Por Emerson Santiago
Revisionismo húngaro foi o nome dado a uma ideologia política surgida na Hungria logo após a Primeira Guerra Mundial, e que tinha como objetivo principal restaurar as fronteiras originais do país antes da guerra (a chamada Grande Hungria). Tal ideologia foi um dos objetivos principais do estado húngaro no período entre os dois conflitos mundiais.
Com o Tratado de Trianon (que celebrou a rendição da Hungria), o país perdera 72% de seu território e dois terços de seus habitantes, húngaros étnicos espalhados por vários países vizinhos, muitos independentes após Trianon. A ideia era enfraquecer a Hungria, cortando territórios vitais ao antigo estado, impossibilitando à Hungria, com isso, novamente ameaçar a Entente, vencedora da guerra.
Cerca de metade dos cidadãos do antigo reino húngaro se encontravam nas fronteiras estabelecidas ao novo estado húngaro. O Tratado de Trianon provou ser extremamente impopular dentro da Hungria e os chamados revisionistas criaram uma ideologia nacionalista com o objetivo político da restauração das fronteiras anteriores a Trianon, a Grande Hungria. O país buscou a revisão do tratado, sem sucesso, criando entre a opinião pública húngara a ideia de reconquistar o que fora perdido, fazendo o país aproximar-se naturalmente de Hitler, apoiando mais tarde as potências do Eixo na Segunda Guerra.
Os revisionistas, assim como os nazistas, advogavam a anexação de territórios onde boa parte da população fosse etnicamente húngara. O teritório pretendido pelos revisionistas correspondia à região geográfica e também econômica da Planície da Panônia. Estes esqueciam, porém, que em muitas dessas áreas haviam importantes minorias de croatas, romenos, sérvios, eslovacos, ucranianos, eslovenos e outras minorias, que foram forçadamente aculturadas durante o século XIX a se adaptarem à cultura predominante, e por isso, passavam aparentemente como húngaros, tornando mais complexa a identificação dos verdadeiros húngaros naqueles territórios.
A Hungria juntou-se às potências do Eixo na Segunda Guerra e foi inicialmente bem sucedida, anexando pacificamente algumas regiões (de maioria étnica húngara)de seu antigo reino nas Arbitragens de Viena de 1938 e 1940, e, logo depois, através de intervenção militar, conquistando regiões como a Rutênia em 1939 além de outras, em 1941. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, as fronteiras da Hungria tal como definidas pelo Tratado de Trianon foram restauradas, com exceção de 3 mais aldeias húngaras que foram dadas à Checoslováquia. Estas aldeias são hoje parte de Pozsony (hoje Bratislava).
Hoje em dia, o tópico da Grande Hungria é de pequena importância entre a opinião pública daquele país, apesar da unanimidade em condenar as decisões do Tratado de Trianon.
Bibliografia:
NOVINY, Lidové. Greater Hungary, an imminent danger (em inglês). Disponível em