26.11.10

Escravidão no Brasil

Os africanos capturados eram convertidos em força de trabalho no ambiente colonial brasileiro.

Durante o Brasil Colonial, a mão-de-obra escrava foi de suma importância para a exploração das riquezas. Portugal – pretendendo dar sustentação ao seu modelo de colonização exploratória – buscou na exploração da força de trabalho dos negros uma rentável alternativa. Além de viabilizar a exploração das terras brasileiras, o tráfico negreiro potencializou o desenvolvimento de outras atividades econômicas.

O transporte de escravos motivou a produção de um maior número de embarcações que realizassem tal serviço. A sustentação das populações escravas na colônia também incrementava os lucros da metrópole ao demandar o consumo de tecidos de algodão e outros produtos manufaturados. Ao longo de todo nosso processo de colonização, o tráfico negreiro foi responsável pela introdução de aproximadamente 4 milhões de africanos pertencentes às mais diferentes culturas e etnias.

Ao contrário do que muitos imaginam, a questão da escravidão era inerente a algumas culturas africanas. Na grande maioria das vezes, os portugueses firmavam um tipo de acordo comercial com líderes tribais que se responsabilizavam pela obtenção de escravos. Depois de capturados, esses eram entulhados no porão de um navio negreiro onde passavam por lastimável situação. Muitos dos capturados acabavam falecendo no interior do navio devido à falta de mantimentos ou a superlotação.

Chegando ao Brasil, os africanos capturados eram tratados como “bens semoventes” a serem exibidos nos pontos de comercialização. Evitando a organização de uma possível rebelião, os comerciantes de escravos tinham o cuidado de separar os escravos que tivessem algum tipo de laço afetivo ou familiar. Ao serem obtidos por um grande proprietário de terras, esses escravos eram alocados em uma habitação coletiva chamada de senzala.

A rotina de trabalho imposta aos escravos era extremamente pesada. Todo tipo de trabalho braçal era destinado a esses trabalhadores. Para fiscalizar o cumprimento de suas tarefas diárias, o fazendeiro contava com o auxílio de um capataz responsável pela vigilância e a punição dos subordinados. Os maus tratos, as excessivas horas de trabalho e a má alimentação faziam com que um escravo adulto tivesse uma expectativa de vida de, no máximo, dez anos.

Uma minoria dos escravos não partilhava dessa dura realidade. Alguns escravos de maior confiança eram utilizados para as tarefas em ambiente doméstico e dormiam em instalações próprias. Nos centros urbanos também haviam os chamados “escravos de ganho”, que não eram utilizados em tarefas que exigiam esforço físico. Em geral, esses escravos eram responsáveis pela comercialização de bens manufaturados ou na administração de um pequeno comércio.

A condição humilhante da grande maioria dos escravos motivava a realização de revoltas ou a adoção de outras estratégias de resistência. Muitos escravos organizavam fugas e procuravam formar comunidades independentes do poder do senhor de engenho. Essas comunidades eram mais conhecidas como quilombos e desafiavam o modelo de organização social imposto pela administração colonial. O mais famoso desses quilombos fixou-se na região de Alagoas com o nome de Palmares.

Sendo uma experiência histórica que marcou o desenvolvimento de toda a sociedade brasileira, a escravidão ainda reverbera com bastante força na contemporaneidade. A questão do preconceito racial ainda reflete o sectarismo que definiu a posição subalterna reservada aos negros. Hoje em dia, movimentos de afirmação da identidade negra e ações governamentais tentam dar fim a esse processo de exclusão constituído ao longo de séculos.

Por Rainer Sousa

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