21.3.13

A imigração árabe no Brasil





A imigração árabe no Brasil teve início no século XIX por volta de 1860, quando o Imperador Dom Pedro II fez uma visita ao Líbano e estimulou a imigração de libaneses para o Brasil. Líbano e Síria foram atacados e dominados pela Turquia, fazendo com que muitos sírios-libaneses imigrassem para o Brasil, muito dos quais possuíam passaporte da Turquia, e eram muitas vezes confundidos com turcos quando chegavam ao Brasil. Até 1930, cerca de 100.000 árabes entraram no Brasil.

No começo, a maioria dos imigrantes era da Síria, do Líbano e da Palestina, mas tinham alguns representantes do Iraque, do Marrocos, da Argélia e do Egito. No final do século passado, o império Otomano ainda dominava a região, por isso a maior parte dos estrangeiros chegava com passaporte turco. Os primeiros imigrantes eram rapazes solteiros, de classes inferiores, que queriam ficar ricos e voltar para seus países de origem. Depois, vieram camponeses arruinados após a Primeira Guerra Mundial e árabes em busca de paz, lar e segurança, fugindo dos constantes conflitos da região. Trouxeram sonhos de dias melhores e um idioma riquíssimo, com 15 séculos de existência.

A partir do início do século XX a imigração árabe no Brasil cresceu rapidamente, concentrando-se nos grandes centros urbanos, onde se dedicavam sobretudo ao comércio. A maioria dos árabes no Brasil eram cristãos.

A emigração para o Brasil - uma história antiga

D. João VI

Em 1808, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, um libanês ofereceu sua casa para D. João VI como residência imperial. Antun Elias Lubbos, também conhecido como Elias Antônio Lopes (nome que adotou no Brasil), era proprietário de terras na Prainha e possuía um açougue de carne de carneiro e uma casa de secos e molhados na Ponta do Caju. A residência que ele ofertou a D. João VI se tornou a Casa Imperial Brasileira (onde nasceu D. Pedro II) e, posteriormente, o
Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Essa história consta dos arquivos da Biblioteca Nacional de Portugal, e no museu Histórico e Geográfico Nacional podem ser vistos documentos relacionados a essa ocasião.







A emigração de libaneses para o Brasil, como se observa, é antiga e se intensificou na segunda metade do século 19. Durante o domínio otomano, especialmente após o massacre de 1860, ocorreu uma emigração em massa para a América do Sul. Os libaneses portavam um passaporte fornecido pelas autoridades turcas, que concediam a permissão oficial para a viagem; por isso, os libaneses eram (e ainda são, em algumas regiões) chamados de "turcos". De fato, qualquer cidadão oriundo daquela região, fosse ele palestino, sírio ou persa, era conhecido no Brasil como "turco".

Cada emigrante libanês tem uma história própria. Alguns desejavam retornar à terra natal (vinham ao país por questões econômicas e sonhavam com um retorno mais próspero; com o fim da Primeira Guerra e a derrota do Império Otomano, parte dos imigrantes retornou à região); outros decidiram permanecer e educar os filhos no Brasil. Depois, trouxeram mais familiares para o país.
Espalhados em diversos Estados brasileiros, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, na capital ou em aldeias remotas, os libaneses se dedicaram a várias profissões: alguns se embrenharam pelo interior do Brasil e, de porta em porta, mascatearam seus artigos e venderam à vista ou a crédito. Outros tornaram-se agricultores, médicos, empresários, donos de fábricas têxteis, de vidro, artefatos de couro, ourivesaria etc.
Devido à dificuldade de pronúncia dos nomes árabes e do estranhamento (e, eventualmente, perseguição) que provocavam, alguns emigrantes alteraram o nome de origem, adaptando-o ou traduzindo-o para a língua nativa da nova terra. No Brasil, Tanus al Bustani passou a se chamar Antonio Jardim ou Jardineiro, tradução aproximada do original árabe. Durante muito tempo, esse costume perdurou, mas nos últimos anos a prática caiu em desuso e os erros de grafia na transliteração se tornaram bem menos freqüentes.
A culinária libanesa tornou-se bastante conhecida dos brasileiros. Pratos como quibe e esfiha são vendidos em muitos restaurantes e lanchonetes brasileiros ao lado de empadas e outros salgados. A integração caracterizou essa emigração.
Atualmente, há cerca de 7 milhões de libaneses e descendentes no Brasil. O maior núcleo vive em São Paulo, mas há comunidades importantes em muitas outras regiões do país.

