaugurada durante 2005, a Riopretana é umaaposta dos sócios Sérgio Francisco, Elisa Mariano e Volmir Gava.
Com sede em S. José do Rio Preto – SP, a companhia produz três tipos de cerveja: a pilsen, cerveja clara, de fórmula alemã e com baixo teor alcoólico; a amber, avermelhada e de origem belga; a porter, cerveja escura, de origem inglesa e com um teor alcoólico mais elevado.
Cervejaria Whitehead – A Whitehead nasceu em Porto Alegre mas está hoje localizada em Eldorado do Sul – RS. Iniciada como hobby pelos amigos Alexandre Carminati, João Carlos Kerber e José Otávio Kerber, a produção de cerveja artesanal só se tornou em algo mais sério a partir de Maio de 2007, altura em que, de uma forma ainda reduzida, se iniciou a produção comercial das cervejas Whitehead. O nome escolhido lembra a “head” de uma cerveja (espuma) assim como remete para a imagem daqueles tradicionais cervejeiros que já possuem os cabelos grisalhos. Os três proprietários são responsáveis por todo o processo de fabricação e distribuição da cerveja, com uma produção atualmente limitada de 3 mil litros por mês.
São fabricados quatro tipos de cerveja: Pale Ale (clara), Porter (com aroma de chocolate, café e malte torrado, amarga e com notas cítricas no gosto), Irish Ale (avermelhada) e Witbier (clara enaturalmente turva, com trigo na fórmula), em estilos inglês e belga, caracterizadas por serem fortes, encorpadas e aromáticas, tendo um foco diferente das grandes empresas do setor.
De fato, a comercialização do produto tem sido feita basicamente para grupos das relações pessoais dos empreendedores e também para eventos realizados em clubes.
Chopp Germana – A Germana, fabricante mineira de cachaça com 25 anos de tradição, lançou o seu Chopp Germana no dia 27 de Maio de 2009, no Alambique Cachaçaria.
A empresa investiu, inicialmente, 700 mil reais no desenvolvimento e fabricação do produto. O Chopp Germana é leve, claro artesanal e não pasteurizado, seguindo a preferência dos brasileiros, consumidores de chopes mais leves, sobretudo do tipo pilsen. Ele também terá versão escura, por meio da novidade do pingo beer, uma espécie de caramelo que se pinga na bebida tornando-a mais escura e adocicada. A bebida está disponível para comercialização em restaurantes, bares, choperias, festas e consumidor final por meio de serviço delivery. A estratégia de distribuição do produto está em expansão e levará a marca para os principais centros do país com reduzido custo operacional, e qualidade de produto e prestação de serviço. A Cachaça Germana e o Chopp Germana fazem parte da União Agropecuária Importação e Exportação de Bebidas Ltda (Uniagro). A produção do chopp está sendo realizada inicialmente no interior de São Paulo. Em breve, o processamento também será realizado na Fazenda Vista Alegre, município de Nova União (MG), mesmo local onde é produzida a Cachaça Germana.
Donau Bier – A Donau Bier é uma microcervejaria de Colônia Cachoeira – PR, que iniciou a sua produção em 2004. Fabrica chopp artesanal, 100% natural, contendo apenas água, lúpulo, malte e fermento cervejeiro, com uma percentagem alcoólica de 4,5%. Fundada por descendentes de imigrantes jugoslavos, nomeadamente por Johann Reinerth e pelo seu filho Harry Reinerth, a companhia pretende produzir o melhor chopp da região, motivo pelo qual só utiliza os melhores ingredientes: lúpulo da Alemanha, fermento da Croácia e malte da Cooperativa Agrária da região.
Front Bier – Inaugurada em 2003, a Front Bier é a primeira microcervejaria da fronteira gaúcha. Aposta dos irmãos Pedro Henrique, Rodrigo e FábioEscosteguy, a cervejaria resulta de um investimento inicial de 700 mil reais e conta com maquinaria bem moderna, capaz de produzir 20 mil litros de chopp por mês. Fica localizada em Sant’Ana do Livramento – RS.
Grupo Imperial – Iniciando-se no mercado das cervejas através da Mulata, o Grupo Imperial, de Trindade – GO, habitual fabricante de refrigerantes, continuou, durante o ano de 2006, a alargar a sua oferta através do lançamento da Imperial, uma cerveja pilsen dourada, que será distribuída em Goiás, Tocantins, Maranhão, Amapá, Pará, Piauí e Distrito Federal. A expectativa, segundo o diretor de marketing do grupo, Fernando Pinheiro, é fazer com que o produto chegue a todo território nacional. O investimento na nova cerveja foi de R$ 400 mil. Já a Mulata tinha resultado de um forte impulso financeiro, cifrado em R$ 10 milhões em equipamentos e instalação da infra-estrutura, mais R$ 1 milhão em marketing. A Mulata é uma cerveja tipo Pilsen, elaborada com uma combinação exclusiva de maltes pilsen e lúpulos importados da Europa, que resultam numa cerveja leve, saborosa e refrescante, com uma espuma cremosa e a sua cor mulata característica.
Konigs Bier – A Probier Cervejaria produz chope com a marca Konigs Bier em Jaguará do Sul-SC e tem como lema “Das Bier von Hier” (A Cerveja Daqui). A produção da Königs Bier é 100% artesanal e respeita a Lei de Pureza da Cerveja (Reinheitsgebot). Baptizada de Königs Bier (Cerveja do Rei), a marca é uma homenagem às sociedades de tiro da região de Jaraguá do Sul, em especial aos Reis – que preservam as competições, desfiles e bailes trazidas pelos colonizadores alemães à cidade. A fórmula de composição do chope apresenta apenas água, malte de cevada, lúpulo e fermento e dispensa o uso de componentes químicos e conservantes. A capacidade da empresa é atualmente de 10.000lts/mês, produzindo apenas o chope tipo Pilsen.
Original Bier – A microcervejaria Original Bier, produzida em Pelotas – RS, foi fundada por Valter Poetsch, em 2000. A Original Bier é uma cerveja com uma fórmula inovadora, sendo elaborada de acordo com a Lei de Pureza (Reinheistgebot) do estado da Baviera, Alemanha, de 1516. Com produção de 14000 litros por mês, a empresa encontra-se instalada no prédio da antiga Fábrica de Fiação e Tecidos da cidade.
Strauss Bier – A Strauss Bier afirma-se como a primeira microcervejaria do Sul do Estado de Santa Catarina, localizada em Criciúma SC e fruto do empreendedorismo dos sócios António Carlos da Silva, António Mazzurana e Adriano José da Silva, coadjuvados pelo mestre-cervejeiro Miguel Ramos. Foi fundada em Novembro de 2006, iniciando a sua produção em Maio de 2007, com capacidade para 20.000 litros/mês.
