No quinto milênio a.C., a Revolução Neolítica já se tinha afirmado na Europa, Oriente Médio e norte-nordeste da África. O desenvolvimento da agricultura e do pastoreio sedentarizava as populações. Acampamentos pequenos transformavam-se em aldeias e, em algumas regiões do Oriente Médio, já existiam vida urbana intensa e atividades artesanais bem desenvolvidas. Jericó, na Palestina, e Catal Huyuk, na Turquia, foram precursoras das grandes cidades que se desenvolveram na Mesopotâmia, região entre os rios Tigre e Eufrates, no atual fraque, a partir do quarto milênio a.C. Grupos nômades continuavam existindo em terras inóspitas, como desertos, florestas e regiões montanhosas. E nossa. Bandos de nômades militarizavam-se e dedicavam-se a defender os agricultores ou a saqueá-los. A vida social também se tomou mais complexa nas aldeias e cidades. A divisão social do trabalho não se fundamentava mais apenas em critérios etários e sexuais. Havia vários grupos sociais distintos: agricultores, pastores, militares, artesãos, sacerdotes, entre outros. A especialização do trabalho e os novos instrumentos de produção, feitos de pedra polida e metais, aumentavam a produtividade. Os homens produziam mais, em menos tempo de trabalho. As aldeias e as cidades passaram a produzir mais do que necessitavam para a sua sobrevivência. Por essa razão, desenvolveu-se o comércio interno e externo nessas comunidades. Para realizar esse comércio, surgiram os mercadores. No final do Neolítico, descobriu-se a metalurgia, que permitiu a confecção de armas e ferramentas mais resistentes. Porém, antes de analisarmos as conseqüências dos metais na economia, vamos falar de suas implicações no pensamento humano. O primeiro metal a ser fundido pelo homem foi o cobre. Depois veio o bronze, que é uma fusão do cobre com o estanho. Já no período da História entre 3000 e 1000 a.C., em diversos lugares, os homens aprenderam a fundir o ferro. A fundição dos metais criou toda uma simbologia e mitologia em torno deles, com destaque para os ritos referentes ao ferro. As populações pré-históricas, desde os tempos do Paleolítico, conheciam o ferro na forma de meteoritos que haviam caído na Terra. Tratavam-no como pedra, que lascavam ou mesmo poliam para produzir ferramentas. Tinham como verdade que era uma pedra celeste, mesmo quando passaram a utilizar os minerais ferrosos da superfície da terra. Nesse tempo, o ferro era usado para rituais religiosos. Ao contrário do cobre e do bronze, a metalurgia do ferro difundiu-se rapidamente, pois as jazidas eram ricas e fáceis de ser exploradas. A rápida difusão do ferro teve conseqüências religiosas importantes. Os homens acreditavam que o ferro crescia nas cavernas e minas, da mesma forma que as plantas cresciam no solo. As cavernas e minas foram comparadas à mãe-terra sagrada dos agricultores. Os minérios eram considerados embriões que, se fossem deixados nas minas, iriam amadurecer e desenvolver-se, embora lentamente. Os mineiros os retiravam da ter que era sagrada. Por isso, tinham de praticar rituais religiosos de purificação, de meditação e oração. Os ferreiros enviavam o minério aos fornos para fundi-lo. Essa operação era a mais difícil e temerária. O artesão substituía a mãe natureza para acelerar e completar o amadurecimento do metal. Por isso, os ferreiros tinham de observar uma série de precauções, tabus e ritos. Durante certo tempo, tinham de jejuar e manter-se castos, entre outras coisas. Eram considerados os senhores do fogo, porque através dele transformavam o minério. O ferro permitia a construção de ferramentas para a produção de alimentos e de espadas para matar. Contribuía, portanto, para a vida e para a morte, para o bem e para o mal. Esses atributos associados ao metal, nas civilizações da Antiguidade, foram também atribuídos aos ferreiros, que eram respeitados e temidos da mesma forma que os chama (videntes), curadores e mágicos. Com o ferro foi possível também aumentar a produtividade do trabalho e liberar ainda mais os homens da dependência da natureza. Ao contrário da pedra, o ferro podia ser moldado pelo processo de fusão. Isso permitiu a produção de ferramentas mais fortes, resistentes, duráveis e mais adaptadas ao trabalho do que os artefatos de pedra, melhorando a produtividade da agricultura, do pastoreio e do artesanato. Tornou-se viável a construção de armas mais resistentes, permitindo a formação de exércitos poderosos e Estados militaristas, que se expandiram, dominaram novos territórios e exploraram os povos vencidos.