3.9.10

Biografia de Confúcio

Introdução sobre Confúcio


Confúcio
Ele pode ser considerado um pioneiro no estilo “autoajuda”. Só que seus chavões bem intencionados, anedotas enigmáticas e aforismos exóticos podem tê-lo feito um dos homens mais influentes da história. Confúcio foi um sábio chinês que esperava que seus discípulos tornassem-se bons funcionários públicos. Na China imperial seus ensinamentos vigoraram durante dois mil anos como regras de conduta e como alimento espiritual. E quem saísse da linha terminava, no mínimo, castrado.

O predomínio da filosofia de Confúcio só terminou com a revolução comunista de 1949. Até então ser chinês era ser confucionista. Mas o comunismo não o erradicou completamente. O confucionismo continua a sobreviver no modo de vida na China vermelha, na dissidente Taiwan e nos bairros chineses espalhados pelo mundo. Apesar do confucionismo ser tão conhecido, sabe-se muito pouco a respeito do seu criador.

Isto é Confúcio

Não suspeite de fraude e tapeação e ao mesmo tempo nunca deixe de estar alerta contra elas. Isso é necessário para quem deseja chegar ao topo.

Algumas pessoas podem ser persuadidas a fazer coisas que não são capazes de compreender.

É difícil encontrar um homem que queira estudar por três anos sem pensar em um emprego no final.



Mesmo com toda essa influência, Confúcio teria morrido frustrado, acreditando que não teria sido bem-sucedido em sua missão. Sem querer contrariar um homem tão sábio, podemos afirmar que o confucionismo é uma filosofia essencialmente prática que ainda exerce grande influência sob a forma de um neoconfucionismo. Seus temas principais são a
ética e apolítica. Diferente do que ocorreu na filosofia ocidental, o confucionismo pouco especulou sobre o sentido da existência e o significado da vida. Nele, a metafísica praticamente não existe. Conheça na próxima página um pouco da vida e da obra de Confúcio.

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Reprodução

Este artigo é um resumo do livro “
Confúcio em 90 minutos”, de Paul Strathern, da coleção “Filósofos em 90 minutos”, publicado pela Jorge Zahar Editor em 1998.

Confúcio e a arte da ética e da política

Na China, ele era conhecido como "o mestre Kung", ou melhor, Kung-fu-tsé. Confúcio é a versão em latim de seu nome. O filósofo nasceu em 551 a.C., no estado feudal de Lu (atualmente região que faz parte da província de Chantung). Ele viveu no século 6 a.C., época em que a filosofia ocidental estava sendo inventada na Grécia por Tales de Mileto, em que Buda nasceu e em que o taoísmo estava surgindo. Seu pai era um militar (que tinha 70 anos de idade quando o filho nasceu) e tinha parentesco com os governantes da dinastia Chang.

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© iStockphoto.com / Gautier Willaume


Aos 18 anos de idade, Confúcio já estava casado. Pobre, ele tinha diversos empregos, como cocheiro e tratador de animais. Dedicava-se a estudar em seu tempo livre. Entre as áreas de seu interesse estavam a história, a música e a liturgia. Sua ambição era obter um emprego público, mas, sem sucesso nas suas tentativas, acabou virando professor. Só que para isso fundou sua própria escola, com o objetivo de ensinar administradores políticos a governar.

Naquela época, a China vivia tempos de miséria e guerra entre seus estados feudais. Os horrores vivenciados por Confúcio influenciaram profundamente seu modo de pensar o mundo. Ele entendeu que aquele sofrimento todo teria que acabar e a sociedade deveria passar a funcionar em benefício de todos os seus membros. Segundo ele, o administrador deve cumprir com suas obrigações que nem um bom pai cuida de seu filho.