Atualmente, a empresa atende todo o sul de Santa Catarina e o Norte do Rio Grande do Sul e possui uma capacidada já a rondar os 100 mil litros por mês. A Strauss Bier disponibiliza o Chopp em barris de 20, 30 e 50 litros Chopeira e gás no sistema leva e traz do Disk Chopp Strauss Bier.
A produção centra-se em 4 tipos de chopp: Pilsen, Pilsen Premiun, Red Alle e Escuro.
Fonte: clubesocial.eu
História da Cerveja
Os Sumérios foram a primeira civilização a elaborar a cerveja. Os monastérios medievais que fabricavam a cerveja, como conhecemos atualmente, foram os responsáveis por espalhar o seu conhecimento pela Europa Central.
As bebidas produzidas à partir da fermentação de grãos, já eram fabricadas antes da idade média. Artefatos arqueológicos encontrados, demonstram sinais que houve prática convencional da fabricação de cerveja há 5000 anos atrás.
Como a cerveja não era filtrada, então ela era ingerida por meio de canudos.
As mulheres egípcias utilizavam a espuma da cerveja como rejuvenescedor da pele.
Hoje, nós mulheres, prefererimos beber a cerveja…não apenas passá-la no rosto!
Na América, a cerveja só chegou depois da chegada dos Europeus.
A primeira cervejaria das Américas foi construída em 1544, próximo ao México por Dom Alfonso de Herreira.
As cervejas podem ser de baixa fermentação ou de alta fermentação.
A maioria das cervejas comercializadas são de baixa fermentação.
A maioria das cervejas comercializadas são do tipo Pilsen, caracterizado por uma cerveja clara e com sabor amargo.
Há muitos outros tipos de cerveja como a Bock, a Malzbier, etc.
O teor alcoólico de uma cerveja Pilsen é de aproximadamente 4,5 G.L.
Que a idéia de fermentar o pão veio da fermentação da cerveja?
Antes da cerveja, todos os pães eram ázimos (não eram fermentados). Mas um dia ao observarem a espuma que a cerveja fazia enquanto fermentava, verficaram que esta parecia crescer. Então tiveram a idéia de retirar um pouco dessa “espuma” e colocá-la na massa de pão…daí o pão também fermentou…”cresceu”. À partir desse dia, a maioria das massas de pães passaram a levar fermento.
Ingredientes Básicos de uma Cerveja
Os ingredientes básicos de uma cerveja são:
Água, Malte, Lúpulo e Adjuntos( materiais ricos em carbohidratos)
A água é um dos principais ingredientes de uma cerveja. A cerveja é constituída por 90% de água, sendo assim, ela têm que possuir características determinadas para a produção de cerveja.
O grão que se malteia para fabricar a cerveja é a cevada. Pois a cevada possui várias características (dentre elas o sabor) que são indispensáveis para a fabricação de uma boa cerveja. Malteação é o nome dado à um processo que têm por finalidade “ativar”, no grão de cevada, as enzimas que serão responsáveis pela “transformação” do “mosto” em cerveja.
O Lúpulo é o responsável pelo sabor “amargo” da cerveja. O Lúpulo é uma planta muito cultivada na Europa, e a sua introdução entre os ingredientes da cerveja deu-se devido aos monges da idade média.
Os Adjuntos são substâncias utilizadas para melhorar as características da cerveja.
Como: brilho, cor mais clara, entre outras.
Produção de Cerveja
De uma maneira simples, podemos dizer que a produção de cerveja dá-se da seguinte maneira:
1º) Mosturação
A mosturação têm por finalidade formar uma solução à partir das enzimas do malte.
A mosturação consiste por misturar a água com o malte, ( já moído, para facilitar o processo), e “cozinhar”. Esse processo é marcado por várias etapas.
Essas etapas têm por finalidade: primeiro, promover a mistura homogênea da água com o malte, depois, “ativar” as enzimas para que estas possam agir.
Os açúcares fermenticíveis presentes no mosto cervejeiro são:
Glicose, Maltose e Maltotriose.
O processo de mosturação dura aproximadamente duas horas.
2ª) Clarificação
Após a mosturação, o mosto é filtrado (clarificado) para que seja retirado o “bagaço” do malte.
3º) Fervura
Depois da fitragem, o mosto clarificado vai para o cozimento propriamente dito. Nesta etapa é que são adicionados o lúpulo e o adjunto, e o mosto é colocado para ferver.
Esta fervura têm por função: a concentração e a esterilização do mosto, a inativação das enzimas e a precipitação das proteínas que seriam indesejáveis à continuidade do processo.
Essa fervura dura uma hora ou um pouco mais.
4º) Decantação
Depois da fervura o mosto é trasfegado para um tanque onde todas as substâncias que se precipitaram durante a fervura são decantadas. A solução formada, que contém essas substâncias, é denominada trub.
5º) Resfriamento e aeração
À seguir o mosto é resfriado e aerado. Resfria-se o mosto para impedir o aumento da oxidação e a elevação do amargor, dentre outros fatores. Oxigena-se o mosto para assegurar o teor necessário de O2 para a propagação da levedura e prover a flotação.
6º) Dosagem do fermento
Depois de aerado e resfriado, adiciona-se o fermento (levedura) ao mosto.
A dosagem vai depender do: processo fermentativo, teor de extrato do mosto, temperatura de fermentação, capacidade da dorna de fermentação e duração da fermentação.
7º) Fermentação
Na fermentação é que vai ocorrer a transformação dos açúcares simples em álcool, CO2 e calor.
O processo de fermentação dura aproximadamente 7 dias.
8º) Maturação
A maturação da cerveja é necessária para que haja a produção e saturação de CO2, a cerveja torne-se mais límpida e haja o amadurecimento dos compostos responsáveis pelo paladar.
A maturação pode levar 7 ou mais dias.
Após essas oito etapas a cerveja “propriamente dita” está pronta. As cervejas comerciais passam por uma centrifugação e depois, uma outra filtragem, para dar a transparência e o brilho característicos, além de eliminar todos os resíduos do fermento. Só então, a cerveja é engarrafada e pasteurizada.
A duração média de uma cerveja engarrafada é de seis meses. Após esse período, a bebida perde suas características, entre elas, o paladar e o brilho.
Fonte: www.bardomano.hpg.com.br
História da Cerveja
UMA BEBIDA MILENAR !
A cerveja é talvez uma das mais antigas criações do Homem. Acredita-se que há mais de 10 mil anos, foi descoberto o fenómeno da fermentação e se obteve as primeiras bebidas alcoólicas…
SABIA QUE A CERVEJA TINHA…
USOS MEDICINAIS NA ANTIGUIDADE ?!
Nas antigas civilizações da Babilónia e no Egipto, a cerveja era oferecida aos deuses e era sobretudo bebida por reis e em festas importantes. Os Egípcios também lhe atribuíam efeitos terapêuticos e as mulheres das classes mais altas utilizavam a cerveja para fins cosméticos, para tornar a pele mais fresca e suave e tratar certos problemas de pele.
