30.11.11

29 de novembro de 2001: Adeus a George Harrison, o mais jovem Beatle


Após uma longa luta contra o câncer, o músico George Harrison, ex-guitarrista, compositor e cantor do grupo britânico The Beatles, faleceu, aos 58 anos. No momento de sua morte, ele estava na casa de um amigo, ao lado da mulher, Olívia, e do filho, Dhani, de 24 anos. "Ele deixou esse mundo da mesma forma que viveu, ciente de Deus, sem medo da morte e em paz, ao lado da família e dos amigos", disse num comunicado divulgado por Olívia e Dhani. George Harrison, integrante mais jovem dos Beatles, foi o segundo da formação clássica do quarteto a morrer: em 1980, John Lennon foi assassinado em frente ao edifício em que morava, em Nova York.

Harrison já tinha visto a morte de perto pelo menos uma vez, em 1999, quando sua casa na Inglaterra foi invadida por um louco que chegou a esfaqueá-lo. Em 1974, o guitarrista interrompera uma turnê por causa de problemas na garganta, mas nada indicava que aquilo fosse uma manifestação do câncer que o levou.

Em sua casa em Londres, Paul McCartney emocionou-se ao falar de Harrison: _" Ele era adorável, um homem muito valente. Tinha um maravilhoso senso de humor, era verdadeiramente meu irmãozinho".

Já o ex-baterista dos Beatles, Ringo Starr, resumiu sua emoção numa frase: _ Perdi meu melhor amigo.

Na Inglaterra, a Rainha Elizabeth disse estar "muito triste" pelo acontecido. O primeiro-ministro Tony Blair, que cresceu com a música dos Beatles, declarou: "Ele não era apenas um grande músico, um artista, realizou muitos trabalhos de caridade. O mundo sentirá sua falta". Yoko Ono, viúva de John Lennon, mandou condolências a Olivia e Dhani, e disse: "George nos deu tanto durante sua vida e continuará a nos dar depois da morte, com sua música, seu humor e sua sabedoria".


O Beatle espiritualizado
George Harrison nasceu em 25 de fevereiro de 1943, em Liverpool. O plano de seu pai, Harold Harrison, era criar uma oficina mecânica familiar, mas, quando George ganhou uma guitarra elétrica aos 13 anos, decidiu ser músico. Nessa época, conheceu Paul McCartney e os dois começaram a se apresentar juntos. Aos 17, com John e Paul, já fazia parte da banda que iria transformar para sempre a música pop em todo o mundo. O sucesso fulminante dos Beatles atingiu Harrison na fé: sempre muito espiritualizado, foi ele quem levou os Beatles para uma temporada na Índia, experiência que teria grande influência em sua vida e música. Nos Beatles, escreveu músicas memoráveis, como While My Guitar Gently Weeps, Here Comes the Sun e Something. Na década de 70, após o fim da banda, Harrison desenvolveu uma carreira solo de grande sucesso, lançando álbuns aclamados pelo público e pela crítica.
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Fonte: JBLOG

28 de novembro de 1985: Morre Fernand Braudel, o homem que incorporou à História o recurso de outras ciências

Fernand Braudel. Jornal do Brasil: Sexta-feira, 29 de novembro de 1985.
Fernand Braudel, 83 anos, morreu em Paris. E a Academia Francesa por pouco não teve tempo de redimir-se: somente um ano antes de sua morte, lhe concedera a honra de pertencer ao seus quadros. Ele foi simplesmente o maior historiador francês do século 20. Muito mais do que isso, o criador de uma nova visão da História, reconhecida a partir da publicação, em 1949, de sua obra monumental O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Felipe II.

Era a primeira vez que um historiador praticamente ignorava a tradição da ordem cronológica. A História imóvel era abandonada. Surgia uma história que se movimenta em planos superpostos, em contínua comunicação, incorporando a seus estudos os recursos das outras ciências sociais e buscando, no movimento da vida, o que se ltera com rapidez e o que muda com lentidão. O livro foi saudado imediatamente como uma obra-prima de produção historiográfica por historiadores renomados como John Elliot, Arnol Toynbee e Lucien Febvre.

Fernand esteve duas vezes no Brasil. Em 1935, integrou, juntamente com Claude Lévy-Strauss, a missão francesa importada pela Universidade de São Paulo. Ensinou aqui, durante dois anos, História da Civilização. Generosamente, chegou a dizer que "foi no Brasil que me converti na pessoa que sou hoje". Na verdade, o que fez aqui - além de ministrar suas aulas e escrever um livro sobre História do Brasil que não quis publicar - foi concluir sua obra sobre o Mediterrâneo: "Os estudantes trabalhavam pouco e os professores também. Havia tantas festas. Um dia era a descoberta da América, outro era dia de soltar balão. E aí a universidade fechava. Não tinha aula e eu aproveitava para escrever a tese".

Voltou em 1949, para mais um ano de permanência. Mas não quis, no ano anterior à sua morte, voltar para as comemorações do cinquentenário da Universidade de São Paulo: "Tenho de ir, tomar muito uisque, ir dormir às duas da manhã. Não quero cair na tentação".

Fernand Paul Braudel nasceu no dia 24 de agosto de 1902 em Luméville, na França. E não queria ser historiador. Queria ser médico.

Fonte: JBLOG

Civilização Chinesa - História da Civilização Chinesa

Idade Pré-histórica - Idade Antiga

De acordo com a tradição, o povo chinês originou-se no vale do Huang He ou rio Amarelo. As provas arqueológicas são escassas, embora tivessem sido encontrados, perto de Pequim, restos do Homo erectus, que datam de 460mil anos, e que receberam o nome de Sinanthropus pekinensis. Há provas fidedignas da existência de duas culturas com cerâmica, a cultura de Yangshao (3950?-1700 a.C.) e a cultura de Long-Shan (2000?-1850 a.C.).

O rio Huang He, ou Amarelo, atravessa Gansu, China, perto da cidade de Lanzhou. É o segundo rio mais extenso do país, com 4.667 km de comprimento.

Diz a tradição que os Hia (1994-1766 a.C.) foram a primeira dinastia chinesa hereditária, embora a primeira de que se tenha evidências históricas seja a Chang.

A dinastia Chang (1766-1027 a.C.) governou no centro e no norte da atual China. A capital era situada em Anyang, perto da fronteira norte. A economia era baseada na agricultura; praticavam a metalurgia e o artesanato. A sociedade era aristocrática; à frente, sobressaía o rei, que liderava uma nobreza militar. Adoravam seus antepassados e uma profusão de deuses. O último monarca Chang foi expulso por um dirigente Chou, de um estado no vale do rio Wei.

Durante a dinastia Chou (1122-256 a.C.), a civilização chinesa foi-se estendendo gradualmente em direção ao norte. A grande expansão do território tornou impossível o controle direto e a responsabilidade foi delegada a senhores feudais, cada um deles encarregado de governar uma cidade murada e seu entorno. Com o tempo, esses estados dependentes foram-se tornando cada vez mais autônomos.

A sociedade era organizada em torno da produção agrícola. Os reis Chou mantiveram um controle efetivo sobre seus domínios até que, em 770 a.C., alguns estados se rebelaram e junto com invasores nômades do norte expulsaram os soberanos de sua capital. Posteriormente, os Chou fundaram nova capital, em direção ao leste, em Luoyang. Do século VIII ao III a.C., ocorreram um rápido crescimento econômico e uma profunda mudança social, num contexto de instabilidade política extrema e um estado de guerra quase incessante.

O rio Yang-tsé, na China central, com 5.470 km de comprimento, é o maior da Ásia e um dos maiores do mundo. Na fotografia, atravessa a província chinesa de Sichuan. O rio e seus afluentes são as principais vias fluviais do interior do país.

Os estados situados nas fronteiras exteriores da área cultural chinesa expandiram-se à custa de seus vizinhos não chineses, menos avançados. Durante os séculos VII e VI a.C., houve breves períodos de estabilidade, decorrentes da organização de alianças entre os poderosos estados periféricos, sob a hegemonia do membro mais forte. No entanto, por volta do século V a.C., o sistema de alianças era insustentável e a China dos Chou caminhou para o chamado período dos Reinos Combatentes (481-221 a.C.), caracterizado pela anarquia.

A resposta intelectual à extrema instabilidade e insegurança política produziu as fórmulas filosóficas que moldaram o crescimento do Estado e da civilização chineses durante os dois milênios seguintes. O mais antigo e mais influente filósofo do período foi Kongfuci, Confúcio. As doutrinas do taoísmo, a segunda grande escola filosófica existente nesse período, são atribuídas à figura semi-histórica de Lao-Tse e aos trabalhos de Tchuang-Tse.

Uma terceira escola de pensamento que floresceu nesse período e exerceu influência duradoura sobre a civilização chinesa foi o legalismo, que pregava o estabelecimento de uma ordem social baseada em leis estritas e impessoais. Para reforçar esse sistema, batia-se pelo estabelecimento de um Estado no qual o soberano tivesse autoridade incontestável. Os legalistas pregavam a socialização do capital, o estabelecimento do monopólio governamental e outras medidas econômicas para enriquecer o Estado, reforçar seu poder militar e centralizar o controle administrativo.

Durante o século IV a.C., o reino de Qin, um dos estados periféricos emergentes do noroeste, dedicou-se a um programa de reformas, seguindo as doutrinas legalistas. Ao mesmo tempo, o poder dos Chou entrou em colapso em 256 a.C.

