Por Antonio Gasparetto Junior
Desde que se tornou o independente, o Brasil apresenta um perfil pacífico e de bom relacionamento quando se trata de questões diplomáticas internacionais. Somente durante os períodos de GuerraMundial e de ditaduras que o posicionamento do país rompeu relações com outros Estados. Durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, o país declarou-se contrário ao grupo formado e liderado pelos alemães. Porém, no primeiro conflito, a participação brasileira foi bem distante, só no segundo que participou efetivamente dos combates, ainda assim, chegando já na sua fase final. O rompimento das relações diplomáticas com os países aliados à Alemanha só durou mesmo nos anos de guerra, tão logo se encerraram, as relações foram reestabelecidas. Já outro período no qual o Brasil deixou de se relacionar diplomaticamente com outros países foram os ditatoriais. No primeiro caso, ocorreu durante o Estado Novo e o governo Vargas, mas, nesta situação, houve muita influência da Segunda Guerra Mundial. O segundo e mais longevo caso, a Ditadura Militar, é mais expressivo, pois o Brasil se alinhou com o bloco de países capitalistas. As relações com países socialistas foram suspensas por longos anos, até a volta da democracia no Brasil.
A década de 1990 permitiu notável evolução da política externa brasileira. Terminada a Guerra Fria e encerrado o período autoritário dos militares, o país voltou a ser pacífico em suas relações internacionais. O governo de Fernando Henrique Cardoso inseriu o Brasil no modelo neoliberal de globalização e consolidou a ideia de que o país deveria estar inserido nesse novo cenário internacional permitindo uma ampla abertura aos fluxos comerciais e financeiros. Porém, no final da década, o governo apresentou uma postura crítica sobre o projeto proposto pelos estadunidenses de integração comercial em todo o continente, a chamada ALCA. Esta mobilizou a opinião pública e entrou em pauta de discussão em função dos amplos benefícios que poderia trazer para os Estados Unidos e, consequentemente, as desvantagens brasileiras de ser signatário do projeto. Em lugar da ALCA, já no final do segundo mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso e no início da década de 2000, esboçou-se a ideia de constituição de um bloco sul-americano de comércio.
A diplomacia brasileira na década de 2000 ampliou-se através do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este conferiu uma nova dimensão às relações internacionais e reforçou a atuação do país. No que se refere à integração sul-americana, colocou o Brasil em posição de destaque entre as potências emergentes do Sul. Para o mundo, inseriu o país nos organismos internacionais com uma presença marcante. Assim, pode-se dizer que a política externa da primeira década do século XXI construiu-se sobre uma nova matriz de inserção internacional, a qual busca aprofundar a integração regional na América do Sul e retomar a tradição multilateral das relações brasileiras.
Essa diplomacia pertinente ao início do novo milênio é constituída de alianças e parcerias estratégicas flexíveis que combinam atores e cenários diferentes segundo interesses. A atuação diplomática se expressa bilateralmente, multilateralmente e regionalmente. No decorrer da década de 2000, o Brasil assumiu status de país proeminente no Mercosul, muito em função de sua política interna para o desenvolvimento econômico. Muito embora se diga que a integração pretendida no Mercosul é decepcionante, o Brasil é o país que fortifica o grupo internacionalmente.
A diplomacia brasileira fez reconhecer os direitos e a capacidade brasileira de mercado junto à Organização Mundial do Comércio, permitindo ao país mais respeito e menos desigualdades comerciais. Do mesmo modo, o Brasil tornou-se mais presente e com representação significativa na Organização das Nações Unidas. A tradicional relação multilateral brasileira nas questões internacionais permitiu ao país manter negócios com Estados Unidos e países europeus e, ao mesmo tempo, com o governo autoritário iraniano. Querendo ou não, esta situação demonstra a autonomia da diplomacia brasileira e a representatividade que conquistou ao longo dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, o que levou o país ao posto de sexta economia do mundo.
Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392002000100005
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1308186318_ARQUIVO_ARTPEBNOVAMATRIZLULAANPUH2011c.pdf
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/9/1602