Na antiga Grécia de Hipócrates, a cerveja era usada como remédio diurético e para combater a febre. Aretus de Capadócia também a recomendava para as diabetes e enxaquecas.
Na Idade Média, a cerveja era reconhecida como um estimulante para melhorar o humor. Propriedades calmantes e de estimulação do apetite eram atribuídas também atribuídas ao lúpulo. Até há cem anos atrás, almofadas enchidas com lúpulo eram recomendadas para casos de insónia.
No início do século XX, com a divulgação dos perigos do consumo de álcool em excesso, a classe médica adoptou uma atitude de cepticismo em relação às bebidas alcoólicas, incluindo a cerveja. No entanto, nos últimos anos tem-se verificado um interesse renovado pelos efeitos benéficos da cerveja na saúde, fruto de estudos científicos que vêm revelar e explicar as várias propriedades salutares desta bebida milenar.
CRONOLOGIA DA CERVEJA
DOS SUMÉRIOS AO SÉCULO XXI
6000 a.C. – Datam de há seis mil anos antes da nossa era, na civilização Suméria, os primeiros indícios históricos sobre uma bebida fermentada feita à base de cereais
3000 a.C – Na Babilónia, o Código de Hammurabi, um dos textos mais antigos da Humanidade, legisla o fabrico, condena o fabricante que for desastrado e regula uma ração diária de cerveja para os trabalhadores e suas famílias
1000 d.C – A cerveja é bebida pelos povos Celtas, Germanos e Escandinavos
Séc. VII – Originalmente de produção doméstica, a cerveja começa a ser produzida por artesãos especializados
Séc XII – Expansão da produção na Europa, em pequenas fábricas de cerveja e nos mosteiros e abadias. Surgem as primeiras Confrarias da Cerveja
Séc. XVI – Promulgada a Lei da Pureza, por Guilherme IV da Baviera, que estipula que a cevada, o lúpulo e a água pura devem ser os únicos ingredientes usados na produção de cerveja
Séc. XVIII – Com a Revolução Industrial, a produção começa a fazer-se em grande escala e o consumo expande-se
Séc. XIX – A produção de cerveja aperfeiçoa-se no seguimento dos estudos de Louis Pasteur sobre a fermentação. O uso da pasteurização permite dar à cerveja mais durabilidade, permitindo o seu transporte a grandes distâncias.
Séc XX e XXI – Com a evolução da tecnologia, as cervejarias passam da fase empírica para a científica. Um cervejeiro moderno é engenheiro, químico ou microbiologista e conta com todos os recursos técnicos e sanitários para a elaboração de um produto tecnicamente perfeito.
SABIA QUE…
A CERVEJARIA MAIS ANTIGA DO MUNDO ERA EGÍPCIA?!
Algumas curiosidades sobre a história da cerveja e seus usos.
Os vestígios da cervejaria mais antiga do mundo foram descobertos no Egipto e datam de 5400 a.C.
Na área da cosmética, escritos de Plínio de há 2000 anos, relatam que as mulheres no Antigo Egipto usavam a espuma de cerveja para tornar a pele mais fresca e clara. Este uso cosmético da cerveja tem um fundamento científico, pois a cerveja contém ácido fosfórico, que favorece o crescimento e manutenção de tecidos celulares saudáveis.
A mais antiga receita do mundo é uma receita de cerveja. Foi descoberta por arqueólogos na Mesopotâmia (na zona onde é hoje o Iraque), gravada numa placa de gesso.
E a quantidade de espuma com que se serve a cerveja é uma questão de gosto pessoal.
No entanto, seja mais alto ou mais baixo, o colarinho ou gravata tem uma função importante: retém o aroma e doseia a libertação do gás carbónico.
Fonte: www.apcv.pt
História da Cerveja
Cerveja é uma bebida fermentada, feita geralmente do malte da cevada. Às vezes é fabricada também a partir do malte de milho ou do arroz. O lúpulo é adicionado durante o processo de fermentação. A cerveja, provavelmente a mais antiga bebida alcoólica, contém de 2 a 6% de álcool.
A mais antiga referência da fabricação da cerveja nos dá conta que ela exista há, mais ou menos, seis mil anos. Sabe-se que os babilônios e egípcios fermentavam-na há mais de seis mil anos. Foram os egípcios que transmitiram a receita aos egeus. A fermentação difundiu-se, então, entre os gregos, romanos e outros povos mediterrâneos.
Durante o séc. 7 os monges descobriram que a cerveja se mantinha melhor no verão se fosse estocada em covas frias nas montanhas. Descobriram também que ela amadurecia após algum tempo. A prática de envelhecer a cerveja desenvolveu-se a partir dessa descoberta.
Há vários tipos dela: a cerveja branca, popular na Inglaterra e Irlanda. A do tipo ‘porter’ é uma cerveja escura inglesa, que tem espuma abundante e pesada.
A ‘stout’ é outro tipo de cerveja escura da Irlanda e Inglaterra: tem um forte sabor de malte e lúpulo.
A cerveja do tipo ‘bock’ é escura e foi fermentada, inicialmente, pelos alemães. O líquido é fermentado no fim do inverno e depois armazenado até a primavera.
No Brasil, a cerveja chegou em 1808, trazida da Europa pela família real portuguesa, em mudança para o então Brasil Colônia. Com a abertura dos portões às nações amigas de Portugal, a Inglaterra foi a primeira a introduzir a cerveja na antiga colônia. Durante a primeira metade do século 19, a cerveja ainda era restrita a uma pequena parcela da população e, praticamente, só havia marcas importadas.
Refrescante e de baixo teor alcoólico, a cerveja, foi conquistando popularidade em nosso país tropical. Por volta de 1860, as marcas estrangeiras Guiness, Porter e Spantenbraü, introduzidas pelo Rei D. João VI, começaram a enfrentar as pequenas concorrentes brasileiras Gabel, Guarda Velha e Logus, cervejas escuras e de alto teor alcoólico. Hoje, a bebida é, sem dúvida, a preferida dos brasileiros e pode-se encontrá-la sob os mais diferentes rótulos.
Como se fabrica a cerveja
A primeira fase do processo produtivo ocorre na chamada sala de fabricação, onde as matérias-primas (malte e adjuntos) são misturadas em água e dissolvidas para que se obtenha uma mistura líquida açucarada chamada ‘mosto’, que é a base para a futura cerveja.
Os processos envolvidos são:
1. Moagem do malte e dos adjuntos
2. Mistura com água
3. Aquecimento para facilitar a dissolução
4. Transformação do amido em açúcar pelas enzimas do malte
5. Filtração para separar as cascas do malte e dos adjuntos
6. Adição do lúpulo
7. Fervura do mosto para dissolução do lúpulo e a esterilização
8. Resfriamento
O Mosto: O processo de produção do mosto baseia-se exclusivamente em fenômenos naturais, tendo grande semelhança com o ato de cozinhar. A fase fundamental é a transformação de amido em açúcar por meio das enzimas do malte.