O rei de Qin se auto proclamou primeiro imperador da dinastia Qin (221-206 a.C.). O nome China deriva dessa dinastia. O imperador unificou os estados feudais em um império administrativamente centralizado e culturalmente unificado. Aboliram-se as aristocracias hereditárias e seus territórios foram divididos em províncias governadas por burocratas nomeados pelo imperador. A capital de Qin transformou-se na primeira sede da China imperial. O primeiro imperador estendeu as fronteiras exteriores: no, sul até o delta do rio Vermelho; no sudoeste, dominou as atuais províncias de Yunnan, Guizhou y Sichuan; no noroeste, chegou a Lanzhou, na atual província de Gansu, e, no nordeste, a um setor do que hoje é a Coréia. A dinastia Qin concluiu a Grande Muralha chinesa.

O peso crescente dos impostos, o serviço militar e os trabalhos forçados criaram profundo ressentimento contra a dinastia Qin entre as classes populares, enquanto as classes intelectuais estavam ofendidas pela política governamental de controle do pensamento. Após uma luta pelo poder que mutilou a administração central, o povo levantou-se em rebelião.

Liu Bang (ver Li Yuan) autoproclamou-se imperador em 206 a.C. A dinastia Han (206 a.C.-9 d.C.), fundada por ele, seria a mais duradoura da era imperial. Os Han estabeleceram seu governo sobre a base unificada dos Qin, modificando a política que havia provocado sua derrocada. Uma das contribuições mais importantes desta dinastia foi o estabelecimento do confucionismo como ideologia oficial; no entanto, os Han incorporaram ao confucionismo idéias de muitas outras escolas filosóficas, além de superstições.

Os primitivos Han alcançaram o auge de seu poder sob o imperador Wu (reinou de 140 a.C. a 87 a.C). A autoridade chinesa estabeleceu-se ao sul da Manchúria e ao norte da Coréia; no oeste, penetraram no atual território do Cazaquistão; no sul, a ilha de Hainan passou ao controle Han e colônias foram fundadas ao redor do delta do Chihchiang, em Anam e na Coréia.

As políticas expansionistas consumiram os excedentes econômicos e os impostos foram aumentados, reaparecendo os monopólios estatais. As dissensões e a incompetência debilitaram o governo imperial. As sublevações no campo refletiram o descontentamento popular.

Durante este período de desordens, Wang Mang estabeleceu-se no poder, fundando a efêmera dinastia Qin (9-23 d.C.). Nacionalizaram toda a terra e a redistribuíram entre os agricultores, aboliu-se a escravatura e reforçaram-se os monopólios imperais sobre o sal, o ferro e a moeda. A resistência das poderosas classes proprietárias de terra foi tão dura que fez revogar a legislação sobre a terra. A crise agrária intensificou-se e a situação se deteriorou. No norte, eclodiu uma rebelião camponesa e as grandes famílias proprietárias de terra uniram-se a eles, reinstaurando a dinastia Han.

A debilidade administrativa e a ineficácia dominaram a última dinastia Han ou oriental (25-220). Entre 168 e 170, surgiu o conflito entre os eunucos e os burocratas e aconteceram duas grandes rebeliões, lideradas por grupos taoístas, em 184 e 215. A dinastia Han começou a se dividir quando as grandes famílias latifundiárias criaram seus próprios exércitos privados. Em 220, Cao Pei fundou a dinastia e reino Wei (220-265), nas províncias do norte. A dinastia Shu Han (221-263) firmou-se no sudoeste e a dinastia Wu (222-280) no sudeste. Os três reinos sustentaram incessantes guerras entre si. Em 265, Sima Yang usurpou o trono e estabeleceu a dinastia dos Ts'ins (265-317) no norte. Em torno de 280, havia reunificado o norte e o sul sob seu mandato. No entanto, pouco depois da morte de Sima, em 290, o Império começou a ruir.

As tribos não chinesas do norte aproveitaram a debilidade do governo para estender-se pelo norte. As invasões começaram em 304 e, até mais ou menos 317, os hiung-nus (provavelmente os mesmos hunoshaviam arrebatado à dinastia dos Ts'ins o norte da China. Durante quase três séculos este território foi governado por várias dinastias não chinesas, enquanto no sul o mesmo era feito por uma sucessão de quatro dinastias chinesas. Nenhuma das dinastias invasoras foi capaz de estender seu controle sobre a totalidade da planície do norte até 420, quando o feito coube à dinastia Bei Wei (ou Bei do Norte, 386-534).

A China foi reunificada sob a dinastia Suei (581-618), que restabeleceu o sistema administrativo centralizado. Embora o confucionismo tivesse sido instaurado oficialmente, também o taoísmo e o budismo foram admitidos na nova ideologia imperial, ao mesmo tempo em que floresceu o budismo. A dinastia Suei caiu em 617, diante de uma revolta liderada por Li Yuan.

Idade Média

Fundada por ele (Li Yuan), a dinastia Tang (618-907) iniciou uma época de força e brilhantismo na história da civilização chinesa. Criaram uma administração centralizada e foi promulgado um elaborado código de leis administrativas e penais. Sob os Tang, a influência chinesa estendeu-se sobre a Coréia, o sul da Manchúria, o norte do Vietnã e o que é hoje o Afeganistão.

A força econômica e militar do Império Tang baseava-se num sistema de distribuição eqüitativa da terra para a população adulta masculina. Como resultado do crescimento demográfico, por volta do século VIII, os pequenos proprietários herdavam propriedades ainda menores, mas o valor do imposto se mantinha, o que motivava os camponeses a abandonar suas terras, reduzindo a receita do Estado.

O general An Lushan, em sua luta pelo controle do governo, precipitou uma revolta em 755. Após a rebelião, o governo central nunca mais foi capaz de controlar os comandantes militares das fronteiras, que transformaram seus cargos em reinos hereditários e retiveram os impostos do governo central. Esta situação se ampliou a outras regiões e, por volta do século IX, a zona que se encontrava sob o controle efetivo do governo central limitava-se à província de Chan-Si.

A decadência do budismo e a reaparição do confucionismo no final da era Tang deram lugar a uma nova e vigorosa ideologia, que proporcionou a base para uma civilização perdurável nos séculos seguintes.

À dispersão do poder político e econômico que marcou a dissolução da dinastia Tang sucedeu o chamado período das Cinco Dinastias (907-960) no norte, enquanto dez estados independentes se estabeleciam no sul.

O período das cinco dinastias terminou em 960, quando um chefe militar, Zhao Guangyin, proclamou o estabelecimento da dinastia Song. Por volta de 978, os Song controlavam a maior parte da China. Costuma-se dividir o período em etapa dos Song do norte (960-1126) e etapa dos Song do sul (1127-1279).

Os Song do norte limitaram em grande parte o poder dos militares das províncias e, subordinando o exército ao poder civil, reorganizaram o governo imperial, centralizando o controle efetivo na capital. No entanto, a debilidade militar transformou-se em problema crônico.

Por volta de 1050, quando se deteriorava a situação militar e fiscal, a burocracia civil estava dividida em grupos que propunham diferentes medidas reformistas. Os Song se aliaram, no começo de 1120, à dinastia Kin (1122-1234) do norte da Manchúria, em oposição aos Liao, que se voltaram contra os Song e marcharam em direção ao norte. Os Song se retiraram e em 1135 reestabeleceram sua capital em Hangzhou, na província de Zhenjiang.

Conduzida pelos Song do sul, a China meridional continuou a desenvolver-se com rapidez. No entanto, a dinastia foi dominada por um fator imprevisto: a força militar dos mongóis que, sob o comando de Gengis Khan, iniciaram uma série de conquistas que resultaram na formação do maior império conhecido até então. Gêngis Khan conquistou Pequim em 1215 e ampliou seu poder sobre o restante do norte da China.

Kublai Khan, neto de Gêngis Khan, transferiu a capital mongol para perto de Pequim, de onde governou um império que se estendia da Europa Oriental até a Coréia e do norte da Sibéria ao sul da fronteira setentrional da Índia. Governaram como imperadores com o título dinástico de Yuan (1279-1368). Nesta época, chegou à China o mercador veneziano Marco Polo.

Havia, porém, crescente descontentamento. Durante a década de 1340, espocaram levantes em quase todas as províncias. Na década de 1360, Hongwu estendeu seu poder através do vale do Yang-tsé; em 1371, tomou Pequim e os mongóis se retiraram para o território da Mongólia, de onde continuaram a hostilizar os chineses.

Fundada por Wu, a dinastia Ming (1368-1644) revitalizou a civilização dos Tang e dos Song. Seu poder se consolidou de maneira firme ao longo da Ásia Oriental. Restabeleceu-se o governo civil e o império foi dividido em 15 províncias.

O altar do céu é parte do templo do mesmo nome, o "Tian Tan", construído durante a dinastia Ming. Está situado na parte antiga da cidade, no Parque Tian Tan. A arquitetura do século XV, com seus muros vermelhos e ornamentação dourada, é tipica da dinastia Ming.

Idade Moderna

Os primeiros Ming restabeleceram o sistema de relações tributárias, mediante as quais os estados não chineses da Ásia Oriental reconheceram sua supremacia cultural e moral, enviando tributos. A capital voltou a Pequim. O poder se estendeu por todo o sudeste da Ásia e a Índia, chegando até Madagascar (ver Zheng He). No entanto, a partir de meados do século XV, o poder Ming começou a declinar.