D. Pedro II e o Líbano

Grande admirador da cultura árabe, D. Pedro II (1825-1891) esteve duas vezes no Oriente Médio: em 1871, visitou o Egito; em 1876, o Líbano, a Palestina e a Síria.
O imperador permaneceu no Líbano de 11 a 15 de novembro de 1876, acompanhado de sua esposa, Dona Tereza Christina Maria, e de uma comitiva de cerca de 200 pessoas. De Beirute, onde se hospedou (no hotel Belle Vue), escreveu ao diplomata francês Joseph Gobineau, que estava em Atenas: "A partir de hoje, começa um mundo novo. O Líbano ergue-se diante de mim com seus cimos nevados, seu aspecto severo, como convém a essa sentinela da Terra Santa".
Nesse período, D. Pedro II visitou o Colégio Protestante Sírio (fundado em 1866, tornou-se mais tarde a Universidade Americana de Beirute), o Colégio Francês dos Jesuítas (fundado em 1875, posteriormente tornou-se a Universidade Americana de Beirute) e outras instituições. Encontrou-se com diversos intelectuais vinculados às ciências e às artes, entre os quais o gramático Ibrahim al Yazigi, que lhe ofereceu vários livros em árabe (as obras integram o acervo do Museu Imperial de Petrópolis - RJ), e o professor Cornelius Van Dyck, da Universidade Americana de Beirute. O imperador assistiu a uma das aulas de Van Dyck próximo a Nemi Jafet, um dos pioneiros da emigração libanesa.
Depois de visitar o patriarca da Igreja Maronita, Bulos Mass'ad, em Bkerke, dirigiu-se à cidade de Chtaura numa carruagem da "Sociedade Otomana da Estrada de Beirute a Damasco" (fundada em 1861). Ao chegar à cordilheira do Monte Líbano, escreveu em seu diário: "Felizmente a chuva tinha cessado, clareando o tempo de modo a gozar da vista magnífica da planície de Bekaa".
Após atravessar o vale de Chtaura e passar por Zahle e outras cidades, chegou a Baalbeck em 14 de novembro e redigiu em seu diário: "A entrada nas ruínas de Baalbeck, à luz de fogaréus e lanternas, atravessando por longa abóbada de grandes pedras, foi triunfal e as colunas tomavam dimensões colossais".
No dia seguinte, visitou os templos de Baco, Júpiter e Vênus. Anotou: "Saindo de Baalbeck, onde deixei meu nome com a data na parede do fundo do pequeno templo [o templo de Baco], está cheio de semelhantes inscrições, lendo-se logo depois da entrada estas palavras - "Comme le monde est bête!!! (...) A noite passada encheram-se os cabeços dos montes de neve e que belo efeito produziram, vistos do fundo do grande templo [o templo de Júpiter] ou por entre as seis colunas".
Durante a viagem, falou aos camponeses sobre o Brasil, onde já vivia um pequeno número de libaneses. A visita incentivou o fluxo migratório.