A Fermentação: Após o resfriamento, o mosto recebe fermento e é acondicionado em grandes tanques, chamados de fermentadores, dando início à fase de fermentação. Nela, o fermento transforma o açúcar do mosto em álcool e gás carbônico, obtendo, assim, a energia necessária à sua sobrevivência. A fermentação é certamente a fase mais importante para o paladar da cerveja, visto que, paralelamente à transformação de açúcar em álcool e gás carbônico, o fermento produz outras substâncias, em quantidades muito pequenas, responsáveis pelo aroma e o sabor do produto.
A Maturação: Concluída a fermentação, a cerveja é resfriada a zero grau, a maior parte do fermento é separada por decantação (sedimentação), e tem início a fase de maturação. Nela, pequenas e sutis transformações ocorrem, que ajudam a arredondar o sabor da cerveja. A maturação costuma levar de 6 a 30 dias, variando de uma cervejaria para outra, em razão da cepa de fermento e do toque pessoal do cervejeiro. Ao término dessa fase, a cerveja está praticamente concluída, com aroma e sabor finais definidos.
A Filtração: Depois de maturada, a cerveja passa por uma filtração, que busca a eliminação de partículas em suspensão, principalmente células de fermento, deixando a bebida transparente e brilhante. A filtração não altera a composição e o sabor da cerveja, mas é fundamental para garantir sua apresentação, conferindo-lhe um aspecto cristalino.
O Enchimento: O enchimento é a fase final do processo de produção. Pode ser feito em garrafas, latas e barris. A cerveja é basicamente a mesma em qualquer das embalagens. O processo de enchimento não altera as características do produto.
A Pasteurização: Logo após o enchimento, é prática comum nas cervejarias submeter a cerveja ao processo de pasteurização, principalmente quando as embalagens garrafa e lata são utilizadas (no barril, a cerveja normalmente não é pasteurizada e, por isso, recebe o nome de chope). A pasteurização nada mais é do que um processo térmico, no qual a cerveja é submetida a um aquecimento a 60 graus centígrados e posterior resfriamento, buscando conferir maior estabilidade ao produto.
Chopp é cerveja?
Sim. É a cerveja na sua forma mais fresca e pura! Não existe fora do Brasil nenhum país que utilize esta denominação para identificar a cerveja embarrilada, na sua forma mais natural. Lá fora é sempre bier, beer, cerveza, birra, mas sempre cerveja!
A origem da palavra Chopp é da língua alemã antiga e significava uma pequena caneca usada como medida. É só. Daí foi para o barril, que antigamente era vendido em vários tamanhos, e acabou ficando sinônimo de cerveja vendida à granel.
Quando definitivamente optou-se pelo uso da garrafa como embalagem titular, e com o crescimento da indústria cervejeira, percebeu-se que precisavam dar um fôlego a mais para que o produto tivesse uma sobrevida no mercado.
Veio então a pasteurização, o anti-oxidante e o grande responsável pela diferença entre o chope e a cerveja: a dose extra de gás carbônico.
Fonte: www.chopperiacompanhia.com.br
Não é tarefa fácil determinar em que período terá sido produzida a primeira cerveja. Acredita-se que essa tarefa seja talvez tão antiga como a própria agricultura.
De fato, sabe-se que o Homem conhece o processo de fermentação há mais de 10.000 anos e obtinha nessa época, mesmo em pequenas quantidades, as primeiras bebidas alcoólicas. Especula-se que a cerveja, assim como o vinho, tenha sido descoberta acidentalmente, provavelmente fruto da fermentação não induzida de algum cereal. Afirma-se que a descoberta da cerveja se deu pouco tempo depois do surgimento do pão.
Os sumérios e outros povos teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava, ficando ainda melhor. Assim teria aparecido uma espécie primitiva de cerveja, como “pão líquido”. Várias vezes repetido e até melhorado, este processo deu origem a um género de cerveja que os sumérios consideravam uma bebida divina, a qual era, por vezes, oferecida aos seus deuses.
Diversos estudos arqueológicos realizados na região do Nilo Azul, atual Sudão, comprovaram que, cerca de 7000 a.C., os povos locais produziam uma bebida a partir de sorgo que seria semelhante à nossa cerveja.
Análises químicas efetuadas aos depósitos residuais do fundo de um pote recolhido num campo arqueológico neolítico iraniano, datado de 5500 a.C., confirmaram a existência local de bebidas alcoólicas e especificamente de cerveja. Mas a prova arqueológica mais concreta que temos relativamente à produção de cerveja é proveniente da Mesopotâmia, mais propriamente da Suméria.
Tratam-se de inscrições feitas numa pedra, relativas a um cereal que se utilizava em algo similar à produção de cerveja. Também desta civilização foi encontrada uma placa de barro (selo), recolhida em Tepe Gawra e datada de cerca de 4000 a.C., onde se vêm duas figuras que bebem possivelmente cerveja de um pote, utilizando para isso longas palhas, tradicionalmente usadas para aspirar a bebida e evitar a ingestão dos resíduos de cereal.
Aliás, o Hino a Ninkasi (c. de 1900-1800 a.C.), a deusa da cerveja dos Sumérios é, na realidade, uma receita de cerveja. Refira-se, por curiosidade, que Ninkasi significa algo como “senhora que enche a boca”. A nomeação mais corrente da cerveja suméria é sikaru, feita a partir da fermentação de grãos de cereal.
Em geral, a cerveja era feita por padeiros devido à natureza das matéria-primas utilizadas: grãos de cereais e leveduras. Ou melhor, para sermos mais corretos, essa atividade era executada por padeiras.
De fato, a produção de cerveja era uma atividade caseira, a cargo das mulheres, que também estavam encarregadas de fazer o pão. Os textos sumérios revelam-nos também a existência de tabernas, geridas por mulheres, locais de divertimento sobretudo masculino, em que se comia e bebia em convívio. A mais célebre das taberneiras foi Siduri, referida na Epopeia de Gilgamesh.
Para produzirem a cerveja, deixavam a cevada de molho até germinar e, então, era moída grosseiramente e moldada em bolos aos quais se adicionava a levedura. Os bolos, após parcialmente assados e desfeitos, eram colocados em jarras com água e deixados a fermentar. Esta cerveja rústica ainda é fabricada no Egipto com o nome de Bouza. O lúpulo, assim como outras ervas aromáticas, tais como zimbro, hortelã e losna, podiam ser adicionados à cerveja para corrigir as diferenças observadas no sabor.
Já no segundo milénio antes de Cristo e enquanto se assistia à queda do império sumério, surgia uma nova civilização na Mesopotâmia, descendente da civilização suméria mas mais avançada cultural e tecnologicamente, e que em muito contribuiu para o avanço no processo de fabricação de cerveja: os Babilónios.