Durante o período de decadência dos Ming, iniciaram-se as relações marítimas com a Europa. Os primeiros a chegar foram os portugueses, em 1521. Em 1570, começou o comércio com os assentamentos espanhóis nas Filipinas. Em 1619, os holandeses estabeleceram-se em Taiwan e tomaram posse das ilhas dos Pescadores.

A queda dos Ming foi provocada por uma rebelião que explodiu na província de Changzhi, como resultado da incapacidade governamental de proporcionar ajuda em momentos de fome e desemprego. Os Ming aceitaram a ajuda manchu para expulsar os rebeldes da capital e os manchus negaram-se a abandonar Pequim, o que forçou os Ming a retirar-se para o sul da China.

Sob a dinastia Tsing (1644-1912), os manchus continuaram absorvendo a cultura da China. Sua organização política se baseava na dos Ming, ainda que estivesse mais centralizada; o organismo administrativo máximo foi o Grande Conselho.

Em meados do século XVIII, durante o reinado do imperador Qian-long, a dinastia Qing chegou ao apogeu do poder. A Manchúria, a Mongólia, Xinxiang e o Tibete encontravam-se sob seu controle; inclusive no Nepal percebia-se a influência chinesa. A Coréia e o Vietnã do Norte reconheceram a soberania chinesa e Taiwan foi anexada.

Idade Contemporânea

Por volta do final do século XVIII, a situação econômica dos camponeses havia começado a debilitar-se. Os recursos financeiros do governo estavam seriamente reduzidos, devido ao custo da expansão externa e à corrupção. Os manchus aceitaram com reservas as relações comerciais com o Ocidente. Em torno de 1800, o mercado do ópio, introduzido pelos britânicos a partir da Índia, havia se desenvolvido muito rapidamente.

O século XIX foi caracterizado por uma rápida deterioração do sistema imperial e um crescimento contínuo da pressão estrangeira, proveniente do Ocidente e do Japão. As relações comerciais com a Grã-Bretanha ocasionaram o primeiro conflito sério. Os chineses estavam ansiosos por deter o comércio do ópio, mas os britânicos negaram-se a aceitar restrições à importação do narcótico.

A primeira guerra do ópio terminou em 1842, com a assinatura do Tratado de Nanquim. Os termos do tratado garantiam à Grã-Bretanha as prioridades comerciais que desejava. Depois da segunda guerra do ópio (1856-1860), firmaram-se novos tratados em Tianjin, que ampliaram as vantagens ocidentais. Quando o governo de Pequim negou-se a ratificá-los, reiniciaram-se as hostilidades. Uma força expedicionária franco-britânica chegou até Pequim. Assinaram-se as Convenções de Pequim, nas quais se ratificavam os termos dos tratados anteriores. De acordo com suas disposições, os portos chineses voltaram a se abrir ao comércio internacional, permitiu-se a instalação de colônias de residentes estrangeiros e cederam-se de forma permanente à Grã-Bretanha os territórios de Hong Kong e Kowloon.

Na década de 1850, os alicerces do império foram sacudidos pela rebelião Taiping, uma revolução popular de origem religiosa, social e econômica; seu líder foi Hong Xiuquan. Em 1853, os Taiping haviam se deslocado em direção ao norte e estabelecido sua capital em Nanquim. Em torno de 1860, encontravam-se entrincheirados no vale Yang-tsé e ameaçavam Xangai.

A dinastia manchu, enfraquecida, tentou reformar sua política para garantir a sobrevivência do Império. De 1860 a 1895, tentativas foram feitas para restaurar o governo, obedecendo a princípios confucianos, com o objetivo de solucionar os problemas internos, sociais e econômicos. Durante as décadas de 1860 e 1870, a rebelião Taiping foi sufocada, restaurou-se a paz interna, estabeleceram-se arsenais e estaleiros e abriram-se várias minas. No entanto, os objetivos de manter um governo confuciano e desenvolver um poder militar moderno eram basicamente incompatíveis; em decorrência disso, os esforços visando ao fortalecimento foram, de 1860 a 1895, inúteis.

Em 1875, o Ocidente e o Japão começaram a desmantelar o sistema chinês de estados tributários, mantido no sudeste da Ásia. A Guerra Franco-Chinesa de 1884 e 1885, colocou Tongking sob o império colonial francês e. no ano seguinte, a Grã-Bretanha ocupou a Birmânia. Em 1860, a Rússia obteve as províncias marítimas do norte da região de Dongbei Pingyuan (Manchúria) e os territórios ao norte do rio Amur. Em 1894, os esforços japoneses para anexar a Coréia provocaram a Guerra Sino-japonesa e, em 1895, viu-se forçada a reconhecer a perda da Coréia e ceder ao Japão a ilha de Taiwan e a península de Liaodong, no sul de Dongbei Pingyuan.

A Rússia, a França e a Alemanha reagiram de imediato diante da cessão da península de Liaodong, já que isso significava conceder ao Japão posição estratégica na região mais rica da China. Esses três estados intervieram, reivindicando ao Japão a devolução de Liaodong, em troca de uma maior indenização econômica. Conseguido seu objetivo, as três potências européias apresentaram novas exigências.

Por volta de 1898, um grupo de ilustres reformadores aplicaram um profundo programa de reformas destinado a transformar a China em monarquia constitucional e modernizar sua economia e seu sistema educacional. O programa enfrentou a oposição de oficiais manchus que, com a ajuda de chefes militares leais, detiveram o movimento reformista. Propagou-se por todo o país uma reação violenta que alcançou seu ponto crítico em 1900, com um levante da sociedade secreta dos Boxer. Após uma força expedicionária ocidental ter esmagado a rebelião boxer em Pequim, o governo manchu adotou seu próprio programa de reformas e fez planos para estabelecer um governo constitucional limitado, de acordo com o modelo japonês.

Além de capital, Pequim é o centro cultural, político e intelectual do país. Aqui aparece a Porta Qian Men, na entrada sul da praça de Tiananmen, palco ocasional de celebrações e manifestações nacionais. Está rodeada por vários edifícios importantes como o Grande Museu do Povo, o Museu da Revolução Chinesa e o monumento comemorativo de Mao Tsé Tung.

Durante a primeira década do século XX, os revolucionários atraíram estudantes, comerciantes e grupos nacionais pouco satisfeitos com o governo manchu. Estourou a rebelião em Hangzhou, que se estendeu depois a outras províncias, enquanto Sun Yat-sen assumia a liderança da revolta. Os exércitos manchus foram reorganizados pelo general Yuan Che Kai, que negociou com os dirigentes rebeldes sua designação como presidente de um novo governo republicano. Em 1912, uma assembléia revolucionária elegeu Yuan primeiro presidente da República da China.

A República manteve frágil existência, de 1912 a 1949. Ainda que houvesse sido adotada uma Constituição e estabelecido um Parlamento em 1912, Yuan Che Kai nunca permitiu que essas instituições limitassem seu poder pessoal. O governo central manteve até 1927 uma existência precária e quase fictícia.

Durante a I Guerra Mundial, o Japão apresentou à China as "Vinte e uma Demandas", que praticamente transformavam a China num protetorado japonês. A China concordou em transferir as possessões alemãs em Shandong ao Japão. Sua entrada tardia na guerra, em 1917, tinha por objetivo participar na discussão do tratado de paz que seria negociado e, então, reexaminar as ambiciosas reivindicações japoneses com a ajuda dos Estados Unidos. No entanto, o presidente norte-americano Woodrow Wilson retirou o apoio de seu país às reivindicações de Shandong.

Os chineses, desiludidos diante do cínico interesse dos poderes imperialistas ocidentais, foram-se acercando do pensamento marxista-leninista e da União Soviética. O Partido Comunista Chinês foi fundado em 1921, contando, entre seus primeiros membros, com Mao Tsé-tung. Em 1923, Sun Yat-sen reorganizou o Partido Nacionalista, o Kuomintang, e aceitou o ingresso dos comunistas. O Kuomintang estava sob a direção do general Chiang Kai-shek, que tentava reunificar a China sob o mandato do Kuomintang e liberar o país do imperialismo e da força dos chefes militares provinciais. Em 1928, Chiang realizou um expurgo entre os membros comunistas do partido.

O novo governo nacional, estabelecido pelo Kuomintang em 1928, deparou-se com três problemas de grande magnitude: Chang na realidade tinha sob seu controle apenas cinco províncias, pois o resto do país era governado por chefes militares locais; em 1930, aconteceu a rebelião interna dos comunistas, que em 1927 se dividiram em duas facções: uma tentou fomentar os levantes urbanos e a outra, dirigida por Mao Tsé-tung, mobilizou os camponeses da China central; o terceiro problema foi a agressão japonesa na região de Dongbei Pingyuan, que a partir dessa época ficou mais conhecida como Manchúria, e no norte da China. Em 1932, os japoneses transformaram as três províncias da Manchúria no novo Estado do Manchukuo e fizeram de Pu-Yi, o último governante da dinastia manchu, o imperador do Manchukuo, que incorporou parte da Mongólia no começo de 1933.

