19.9.13

17 de setembro de 1971: A morte de Carlos Lamarca



por: Lucyanne Mano

O Serviço de Relações Públicas da 6ª. Região Militar, sediado em Salvador, anunciou à imprensa a morte do ex-capitão Carlos Lamarca durante um tiroteio com agentes do CODI, no interior da Bahia, na zona do rio São Francisco. O chefe de Relações Públicas da 6ª RM, major Garcia Neves, relatou os detalhes da Operação – Pajussara, que culminou com a morte de Lamarca e Zequinha – amigo que o acompanhou até os últimos instantes.

Larmaca foi o último remanescente da trilogia de líderes subversivos brasileiros. Seus antecessores na liderança, Carlos Marighela e Joaquim Camara Ferreira, morreram em 1969 e 1970, respectivamente. O ex-capitão Carlos Lamarca estava condenado a 58 anos de prisão – 24 por furto de armas, 30 por ter seqüestrado uma viatura militar e 4 por atividades diversas da VAR-Palmares.

Lamarca havia ingressado no Partido Comunista Brasileiro em 1964. Em 1968 passa a ser membro VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), formada por Carlos Marighela.

Oficial formado na turma de 1960 da Academia Militar das Agulhas Negras, sendo lá que começa a ler o jornal "A Voz Operária", do PCB (o jornal era colocado debaixo dos travesseiros dos cadetes escondido). Começa seu interesse e simpatia com as idéias comunistas. Lamarca foi promovido a capitão em agosto de 1967, considerado um oficial de comportamento discreto que se destacava nos exercícios de tiro ao alvo, sendo hábil no manejo de qualquer tipo de arma.

Sua presença nos anais da subversão é registrada a partir de 27 de janeiro de 1969, quando o II Exército publicou um edital intimando-o a comparecer ao 4º Regimento de Infantaria. A Polícia do Exército, a Polícia Federal e a Polícia Estadual havia identificado elementos comprometidos com assaltos a bancos, roubos de dinamite e assassinatos. Entre os criminosos capturados, alguns tinham ligações com o capitão Carlos Lamarca. No dia anterior a nota, ele havia fugido da unidade, levando um caminhão carregado de armas e munição.

Em 1969 Lamarca é nomeado dirigente do VPR. Comprou um sítio no vale do Ribeira, usado para treinar militares para guerrilha até a prisão de Mário Japa, um dos dirigentes do VPR, quando o campo de treinamento é desmobilizado. Para salvá-lo, seqüestraram o cônsul do Japão. O cerco foi aumentando e Lamarca decide, junto com a ALN, seqüestrar o embaixador da Alemanha Ocidental em troca da publicação de um manifesto dos militantes de nome “Ao povo brasileiro”. Artigo publicado no dia 12 de junho. Em dezembro ainda comanda o seqüestro do embaixador suíço no Rio de Janeiro em troca de 70 presos políticos.

O cerco a Lamarca começou em março de 1971, com a prisão de uma subversiva no Rio, que interrogada, revelou a transferência das ações da VPR para o Nordeste e o Estado da Bahia para a sede. Em agosto, as autoridades estouraram um aparelho em Salvador e encontraram a amante de Lamarca, Iara Iavelberg, que suicidou-se com um tiro no coração.

Lamarca foi perseguido pelos órgãos de segurança por quase três anos. No dia 17 de setembro, Zequinha e Lamarca estava descansando embaixo de uma árvore quando foram cercados por 20 agentes do CODI, na localidade de Pintada, Município de Ipupira. Morreram fuzilados.