Documentos dessa altura indicam-nos que a produção de cerveja era uma profissão altamente respeitada, levada a cabo essencialmente por mulheres. A cerveja continuava a ser mais popular do que o vinho, também já conhecido por aquelas paragens, embora a vinha se reservasse, pelas condições naturais, às regiões montanhosas do Sul da Anatólia e do Cáucaso.
No período babilónico, contavam-se cerca de duas dezenas de diferentes tipos de cerveja, com base em diferentes combinações de plantas aromáticas e no maior ou menor emprego de mel, cevada ou trigo. O Código de Hammurabi, o sexto rei da Babilónia, introduziu várias regras relacionadas com a cerveja no seu grande código de leis. Entre essas leis encontrava-se uma que estabelecia uma ração diária de cerveja, ração essa que dependia do estatuto social de cada indivíduo.
Por exemplo, um trabalhador normal receberia 2 litros por dia, um funcionário público 3 litros, enquanto que os administradores e sacerdotes receberiam 5 litros por dia. Outra lei tinha como objetivo proteger os consumidores da cerveja de má qualidade. Ficou assim definido que o castigo a aplicar por se servir má cerveja seria a morte por afogamento!
Pelo Código, certas sacerdotisas estavam proibidas de entrar nas tabernas por razões de pureza ritual; por outro lado, estes estabelecimentos preenchiam uma função social para além do fornecimento de comida e bebida (não apenas cerveja mas também álcool de tâmaras fermentadas), pois eram, como já se referiu, locais de reunião e lazer.
Quase todas as cervejas dos babilónios seriam opacas e produzidas sem filtragem.
Tal fato, como já vimos, fazia com que bebessem a cerveja através de um predecessor da atual palhinha (no caso dos reis essa palhinha seria de ouro
), o que evitava que ingerissem o resíduo que se acumulava no fundo e que seria bastante amargo. No entanto, essa situação não impedia que a cerveja aí produzida fosse bastante conceituada, chegando os babilónios a exportar grandes quantidades para o Egipto.
Tal como os Babilónios, os Egípcios produziam cerveja desde tempos ancestrais, sendo que esta fazia parte da dieta diária de nobres e fellahs (camponeses). Para além de bem alimentar, servia também como remédio para certas doenças.
Um documento médico, datado de 1600 a.C. e descoberto nas escavações de um túmulo, descreve cerca de 700 prescrições médicas, das quais 100 contêm a palavra cerveja. A sua importância é também visível nos aspectos religiosos da cultura egípcia.
Nos túmulos dos seus antepassados, para além dos artefatos habituais como incenso, jóias e comida, era também habitual encontrar provisões de cerveja. E em casos de calamidade ou desastre natural, era frequente a oferta de grandes quantidades de cerveja aos sacerdotes de forma a apaziguar a ira dos deuses.
A extrema relevância da cerveja para os egípcios refletia-se não só na existência de um alto funcionário encarregado de controlar e manter a qualidade da cerveja produzida, como também na criação de hieróglifos extra que descrevessem produtos e atividades relacionadas com a cerveja.
Curiosamente, existem alguns povos que vivem ao longo do Nilo que ainda hoje fabricam cerveja num estilo muito próximo ao da era faraónica. O povo egípcio tinha uma forte apetência pelo henket ou zythum, verdadeia bebida nacional, preferida por todas as camadas sociais. Ramsés III (1184-1153 a.C.), muitas vezes designado por “faraó-cervejeiro”, doou aos sacerdotes do Templo de Amón 466.308 ânforas (cerca de 1.000.000 litros) de cerveja proveniente das suas cervejarias.
Deve-se ao médico Zózimo de Panópolis uma descrição da antiga técnica de brassagem (semelhante para a Mesopotâmia e Antigo Egipto): germinação e maltagem rudimentar do cereal que, depois de seco, era moído e transformado numa massa, por sua vez endurecida; moldava-se então a massa em pequenos pães, que eram aquecidos em seguida mas não em demasia para que restasse alguma humidade no seu interior; depois de arrefecidos, colocavam-se, em pedaços, num recipiente com água açucarada; juntava-se, como no pão, um pedaço da massa (fermento) do fabrico anterior; terminada a fermentação, o líquido era metido numa cuba com água e posteriormente filtrado; o líquido final era guardado em ânforas num lugar fresco.
Longe desta área geográfica, a China desde cedo desenvolveu técnicas de preparação de bebidas do tipo da cerveja, obtidas a partir de grãos de cereais. A “Samshu”, fabricada a partir dos grãos de arroz e a “Kin” já eram produzidas cerca de 2300 a.C. As técnicas utilizadas eram algo diferentes das dos povos mesopotâmicos e egípcios.
De fato, o desenvolvimento da cerveja até à forma pela qual hoje a conhecemos, deve-se mais a estes dois últimos do que à civilização chinesa. Foram mesmo os egípcios que ensinaram os gregos a produzir cerveja. Já no Japão, subsiste o milenar saké, uma cerveja de arroz, frequentemente confundida no Ocidente com uma bebida destilada. Bebe-se quente ou fria, de acordo com o gosto e o contexto.
Apesar de ser considerada menos importante que o vinho, a cerveja evoluiu durante o período grego e romano. Atente-se nos escritos de Sófocles (450 a.C.) relativamente a recomendações sobre o consumo de cerveja, incluindo esta numa dieta que considerava equilibrada. Outros autores gregos como Heródoto e Xenofontes também mencionaram o ato de beber cerveja nos seus escritos.
Assim como o tinham aprendido com os egípcios, os gregos ensinaram a arte de produzir cerveja aos romanos. Todavia, em 500 a.C. e no período subsequente, gregos e romanos deram preferência ao vinho, a bebida dos deuses, tutelada por Baco. A cerveja passou então a ser a bebida das classes menos favorecidas, muito apreciada em regiões sob domínio romano, principalmente pelos germanos e gauleses.
Muitos romanos consideravam a bebida desprezível e típica de povos bárbaros. Tácito, na sua descrição dos germanos, referiu-se a uma bebida “horrível”, fermentada de cevada ou trigo. Foi nessa época que as palavras cervisia ou cerevisia passaram a ser utilizadas pelos romanos, em homenagem a Ceres, deusa da agricultura e da fertilidade. Plínio foi um dos autores clássicos que escreveu sobre o assunto, descrevendo a evolução do processo de fabrico da cerveja e os hábitos dos povos celtas e germânicos da Bretanha e Europa Central.
Na Gália (conquistada totalmente no ano 52 a.C.), tradicionalmente consumidora de cerveja, a influência do vinho romano atingiu sobretudo as elites. De acordo com Possidónio, “a bebida consumida nas casas ricas é vinho trazido de Itália (…). Porém, entre os habitantes mais necessitados, é bebida uma cerveja feita de trigo, à qual é acrescentado mel; a massa do povo bebe-a sem mistura. Chamam-lhe corma.” Contudo, os gauleses passaram de importadores a produtores de vinhos de novas qualidades e muito apreciados em Roma; em 91 d. C., o imperador Domiciano chegou a ordenar a destruição de metade das vinhas gaulesas para proteger a produção romana.
