Não há certeza a respeito. Durante muito tempo, o estrago foi creditado às tropas de Napoleão, que invadiram o Egito em 1798. Depois, surgiu a versão de que, pouco antes dessa indesejável chegada dos franceses, os mamelucos - milícia turco-egípcia que comandava o país - teriam usado o colosso como alvo enquanto calibravam seus canhões. Tudo isso é lenda. Um desenho do artista e arquiteto naval Frederick Lewis Norden, que visitou o Egito em 1755 - mais de quatro décadas antes da chegada de Napoleão, portanto -, mostra a Esfinge de Gizé já sem o nariz. "Essas lendas se consolidaram muito por conta da fama de louco de Napoleão", afirma o egiptólogo Antônio Brancaglion, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP. Segundo ele, a hipótese mais provável é a de que, em algum momento entre os séculos XVI e XVII, cristãos coptas (da mesma etnia dos antigos egípcios) ou otomanos tenham feito a "cirurgia" utilizando barras de metal e cinzéis, já que as marcas que se podem observar na magnífica escultura indicam uma intervenção desse tipo. "No Egito antigo, os ladrões tinham o nariz extirpado como forma de punição e fácil reconhecimento. Mais tarde, os egípcios e também alguns povos invasores passaram a mutilar estátuas assim como forma de, simbolicamente, tirar a honra de uma pessoa", diz Antônio. Fonte: