28.5.10

Plano de aula - Prática pedagógicaHistória do Brasil

A história local dos afro-descendentes

Bloco de Conteúdo
História

Conteúdo
Relações Sociais - Cultura - Trabalho


Objetivos
Estabelecer relações entre passado e presente, discutindo mudanças e permanências nas relações sociais.
Estabelecer uma ponte entre o conteúdo estudado e sua vida cotidiana por meio de estudos da história local.
Compreender e valorizar elementos das culturas africanas e de afrodescendência.
Ampliar o conceito de cidadania, discutindo questões como respeito à diversidade, religiosidade e sincretismo, preconceito, direitos, inclusão.

Anos
7º., 8º. e 9º. anos

Tempo estimado
3 aulas e atividades extra-classe em prazo a ser definido pelo professor.

Material necessário
Câmeras fotográficas, gravadores ou mp3 player, computador com acesso à internet.

Introdução
A importância de se estudar a história de africanos e de afro-descendentes está relacionada às profundas relações que guardamos com a África. No geral, somos frutos dos encontros e confrontos entre diferentes grupos étnicos como indígenas, europeus, africanos e outros.

Entendemos que história do Brasil e história da África estão intimamente relacionadas, cabendo ao professor ampliar a discussão sobre, por exemplo, a escravidão, introduzindo elementos da história dos africanos, de sua cultura e não tratá-los como simples mercadoria que enriquecia europeus e tiveram seu trabalho explorado à exaustão no Brasil antes e após a independência política.

Nessa perspectiva, não podemos tratar a questão africana apenas do ponto de vista da escravidão, como se fosse uma questão isolada e superada pela assinatura da Lei Áurea em 1888. Um ponto de partida para ampliar nossa visão e tentar superar as visões estereotipadas sobre o tema é procurar recuperar os elementos da resistência negra, suas formas de luta e de organização, sua cultura, não apenas no passado, mas também no tempo presente.

Desenvolvimento
1ª. etapa
Comece o trabalho explorando com os alunos os elementos da história africana e/ou da presença africana na História do Brasil que eles já tenham estudado. Procure levantar os conhecimentos dos alunos acerca das relações sociais estabelecidas, das visões que foram construídas sobre africanos e afro-descendentes no Brasil, sobre a cultura africana e/ou a mescla de culturas que se convencionou chamar "cultura brasileira" com forte influência de elementos africanos. É possível que surjam respostas que remetam a determinados assuntos como alimentação, música, dança, lutas e religiosidade. Se não surgirem, instigue-os a refletir sobre a presença ou ausência desses elementos no modo de vida deles.

Após essa conversa inicial, convide os alunos para explorar o site www.acordacultura.org.br, que mostra informações sobre a cultura negra africana em forma de jogos, livros animados, vídeos, músicas e textos. Dica: veja textos sobre a importância da cultura negra na coluna da esquerda da página inicial - "valores civilizatórios".

A exploração do site é apenas um ponto de partida para a discussão que poderá ser fundamentada em conhecimentos anteriores dos alunos, de acordo com os conteúdos previstos no currículo de História, como:
- História da África, incluindo elementos da cultura e religiosidade etc. (o período variando de acordo com o ano/série dos alunos).
- Escravidão no Período Colonial e/ou no Período do Império. As lutas e as formas de resistência, e elementos da cultura trazida pelos africanos.

Proponha aos alunos um trabalho de investigação da presença da cultura negra na localidade e das relações sociais estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos, por meio de entrevistas. O objetivo é fazer com que os alunos percebam as relações entre o passado (os conteúdos estudados em História) e o tempo presente, observando as mudanças e permanências nas relações estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos e da situação dos afro-descendentes na sociedade brasileira. Essas pesquisas podem ser incluídas em um blog produzido pela classe. Será um espaço de debate virtual em que os alunos da escola e os moradores da comunidade local poderão trocar idéias sobre o assunto.