O vinho das legiões romanas não se impôs aos povos que ficaram fora do Império. A cerveja permaneceu a bebida eleita nas regiões nórdicas fato confirmado pelas lendas e mitologias locais. Na saga poética finlandesa Kalevala, contam-se 400 versos dedicados à cerveja; no Edda, outro relato épico nórdico, o vinho é apresentado como a bebida dos deuses, a cerveja reservada aos mortais e o hidromel próprio dos habitantes do reino dos mortos.
Já no leste europeu, confinante com as estepes asiáticas, de terras ácidas, providas de centeio e aveia, o kvass, tipo de cerveja ligeiramente alcoólica, obtida pela fermentação daqueles cereais, ancorou-se nos hábitos dos camponeses eslavos. A tradição do kvass familiar e campesino mantém-se ainda hoje um pouco por toda a Rússia e países ex-soviéticos. A braga é outro tipo de cerveja aparentada ao kvass e com muitas tradições no leste europeu.
Rótulo de Kvass, a típica bebida russa
Findo o Império Romano, após o século V, estavam estabelecidas as geografias da cerveja e da vinha. A produção de cerveja, doméstica e frequentemente a cargo de mulheres – embora fosse, sobretudo, para consumo masculino, obedecia aos condicionantes naturais que marcavam a economia agrícola e daí o seu carácter sazonal.
Durante muito tempo, a cerveja seria, ainda, de difícil conservação, ao contrário do vinho que, se guardado em boas condições, podia até melhorar com a idade. O vinho, que se tornara a bebida consagrada na liturgia católica, afirmara-se sobretudo nas regiões do sul da Europa e entrava seletivamente nas mesas mais abastadas do norte europeu, onde a cerveja permanecia a bebida dos pobres, se bem que não deixasse de ser apreciada por todas as classes.
A Era Medieval
Na Idade Média, a produção e consumo de cerveja tiveram um grande impulso, muito por causa da influência dos mosteiros, locais onde este produto era não só tecnicamente melhorado, como também produzido e vendido.
Naquela altura, os mosteiros seriam algo semelhantes a um hotel para viajantes, oferecendo abrigo, comida e bebida a peregrinos e não só.
E para além dos monges, a História relata-nos também o envolvimento de santos em milagres e outros acontecimentos em que a cerveja vem mencionada! Tomemos como exemplo o caso de S. Mungo, o padroeiro da mais velha cidade da Escócia, Glasgow.
Foi nessa cidade que, por volta de 540 d.C., S. Mungo estabeleceu uma ordem religiosa, cuja principal atividade seria a produção de cerveja, sendo que esta arte é ainda hoje considerada como a mais antiga indústria da cidade. Outro exemplo será o de Santa Brígida que miraculosamente transformou a água do seu banho em cerveja, para que os seus visitantes clericais tivessem algo para beber.
Para se ver a importância que a igreja tinha para a indústria da cerveja nessa época, basta referir que existiam três santos padroeiros, protetores da cerveja e dos cervejeiros: Santo Agostinho de Hippo, São Nicolau e São Lucas, o Evangelista.
Também neste período se manteve o hábito de produzir cerveja em casa, sendo que essa tarefa continuava maioritariamente entregue às mulheres.
Sendo elas as cozinheiras, tinham igualmente a responsabilidade da produção de cerveja, que era vista como uma comida-líquida. Em certas zonas, a cerveja chegou mesmo a ser mais popular do que a água já que, como é sabido, a Idade Média era uma época onde as práticas sanitárias eram muito más, pelo que se tornava mais seguro beber cerveja do que água.
De fato, o processo de fabrico fazia com que muitas das impurezas fossem filtradas pelo que quem pudesse fazer a troca de água por cerveja raramente hesitava.
No norte britânico, a cerveja (ale) era fabricada em casa, pelas mulheres, para auto-consumo, ou vendidas nas alehouses – matrizes do pub moderno -, nas tabernas e estalagens. Sujeita aos imperativos naturais, a cerveja era produzida entre Setembro e Abril, os meses frios. À medida que a sua importância cresceu, a produção e venda foi sendo alvo de vários regulamentos, chegando mesmo a ser criada a figura do ale-conner, o fiscal que testava e sancionava a qualidade da cerveja. Em 1188, Henrique II lançava um imposto sobre a cerveja destinado à subvenção das Cruzadas.
Nos mosteiros, as técnicas de fabricação iam sendo desenvolvidas, em busca de uma cerveja mais agradável ao palato e mais nutritiva. A importância da qualidade alimentar da cerveja era algo de relevante para os monges, dado que era um produto que os ajudava a passar os difíceis dias de jejum. Esses períodos caracterizavam-se pela abstinência dos monges em termos de comida sólida, mas nada os impedia de ingerir líquidos. Há relatos de monges que foram autorizados a beber até 5 litros de cerveja por dia. Isso só os incentivou a produzir mais e melhor cerveja, chegando ao ponto de se criarem pequenas tabernas nos mosteiros onde era cobrada uma pequena taxa para que as pessoas pudessem experimentar a cerveja de alta qualidade que ali se produzia.
Em termos técnicos, os monges deram uma maior importância ao uso do lúpulo, substância que tornava as cervejas mais frescas devido ao seu amargor natural e que, por outro lado, as ajudava a conservar.
Ao dosearem a quantidade de malte e lúpulo, passaram a produzir uma cerveja com pouco álcool para consumo diário e uma cerveja mais pesada e alcoólica para ocasiões festivas. Uma contibuição fundamental da produção cervejeira monástica foi o emprego de algumas sementes, como o mirto de Brabante e o gruyt (ou gruut) – mistura de ervas aromáticas – que também atuavam como bons conservantes da cerveja.
Esta indústria teve tal sucesso que chamou a atenção dos nobres e soberanos, que passaram a cobrar pesadas taxas sobre a venda deste produto. Em certas zonas, chegou-se ao ponto de só ser permitida a produção de cerveja mediante autorização régia, envolvendo isso, claro está, o pagamento de uma determinada quantia. Infelizmente, esta ganância levou ao encerramento de muitas tabernas de abadias e mosteiros, que não conseguiram acompanhar as elevadas taxas que lhes eram impostas.
Os conventos mais antigos a iniciarem a produção de cerveja foram os de St. Gallen, na Suíça, e os alemães Weihenstephan e St. Emmeran. Os beneditinos de Weihenstephan foram os primeiros a receber, oficialmente, a autorização profissional para fabricação e venda da cerveja, em 1040 d.C. Com isso, esta é a cervejaria mais antiga do mundo ainda em funcionamento e é hoje conhecida, principalmente, como o Centro de Ensino da Tecnologia de Cervejaria da Universidade Técnica de Munique.