No final de 1934, os comunistas se deslocaram em direção ao norte, na denominada Longa Marcha. Enquanto se intensificava a agressão japonesa, Chang moderou sua postura anticomunista e, em 1937, formou-se uma frente unida do Kuomintang e dos comunistas contra os japoneses.

Em 1937, o Japão e a China começaram uma guerra em grande escala. Por volta de 1938, o Japão controlava a maior parte do nordeste da China, o interior do vale do Yangtzé, até Hangzhou, e a zona ao redor de Cantão, na costa sudeste.

Durante a II Guerra Mundial, o governo do Kuomintang sofreu importante enfraquecimento militar e financeiro, enquanto os comunistas haviam ocupado grande parte do norte da China e se haviam infiltrado em muitas regiões rurais. Aí organizaram os camponeses para que ingressassem nas fileiras do Partido Comunista e do Exército Vermelho, com o que saíram fortalecidos da II Guerra Mundial.

Em 1945 eclodiu a luta entre os comunistas e as tropas do Kuomintang, pelo controle da Manchúria. Em 1947, o Exército de Liberação Popular (comunista) derrotou os nacionalistas na Manchúria e, em 1949, a resistência desmoronou. O governo de Chiang Kai-shek procurou refúgio na ilha de Taiwan.

Em setembro de 1949, os comunistas reuniram a Conferência Consultiva Popular Política Chinesa, que adotou diretrizes e princípios políticos e uma lei orgânica para governar o país. Mao Tsé-tung, nomeado presidente desse organismo, era de fato o chefe do Estado. A República Popular da China foi proclamada em 1º de outubro de 1949.

Em 1953, o controle comunista havia se estabelecido com firmeza. Em 1954, o Congresso Nacional Popular aprovou o rascunho da Constituição que foi enviada ao Comitê Central do Partido Comunista Chinês. Esta Constituição confirmou a hegemonia do Partido Comunista Chinês e introduziu mudanças destinadas a centralizar o controle do governo.

A política básica do regime comunista foi transformar a China em uma sociedade socialista. Para tanto, utilizaram-se os princípios do marxismo-leninismo e assegurou-se a erradicação das idéias anticomunistas. A primeira ação de governo foi reconstruir a economia, reforçando a coletivização agrícola. A indústria privada passou gradualmente ao controle da propriedade mista estatal. A ajuda econômica e o assessoramento técnico soviético contribuíram em grande parte para o êxito imediato do programa.

Em política exterior, a China e a União Soviética assinaram, em 1950, um tratado de amizade e aliança e vários acordos complementares, mediante os quais a União Soviética fez grandes concessões, como a retirada da Manchúria. A China também estreitou relações com seus vizinhos comunistas.

Com sua chegada ao poder, o regime comunista também tentou recuperar os territórios que considerava dentro das fronteiras históricas. Em 1950, as tropas chinesas invadiram o Tibete e o regime jamais renunciou à utilização da força para conquistar Taiwan.

Em 1958, foram impostos controles mais rígidos sobre a economia, para incrementar a produção agrícola, restringir o consumo e acelerar a industrialização; tratava-se de realizar o "grande salto adiante". No entanto, o programa fracassou. A situação piorou em 1960, com a retirada da ajuda econômica e da assessoria técnica soviética. Durante esta década, apenas a Albânia manteve-se como aliado incondicional.

Enquanto os comunistas lutavam por construir a sociedade, apareceram diferenças entre Mao, que favorecia uma ideologia comunista pura, e os intelectuais, profissionais e burocratas, que queriam uma aproximação mais racional e moderada. Em 1957, impuseram-se estritos controles sobre a liberdade de expressão, que puseram fim à denominada "primavera de Pequim".

A cisão entre Mao e os moderados ampliou-se. Em 1959, ele abandonou a presidência da República e foi sucedido pela moderado Liu Shaoqi. O rompimento transformou-se em conflito em 1966, quando Mao e seus seguidores lançaram a revolução cultural proletária, para erradicar o que perdurara das idéias e costumes burgueses e para recuperar o zelo revolucionário do primitivo comunismo chinês.

A Revolução Cultural teve efeito adverso sobre as relações exteriores. A propaganda a favor dos guardas vermelhos e a agitação dos chineses residentes no estrangeiro dificultaram as relações com muitos Estados, especialmente com a URSS. Mao emergiu vitorioso da Revolução Cultural e o pensamento radical refletiu-se em uma nova Constituição, adotada pelo IV Congresso Nacional Popular em 1975. O moderado Deng Xiaoping foi nomeado primeiro vice-primeiro ministro e vice-presidente do partido.

Durante este período, as relações exteriores melhoraram substancialmente, em especial com os Estados Unidos, que em 1971 retirou seu veto à incorporação da República Popular Chinesa às Nações Unidas, após o que foi ela admitida em substituição à República da China (Taiwan). Em 1972, estabeleceram-se relações diplomáticas com o Japão e, em 1979, com os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que se estreitavam os laços com a Europa Ocidental.

Mao morreu em 1976, deixando um vazio de poder. Os radicais obtiveram sua primeira vitória ao impedir que Deng Xiaoping fosse eleito primeiro ministro. Como solução de compromisso, Hua Guofeng foi nomeado sucessor de Mao, como presidente do Partido Comunista Chinês. Sob seu governo, impuseram-se políticas moderadas.

Em 1977, Deng foi reinstaurado como substituto do primeiro ministro. O XXI Congresso do Partido Comunista Chinês, celebrado em 1977, foi dominado pelo presidente Huan, o vice-presidente Deng e Ye Jianying.

Deng Xiaoping foi a figura dominante ao longo da década de 1980 e nos primeiros anos da de 1990. Favoreceu uma política que permitia o desenvolvimento comercial e industrial, atraindo investimentos estrangeiros.

Em 1982, adotou-se uma nova constituição e uma nova reorganização do Partido Comunista Chinês. A primeira restabeleceu o cargo, em grande parte representativo, de presidente da República (anteriormente presidente de Estado), que em 1968 havia sido abolido por Mao.

Em janeiro de 1987, Zhao Ziyang foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista. As mudanças de chefia chegaram após uma onda de manifestações estudantis que reclamavam maior democratização e liberdade de expressão (ver Protestos na praça de Tiananmen). No período de repressão política que se seguiu, Zhao Ziyang foi despojado de seus cargos no partido e Jiang Zemin transformou-se em secretário-geral. A VIII reunião do Congresso Nacional Popular, em 1993, elegeu Jiang presidente da China e reelegeu Li Peng chefe de Governo.

No 15o Congresso do Partido Comunista Chinês, em setembro de 1997, as posições de Jiang Zemin se consolidaram ainda mais com a incorporação das idéias de Deng Xiaoping ao estatuto do partido, ao mesmo nível que as de Mao e do marxismo-leninismo. Em conseqüência, foi aprovado um gigantesco programa de privatização da maioria das quase 400 mil empresas estatais, se abriram as portas a mais diversificados investimentos estrangeiros e o conjunto da economia cresceu a um ritmo sem precedentes na história chinesa. Com a abertura, o comércio exterior chinês acumula enormes superavit anuais, fornecendo recursos para a criação de empregos e melhora dos níveis salariais. Pela primeira vez em quase 20 anos, em 1999 o primeiro ministro Zhou Rongji visitou os Estados Unidos, que se transformaram em um dos principais parceiros comerciais da China.

As inundações provocadas pela enchente do rio Yang-tsé têm renovado o sonho há muito acalentado pelas autoridades chinesas: domar o longo rio construindo a barragem das Três Gargantas, cujos trabalhos foram iniciados em 1997 e devem terminar em 2009. Com a criação de um lago de contenção, a barragem deverá reduzir a pressão das águas sobre as regiões situadas rio abaixo, donde as inundações têm feito inúmeras vítimas. As autoridades do país expressaram seu temor com relação aos diques do Yang-tsé, que vêm sendo submetidos a uma pressão nunca experimentada antes.

Fonte:http://www.historiadomundo.com.br/

China - Terceira Era Imperial

Yuan (1279 - 1368)

Com a dominação dos mongóis sobre a China, em meados do século XIII, temos a consolidação de uma nova fase da história política chinesa. Mesmo controlando o poder de forma centralizada e nomeando estrangeiros para o exercício de cargos administrativos, a dominação mongol, iniciada por Kublai Khan, preservou a estrutura hierárquica criada pelos chineses.


Kublai Khan, líder da dominação mongol na China.

Mesmo estabelecendo a dominação do povo chinês, a dinastia Yuan também promoveu grandes realizações durante sua existência. Nesse período observamos intenso desenvolvimento tecnológico proveniente do contato entre diferentes culturas imposto pelo domínio Yuan. Muitos chineses eram designados a servir o império mongol em outras regiões. Mediante tal intercâmbio, a civilização chinesa não só desenvolveu novos inventos e tecnologias, como também abriu espaço para o florescimento de novas orientações religiosas.

Outro ponto que merece ser destacado é o conjunto de construções estabelecido durante a dinastia Yuan. Nesse período, a cidade de Pequim foi reconstruída com novos palácios que contavam com lagos artificiais e parques. Além disso, o império mongol realizou a ampliação do Grande Canal. Através da expansão dele, o contato comercial dos chineses se estendeu por outras regiões da Ásia e permitiu os primeiros contatos entre os chineses e o mundo ocidental.

