'Science' traz seis artigos sobre o 'Australopithecus sediba'.
Fósseis de 2 milhões podem ser de ancestrais do homem.
Reconstituição do esqueleto do Australopithecus
sediba feito a partir de fósseis (Foto: Divulgação/
Lee Berger - Universidade de Witwatersrand)
Um conjunto de seis estudos que será publicado na edição impressa da revista "Science" nesta sexta-feira (11) analisa com aprofundamento inédito a anatomia e os possíveis hábitos que tinha oAustralopithecus sediba, uma espécie antiga de primata da qual foram encontrados fósseis de 2 milhões de anos em um sítio próximo a Joanesburgo, na África do Sul.
Os artigos, feitos por cientistas de 16 instituições internacionais, usando o esqueleto de um macho jovem, outro de uma fêmea jovem, e um osso encontrado separadamente, mostram que oAustralopithecus sediba é um "mosaico" de características humanas e de macaco, com pélvis, mãos e dentes parecidos com a do homem, e um pé similar ao do chimpanzé.
Os pesquisadores seguem não sabendo em que parte da árvore evolutiva essa espécie se encaixa exatamente. Ainda assim, os artigos da “Science” sugerem que os fosseis sul-africanos são importantes exemplares da evolução humana. De acordo com a revista, os estudos, vistos como um todo, mostram que o Australopithecus sediba é um possível ancestral do gênero homo, que inclui o homem moderno. Essa, no entanto, não é uma visão aceita por toda a comunidade científica.
A análise dos dentes dos esqueletos mostrou que os Australopithecus sediba têm características comuns aos humanos primitivos, com cinco cúspides (pontas) nos dentes molares. Já o estudo dos membros inferiores indica que eles tinham um jeito único de andar.
Seu calcanhar era pequeno, como o de um chimpanzé. A espécie muito provavelmente andava com os joelhos e quadris virados para dentro, com os pés levemente dobrados também.
Essa forma de andar pode indicar que a espécie se encontrava numa fase intermediária entre a vida no chão e nas árvores. Aparentemente, o Australopithecus sediba tem uma anatomia mais arborícola que outros australopitecos.
A análise da caixa torácica mostrou que esse antigo primata tinha as costelas formando uma estrutura mais estreita, como a de macacos, diferente da humana, mais redonda e ampla.
Modelo reconstruído a partir dos fósseis sul-africanos mostra o tamanho do Australopithecus sediba (direita) ao lado de um esqueleto humano de porte relativamente pequeno (Foto: Divulgação/Lee Berger - cortesia da Universidade de Witwatersrand)
Fonte: G1