Entretanto, o interesse pela indústria cervejeira fixava-se para além dos muros cenobitas. No século XII, os cervejeiros de ofício suplantavam os monges, fato a que não era estranha a importância dos impostos sobre a produção e comércio. Por sua vez, a Igreja também cedia na exclusividade dos seus privilégios, ao conceder direitos de produção a cervejeiros em várias localidades.
Apesar das muitas limitações, a cerveja continuou a ganhar importância na sociedade medieval, servindo como alimento, forma de pagamento de taxas, moeda de troca, entre outras funções social e economicamente relevantes. Essa importância é facilmente constatável em atos e leis de nobres e reis, que visavam proteger a produção e os rendimentos que daí advinham.
Em 1295, o rei Venceslau garantiu à Pilsen Bohemia direitos de produção de um tipo de cerveja, numa área que é hoje ocupada pela República Checa. Em 1489, foi autorizada a criação da primeira associação (guild) de produtores de cerveja – a Brauerei Beck. E, como curiosidade, refira-se que quando Cristóvão Colombo chegou às Américas, descobriu que os nativos já produziam uma bebida muito semelhante à cerveja, feita a partir de milho. Todavia, seriam os ingleses que, em 1548, introduziriam a verdadeira cerveja nesse continente.
Até praticamente ao fim da Idade Média, a cerveja europeia dividia-se pelo emprego de distintos aromatizantes, plantas silvestres, como o mirto generalizado na região escandinava mas proibido na Inglaterra, ou o gruyt (um composto de ervas aromáticas) utilizado noutras regiões do norte da Europa. O lúpulo (humulus lupulus), conhecido sobretudo na Europa central, viria a destacar-se como aromatizante de superior qualidade e pelas notáveis propriedades anti-sépticas.
No século VIII, o lúpulo dá sinais de existência na Boémia e na região de Hallertau, na Baviera alemã (atuais grandes regiões produtoras). Em 768, Pepino-o- Breve concede plantações de lúpulo à abadia parisiense de Saint-Denis. Já em 1364, Carlos IV, imperador da Alemanha, promulga o Novus Modus Fermentandi Cervisiam, que estabelecia o novo modo legal de brassagem, com recurso ao lúpulo.
Esta disposição evidencia, por um lado, a diversidade política e económica que pendia sobre a produção cervejeira: o ducado de Brabante, dependente do império alemão, adopta o lúpulo; a Flandres, dependente da coroa francesa, mantém-se na órbita dos direitos sobre o gruyt; em Inglaterra, a típica ale é, ainda então, a cerveja não lupulizada.
1516 é uma data de grande proeminência para a produção de cerveja na Alemanha. As guildas bávaras, tentando precaver os seus interesses, pressionaram as autoridades para a criação de uma lei que defendesse a produção de cerveja de qualidade.
De fato, utilizavam-se ingredientes muito estranhos para aromatizar as cervejas como, por exemplo, folhas de pinheiro, cerejas silvestres e ervas variadas. Foi assim que o Duque Wilhelm IV da Baviera criou a Reinheitsgebot – lei da pureza – que tornou ilegal o uso de outros ingredientes no fabrico de cerveja que não fossem água, cevada e lúpulo (é de salientar que nesta época ainda não se conhecia e utilizava conscientemente a levedura).
O crescimento das exportações fez com que muitas cidades alemãs ficassem famosas, nomeadamente Bremen, que era um importante entreposto na exportação de cerveja para a Holanda, Inglaterra e Escandinávia, e Hamburgo, que era o principal produtor da Liga Hanseática, sendo que por volta de 1500 existiam aí cerca de 600 produtoras independentes.
A Liga Hanseática chegava a exportar cerveja para locais tão longínquos como a Índia. Braunschweig e Einbeck também eram importantes centros de produção de cerveja. Uma das marcas mais conhecidas da altura e que, por sinal, ainda hoje produz cerveja é a Beck’s, criada em 1553. Quanto a Munique, provavelmente a mais conhecida cidade cervejeira da Alemanha, laboravam já as famosas Brauerei Lowenbrau (1383), Spaten-Franziskaner-Brau (1397) e a Hacker-Pschorr Brau (1417).
Por sua vez, a cerveja penetrava, ainda que timidamente, em Espanha. Carlos I, de origem flamenga, coroado rei de Espanha (Carlos V), senhor de um vasto império e grande amante de cerveja, estabelece o fabrico da bebida em 1537, a cargo de um mestre flamengo; quando abdica do trono e se recolhe no mosteiro de Yuste, em 1556, também instala aí o fabrico de cerveja. Em 1542 há já uma fábrica em Sevilha e nas primeiras décadas do século XVII há notícias de mestres cervejeiros ingleses, flamengos e de outras nacionalidades em Madrid.
No final da centúria, há duas fábricas na capital castelhana autorizadas por decreto real: a de J. Hamershap e outra de H. Coremann, alemão. Em 1701, a produção cervejeira seria declarada monopólio estatal e, por sua vez, o Estado arrenda o fabrico a particulares, como a família Coremann (Real Fábrica de Cerveza). Em Portugal, há notícias da existência de uma fábrica de cerveja em Lisboa, em 1689; contudo, o futuro imediato desta bebida no país estava comprometido pelos implacáveis interesses vinhateiros.
No Novo Mundo, mais propriamente em Chalco (México), sob o domínio castelhano, a produção de cerveja teve início em 1544. Na Virgínia americana, em 1587, os colonos fabricam cerveja (ale) a partir de milho (o primeiro carregamento de cerveja inglesa só chegará à colónia em 1607); em 1612, abre em Nova Amesterdão (Nova Iorque) a primeira fábrica de cerveja, fundada por Adrian Block e Hans Christiansen; no ano de 1683, William Penn, fundador da Pennsilvânia, ergue uma fábrica cervejeira em Peonshury.
Ao longo dos séculos XVI e seguintes, a exportação de cerveja continuou a ganhar crescente importância, ao passo que novas empresas iam sendo criadas.
No entanto, foram necessárias duas invenções para trazerem a produção de cerveja para a Era Moderna: a primeira foi a máquina a vapor, inventada por James Watt e a segunda foi a refrigeração artificial, ideia de Carl von Linde. Nessa altura, estava já cientificamente provado que a produção de boa cerveja dependia da existência de determinadas temperaturas. Dado que essas temperaturas ocorriam essencialmente no Inverno, a invenção de von Linde permitiu que se produzisse e consumisse cerveja ao longo de todo o ano.
A Era Moderna
Durante o século XVII, apareceram muitos tipos diferentes de cervejas, sendo que cada variedade era definida pelos diversos ingredientes que se utilizavam, bem como pela qualidade da água presente na sua elaboração. Cada aldeia, vila e cidade tinha a sua própria produção já que, como referimos na Era Medieval, não existiam formas de preservar as propriedades naturais da cerveja. Esta situação de grande pujança da indústria cervejeira viria a sofrer um forte revés no final do século XVIII, com a Revolução Francesa.
