20.7.11

Conheça um pouco da história irlandesa


irlanda.gifA história da Irlanda é intensa, com batalhas sangrentas e divisões políticas e religiosas, mas não deixa de ser fascinante. Os Celtas, guerreiros da Era de Ferros vindos da Europa Oriental, chegaram à Irlanda por volta de 300 AC. Eles controlaram o país por mais de 1000 anos e deixaram seu legado na cultura e no idioma, que sobrevive até hoje, especialmente em Galway, Cork, Kerry e Waterford.

Os Romanos nunca conseguiram invadir a Irlanda, e enquanto o restante da Europa afundava com o declínio da Era Negra (Dark Ages), o país se tornou um dos mais avançados da civilização européia, particularmente depois da chegada do Cristianismo, entre os séculos III e V.

Durante o século VIII, invasores Vikings começaram a saquear os monastérios irlandeses. Instalaram-se no país no século IX, e formaram alianças com as famílias locais e os chefes. Fundaram então Dublin, que no século X era apenas um pequeno reinado Viking.

Os ingleses chegaram em 1169, tomando Wexford e Dublin facilmente. O rei inglês Henry II foi reconhecido pelo Papa como o Lorde da Irlanda, e ele tomou Waterford em 1171, declarando-a como a cidade real. Os lordes ingleses instalaram sua base de poder na Irlanda, sem permitir o controle da Inglaterra.

O poder dos ingleses se consolidou com Henry VIII e Elizabeth I. Porém, os irlandeses nativos e os Ingleses Católicos se rebelaram, gerando um conflito sangrento, em 1641. Os nativos e os católicos apoiaram os monarquistas na Guerra Civil Inglesa e após a execução de Charles I, Oliver Cromwell - o parlamentarista protestante vitorioso - chegou à Irlanda para ensinar aos oponentes sua lição. Ele deixou um rastro de morte e destruição que jamais foi esquecido.

Em 1695 foram implantadas rigorosas leis penais, conhecidas como Código papal. Os católicos foram proibidos de comprar terras, criar seus filhos como católicos, e de fazerem parte do exército ou das atividades jurídicas. Toda a cultura, música e educação irlandesa foram banidas. A religião e a cultura foram mantidas vivas secretamente em escolas ilegais. Preocupados com o clima de inquietação no final do século XVIII, a alta burguesia protestante negociou o que ainda restava de independência com o governo para obter segurança Britânica, em e Ato de União de 1800 uniu, politicamente, a Irlanda à Grã-Bretanha.

A formação da Associação Católica pelo líder popular Daniel O' Conell permitiu alguma emancipação dos católicos, mas a resistência foi abalada pela tragédia da Great Famine (Grande Fome), de 1845 a 51. A destruição das plantações de batata, que durante anos a Irlanda exportou para a Inglaterra, levou à fome do povo, e houve uma grande evasão de emigrantes para outros países, até o inicio do século XX.

As repercussões sangrentas de 1916 deram um impulso para a independência irlandesa, e nas eleições gerais britânicas de 1918 os irlandeses republicanos ganharam a maioria das cadeiras governamentais irlandesas. Eles declararam a Irlanda independente e formaram a primeira assembléia irlandesa. Isto provocou a guerra Anglo-Irlandesa, que durou de 1919 até 1921. O Tratado Anglo-Irlandês deu independência a 26 condados irlandeses, e permitiu que seis, protestantes, optassem pela exclusão. O parlamento da Irlanda do Norte nasceu, tendo como primeiro ministro James Craig. Os políticos da Irlanda do Norte ficaram muito divididos devido à religião, e a discriminação contra os católicos começou na política, na vida social, nos empregos e no direito à moradia. O sul da Irlanda finalmente se declarou república em 1948, e deixou o Estado Britânico em 1949.

A instabilidade no norte começou a se revelar nos anos 60, quando uma manifestação pacífica pelos direitos civis marchou em 1968 e foi violentamente reprimida. Então os problemas começaram. Tropas britânicas foram enviadas a Derry e Belfast em agosto de 1969. Inicialmente houve espaço para os católicos, mas logo se evidenciou que estes eram apenas uma ferramenta nas mãos da maioria protestante. Medidas pacíficas falharam e o Exército Republicano Irlandês (IRA), que lutou contra os britânicos na guerra Anglo-Irlandesa, ressurgiu. Este reaparecimento do IRA foi marcado por batalhas, que culminaram em centenas de mortes, de ambos os lados, o massacre de civis pelas tropas, a prisão de simpatizantes do IRA sem direito à julgamento, a morte dos prisioneiros e o inicio do terrorismo.

A Irlanda do Norte perdeu os vestígios de independência parlamentarista e foi governada por Londres, desde então. O Acordo Anglo-Irlandês de 1985 deu ao governo de Dublin, pela 1ª vez, a oportunidade de agir por conta própria nos assuntos da Irlanda do Norte. Infelizmente o cessar fogo de 1994 foi seguido de assassinatos, atos de terrorismo e a intransigência notória do Governo Britânico. O clima mudou novamente com a eleição de Tony Blair em 1997, com uma maioria trabalhista o apoiando. Em 1998, com os dois partidos trabalhando, foi formulada uma resolução pacífica que oferecia à Irlanda do Norte autonomia em seu governo e a criação do Conselho Norte-Sul, que ficaria apto a implementar todas as leis irlandesas, desde que os governos de Belfast e Dublin estivessem de acordo. Como parte do acordo, que foi reforçado por um referendo, o Sul desistiu de reivindicar pelo Norte. Felizmente a sensação de paz ainda permanece no ar!

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