Por Antonio Gasparetto Junior
A Revolução Ucraniana foi uma tentativa de implantação do comunismo libertário na Ucrânia.
No início do século XX, movimentos de teor comunista ganharam força e representatividade na Europa. Ao longo das duas primeiras décadas, a Rússia, em especial, vivenciou movimentos revolucionários que culminaram com a implantação do socialismo soviético no país, em 1917. A conversão da Rússia ao socialismo foi seguida pela criação de uma liga de Estados que também aderiram ao modelo político, resultando na União Soviética, que, por várias décadas, ocuparia posição de destaque na política mundial rivalizando com os Estados Unidos, representantes do sistema capitalista.
Nesse cenário do Leste europeu ao final da segunda década do século XX que ocorreram as manifestações ucranianas em prol do comunismo. A primeira tentativa de instalação do novo regime aconteceu ainda durante o processo da chamada Revolução Russa. Neste momento, o movimento recebeu forte influência do anarquismo espalhando-se do vilarejo de Gulai-Pole por diversas regiões, até atingir a capital Kiev. Foi instalado um regime dirigido pelo líder anarquista Nestor Makhno que expropriou as propriedades dos latifundiários e as dividiu entre os camponeses mais pobres. Makhno comandou uma milícia que se dedicava à defesa do país e à manutenção do regime. Seus homens formavam um exército suficientemente forte para dominar o país, o que resultou em relativa tranquilidade na Ucrânia e o permitiu convocar congressos de camponeses para reformar a sociedade e estabelecer o comunismo libertário no país. Entretanto a calmaria era relativa, permanecia uma guerra civil que forçava o exército de Makhno a se concentrar na defesa da região que se encontrava. Ainda assim, o poder real permanecia com o grupo de Makhno, que determinou medidas como a pena de morte para atos anti-semitas e a criação de um sistema de trocas livres entre o campo e a cidade.
Só que a calmaria que pairava no território ucraniano e de Makhno chegou ao fim em 1919 quando os soldados do Exército Vermelho foram convidados a enviar representantes para o IV Congresso Regional de Guiai-Pole. A medida desafiou a hierarquia do comando comunista que não era baseado em uma democracia direta. O regime de Makhno foi colocado na ilegalidade e tropas comunistas invadiram a região para dissolver as comunas. A situação abriu espaço para Denikin, general do Império Russo, avançar pela região. Só que Makhno surpreendeu Denikin e o forçou a bater em retirada.
A Revolução Ucraniana mostrou-se no auge após a nova vitória de Makhno. Este passou a comandar centros urbanos onde teria a oportunidade de estabelecer sua ideia de regime anarquista. Iniciou suas ações anunciando a liberdade do povo para agir da maneira que quisessem, concedendo-os liberdade de imprensa, palavra e reunião. Só que a primeira consequência foi a criação de jornais com as mais variadas vertentes políticas. Makhno tolerava a liberdade de opinião, porém não estava satisfeito com a tentativa das novas organizações políticas de impor suas vontades sobre o povo.
Os operários urbanos, por sua vez, não responderam da mesma forma que os camponeses ao regime de Makhno. Seu governo foi declarado ilegal, mais uma vez, e a perseguição feita pelo Exército Vermelho causou várias baixas. Em 1920, uma aliança foi firmada entre os dois exércitos para conquistar territórios do Norte para a Rússia. Com o fim da guerra civil na região também terminou a aliança e os russos aprisionaram e mataram os homens do exército de Makhno, que conseguiu fugir para se exilar na França. Trotsky ordenou o ataque ao vilarejo de Gulai-Pole, onde começou o movimento, para prender ou executar todos os partidários de Makhno. Assim, chegava ao fim a Revolução Ucraniana e nascia efetivamente a União Soviética.
Fonte:
http://www.nestormakhno.info/portuguese/index.htm