Dinastia Ming (1368 – 1644)

A dinastia Ming foi responsável por agrupar forças contra a dominação mongol em território chinês. Controlando primeiramente a parte sul do território, a dinastia Ming sediou-se na cidade de Nanjing (que significa “capital do Sul”) e posteriormente conseguiu obter controle sob Beijing (Pequim), centro político da dinastia mongol. De forma geral, a dinastia Ming, mediante seu histórico de conflitos contra civilizações estrangeiras, incentivou o isolamento sociopolítico e cultural enquanto formas de preservação da unidade de seu povo.

Em sua dinastia, a reinterpretação do ideário neoconfucionista serviu de base para a fixação de um modelo de sociedade centrado em um modo de vida predominantemente agrário. Ao mesmo tempo, a grande estabilidade criada durante a dinastia Ming também justificou, entre os chineses, a crença de que sua civilização alcançara um grau de autonomia onde o contato e valores estrangeiros eram desprezados.

Na contramão dessa fase isolacionista, alguns relatos do início do século XV sugerem que um navegante chamado Zheng He teria feito a circunavegação do globo terrestre. Segundo algumas fontes, sua expedição marítima teria alcançado a ilha de Madagascar (África) fazendo um trajeto via oeste, antecipando em quase cem anos a teoria proposta por Cristóvão Colombo.


Cidade Proibida, antigo centro da administração imperial chinesa.

Grande parte do traçado arquitetônico da Muralha da China, tal qual hoje conhecemos, foi concebida durante a Dinastia Ming. Além disso, durante o governo de Yong Le, foi construída a cidade de Gu Gong, conhecida como “Cidade Proibida”. Criada com o propósito de abrigar os palácios imperiais, a Cidade Proibida tornou-se um dos principais pontos turísticos da China.
Com o desgaste promovido pelas longas guerras contra os mongóis e as investidas militares dos japoneses no século XVI, a supremacia Ming enfraqueceu. Em 1644, os Manchus tomaram controle da capital Beijing e deram início à última dinastia imperial da China, que permaneceria até a primeira década do século XX.

Dinastia Qing (1644-1911)

Dando continuidade às concepções isolacionistas da Dinastia Ming, os Qing teriam que enfrentar um período delicado, pois as contradições geradas por essa visão de mundo, problemas de ordem interna e a aproximação dos países capitalistas ocidentais trouzeram à tona revoltas e conflitos que marcaram a última dinastia das Eras Imperiais da China.

Grande parte desses conflitos estourou no século XIX, quando a população chinesa, que já ultrapassava a casa dos 300 milhões de habitantes, deparou-se com a falta de empregos e a carência de terras disponíveis. A eclosão dos problemas sociais também incentivou a formação de sociedades que combatiam a dinastia Qing. A Lótus Branca e a Sociedade da Tríade foram alguns dos movimentos oposicionistas da época.

O contato dos chineses com o Ocidente iniciou-se com a chegada dos ibéricos (espanhóis e portugueses), durante o século XVI. Logo em seguida, espanhóis e ingleses também entraram em contato com a China. A questão do contato com povos estrangeiros só era aceitável em razão dos recursos obtidos pela tributação das atividades comerciais. Em âmbito cultural, os valores das demais nações eram vistos como algo ruim ou inferior em relação à cultura chinesa.

A questão do contato entre a China e o Ocidente também se deu no campo da religiosidade. Desde o século XII, mesmo antes da criação das ordens jesuíticas, a Igreja Romana tentava pregar a fé cristã em território chinês. No século XIX, as tentativas de conversão tiveram algum sucesso, mas não extinguiram os valores do Confucionismo entre os novos cristãos. Ao mesmo tempo em que traziam sua mensagem religiosa, os católicos também introduziram o conhecimento ocidental em diferentes áreas do saber.

O conflito de interesses com o ocidente e a falta de habilidade político-administrativa para a resolução dos problemas do povo chinês, foram de grande influência para a derrocada da dinastia Qing. As sanções políticas e territoriais previstas pelo Tratado de Nanjing, que deu fim à Guerra do Ópio (1839 – 1842), e a ameaçadora Rebelião de Taiping (1851 – 1864) foram alguns dos episódios que apontavam para a insustentabilidade dos Manchu.

Na metade do século XIX, os russos realizaram um processo de ocupação territorial na Ásia Central. Em 1850, os russos tomaram o controle sob parte da Manchúria. No século seguinte a França passou a realizar suas atividades imperialistas na Cochinchina e, posteriormente, em Annam. No fim do século XIX, o Japão entrou em guerra com a China e, por meio do Tratado de Shimonoseki, conquistaram Taiwan e as Ilhas Penghu. Posteriormente, a Inglaterra e os Estados Unidos garantiram áreas de exploração econômica.

A Reforma dos Cem Dias

No governo de Guangxu (1875 – 1908) um forte movimento de renovação das instituições políticas foi propagandeado. A chamada Reforma dos Cem Dias inspirou-se no processo de modernização japonês para reestruturar a soberania nacional. Entre outras medidas, os defensores de tais mudanças defendiam a industrialização da China, a adoção de padrões educacionais ocidentais e a implementação de uma monarquia constitucional.


O Governo Guangxu, período ansioso por reformas.

No entanto, uma forte reação conservadora instaurou-se e, dessa maneira, o movimento de reformulação das estruturas sociopolíticas da China não foi colocado em prática. Entre outras ações, um grupo de revoltosos tentou lutar contra a presença das nações estrangeiras no país. A então chamada Guerra dos Boxers (1900) foi um movimento que além de possuir forte caráter conservador e nacionalista, apontava para insustentabilidade da monarquia imperial chinesa.

Por Rainer Sousa

Fonte:http://www.brasilescola.com/china/chinaterceira-era-imperial.htm


Música Punk

Por Emerson Santiago
É conhecido como punk o estilo de rock característico da segunda metade da década de 1970, tendo em comum poucos acordes, refrões marcantes e canções de cerca de dois minutos de duração, ou até menos.

O estilo punk é caracterizado ainda por ser completamente urbano, nascido do inconformismo e do tédio com o cenário musical da época, que reconhecidamente promovia músicas e artistas “produzidos”, ou seja, que recebiam todo um preparo de empresários e técnicos envolvidos no negócio musical, e que não raramente, negociavam a inserção das canções de seus protegidos em rádio e televisão.

Com essa visão em mente, os primeiros punks forjaram o seu visual a partir do método que ficou conhecido pela sigla DIY (do it yourself, ou faça você mesmo), que envolvia se vestir, comportar, expressar, e principalmente, fazer música do modo como cada um achasse melhor. A criatividade e a individualidade eram a norma.

A origem do punk pode ser encontrada em grupos como MC5, Velvet Underground e Stooges, ativos no fim dos anos 60 e início dos 70. Influenciados por esse tipo de som, jovens que mal sabiam tocar instrumentos começaram a se reunir e fazer sua própria música. Esse é o caso dos Ramones, que começou a se apresentar no hoje lendário clube CBGB de Nova Iorque em 1974. Com jaquetas de couro, cabelos a la Beatles, um som forte e rápido, praticamente nada se parecia com aquela banda na cena local, e, por isso mesmo, as primeiras apresentações reuniam pouco mais de meia dúzia de “testemunhas”.

Um ano depois a cena punk começa a se desenvolver na Grâ-Bretanha, a partir da loja de roupas “Sex”, de Malcolm McLaren. Observando os clientes de sua loja, McLaren seleciona quatro jovens ignorantes sobre música, que, sob sua direção, formam os Sex Pistols, a principal banda de punk britânica. Devido à natureza da sociedade local, excessivamente estratificada, ou seja, onde a diferença de classe é fator fundamental no destino do cidadão, o punk é adotado pelos jovens da classe trabalhadora mais humilde, que, numa Grâ-Bretanha em crise, com pouca oferta de emprego e perspectiva, alimentava movimentos como o punk, de revolta e descontentamento com o modo como a sociedade funcionava. Apresentando-se em pequenos teatros, salões de escolas, porões de prédios transformados em clube, os Pistols vão reunindo uma legião de fãs, e animando outros a formarem bandas, exemplo de The Clash, que compõe letras de forte cunho social e político de esquerda, além de demonstrar grande influência do reggae, ska e rocksteady trazido pelos imigrantes jamaicanos, que viviam ao lado desses mesmos jovens brancos da humilde classe trabalhadora. Assim como as bandas britânicas da década de 60, que receberam forte influência do rhythmn & blues e do soul, o punk iria trazer influências da música jamaicana.

No início dos anos 80, a intensidade do punk diminui, os Sex Pistols desaparecem, os Ramones continuam, mas com menos intensidade, e o Clash logo vai se extinguir, e a cena musical começa a ser dominada por um estilo mais suave e idílico, o chamado “new wave”. Mas, a semente da revolta e do inconformismo estava ainda muito viva, fato comprovado pelo movimento grunge, que surgiria em Seattle, no início dos anos 90, na terra do guitarrista Jimmy Hendrix, e cujo principal representante seria a mais importante banda de rock da década, o Nirvana, de Kurt Cobain.

Bibliografia:
VAN DORSTON, A.S. A History of Punk (em inglês). Disponível em <http://www.fastnbulbous.com/punk.htm>. Acesso em: 25 nov. 2011

Gladiador

Por Antonio Gasparetto Junior
O Gladiador era um escravo lutador na Roma Antiga. O termo utilizado para definir os escravos que eram forçados a lutar por suas vidas no antigo Império Romano é proveniente de uma espada que utilizavam em combate, ogládio. Os primeiros registros existentes sobre lutas de gladiadores em Roma são datados de 286 a.C.. Sabe-se, contudo, que foi um esporte inventado pelos etruscos.