2ª etapa
Agora é o momento de planejar as entrevistas. Divida a turma em grupos de quatro ou cinco alunos e faça a mediação dos seguintes pontos:

- O levantamento de afro-descendentes que sejam moradores antigos da localidade para serem entrevistados.

- Combinar com os alunos se as entrevistas serão realizadas na escola ou na casa dos entrevistados.

- Elaborar as questões que serão feitas aos entrevistados. Exemplos de coleta de bons depoimentos podem ser encontrados no portal do Museu da Pessoa (www.museudapessoa.net).
O questionário deverá ter:
Nome
Idade
Há quanto tempo mora na localidade,
Profissão, atividades que exerceu
Religião
O lazer no passado e no presente
Os tipos de música e de dança preferidos do passado e do presente
Se sofre ou já sofreu discriminação por ser afro-descendente
Participa de organizações como clubes, associações de moradores, ONGs que lutem pela defesa dos direitos dos afro-descendentes
Outras questões sugeridas pelos alunos a partir dos estudos realizados

- A definição das formas de registro da entrevista

- Reforçar com os alunos a importância do respeito aos entrevistados.

- O estabelecimento de uma data para que os materiais coletados sejam levados para a classe.

3ª. etapa
Os grupos de alunos deverão realizar as seguintes atividades:

- Contatar os moradores escolhidos, explicando o objetivo da entrevista.

- Gravar as entrevistas com equipamentos de áudio (gravadores, mp3 player etc.)

- Pedir permissão para fotografar os entrevistados

- Perguntar se eles possuem fotos antigas ou outros objetos e se permitem que eles sejam fotografados para compor o trabalho final.

No retorno do trabalho, em sala de aula, você deverá mediar a socialização das experiências de cada grupo por meio da discussão:
- como se deu a interação com os entrevistados
- quais foram as informações obtidas
- as semelhanças e diferenças entre as respostas dos entrevistados

4ª. etapa
A partir das entrevistas e dos materiais coletados, é possível recuperar um pouco da história das relações sociais na localidade, da presença (ou não) de discriminação de afro-descendentes e de elementos da cultura de origem africana.

Produto final
O material coletado pode ser organizado:
- em um painel com fotos e informações escritas
- elaboração coletiva de um blog que poderá conter as gravações das entrevistas, depoimentos de alunos sobre o tema, mudanças e permanências nas relações sociais na localidade, espaço para postagem de sugestões sobre a formas de combate ao preconceito e à discriminação racial.

Avaliação
Os pontos que deverão ser avaliados são:
- envolvimento e participação dos alunos nas discussões em grupos
- pertinência das informações e dos materiais coletados
- organização e clareza das informações no painel e nos textos e áudios postados no blog.

Quer saber mais?
Bibliografia
BARBOSA, R. M. Ambientes virtuais de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed.
BITTENCOURT, Circe Maria F. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo, Cortez.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças de velhos. Companhia das Letras.
LUCENA, Célia Toledo. Artes de lembrar e de inventar: (re) lembranças de migrantes. São Paulo, Arte & Ciência.

Na internet
Pt.wikipedia.org/wiki/Podcast
informatica.hsw.uol.com.br/web-206.htm
www.acordacultura.org.br
aldeiagriot.blogspot.com
www.arteafricana.usp.br/index.html
www.palmares.gov.br
www.ritosdeangola.com.br/news.php
www.capoeiradobrasil.com.br

Materiais para aprofundar a discussão sobre racismo:
www.dialogoscontraoracismo.org.br



Fonte: NOVA ESCOLA

Marxismo e Vanguarda

Dois momentos historicamente distintos marcaram a relação entre o marxismo e a vanguarda artística. No primeiro deles, mais ou menos entre 1890 e 1930, foi assinalado pela simpatia e aproximação, depois disto deu-se um crescente estranhamento, quando não aberto repúdio da vanguarda pelo marxismo. Quem melhor encarnou esta última fase foi o famoso teórico da cultura, o marxista húngaro-germano George Lukács, um dos expoentes do stalinismo nas questões da estética.


