Equipe de 23 pesquisadores publicou estudo na revista 'Science'.
Eles analisaram 86 espécies para reconstituir ancestral de mamíferos.
Do G1, em São Paulo*
Uma grande pesquisa com a participação de 23 cientistas, publicada na renomada revista "Science", nesta quinta-feira (7), reconstituiu como seria o ancestral comum dos mamíferos placentários, grupo extremamente diverso que inclui de baleias a roedores, felinos, caninos, primatas e humanos.
Além da ilustração, os cientistas definiram características - o animal se alimentaria de insetos e seria pequeno, parecido com um roedor. Ele teria surgido pouco após o desaparecimento dos dinossauros, diz uma das autoras do estudo, Maureen O'Leary, professora da Universidade Stony Brook e pesquisadora do Museu Americano de História Natural.
Ilustração mostra como seria o ancestral comum aos mamíferos, um pequeno animal que se alimentava de insetos (Foto: Divulgação/Carl Buell/Museu Americano de História Natural)
"Espécies parecidas com roedores e primatas não dividiram o espaço na Terra com dinossauros não-voadores, mas surgiram de um ancestral comum - um pequeno animal, insetívoro", apontou Maureen na pesquisa.
Após os dinossauros
O surgimento e diversificação de espécies de mamíferos placentários, ao contrário de hipóteses cogitadas por estudos recentes, ocorreu após a extinção dos dinossauros, depois do período Cretáceo, dizem os cientistas. Os grandes répteis pré-históricos teriam desaparecido com o impacto de um meteoro na Terra há 65 milhões de anos, que teria extinguido cerca de 70% das espécies do planeta.
"A análise de um banco de dados gigantesco mostra que os mamíferos placentários não surgiram durante o Mesozóico", afirmou Maureen. Segundo o estudo, o ancestral dos mamíferos surgiu entre 200 mil e 400 mil anos após o impacto do meteoro.
Fóssil de mamífero que teria vivido pouco após o
Cretáceo e que foi um dos estudados para formular
a reconstituição do ancestral dos mamíferos (Foto:
Divulgação/Museu Americano de História Natural)
A datação é 36 milhões de anos mais recente do que previsões anteriores, feitas com base só em informações genéticas, segundo Marcelo Weksler, pesquisador brasileiro do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele também é um autor da pesquisa.
Além da Universidade Stony Brook e do Museu Nacional da UFRJ, participam do estudo cientistas da Universidade Yale, da Universidade Western, da Universidade de Louisville, da Universidade do Tennessee (todas nos EUA), do Instituto de Paleontologia de Vertebrados da China e de ao menos outras três outras instituições internacionais.
Como chegar ao ancestral
Para chegar ao ancestral comum dos mamíferos, um animal que seria do tamanho de um rato pequeno, os cientistas destrincharam as características físicas e genéticas de 86 espécies, 40 delas já extintas, mas conhecidas através de seus fósseis.
No processo, eles reuniram 4,5 mil características morfológicas, como a presença ou a ausência de asas, dentes e certos tipos de esqueletos, e depois as combinaram com dados genéticos.
O banco de dados pesquisado contém dez vezes mais informações do que as usadas até o momento para estudar a história dos mamíferos, dizem os cientistas.
Fonte: G1