Por Emerson Santiago
É denominada Civilização de Caral, ou ainda Caral-Supe ou Norte Chico a a civilização que floresceu na região litoral central do Peru, onde se encontra o vale de Supe, ao norte do departamento de Lima, cerca de 200 km da atual capital peruana. Considerada atualmente pelos estudiosos como o berço da civilização nas américas, a civilização de Caral teria surgido por volta de 4600 anos, ao mesmo tempo em que o Egito, Mesopotâmia, China e Índia constituíam culturas igualmente desenvolvidas.
Cogita-se que Caral era sede de uma comunidade constituída por várias famílias ou clãs, sendo dirigido pelos chefes ou representantes dessas famílias, onde um destes exercia o comando como chefe entre seus pares (chamado de “curaca”). Os senhores dessas linhagens eram responsáveis pela administração e organização da vida dos habitantes das várias cidades e vilas administradas por Caral. Todas estas localidades compartilhavam as mesmas tradições e constituíam uma rede grande e bem organizada de comunicação e comércio, no qual Caral exercia o papel central em seu funcionamento. O elemento principal na manutenção da coesão desses povos era a religião, que era utilizada também no controle político do povo. Era exatamente essa a função das pirâmides encontradas no complexo, com suas praças, pátios e santuários do fogo sagrado, onde se realizavam as várias festividades do calendário cerimonial, atividade imprescindível na consolidação da identidade cultural comum.
As pirâmides do assentamento são as mais antigas encontradas até à data na região dos Andes, tendo por volta de 5000 anos (datando de 3000 a.C. aproximadamente). A edificação de tais estruturas exigia um alto grau de tecnologia e organização social para solucionar os problemas da construção e dos elevados custos de materiais e energia.
O sítio arqueológico ocupa uma área de cerca de 65 hectares, estabelecido à margem esquerda do rio Supe. O vale de mesmo nome, percorrido pelo rio, constitui um canal estreito e fértil, de largura máxima de 1,5 km abrigando ao longo de seu curso uma série de outros sítios contemporâneos aos do assentamento de Caral, como Pando, Lurinhuasi, Miraya, Allpacoto, Aspero, Chupacigarro, entre outros.
Os restos da cidade, com suas estruturas gigantes de pedras maciças, foram descobertos em 1905 e, apesar de muito pouco estudados até recentemente, contribuíram para mudar a visão da maioria dos historiadores sobre como se deu o processo de povoamento do continente americano. Esta informação ajudou a reescrever todas as teorias de fluxo migratório não só dentro do continente americano mas em todo o mundo. Ficou claro aos estudiosos que os habitantes de Caral eram sedentários (não-nômades como todo o ser humano pré-histórico) e tinham uma civilização completa constituída, com centros políticos e religiosos.
Bibliografia:
Reba. Caral: a cidade mais antiga das Américas. Disponível em
Caral (em espanhol). Disponível em