Os integrantes da Sabinada defendiam a criação de uma república transitória.
Do ponto de vista histórico, a cidade de Salvador sempre fora palco de importantes rebeliões que iam contra as imposições oficiais. Ainda durante o período colonial, uma rebelião popular conhecida como Conjuração Baiana ou Rebelião dos Alfaiates (1798), marcou a insatisfação daquela população para com as autoridades vigentes. Já na regência, um levante envolvendo negros malês, em 1835, agitou as ruas da capital baiana.
No ano de 1837, os baianos mais uma vez se voltaram contra o governo quando o mesmo impôs a participação obrigatória da população nas frentes da Guerra dos Farrapos, outra rebelião que ocorria na região sul do país. A exigência acabou sendo o estopim necessário para uma nova revolta. Afinal, qual seria o interesse de se pegar em armas por um governo que não satisfazia os interesses da população baiana?
Mediante esse clima de insatisfação, um movimento rebelde passou a tomar conta da província baiana. Liderados pelo médico Francisco Sabino Barroso, os participantes dessa rebelião afugentaram o governador e aglutinaram o apoio de vários grupos sociais da cidade. Tendo o poder nas mãos, as cabeças do movimento realizaram a formação da República Bahiense.
Apesar da aparência separatista, esse novo governo não tinha por objetivo empreender a organização de um Estado definitivamente apartado do Império Brasileiro. Preocupados em não perder os diretos estipulados pelo Ato Adicional de 1834, os revoltosos diziam que o regime republicano só existiria até o momento em que Dom Pedro II alcançasse a maioridade. Além disso, o movimento determinava que somente os escravos que participassem poderiam conquistar a liberdade.
Mesmo tendo um conteúdo de transformações bastante limitado e conservador, a Sabinada foi rigorosamente combatida pelas autoridades imperiais. Com o apoio dos fazendeiros do Recôncavo Baiano, as tropas regenciais empregaram exaustiva violência contra os revoltosos ao realizar diversas execuções, incendiar casas e lançar prisioneiros ao fogo. De acordo com algumas estimativas, houve cerca de 1600 mortes, entre soldados e rebeldes.
Por Rainer Sousa
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