Para além do fato da revolução ter levado ao encerramento das guildas de produtores, acarretou também a destruição e desaparecimento de muitos mosteiros e abadias e, com isso, a quase extinção dos centros produtores de cerveja de qualidade. Todavia, com a ascensão de Napoleão ao poder , assistiu-se a uma ligeira retoma na fabricação de cerveja, apesar de muitos dos monges e abades que outrora eram os principais investigadores e produtores, nunca mais terem voltado à sua antiga atividade.
Outro fato de grande destaque foi a invenção da máquina a vapor por James Watt, em 1765, o que permitiu a industrialização e racionalização da produção cervejeira. As primeiras cervejeiras que utilizaram máquinas a vapor chamavam-se a si mesmas Steam Beer Breweries, sendo que ainda hoje subsistem fábricas com esta designação.
Mas muitas outras inovações permitiram o aperfeiçoamento da técnica de fabricação.
Em 1830, Gabriel Sedlmayr e Anton Dreher desenvolveram o método de produção que daria origem às lagers, sendo que 12 anos depois seria elaborada a primeira Pilsner na Boémia. Este género de cerveja teve tanto sucesso que rapidamente se espalhou por todo o lado, com especial destaque para o Novo Mundo, onde os colonos provenientes da Alemanha deram origem a muitas cervejeiras famosas: Miller, Coors, Stroh, Schlitz, Anheuser-Busch, entre outras. Como curiosidade, refira-se que grande parte das cervejas que atualmente se consomem no mundo são do estilo lager, sendo que Portugal não é excepção à regra, antes pelo contrário.
Tal como já referimos, outra invenção cujas repercussões tiveram grande impacto no fabrico da cerveja foi a descoberta da refrigeração artificial (Teoria de Geração de Frio Artificial), avanço possível devido aos estudos de Carl Linde. As primeiras tentativas foram efetuadas em Munique, local também de grande produção cervejeira, o que fez com que a cerveja fosse dos primeiros produtos a beneficiar desta evolução.
Para além disso, o desenvolvimento dos caminhos-de-ferro possibilitou uma cada vez maior expansão do comércio deste produto. Por curiosidade, diga-se que aquando da abertura da primeira linha de comboios na Alemanha, entre Nuremberga e Furth, os primeiros bens a serem transportados foram dois barris de cerveja.
Enquanto isso, nos EUA, o uso do caminho-de-ferro possibilitou a expansão de uma marca bem conhecida: a Budweiser. Durante a década de 1870, esta marca tornou-se verdadeiramente nacional, devido aos esforços do seu dono, Adolphus Busch.
1876 seria outro ano de grande importância, não só para a indústria cervejeira, como também para o próprio Homem. Os estudos de Louis Pasteur sobre o fermento e os microorganismos possibilitaram o início da preservação dos alimentos devido ao método da pasteurização. Tal descoberta deu um forte ímpeto às cervejeiras, para além de ter possibilitado a preservação de cerveja de um modo mais eficiente.
Até à descoberta de Pasteur, a fermentação do mosto era natural o que, normalmente, trazia prejuízos aos fabricantes. O notável cientista francês convenceu os produtores a utilizarem culturas selecionadas de leveduras para fermentação do mosto, para manter uma padronização na qualidade da cerveja e impedir a formação de fermentação acética.
Pasteur descobriu que eram os microorganismos os responsáveis pela deterioração do mosto e que poderiam estar no ar, na água e nos aparelhos, sendo estranhos ao processo. Graças a esse princípio fundamental, limpeza e higiene tornaram-se nos mais altos mandamentos da cervejaria.
Para além do mais, o estudo dos diferentes fermentos fez com que aparecessem novos tipos de cerveja, com novos aspectos e sabores. Tais desenvolvimentos levaram à expansão do consumo, sendo que em 1880 existiam cerca de 2300 marcas independentes de cerveja nos EUA, enquanto que na Bélgica, por volta do ano 1900, estavam registadas 3223 cervejeiras, incluindo a Wielemen’s Brewery in Forest (área de Bruxelas), que era considerada a maior e mais moderna da Europa. Do lado de lá do Atlântico, a Pabst estava a vender mais de um milhão de barris por ano.
Igualmente importante foi o trabalho de Emil Christian Hansen. Este, aproveitando o desenvolvimento do microscópio, descobriu a existência de células de levedura de baixa fermentação, pois antes eram somente conhecidas leveduras de alta fermentação. Ele isolou a célula, que foi multiplicada sob cultura pura. Como a levedura influencia fundamentalmente o sabor, esta descoberta permitiu a constância do sabor e qualidade.
No início do século XX e durante a 1ª Guerra Mundial, houve uma diminuição significativa no número de indústrias produtoras de cerveja. Como exemplo, refira-se que em 1920 havia apenas 2013 fábricas nos EUA. Tal situação deveu-se ao aumento da competição, o que proporcionou fusões e aquisições e, para além disso, o início da 1ª Guerra levou à escassez de matérias-primas e mão-de-obra, o que fez com que muitos industriais apostassem na mecanização das suas empresas.
Para agravar esta situação, a Proibição e a Grande Depressão limitaram o consumo desta bebida, provocando a falência de inúmeras fábricas. A luz ao fundo do túnel para as cervejeiras só viria a acontecer com o fim da Proibição em 1933. No entanto, apenas 160 indústrias tinham sobrevivido nos EUA a este difícil período.
Pior que tudo: essa época de crescimento viria a ser abruptamente interrompida com o início da 2ª Guerra Mundial.
Passado mais este período muito difícil, assistiu-se a um aumento gradual na produção e consumo de cerveja, sendo que a Budweiser foi a primeira marca a ultrapassar os 10 milhões de barris por ano, isto já em 1966.
As fusões e concentrações continuaram a aumentar e, por exemplo, a situação atual nos EUA é exemplar: 90% do mercado é controlado por 5 empresas:
a) Anheuser-Busch, 44.5%;
b) Miller Brewing, 21.8%;
c) Coors, 10.4%;
d) Stroh, 7.4%;
e) G.
f) Heileman, 5.3% .
Hoje em dia, a indústria cervejeira pode ser caracterizada por duas grandes tendências: a primeira, é representada pelas grandes fusões entre gigantes cervejeiros, que criam empresas cada vez maiores, com vendas impressionantes mas, em geral, com produtos de baixa qualidade; a segunda, é representada por pequenas e médias empresas que desenvolvem produtos de grande qualidade, para apreciadores e baseadas nas tradições dos locais onde se encontram implantadas.
O melhor exemplo desta situação encontra-se na Bélgica, onde existe mais de uma centena de pequenas empresas cervejeiras, que desenvolvem largas dezenas de produtos com características bem diferentes entre si. Independentemente desta aparente divisão, o que se pode esperar nos próximos anos é o contínuo crescimento das vendas e o aparecimento de produtos cada vez mais sofisticados e surpreendentes.
De fato, a cerveja veio para ficar por muitos e bons anos e ainda bem que assim é!
Fonte: www.cervejasdomundo.com