A perspectiva marxista


Para melhor entender-se o escopo da critica feita por Lukács, senão que um anátema lançado contra as vanguardas, é preciso situar como o marxismo se posicionava frente à cultural ocidental. Via-se ele, em parte, como herdeiro do iluminismo, sentindo-se como uma expressão da emancipação do homem dos grilhões da necessidade (econômicas, políticas e sociais) e, por outro, posicionava-se como seguidor da tradição humanista (que colocava o Homem como centro das suas preocupações fundamentais). Tradição esta que denunciara como deformadas pela ‘fria lógica do capitalismo’ e pelos interesses mesquinhos e lucrativos da burguesia ocidental.


Aproximando-se da vanguarda


Ao tempo em que o marxismo era uma doutrina marginal ao sistema filosófico e político vigente na Europa do século XIX, quase que considerada uma ideologia subversiva, senão que criminosa aos olhos das autoridades (perseguida na França depois do levante da Comuna de Paris, de 1870, e proscrita da Alemanha por Bismarck, após um atentado fracassado contra o imperador Guilherme I, em 1878), era natural que visse com simpatias as rebeldias e injurias dos artistas e dos boêmios em geral contra a arte oficial e a ‘ordem burguesa’.


A inquietação dos pintores, dos escultores, dos poetas e dos literatos, era entendida como revolta salutar. Um desaforamento ao conformismo filisteu que dominava o cenário cultural hegemonizado então pelo academicismo (a verdadeira besta-negra das vanguardas).


A crítica incisiva deles aos costumes e valores tradicionais parecia aos marxistas como equivalente ao que Marx e Engels fizeram ao se insurgirem contra o pensamento político e econômico convencional. Demonstrativo desta estreita relação entre as artes avançadas e a revolução no período que antecede a Primeira Guerra Mundial foi o fato de que quando o bolchevismo ensaiou seus primeiros passos como movimento revolucionário radical, Lenin, num famoso ensaio intitulado 'O que fazer?', de 1902, não hesitou em denominar seu partido como sendo a ‘ vanguarda do proletariado’.

Esta ‘afinidade eletiva’ é que fez com que inúmeros artistas se manifestassem abertamente como ‘ socialistas’ ou ‘anarquistas’ (como os pintores Courbet e Pissarro, e tantos outros). O caso dos surrealistas franceses neste aspecto foi exemplar, sabendo-se que um número significativos deles militou abertamente entre os comunistas nos anos vinte e trinta (os poetas André Breton e Paul Éluard), o mesmo podendo-se dizer dos expressionistas alemães (vistos como ‘artistas malditos’, simpáticos aos comunistas) e dos futuristas russos (que, pelas mãos e Maiakóvski e Málevitch aderiram em peso á revolução de 1917).


Do apoio ao afastamento


Quando a Revolução Bolchevique ainda não se consolidara na Rússia, o novo regime sob o comando do Narkompros , o comissário da educação e cultura – também chamado de Comissariado do Esclarecimento - Anatoly Lunacharsky ( 1917-1929), convocou os vanguardistas de todos os setores para se expressarem, garantindo a eles ampla liberdade de criação (até os trens militares de Trotski eram profusamente decorados com temas futuristas). Aceitaram o abrigo do comissariado os artistas Vladmir Tatlin, O.Rozanova, Alexander Rodchenko, Wassily Kandinsky e Málevitch.A situação de lua de mel entre a revolução política e arte arrojada começou a desandar com a estabilização do regime comunista no começo dos anos trinta. Historicamente o afastamento de Lunarcharsky, em 1930, assinalou o fim da aliança entre o bolchevismo e a arte vanguardista.

Apartando-se das vanguardas

G.Lukács ( 1885-1971)
Doravante, entendeu a liderança stalinista, não se tratava mais de desrespeitar as regras e os cânones. O comunismo agora alcançara o estatuto da ordem. O trabalho de desmontagem do velho regime czarista já fora concluído. A nova plataforma enfatizava ‘a construção do socialismo num só país’, e, por conseguinte, a época das experiências radicais e da insubordinação havia passado. A sátira e o deboche das instituições começaram a ser mal vistos.


