Por Emerson Santiago
Eram denominados “mencheviques“, ou minoria, (em russo: menscinstvó) os membros de um partido político russo, do início do século XX, de tendências revolucionárias moderadas e que se contrapunha aos bolcheviques (maioria).
Os mencheviques originaram-se da cisão ocorrida no Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), fundado em 1898. No segundo congresso do partido realizado em Londres, em 1903 (tratava-se, pois, de um partido clandestino na Rússia), ocorreu uma importante disputa ideológica entre dois dos importantes líderes do partido, Vladimir Lênin e Julius Martov. O grupo simpatizante das ideias de Lênin, os bolcheviques (que mais tarde dariam origem ao Partido Comunista da União Soviética – PCUS) se opuseram aos objetivos pregados pelo grupo capitaneado por Martov, que defendia que os trabalhadores podiam conquistar o poder participando legalmente das atividades políticas. Acreditavam, ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimento capitalista da Rússia e o desabrochar das suas contradições, para se dar início efetivo à ação revolucionária. Os simpatizantes de tal visão constituíam a minoria do antigo POSDR, e por isso passaram a ser conhecidos como mencheviques.
Assim, no entendimento deste grupo minoritário, a revolução deveria ser moderada, permitindo o surgimento da democracia e o pleno desenvolvimento do capitalismo para depois finalmente ocorrer a instalação do socialismo. O mencheviques, enfim, não acreditavam na possibilidade de luta política revolucionária devido ao atraso econômico da Rússia. Vistos como reacionários por muitos dos bolcheviques, tal orientação encontrava respaldo no pensamento de Marx, em especial no “Manifesto do Partido Comunista”, onde o capitalismo não é visto como modelo antagonista do socialismo, mas uma etapa a ser completada rumo ao socialismo, sendo que a Rússia czarista encontrava-se em um estágio de desenvolvimento considerado medieval.
Tal divergência em relação aos bolcheviques, apesar de crucial para manter os dois grupos afastados, não significava que ambos não partilhassem o mesmo objetivo de implantação de um modelo socialista de governo, ambos apenas divergiam sobre quando e como isto deveria ocorrer. Tentativas posteriores de unificação acabaram em fracasso, e os dois grupos seguiram clandestinamente lutando pela queda do regime czarista.
Vencidos na disputa partidária os mencheviques porém tiveram por muito tempo mais apoio popular do que os bolcheviques. Quando ocorreu a queda do regime czarista em 1917, o Governo Provisório Russo designado para substituí-lo era majoritariamente menchevique, e mesmo após sua deposição, os bolcheviques tiveram que recorrer a uma luta política intensa contra seus simpatizantes, tanto na guerra civil quanto por cerca de um ano depois. Com o total controle do país pelos bolcheviques, os mencheviques tornaram-se proscritos, e suas ideias ilegais. Forçados a abandonar a agora União Soviética, passaram a ser inimigos do sistema vigente.
Bibliografia:
A divisão do Partido: Mencheviques e Bolcheviques. Disponível em
(?) Thalyta, Milena, Hellen e Grazielle. Mencheviques, Bolcheviques, Duma e Sovietes. Disponível em
CANCIAN, Renato. Bolcheviques, mencheviques, Lênin e a Rússia pré-revolução. Disponível em