A independência do Líbano veio em 1943, mas desde 1927 o país já contava com um hino próprio. O canto foi escrito pelo poeta libanês Rachid Nakhlé, acompanhado da música de Wadih Sabra, então diretor do conservatório de música do país. A composição foi eleita como hino do país após vencer um concurso realizado pelo parlamento do Líbano.
BANDEIRA DO LÍBANO:
O cedro do Líbano é mais que uma árvore, ele é o símbolo do Líbano. O cedro foi escolhido como emblema da bandeira libanesa por simbolizar força e imortalidade. Embora existam muitos tipos de cedros, o Cedro do Líbano ou Cedrus libani é a espécie mais velha e mais forte, podendo viver ao longo de centenas anos. Veja como o Cedro do Líbano marcou sua presença ao longo da história:
• Os fenícios empregavam sua madeira na construção de embarcações, utilizadas para a navegação no Mar Mediterrâneo e no Oceano Atlântico.
• O papiro de Unamon, datado do século XI a.C. testemunha o intercâmbio comercial entre o Líbano e o Egito. Unamon narra que foi encarregado pelo Grande Sacerdote do Deus Amon, de Tebas, para procurar os cedros a fim de construir um barco consagrado à divindade.
• Segundo a Bíblia, o Rei Salomão construiu seu famoso templo com a madeira dos cedros libaneses.
• A madeira do cedro era perfumada e utilizada pelos faraós do Egito para mumificar os mortos.
 
HINO NACIONAL LIBANÊS (tradução)


Somos todos para a Pátria
Para a sublime, pela bandeira
Nossa espada, nossa pena
Fulguram aos olhos do tempo
Nossos vales e montes
São o berço dos bravos
Nossa palavra e ação, só buscam a perfeição

Somos todos para a Pátria
Para a sublime, pela bandeira
Somos todos para a Pátria
Velhos e moços ao apelo da Pátria
Investem, como leões da floresta,
Quando surgem os embates
Coração de nosso Oriente
Que Deus o preserve ao longo dos séculos

Seu mar, sua terra são a pérola dos dois Orientes
Sua opulência, sua caridade
Preenchem os dois pólos
Seu nome é seu triunfo
Desde a época de nossos ancestrais
Sua glória é seus cedros
Seu símbolo é para a eternidade

Somos todos para a Pátria
Para a sublime, pela bandeira
Somos todos para a Pátria.


Relações Brasil / Líbano

É sabido que as relações dos povos brasileiro e libanês antecedem a própria independência do Líbano, em 22 de novembro de 1943.

Em 1876 o Imperador Dom Pedro II, realizou uma visita de cortesia ao Líbano, ainda sob o domínio do Império Otomano. Impressionado pelo trabalho espetacular dos primeiros libaneses que vieram ao Brasil, tanto pelo caráter, como pelo seu amor à nova pátria, ainda em Beirute, convidou aos que quisessem emigrar, sendo que os receberia de braços abertos nesta terra hospitaleira.

Os libaneses na ocasião o presentearam com uma biblioteca e um trono feito com a madeira de seus cedros, que simboliza a eternidade. Este trono pode ser visto hoje no Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Em retribuição, D. Pedro II ofereceu aos libaneses uma caixa de ouro e diamantes, que representa a riqueza das terras brasileiras. A imigração contemporânea iniciou-se em 1880 com a chegada simbólica de Youssef Mussa ao Rio de Janeiro.

Hoje vivem aqui, aproximadamente , 6 milhões de libaneses e descendentes, o maior número de imigrantes libaneses do mundo, que pela força do seu trabalho, perseverança e inteligência alcançaram notáveis posições em todas as áreas de atividades, contribuindo decisivamente para a formação da nacionalidade brasileira. A História é pródiga em exemplos que marcam o elo afetivo entre os dois países.

Em 1808 , quando a família real portuguesa chegou ao Brasil e ao saber que não havia encontrado à sua chegada um solar digno dela, um libanês ofereceu a sua casa para D. João VI afim de servir como residência da Família Real. Essa história consta dos arquivos da Biblioteca Nacional de Portugal. No documento, o nome do homem que praticou o nobre gesto: Antun Elias Lubbos, também conhecido pelo nome Antônio Lopes. E a casa que ele ofertou a D. João VI se tornou o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.
No museu Histórico e Geográfico e Nacional podem ser vistos a fotografia e documentos relacionados a essa sessão.


Fonte: http://www.miniweb.com.br/Cidadania/Personalidades/imigrantes10.html