Lundu, também chamado de Lundum caracteriza-se por um gênero musical e dança folclórica de origem afro-brasileira criada a partir dos Batuques dos escravos. No período da escravidão, os negros realizavam suas tradições religiosas, cantavam e dançavam para manifestação de sua cultura. No final do século XVIII, o Lundu já se torna presente tanto no Brasil quanto em Portugal, tendo influência cultural de tais países.
O ritmo e a dança foram sofrendo modificações no decorrer do tempo, porém a evidência maior é a sensualidade. Apresenta rebolados e “quebras” de quadris, característicos dos movimentos africanos e herdou da cultura européia, a melodia e harmonia para a composição musical.
Durante o século XIX, o Lundu foi considerado um ritmo dominante e aceito pelos brancos. Entretanto, no início do século XX, deixa de ser símbolo de identidade e proibido por ser considerada uma dança que imitava o ato sexual, um atento ao pudor. Contudo, alguns escravos continuavam as escondidas a cultivá-la. Tempos depois, o decreto caiu no esquecimento e o Lundu passou a ser aceito e praticado, mantendo sua principal vertente que é a sensualidade e tornando-se manifestação folclórica. Atualmente, essa dança é praticada em alguns estados do Brasil, principalmente na Região Norte e mais especificamente na Ilha de Marajó, no Pará.
Movimentos Característicos da Dança
Os movimentos são ondulares de grande volúpia, lascivos e lúbricos, apresentam rebolados e maneios dos quadris evidenciando a sensualidade da dança. O lundu possui também influências portuguesas no que diz respeito aos movimentos de sapateados, posturas do corpo, elevação de braços acima da cabeça e marcação com os pés ao ritmo da música.
Coreografia
A coreografia destaca-se como a mais sensual dança folclórica paraense. A história baseia-se em um convite do homem à mulher para um encontro sexual. A dança inicia e o homem convida a dama para dançar, a princípio ela recua, mas diante da insistência do companheiro acaba por aceitar.
Atualmente a coreografia é dançada em roda e de maneira descontraída, mais sempre respeitando as tradições culturais. Apresenta-se da seguinte forma:
Músicos iniciam o ritmo do lundu e as pessoas que querem dançar aproximam-se entrando na dança. O sinal da viola é emitido e a primeira dançarina abre espaço no centro da roda que logo se forma com o grupo. Assim, ela inicia seus movimentos e convida alguém para acompanhá-la e depois substituíla. Esse alguém pode ser homem ou outra mulher, o convite é feito por gestos de batidas dos pés ou palmas diante da pessoa escolhida. Desta forma, a dança segue alternando os dançarinos.
No meio da roda os dançarinos realizam as movimentações marcantes do lundu, com rebolados, braços das mulheres para cima e dos homens para baixo, pernas fletidas e um sapateio em que a planta do pé bate no chão, ao ritmo da música. Se houver o convite de dança com umbigada faz-se uma algazarra no grupo, pois esse é momento da representação do ato sexual no movimento.
Indumentária
A dança do Lundu sofreu modificações no que diz respeito a movimentos e indumentária. Por ser muito praticada da Ilha do Marajó apresenta vestimenta característica da região. Desta forma, geralmente as mulheres usam saias longas, rodadas e estampadas com cores fortes, blusas branca, curtas e de rendas, utilizam também pulseiras, colares, brincos vistosos e flores para enfeitar o cabelo. Já os homens vestem-se com calças largas e brancas e bainhas enroladas nos pés, as blusas são de mangas compridas, enroladas na altura do umbigo e estampadas com desenhos marajoaras. Os pares apresentam-se sempre descalços. A vestimenta da dança do Lundu assemelha-se com a indumentária da Dança do Carimbó
Instrumentos Musicais
- Rebeca (Violino)
- Clarinete
- Reco-Reco
- Ganzá
-Maracás
- Banjo
-Cavaquinho