Em Roma, a luta dos gladiadores fez muito sucesso, era atividade muito atrativa para o grande público. Combatentes se enfrentavam na arena e a luta só terminava quando um deles morria, ficava desarmado ou sem poder combater. Havia um responsável por presidir a luta que determinava se o derrotado deveria morrer ou não, e o povo influenciava muito nessa decisão. Normalmente a manifestação popular era expressa apontando a mão fechada com o polegar para baixo, o que significava que o povo desejava a morte do derrotado. Entretanto nem sempre a morte era desejada e a posição oposta do indicador ou a mão fechada levantada do ar indicava que o derrotado poderia ficar vivo.

Por muitos séculos, os Gladiadores lutaram entre si ou contra animais ferozes para entreter os romanos. Foi construída uma arena especial para esse tipo de espetáculo, o Coliseu, que tem em suas ruínas, hoje, um dos principais pontos turísticos da Itália.

Os lutadores eram prisioneiros de guerra, escravos e autores de crimes graves. E, para satisfazer o fetiche de alguns imperadores, mulheres e anões também lutavam. Eles tinham treinamento em escolas especializadas para combater na arena, recebiam tratamento especial no intervalo das lutas e não lutavam mais que três vezes ao ano. Ou seja, ser um Gladiador era melhor do que ser um escravo comum e ainda abria a oportunidade ao reconhecimento do público. Quando viajavam para lutar em outras cidades, deslocavam-se em grupos conhecidos como famílias e eram acompanhados pelo treinador. Geralmente, eram vegetarianos.

Os Gladiadores eram separados por categorias, para impossibilitar a desvantagem, que eram: trácios, murmillos,retiários, secutores e dimachaeri. Estudos feitos em esqueletos desses combatentes mostraram que os derrotados que eram julgados pela plateia costumavam ser mortos por um golpe na jugular. Quando o lutador estava muito debilitado, ficavam de quatro e recebiam um golpe nas costas que chegava diretamente ao coração.

A luta de gladiadores representava muito no Império Romano, era a grande atração para o povo. Por esse motivo os imperadores investiam tanto nesses espetáculos, já que assim conseguiam conquistar a amizade do povo. Essa era uma política chamada de “Pão e Circo”, os governantes distribuíam pão durante as lutas e assim conseguiam manipular as massas, oferecendo o que mais lhes interessava. Dois imperadores, inclusive, entraram na arena para lutar, caso de Calígula e Cómodo. Naturalmente, as lutas foram preparadas e eles venceram.

Um Gladiador é muito conhecido por ser representado no cinema e em seriados, Espártaco. Este iniciou, em 73 a.C., a terceira guerra contra os escravos. Foi responsável por liderar gladiadores e escravos rebeldes, assuntando a República Romana. A revolta terminou como assassinato de Espártaco.

Após muitos séculos de lutas de gladiadores, o cristianismo baniu esses combates com a proibição oficial do imperador Constantino I, em 325. As lutas, contudo, continuaram por mais um século na irregularidade. Somente o papa Inocêncio I e o imperador Honório que conseguiram decretar o fim definitivo da luta de gladiadores.

Fontes:
http://gladiadoresromanos.blogspot.com/
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/gladiadores-romanos-434334.shtml

Reformas bourbônicas

Por Emerson Santiago
São conhecidas pelo nome de Reformas bourbônicas a série de medidas administrativas e econômicas que tinham por objetivo reformar o sistema colonial espanhol. Após a clara debilidade espanhola revelada na Guerra dos Sete Anos, a dinastia Bourbon, que acabava de subir ao trono, busca recuperar o poderio perdido pelo reino em políticas equivocadas de insistência no velho sistema mercantilista, além da pouca importância dada à classe burguesa e o seu potencial em fortalecer economicamente a economia do país, privilegiando a nobreza e sua ascendência sobre os negócios estatais.

O monarca responsável pela política de mudanças era Carlos III, que reinou de 1759-1788, em substituição a Carlos II de Habsburgo. Suas pretensões incluíam a modernização do atrasado estado espanhol, o fortalecimento do poder da monarquia e um controle efetivo da metrópole sobre seus territórios no Novo Mundo. “Déspota esclarecido“, Carlos III pretendia reinserir a Espanha no contexto das grandes potências da época, pois o reino já era visto na Europa como em franca decadência. Sua política de reformas tinha ainda o propósito de livrar a Espanha da crescente dependência externa em que o país estava mergulhando.

Por outro lado, se tais reformas buscavam fortalecer a Espanha como estado europeu, esta mesma política não incluía seus vastos domínios nas Américas. Estes receberam na prática uma onda “recolonizadora” de medidas, que deixaram a elite local, os chamados “criollos” (chefes políticos locais, geralmente grandes donos de terra) desamparados. Em suma, para reerguer a Espanha, os Bourbon resolveram “raspar o tacho” em meio aos seus domínios, buscando ali os capitais necessários.

Entre os principais pontos das reformas bourbônicas, podem ser citados:

  • criação de companhias de comércio para monopolizarem certos produtos coloniais – Barcelona, Zaragoza e Guipúzcoa
  • uma intervenção maior da metrópole nos assuntos coloniais;
  • mudança na estrutura administrativa colonial, com a criação das “intendencias”, substituindo os alcaides;
  • aumento de impostos
  • ampliação do “exclusivo”, e sua remodelação institucional, visando justamente ao reforço dos vínculos coloniais.
  • criação do Vice-Reino do Prata (atuais Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia ou “Alto Peru”) por motivos econômicos.
  • ampliação das forças militares.

Em suma, as medidas eram modernizantes no aspecto interno, mas para as colônias significava um retrocesso. A Espanha, ao longo dos séculos, vinha relegando o controle sob suas colônias, abrindo caminho para um exercício maior de poder por parte das elites locais. Com uma administração mais “frouxa”, os “criollos” tinham muitas vantagens políticas, econômicas e sociais com o regime colonial que estava sendo extinto. Isso, obviamente gerava o descontentamento destas elites americanas, gerando inevitáveis confrontos entre estes e os peninsulares (espanhóis residentes no Império de ascendência europeia). Esses confrontos, e ainda a inspiração vinda da independência dos Estados Unidos em 1776 serão fatores importantes para que os domínios coloniais espanhóis optem por conquistar a independência num futuro próximo.

Bibliografia:
LAMARK. Reformas bourbônicas (1764 – 1782). Disponível em <http://lamarkhistoria.blogspot.com/2009/10/reformas-bourbonicas-1764-1782-caiu-na.html>. Acesso em: 09 nov. 2011.

NEWTON. Reformas bourbônicas - Espanha, século XVIII. Disponível em <http://newton-miranda.blogspot.com/2009/12/reformas-bourbonicas-espanha-seculo.html>. Acesso em: 09 nov. 2011.

Grande Incêndio de Roma

Por Antonio Gasparetto Junior
O Grande Incêndio de Roma começou ao redor do Circo Máximo e rapidamente se alastrou pelas áreas mais povoadas da cidade. O caso do incêndio em Roma é muito popular, mas ainda não completamente solucionado. Há várias hipóteses sobre como começou e por qual motivo. A ideia científica mais difundida baseia-se no fato de que os moradores construíam suas habitações todas em madeira e usavam o fogo para poderem se aquecer e sealimentar, por algum descuido o fogo se alastrou e os ventos fortes ajudaram a espalhar o incêndio.

Já a ideia mais propagada no conhecimento popular diz que Nero teria colocado fogo em Roma com a intenção de reconstruir a cidade e torna-la mais poderosa por meio de uma nova e mais majestosa arquitetura. Entretanto essa versão já foi desmentida pelos historiadores. Hoje, sabe-se que Nero nem estava em Roma na ocasião e, quando soube o que acontecia, regressou rapidamente para prestar auxílio aos desabrigados. Nero recebeu os afetados nos jardins de seu palácio. O que o colocou numa situação suspeita foi o fato de ter comprado as terras atingidas por preços muito baixos.

Como os cristãos são indicados também como um dos possíveis causadores do incêndio, é possível que Nero tenha atribuído a eles a culpa com o fim de desviar as acusações que eram feitas contra ele. Na ocasião, ano 64, o cristianismo era visto como uma superstição maléfica e fazia sentido incriminá-los, já que era fácil e a cultura popular ainda os rejeitavam.

O certo é que o incêndio começou no centro comercial de Roma, que ficava em volta do Circo Máximo, na noite do dia 18 de julho de 64. Rapidamente o fogo tomou conta das ruelas, espalhando-se pelas construções romanas baseadas em madeira e que facilitavam o alastramento. Foram seis dias de incêndio para conseguir começar a controlar o fogo, mas o reacendimento em alguns focos fez com que durasse por mais três dias ainda. O prejuízo, obviamente, foi enorme. Nada menos que dois terços da cidade ficou destruído, o que inclui lugares importantíssimos para a civilização romana e para a história da humanidade como o Templo de Júpiter Stator e o Lar das Virgens Vestais.

