Artilharia uruguaia na Batalha do Boqueirão, e ao fundo tropas da tríplice aliança indo para o combate,1866.
144 anos atrás terminava o mais sangrento conflito armado da história da América Latina, a Guerra do Paraguai mobilizou centenas de milhares de brasileiros, paraguaios, argentinos e uruguaios. Este episódio, ainda pouquíssimo trabalhado nos livros de História, decorreu numa drástica mudança no cenário econômico da chamada Região Platina.
Uma sequência de desentendimentos diplomáticos desencadeou na mobilização conjunta de Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias. Sob o comando do intitulado Ditador Perpétuo, Solano López, a então muitíssimo próspera República do Paraguai lutou até o último suspiro, no que resultou no massacre de quase toda população economicamente ativa do país.
A Guerra do Paraguai (1864-1870) teve consequências sérias para os dois lados combatentes, e entre os milhares de mortos, o mais radical resultado foi a conversão do Paraguai de uma pioneira república autossuficiente em uma nação miserável. Entre outros efeitos, também podemos destacar o fortalecimento do exército brasileiro e do pensamento abolicionista, dois pontos que influenciaram no processo que iria desencadear na Proclamação da República do Brasil em 1889.
Nos últimos anos essa temática vem sendo reavaliada por historiadores que se dividem entre correntes divergentes: alguns se referem ao Paraguai como uma grande vítima de interesses imperialistas envolvendo Brasil e Inglaterra; outros preferem ver o episódio de forma a diminuir uma suposta figura "idealizada" criada em torno da nação paraguaia. Neste contexto, alguns livros foram publicados reunindo a iconografia da Guerra, contemplando entre ilustrações e pinturas, algumas fotografias que podem enriquecer o imaginário sobre o período.
"Meu objetivo é ajudar na construção de uma memória da guerra que não seja laudatória nem depreciativa, mas dê a real dimensão da participação da sociedade brasileira no conflito" Ricardo Salles, historiador carioca que publicou um dos livros a respeito.
As fotos abaixo estão nesses livros e são do acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, confira:
A bandeira do Brasil Imperial tremula na cidade paraguaia de Humaitá, ao fundo podemos ver mastros de navios de guerra ancorados no Rio Paraguai,1868.
Oficiais brasileiros posando para fotografias (1865; 1868).
Membros do Batalhão de Voluntários da Pátria, regimento proveniente da longínqua província do Ceará, entre 1867 e 1868.
Na foto à esquerda, cadáveres de paraguaios vítimas da Batalha do Boqueirão, 1866; à direita, um militar junto a dois meninos paraguaios que cresceram durante o conflito, eles se vestiam como soldados, 1868.
Soldados brasileiros ajoelham-se diante da estátua de Nossa Senhora da Conceição durante uma procissão, 1868.
Coronel Faria da Rocha revista tropas brasileiras em Tayi, Paraguai,1868.
Oficial brasileiro ao lado de um prisioneiro paraguaio, foto datada entre 1865 e 1868.
Nesta imagem podemos ver um religioso brasileiro junto a civis paraguaios. Os homens em pé ao fundo são das forças aliadas foto datada entre 1869 e 1870.
Prisioneiros paraguaios fotografados durante a ocupação de Assunção, capital do país.
Oficiais brasileiros nos momentos finais da Guerra do Paraguai, entre eles está o Conde d´Eu (com a mão na cintura), 1870.
À esquerda o Imperador Pedro II usando trajes típicos durante uma visita ao Rio Grande do Sul, 1865; à direita a última foto de Solano López, 1870.
Fontes:
Lago, Bia Corrêa do. Os fotógrafos do Império: a fotografia brasileira no Século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.
Salles, Ricardo. Guerra do Paraguai: memórias & imagens. Rio de Janeiro: Edições Biblioteca Nacional, 2003.
Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 19, nº 38, p. 283-310. 1999