O regime, a partir do Iº Congresso de Escritores da URSS, realizado em Moscou em 1934, exigiu a mobilização dos artistas e literatos para que se engajassem no desafio de transformar a velha Rússia numa sociedade de engenheiros e operários e não mais de senhores de terras e camponeses ignorantes.


As mensagens, além de terem que ser remetidas em invólucros simples e objetivos, tinha que ser obrigatoriamente ‘otimistas’, exaltando a tarefa gigantesca em que o partido e o seu líder máximo, ainda que isolado do restante do mundo, se lançava. Desta forma, o escritor foi visto como um tribuno popular, defensor sem disfarces da causa do povo e um obediente seguidor da ‘linha do partido’.


Este reposicionamento do estado soviético rumo ao conservadorismo liquidou com a Arte de Vanguarda russa visto ela não se ajustar aos propósitos da política oficialmente determinada. O partido agora exigia ordem e disciplina e não posições iconoclastas ou irreverentes (isto é que explica o destino trágico do suprematista Málevitch, preso e torturado, morto na extrema pobreza, em 1935).


Nesta reformulação, a categoria do Realismo tornou-se a ‘categoria central da crítica literária e artística em geral’.


A crítica de Lukács à vanguarda – particularmente à sua face literária - pertence inteiramente a este período: a fase em que o marxismo tornou-se doutrina oficial do estado soviético e não mais o combustível teórico da revolução social. (*). Momento este que combinou com a época em que o pensador igualmente abandonava seu passado utópico, entrando para a etapa que Miguel Vedda denominou de ‘Lukács tardio’.


(*) Imensamente erudito, os estudos estéticos de Lukács concentraram-se nas letras, não na música, artes plásticas ou arquitetura.


Exaltação do realismo


Como o Iº Congresso de Escritores soviéticos acatara, a linha das publicações obedeceria às exigências do Realismo Socialista. Tudo devia ser exposto numa prosa e uma poesia simples com um comprometimento ideológico sincronizado com os objetivos do regime stalinista. Evidentemente que ninguém naquele momento cogitou que tal decisão comprometeria a obra de arte fazendo dela um mero panfleto político a serviço do estado soviético, quando não tornando o romance um prolongamento das diretivas do partido.


Tal ênfase no ‘realismo’ fez com que o marxista Lukács, que era um dos maiores eruditos da literatura européia do século XIX, paradoxalmente, viesse a celebrar o romance burguês (Balzac, Stendhal, Flaubert, Heinrich e Thomas Mann, Gottfried Keller, Tolstoi, Romain Rolland, etc..) como a melhor fonte na qual os escritores socialistas deveriam beber. Se bem que a enriquecessem com a perspectiva revolucionária ou crítica. Preocupando-se em dar um escopo histórico social à estética contribuiu para o enquadramento das artes à vontade da direção central partidária.


Desde os começos de 1930, refugiado em Moscou, ele, que era húngaro de nascimento, mas de formação filosófica e cultural alemã, se integrara aos quadros do Instituto Marx-Engels empenhando-se como um ideólogo da ortodoxia do regime, emprestando seu estudo e vasto conhecimento à solidificação da linha adotada em 1934, entronando, contraditoriamente, o Realismo do passado como a bússola da literatura soviética do presente. Denominou sua tese como ‘realismo revolucionário’.


Não somente a literatura burguesa – fundamentalmente o romance oitocentista - lhe parecia como o melhor modelo como também o ‘ romance histórico’, particularmente os de Walter Scott e de J. Fenimor Cooper. Eles serviam perfeitamente como lição a todo jovem literato engajado com intento de se comunicar com as massas.


Viu naquele gênero uma maneira democrática e acessível de ensinar história às multidões. Por tanto, o Realismo (na arte ou na literatura) afirmou-se como o compromisso primeiro e inquestionável do artista politizado.