Fontes:
SUETÔNIO, Gaio. A vida dos doze césares. São Paulo. Ediouro, 1966
http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2011/06/1-os-bastidores-do-grande-incendio-de.html

Religião no Antigo Egito

Por Emerson Santiago
A religião exerceu bastante influência na vida do povo do antigo Egito. É ainda um dos aspectos dessa grande civilização antiga sob os quais os arqueólogos talvez mais tenham conhecimento, devido às já famosas pirâmides, lugar de descanso eterno de importantes faraós, além da grande quantidade de múmias encontradas, textos mortuários e similares.

No antigo Egito, entendia-se que homem e natureza deveriam conviver em harmonia para sempre. Seu culto erapoliteísta (crença em vários deuses, ao invés de um apenas, como na religião cristã), onde cada deus atuava em um campo específico da vida dos cidadãos. Haviam também deuses que combinavam o aspecto de homem e de outros animais, como por exemplo Anúbis, retratado com cabeça de chacal e corpo humano.

A criação do mundo de acordo com o culto egípcio prega que no início de tudo havia apenas o Oceano Primal, um enorme oceano envolto em trevas. Apesar de conter dentro de si toda a matéria que depois se desenvolveria em vida, assim permaneceu, inerte, durante longo tempo. É então que Nu, espírito da água primeva e pai dos deuses, decide por criar o mundo, e ao pronunciar a palavra, o mundo existiu, na forma previamente traçada na mente do espírito criador. A seguir, criou o ovo (ou então flor em alguns relatos) do qual salta Ra, deus sol, onde se acreditava estar o poder absoluto do espírito divino.

Mas sem dúvida o conceito mais intrigante do culto egípcio era o que envolve a ressureição a uma vida futura, e a preparação dos mortos para esta passagem de um nível para outro. O conceito de mumificação estava diretamente ligado a esse aspecto, pois, para os egípcios, sem um corpo íntegro (sem mutilações) para se enterrar, a alma do morto não poderia entrar incólume na vida eterna. Assim, todo cidadão, ao morrer, passaria pelo processo de mumificação, ou seja, de preservação de seu corpo. Todo este cerimonial estava ligado ao culto de Osíris, uma das deidades mais populares do Egito antigo, que, segundo a crença, fora esquartejado em 14 pedaços por Set, sendo ressuscitado por Ísis, sua irmã e esposa. Da união de Ísis e Osíris surge Hórus, que derrotaria Set, vingando seu pai. Osíris era exemplo na causa da ressurreição dos mortos.

Além desse aspecto mais conhecido, os egípcios tinham por hábito eleger um deus como protetor de sua cidade. Além disso, eram erguidos vários templos para adoração de uma divindade em especial, onde se realizavam rituais e oferendas.

A religião ainda estava presente na estrutura de poder desta antiga civilização. O faraó declarava parentesco com os deuses e era neles que apoiava sua monarquia. Era o poderoso monarca que poderia assim, com sua ligação divina, proporcionar uma agricultura fértil, além de uma ótima condição de vida a cada cidadão.

Com as constantes invasões estrangeiras, o culto local acaba entrando em decadência. Primeiro, ele se mistura com a religião grega, e vai acumulando outros elementos quando o Egito é anexado pelo Império Romano. Com a ascensão do cristianismo, o Egito é um dos lugares onde a nova religião mais prospera, e por volta do século IV da nossa era, os últimos templos de culto aos deuses egípcios eram demolidos.

Bibliografia:
MERTON, H. K.. Religião do Antigo Egito. Disponível em <http://artedartes.blogspot.com/2007/09/religio-do-antigo-egito.html>. Acesso em: 09 nov. 2011.

Religião do Egito Antigo. Disponível em <http://www.suapesquisa.com/egito/religiao_egito.htm>. Acesso em: 09 nov. 2011.


Guerra Franco-Prussiana

Por Emerson Santiago
A guerra franco-prussiana foi um conflito armado envolvendo a França contra um conjunto de estados germânicos liderados pela Prússia, que se desenrolou entre 1870 e 1871. Em sua origem estava a política desenvolvida pelo chanceler prussiano Otto von Bismarck, com a intenção de unificar a Alemanha. Em oposição, o imperador francês Napoleão III tinha como objetivo reconquistar o prestígio perdido interna e externamente, depois de inúmeros reveses político-diplomáticos. O poderio militar prussiano também constituía uma ameaça à supremacia francesa no continente europeu.

Com altas ambições políticas de ambos os lados, a primeira questão que colocasse as duas potências em lados opostos seria o bastante para iniciar o conflito, e este episódio acabou sendo a disputa pela sucessão ao trono da Espanha. O que precipitou os eventos da guerra foi a candidatura de Leopoldo, príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen e primo do rei da Prússia, ao trono espanhol, vago logo a seguir à revolução espanhola de 1868. Pressionado por Bismarck, Leopoldo aceitou a candidatura, e o governo francês, alarmado com a perspectiva de uma aliança prussiano-espanhola, ameaçou declarar guerra à Prússia caso essa pretensão não fosse retirada, seguida a uma imediata renúncia.

No fundo, tratava-se de uma armadilha, um blefe do chanceler prussiano, à qual Napoleão III caiu sem muita reflexão. A questão não era realmente o trono espanhol, este era apenas uma isca, pois a França deveria ser a potência agressora, estimulando os estados alemães a lutarem em conjunto contra um agressor em comum: esta era a estratégia de Bismarck.

A 19 de Julho de 1870, diante das negativas dos alemães em retirar a candidatura ao torno espanhol, a França declarou guerra à Prússia, e imediatamente o Estado Meridional da Alemanha se colocou ao lado do rei da Prússia Guilherme I numa frente comum. Os franceses conseguiram mobilizar um pouco mais de 200.000 homens, que incorporaram no exército da Alsácia e da Lorena, sob ordens dos marechais Mac-Mahon e Bazaine. Quanto aos alemães, formaram, num curto espaço de tempo, um forte exército de 400.000 soldados, sob o comando supremo de Guilherme, que tinha a seu lado como chefe de estado-maior um grande estratego, o marechal de campo Helmuth von Moltke. A batalha que decidiu o conflito foi a Batalha de Sedan, de 1 de setembro de 1870, concluída com a rendição das tropas francesas e a captura de Napoleão III.

O Tratado de Frankfurt, assinado a 10 de maio de 1871, acabou com a guerra, acabando por impor uma humilhante derrota à França, pois esta perdeu parte das províncias de Alsácia e Lorena e teve que pagar uma pesada indenização de guerra, aceitando ainda a ocupação alemã (agora como país unificado) até à satisfação da dívida. Anova Assembleia Nacional francesa, eleita para negociar a paz, reuniu-se em Bordéus em 13 de Fevereiro e Adolphe Thiers foi eleito como o primeiro presidente da Terceira República. Os pesados encargos foram completamente saldados em Setembro de 1873, e nesse mesmo mês, depois de uma ocupação de cerca de três anos, as tropas alemãs deixariam o solo francês.

Bibliografia:
A Guerra Franco-Prussiana. Disponível em <http://africanomundo.blogs.sapo.pt/4868.html>. Acesso em: 20 nov. 2011.

Guerra Franco-Prussiana. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-11-21].
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/$guerra-franco-prussiana>.

Guerra dos Sete Anos

Por Emerson Santiago
Recebe o nome de Guerra dos Sete Anos o conflito ocorrido entre 1756 e 1763, tendo como protagonistas de um lado Grã-Bretanha, Prússia e Hanover de um lado, contra França, Áustria, Suécia, Saxônia, Rússia e eventualmente Espanha de outro. Tal foi a magnitude da guerra que esta acabou por se espalhar do território norte-americano até o continente europeu, e por isso mesmo é considerado o primeiro conflito em escala mundial, envolvendo quatro continentes, América, Europa, África e Ásia. É também um conflito considerado por muitos historiadores, mas não de forma unânime, que inaugura a era moderna.

Sua origem está nas disputas ecônomicas e territoriais que colocavam franceses e ingleses em terrenos opostos, nos Estados Unidos, Índia, Terra Nova e Nova Escócia (ambas partes até então colonizadas do Canadá). Foram estes, aliás, os principais personagens da Guerra dos Sete Anos, que lutavam pelo predomínio econômico e militarglobal.

Potência em franca ascensão, a Grã-Bretanha no momento está invadindo partes importantes destes postos coloniais, dominados em grande parte pelos franceses. Em represália, as tropas da França decidem juntar-se às tribos algonquinas e atacam as 13 colônias inglesas na América do Norte. Estas, por sua vez, terão que se esquecer das desavenças com a metrópole britânica e fazer uma aliança para combater franceses e indígenas. O resultado será a vitória da Grã-Bretanha naquilo que é chamado de ”a guerra contra os franceses e os índios”, ou a primeira fase do conflito.

A guerra irá chegar à Europa, segunda fase do conflito, devido às disputas entre as várias potências envolvidas, e pelo emaranhado de alianças políticas e militares estabelecido entre os reinos. A Grã-Bretanha une-se à Prússia e fecha os portos franceses e além disso, tomam posse de Quebec, Montreal e a região dos Grandes Lagos. Na Índia, a França encontrava-se originalmente em vantagem frente à Grã-Bretanha, dominando direta ou indiretamente boa parte do território. Com o conflito, os britânicos vão aos poucos invertendo a situação, deixando a França com uns poucos entrepostos remanescentes.

