28.7.11

Desaparecidos políticos

Por Emerson Santiago
Passou-se a utilizar na história do Brasil o termo “desaparecidos políticos” para se referir aos homens e mulheres envolvidos com a oposição direta e aberta, armada ou não, ao Regime Militar instalado no Brasil entre 1964 e 1985. Como resultado de sua franca oposição ao governo militar, presume-se que a esmagadora maioria destas pessoas apontadas como desaparecidas estejam na verdade mortas, pois era prática dos órgãos responsáveis pelos atos de tortura e repressão classificarem os oposicionistas mortos em confronto ou em tortura como desaparecidos, estratégia destinada a manter a opinião pública alheia aos atos arbitrários cometidos pela ditadura.

Os primeiros desaparecidos políticos começaram a surgir já desde o primeiro ano da chamada Revolução (nome pelo qual os militares faziam questão de se referir ao que ficou popularmente conhecido como Golpe Militar de 1964), sendo em sua maioria militares que se levantaram abertamente contra o golpe.

Com o passar do tempo e o gradual aumento da repressão, foram sendo formados os grupos armados de oposição e o tipo clássico de desaparecido político retratado em programas de TV, livros, revistas, etc. foi surgindo, que era geralmente o militante de esquerda, ligado ao PC do B ou aos vários grupos semi-independentes criados para combater o regime, como a ALN (Ação Libertadora Nacional), o MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), o MAR (Movimento Armado Revolucionário), a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), a ORM-Polop (Organização Revolucionária Marxista – Política Operária), entre tantos outros grupos menores. Importante frisar que o tradicional PCB, representado pelo seu lendário secretário-geral Luís Carlos Prestes, resolveu seguir outra orientação, a de evitar o confronto com os militares, propondo uma oposição apenas no campo político, conclamando a união de todos os grupos oposicionistas a formar uma frente ampla de oposição aos militares.

No final dos anos 80, a prova dos horrores do regime militar brasileiro veio à tona, revelando o destino provável de muitos dos “desaparecidos”, numa vala comum no cemitério de Perus, em São Paulo, onde não só os militantes políticos eram desovados, mas todo o tipo indesejável ao governo, resultando em centenas de ossadas que até hoje esperam por identificação definitiva.

Apesar de muitas vezes surgir o argumento de que, comparada com as outras ditaduras latino-americanas, a instalada no Brasil tenha utilizado do artifício da repressão em menor intensidade que os seus vizinhos, nada justifica, em qualquer tempo, a morte de quem quer seja por suas convicções políticas. E, de fato, ditaduras como a que aconteceu na Argentina, e durou até menos tempo que a brasileira, foi de uma violência muito maior, mas definitivamente não serve de parâmetro para as arbitrariedades que foram cometidas no Brasil. De qualquer modo, são centenas de nomes na relação dos desaparecidos políticos que permanecem em uma espécie de limbo, pois seus familiares continuam, após décadas, sem saber o destino de seus parentes, sendo que o governo contribui em grande parte para essa interrogação na história brasileira, devido ao acordo feito entre os líderes políticos no final dos anos 70 de que a anistia também incluiria os autores das mortes e torturas a mando da ditadura.

Bibliografia:
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos . A história escondida na Vala de Perus . Disponível em: http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pagina.php?id=95&m=8 .Acesso em: 20 jul. 2011.

Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos . Pessoas . Disponível em: http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoas.php?m=3 .Acesso em: 20 jul. 2011.

Fonte:http://www.infoescola.com/ditadura-militar/desaparecidos-politicos/