Podemos inferir que o capitalismo irá transformar a história da humanidade em todos os aspectos, desde a família, sociedade, política, cultura, economia e seu modo pensar e ver o mundo.
Já conceituamos o capitalismo de acordo com nossa ótica, entretanto precisamos de algumas definições para assim, “caminharmos” em seu ciclo vital.
De acordo com o dicionário“Michelis”,o capitalismo é:” Sócio/Organização econômica em que as atividades de produção e distribuição, obedecendo aos princípios da propriedade privada, da competição livre e do lucro, produzem uma divisão da sociedade em duas classes antagônicas, porém vinculadas pelo mecanismo do mercado: a dos possuidores dos meios de produção e a do proletariado industrial e rural”.
Remetendo-nos a uma instância mais abrangente nós podemos citar duas das principais teorias que procuram explicar o que é o capitalismo, que são representadas por Max Weber (1864-1920), e por Karl Marx (1818-1883). A primeira corrente busca explicar o capitalismo através de fatores externos a economia, nesse caso Weber usa a Reforma Religiosa através das doutrinas de Lutero e Calvino. Já a segunda corrente parte de uma perspectiva histórica, definindo o capitalismo como sendo um determinado modo de produção de mercadorias, gerado historicamente desde o início da Idade moderna e que encontrou sua plenitude no intenso processo industrial inglês ao qual se chamou de Revolução Industrial.
Sabemos que a gênese do sistema capitalista se dá com a derrocada da ordem feudal q que a parti de então irá formar-se a burguesia, o Estado nacional, a dominação em escala mundial e o desenvolvimento das técnicas de transporte e produção.
Para ser didático iremos dividir o “ciclo vital do capitalismo” em três períodos; a conquista e a exploração das Américas século XVI, a segunda pela ascensão e afirmação das burguesias ( século XVII) e, por fim a Revolução Industrial (séculos XVII- XVIII).
A conquista e a exploração das Américas, irá gerar um grande fluxo de capitais para as nações européias através da cana para o açúcar, rum e melaço, o comércio dos escravos negros, a pilhagem e a extração de metais preciosos e principalmente o “ouro”. As noções européias ficaram “obcecadas” por esse metal, podemos ilustrar essa passagem pela frase de Cortez, conquistador do México: “Nós, espanhóis, sofremos de uma doença do coração da qual o ouro é o único remédio”.Trazendo para a instância econômica podemos dizer que esse período ocorria o “metalismo” característica fundamental do mercantilismo, o qual a riqueza da nação era medida pela quantidade de ouro que acumulasse.
Paralelamente a abundância dos metais trazidos do Novo Mundo os preços na Europa sobem, o que irá refletir no protecionismo da nações uma outra característica do mercantilismo.
A burguesia foi o agente histórico da modernidade e o capitalismo o seu instrumento de poder. Como sistema sedutor da vontade humana, ou ideologicamente conciliado com a natureza humana. "O capitalismo penetra nas crenças modernas relacionadas à individualidade e explora aquilo que alguns considerariam os motivos humanos mais indignos, a ganância e o egoísmo, para produzir padrões de vida crescentes”.
A burguesia vai ter sua hegemonia no século XIX, sendo que seu poder era totalmente diferente dos antigos senhores de terras, implicando assim, em um exercício de poder “esquematizado” numa rede. Essa classe poderia ser descrita em um corpo de pessoas com poder e influência, independente do poder e influência derivados do nascimento ou status.
O mundo burguês era de certa forma contraditório, existia a separação do público e privado que era produto da ascensão da classe burguesa, tendo em vista que o privado demonstrava a importância do individuo na sociedade e também amparava esses indivíduos dos problemas existentes e oriundos dessa nova forma de organização social.
A afirmação da burguesia se dá através do comércio de mercadorias como também através do comércio do dinheiro.No primeiro momento, a burguesia faz de forma estratégica aliança com o soberano, para promover uma política de defesa em relação aos concorrentes estrangeiros, de expansão comercial e colonial, de desenvolvimento da produção. Em segundo momento quando a classe burguesa sente-se forte para dominar o mercado mundial, ela “quebra” o pacto com o soberano e com o mercantilismo e passa a valorizar a livre-troca.
A fase crucial do capitalismo foi sem dúvida a Revolução Industrial em que a produção foi transformada, transferindo-a da casa ou da oficina para a fábrica tornando a produção em um processo coletivo. É impossível falar de tal revolução sem nos remetermos a Inglaterra; antes que digam que ela foi pioneira pelo progresso cientifico e tecnológico, iremos objetivamente relatar que desde dos séculos anteriores o sistema governamental tinha como norteadores o “lucro privado e o desenvolvimento econômico”.
A primeira parte da economia a se industrializar foi a têxtil com a máquinas a vapor, com agressivo apoio do governo britânico essa indústria irá esmagar as produções existentes em outras nações, como por exemplo, a Índia foi sistematicamente desindustrializada e passou de exportador a mercado, ou seja, a revolução teve o poder de inverter pela primeira vez a balança comercial entre as nações.
Sem dúvida a indústria e suas máquinas foram importantes para o crescimento econômico, com a redução do número de pessoas no trabalho, na redução no tempo de produção; porém a de se falar que a revolução industrial irá criar inúmeros problemas no seio da sociedade por ela criada, pois sabemos que o proletário foi fruto da mecanização. A transição da economia criou a miséria e o descontentamento, os trabalhadores de espírito simples reagiam quebrando as máquinas, um outro aspecto “maléfico” foi a exploração da mão-de-obra, pois é de nosso conhecimento que inúmeras crianças trabalhavam em jazidas de carvão e minérios e como também os trabalhadores eram submetidos a uma jornada de trabalho que chegava as 16 horas ao dia, entre outros malefícios.
É importante também nos lembrarmos das ferrovias que irá servir de suporte para a produção além de ser absorvida pela imagística da poesia erudita e popular.
Para finalizar com o tema Revolução, iremos dizer que tal processo mobilizou e transferiu a mão-de-obra, pois uma economia industrial significa um brusco declínio proporcional da população agrícola e um brusco aumento da população não agrícola, e um rápido aumento geral da população. Isso causará um grande surto urbano, as cidades irão crescer de forma gigantesca e na maioria dos casos não terá infra-estrutura para absorver a população criando assim sérios problemas sociais, tais como: desemprego, falta de saneamento, altas taxas de mortalidade, fome e a miséria, além da falta da distribuição de renda que naquela época e hoje nos traz grandes problemas.
Bibliografia:
Dicionário de Michelis. São Paulo: 2008. Melhoramentos.
CATANI, Afrânio Mendes. O que ê capitalismo. 34 ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.
HOBSBAWM Eric J. A era do capital: 1848-1875. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. [Publicado originalmente em 1975]
____________.. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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13.9.10
O Ciclo do Capitalismo
Fonte: GrupoEscolar.com