Os conflitos terminam formalmente com o Tratado de Paris de 1763, que resulta em um intrincado processo de troca e cessão de territórios.

Como resultado prático, o império ultramarino francês é extinto, pois a Inglaterra ganhará ainda, por meio de tratados o Canadá, o Cabo Bretão, o Senegal e a Gâmbia, e embora tenha saído vencedora, esta fica em péssima situação financeira, resultando posteriormente em uma penalização aos colonos da América do Norte, forçados a arcar com parte dos custos da guerra. A consequente insatisfação dos colonos irá aumentar com a proibição inglesa da tomada de posse das terras conquistadas aos franceses pelos norte-americanos, obrigando-os a viver apenas próximos do litoral. A contínua repressão desses colonos nos anos seguintes resultaria na guerra de independência dos Estados Unidos, na qual a França participaria, agora ao lado dos colonos, buscando uma revanche pelas perdas impostas pelos britânicos.

Bibliografia:
Guerra dos Sete Anos. Disponível em <http://www.mundovestibular.com.br/articles/9548/1/Guerra-dos-sete-anos/Paacutegina1.html>. Acesso em: 20 nov. 2011.

Guerra dos Sete Anos. Disponível em <http://www.colegioweb.com.br/historia/guerra-dos-sete-anos.html>. Acesso em: 20 nov. 2011.


Primavera Árabe

Por Emerson Santiago
A expressão Primavera árabe faz referência a uma série de protestos que ainda ocorrem no chamado “mundo árabe”, compreendendo basicamente os países que compartilham a língua árabe e a religião islâmica, apesar de etnicamente diversos.

As causas já estavam de certo modo presentes, e o descontentamento em vários países era já latente, pela comum falta de emprego e oportunidades para as gerações mais jovens, além da repressão política e a concentração de poder e riqueza na mão de poucos. Assim, já ocorria mobilização por parte de vários grupos, mostrando que este não era um fenômeno novo na região, e, contrário à visão que predominava na mídia ocidental, os envolvidos nos protestos não tinham qualquer influência fundamentalista religiosa, nem haviam absorvido as ideias anti-ocidente promovidas por grupos terroristas como a Al Qaeda.

Entende-se, porém, que o episódio catalisador de toda a recente onda de protestos seja a autoimolação do vendedor de rua tunisiano Mohamed Bouazizi, que ateou fogo ao próprio corpo em 17 de dezembro de 2010 em protesto contra humilhações causadas pelas autoridades locais que confiscaram os bens que usava para trabalhar. Seu funeral reuniu mais de 5000 pessoas e logo causaram a queda do ditador tunisiano Ben Ali. (leia mais).

Logo após iniciam-se protestos em países vizinhos, em especial o Egito, onde, multidões se reúnem na praça Tahrir (palavra árabe que significa “liberdade”), no Cairo, e em várias outras praças nas restantes cidades egípcias, acampando em protesto contra outro dirigente há décadas no poder: Hosni Mubarak. Assim como seu colega tunisiano, o egípcio mantinha o poder atrás de um regime forte, apoiado diretamente pelos militares locais, que se concentravam em reprimir a população. Após meses de protestos e completa paralisação do país, Mubarak renuncia em favor de um governo de transição, apoiado pelos mesmos militares. Os protestos continuam ainda hoje, para que os militares deixem de interferir no governo, e ao que parece, isto está próximo de acontecer. (mais sobre acrise do Egito).

Em fevereiro, o movimento toma corpo na Líbia, onde Muamar Gadafi exercia o poder com mão de ferro desde 1969. Determinado a não abrir mão do poder ou ao menos fazer concessões em seu corrupto e opressivo regime, Gadafi reprime com violências as manifestações, matando milhares de civis, dando origem a uma guerra civil. Isto causa a reprovação internacional ao seu regime, drenando toda a sua credibilidade, o que causa a intervenção da OTAN. Com o apoio desta, os rebeldes líbios passam a conquistar o território e irão capturar e/ou matar a maioria dos chefes do regime deposto, inclusive Gadafi e três de seus filhos. (mais sobre a crise da Líbia).

No Iêmen, o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há quase 30 anos, após meses de fortes protestos, incluindo um atentado que o levou a deixar o país para tratamento temporariamente, cedeu, a 23 de novembro, concordando em entregar o cargo a seu vice, Abdu-Rabbo Mansur al-Hadi em 30 dias.

Na Síria, assim como na Líbia, os protestos estão sendo reprimidos violentamente, pelo presidente do país, Bashar Al-Assad. Isso causou o desligamento da Síria da Liga Árabe, pois os países daquela organização reprovam a violência utilizada pelo governo, além das manifestações veementes de ONU, União Europeia e Estados Unidos para que o presidente sírio deixe o cargo. Até o momento, Assad, este mesmo filho e sucessor de outro ditador sírio, Hafez, ainda se sustenta no poder, porém, sua situação vai ficando delicada, ante a continuação dos protestos.

Além destes países, Bahrein, Iraque, Argélia, Marrocos, Jordânia, Kuwait e Líbano enfrentam protestos de dimensões importantes, sendo que muitos destes governos já efetuaram mudanças em suas agendas pressionadas pelos protestos populares.

Bibliografia:
KHALIDI, Rashid. The Arab Spring (em inglês). Disponível em article/158991/arab-spring>. Acesso em: 24 nov. 2011.

Arab Spring (em inglês). Disponível em index.php?title=Arab_Spring>. Acesso em: 24 nov. 2011.

Pagode de Viola

Por Emerson Santiago
O termo pagode possui vários significados em meio ao rico cenário musical brasileiro. Um deles faz referência a qualquer festa onde a música seja samba, um batuque ou um tipo de música similar, seja na música de natureza urbana ou rural. Além deste significado há aquele que faz referência a um tipo particular de samba, mais próximo das raízes do estilo, derivado do chamado “partido alto”, onde os sambistas formam uma roda, e a partir de um estribilho (refrão) previamente composto, vão improvisando os versos restantes do samba (assim nasceu o primeiro samba gravado, Pelo Telefone, e os primeiros sambas-enredo das escolas de samba cariocas).

Além destes significados, o termo possui um emprego mais antigo e também remete a um importante estilo de música caipira: o pagode de viola. O termo foi popularizado a partir do violeiro Tião Carreiro (José Dias Nunes - Montes Claros, Minas Gerais, 13 de dezembro de 1934 — São Paulo, São Paulo, 15 de outubro de 1993), que desenvolveu um ritmo particular e intrincado de dedilhado na viola caipira de dez cordas, atingindo uma distinção sonora e mesmo vocal que poucos músicos conseguem durante toda sua carreira. Tião teve a ideia no meio dos anos 50, quando ainda começava a carreira, recém-batizado com seu cognome, que ele não gostava muito, por outro gênio da música caipira, o compositor e produtor Teddy Vieira. A ideia era misturar três ritmos muito populares do norte de Minas, o coco, o calango e o cipó preto. A “lenda” diz que Tião, em uma rádio na cidade de Maringá (PR), gravou uma fita com o novo ritmo que havia criado, primeiro com acordes de violão e em seguida os mesmos acordes, de trás para frente, na viola, combinando os três ritmos e distribuindo-os entre os dois instrumentos, meio que como um exercício, uma brincadeira. Em São Paulo apresentou sua criação para Lourival dos Santos (consagrado compositor caipira), que, ao ouvir a fita, disse encantado: “isso parece um Pagode”. Assim foi batizado o gênero caipira criado por Tião Carreiro. Na época, em Minas Gerais, a palavra pagode significava festa animada ou baile. Assim nascia o novo ritmo que contagiou o mundo caipira.
O que há de mais fascinante nos pagodes, no mundo da viola caipira em geral, são as introduções intrumentais dos mesmos. Verdadeiras obras primas, requerem muita destreza e habilidade técnica de quem as executa. As introduções dos pagodes são os cartões de visita da maioria dos violeiros.

Importante lembrar que a área onde nasceu o “deus carrancudo”, apelido de Tião Carreiro durante toda sua trajetória, é lar de inúmeros grandes violeiros, além de uma abundância de ritmos e tradições suficientes para suplantar vários países em termos de tradições culturais. Essa área é o norte de Minas, onde, apesar do violeiro ter vivido por pouco tempo, por certo absorveu o suficiente da música da área para que pudesse demonstrar enorme criatividade. A região norte daquele estado se diferencia por um folclore inigualável, uma área de transição entre os costumes nordestinos e sudestinos, cultura diferente das outras áreas de Minas Gerais, mas não semelhante o suficiente para ser confundida com a cultura da Bahia. É ali que certamente temos ainda o maiornúmero de violeiros por metro quadrado.

O pagode de viola é o resultado disso, de mistura das tradições locais daquela região.

Bibliografia:
CAIPIRA, Zé. Pagode. Disponível em <http://prosacaipira.com.br/pagode-musica-caipira/>. Acesso em: 26 nov. 2011.

ANASTÁCIO, Ricardo. A Origem Caipira. Disponível em <http://www.violatropeira.com.br/origem.htm>. Acesso em: 26 nov. 2011.

DIAS, Alex Marli; TOFFOLI, Cléber; ARENS, Eliana . Tião Carreiro – o criador e rei do Pagode. Disponível em <http://www.recantocaipira.com.br/tiao_carreiro.html>. Acesso em: 26 nov. 2011.