À semelhança das escolas gregas dos tempos de
Sócrates, Platão eAristóteles, Confúcio ensinava em sessões informais de conversas baseadas em perguntas e respostas. Seu carisma e estilo cativante atraíram alunos de diferentes províncias chinesas, entre eles, nobres a pobretões. Basicamente, um professor de moral, ele ensinou sobre como as pessoas deviam se comportar. E esse ensinamento vinha normalmente na forma de homilias, como “o homem superior é comedido em palavras mas não em realizações” ou “ quem não corrige seus erros torna-se ainda mais errado”.

A filosofia de Confúcio assumiu caráter religioso, apesar de não ser sua intenção. Enquanto ele tentava popularizar seus ensinamentos, outro filósofo chinês, o lendário Lao-tsé, criava o taoísmo, que acabou funcionando como uma espécie de complemento ao confucionismo. Os dois filósofos chegaram a se encontrar e o velho sábio Lao-tsé condenou o orgulho e a ambição de Confúcio.

Muitos dos alunos de Confúcio tornaram-se excelentes administradores e tanto governantes como governados perceberam que o governo poderia realmente trabalhar em benefício de todos. Um desses alunos, o príncipe regente Yanh Hou, ao assumir o poder, nomeou Confúcio como Ministro do Crime. Nesse improvável cargo, os relatos mostram o filósofo como um bem-sucedido administrador. Mas, apesar de não existir um ladrão nas terras em que Confúcio lutava contra o crime, havia exageros como a condenação à morte das pessoas que inventassem roupas fora do comum. Esses excessos confucianos levaram à promoção de Confúcio a um cargo de mais prestígio, salários extraordinários, mas sem nenhum poder. E sem poder decidir, Confúcio renunciou. Já com mais de 50 anos de idade, decidiu peregrinar pela China em busca de um governo que o deixasse pôr em prática suas ideias administrativas.

Em sua década como andarilho, Confúcio não foi bem-sucedido em conseguir algum emprego público. Os discípulos do filósofo, que viviam em sua terra natal, o convenceram a retornar para casa. Assim ele fez e viveu melancolicamente, com um imenso sentimento de frustração, seus últimos cinco anos lendo, escrevendo e editando comentários sobre os clássicos chineses. Em 479 a.C., aos 72 anos de idade, Confúcio morreu. Suas últimas palavras teriam sido: “A grande montanha deverá esfarelar-se, a viga forte se romper, o homem sábio deverá secar como uma planta”.

Como ser um bom administrador

Chuansun Chih perguntou ao mestre:
- O que devo fazer para me tornar um homem superior e ser funcionário do governo?
- Deve respeitar as cinco qualidades mais elevadas e repelir as quatro nocivas.
- Quais são essas cinco qualidades elevadas?
- O homem superior é gentil sem aceitar subornos. Ele trabalha ao lado do povo sem dar motivos para ressentimentos. Ele tem ambições mas não é avarento. Ele tem dignidade mas sem o orgulho indevido. Ele inspira respeito mas não é cruel.
- Em que exatamente podem ser aplicadas essas qualidades?
- Trabalhar para o bem-estar do povo não é ser generoso sem aceitar suborno? Se você desse o trabalho certo para a pessoa certa, alguém ficaria ressentido? Se um homem, através do desejo de preencher sua existência, alcança tudo aquilo de que é capaz, como poderá ele ser ganancioso? O homem superior sempre cumpre suas tarefas independente de sua dificuldade ou tamanho e assim nunca é indolente. Isto certamente é dignidade sem orgulho. O homem superior cuida de sua aparência. Ele usa suas roupas e chapéu de maneira apropriada e trata os outros com respeito. E graças à sua conduta sóbria, as pessoas têm grande consideração por ele. Nesse aspecto, ele inspira respeito sem ser cruel.
- E quais são as quatro nocivas?
- Condenar um homem à morte porque ele falhou em sua tarefa sem ter recebido instruções corretas. Isso é crueldade. Esperar que um homem faça alguma coisa sem ser devidamente avisado. Isso é um desmando. Insistir que um homem se apresse para terminar seu trabalho quando recebeu instruções para realizá-lo meticulosamente. Isso é danoso. Prometer uma recompensa e depois concedê-la de má vontade. Isso é mesquinharia.

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