Portas fechadas

A exaltação do Realismo fora motivada igualmente por outra percepção dele: a obra de vanguarda não penetrava no coração das maiorias. Era apreciada por uma minoria de leitores excêntricos ou de esnobes. Não ajudava em nada aos homens comuns libertarem-se da alienação em que viviam e muito menos insuflar-lhes ardor de rebeldia qualquer. Enquanto os autores comprometidos com o Realismo – que escancaram suas portas para infinitas possibilidades - vendiam seus romances e novelas para milhares de leitores (caso de Cervantes, Shakespeare, Balzac, Tolstoi ou Gorki), uma porta estreitíssima conduzia à obra de James Joyce e aos demais expoentes da vanguarda.


Este fato, por si só, impedia que ‘ amplas massas populares pudessem aprender’ alguma coisa com aquele tipo de experimentação. Entre outras razões, porque ‘nesta literatura falta realidade, obrigando o leitor a aceitar um tipo de vida estreita e subjetivista’.


Sua incompreensão amplia-se devido às deformações e desfigurações propositais da realidade. Isto impede que o homem do povo possa traduzi-la para ‘a linguagem das suas próprias experiências vitais’. A ausência na literatura vanguardista de uma relação viva com a vida popular e com o desenvolvimento progressivo das experiências das massas é que fazia com que ela fugisse da grande missão da literatura.


Além disto, ela teimava em ‘apagar o rosto dos seus personagens a ponto de reduzi-los a uma espécie de sombras’, ou a mania que os vanguardistas tinham de ‘ destruir os seus contornos ou de limitar a um único plano, ou ainda de coagulá-las em fantasmas, em imagens de sonho, desprovidas de qualquer racionalidade. ’


Como, por exemplo, encontrava-se nas novelas de John dos Passos (‘Franz Kafka ou Thomas Mann’ in Realismo crítico hoje, 1969.)


No entender dele, o Realismo era a única linguagem capaz de orientar o leitor para o despertar de ‘uma nova vida politicamente ativa’. Sua tarefa maior era denunciar ‘os fenômenos de decadência política, cultural e artística’, abrindo caminho ao que era significativamente popular. E, entre estes fenômenos negativos estava a luta travada pela vanguarda no sentido de ‘ uma liquidação cada vez mais enérgica do Realismo’.


Assim sendo, longe de ser a indicadora das novas tendências, a obra modernista era expressão do declínio social e cultural da sociedade capitalista. Uma espécie de fuga, contribuindo ainda mais para o isolamento da literatura e da arte, e não para o esclarecimento e emancipação das massas da opressão em que viviam. O experimentalismo estava associado à decomposição e ao descompromisso e não à contribuição positiva para uma nova visão do mundo.

Arma de luta

Casal no kolkoze (Vera Mukhina, 1936)
Lukács via a literatura realista como uma revelação, algo ligado diretamente à consciência política do homem comum. O escritor, para ele, tinha a função similar ao do indivíduo relatado por Platão no mito da caverna, aquele que, liberto das correntes, percebe a existência exterior de um outro mundo, muito melhor do que os que estão agrilhoados lá no fundo da caverna e desce de volta para esclarecê-los. Para ele não havia entretenimento nem diversão na leitura. A literatura devia ser uma arma de luta, jamais de lazer.


O grande embate no mundo das letras se dava entre o clássico x moderno, mas se a obra escrita contribui ou não para a desalienação do homem, se ela representa ‘ o progresso da literatura atual’.


Exaltação do patológico


Mas as diferenças entre a posição de Lukács e a vanguarda não estavam circunscritas a (in) eficácia da prosa ou da sua (in) compreensão. Havia também um desacordo na questão filosófica: na visão do Homem. O pensador húngaro reclamou que os vanguardistas haviam abandonado a percepção aristotélica do homem que o definia como ser social, isolando-o do restante da sociedade, como se esta nada tivesse a haver na configuração do personagem. Para o vanguardista, o individuo ‘limita-se a sua existência’, nada existe que possa agir efetivamente sobre ele. Substituiu a realidade de fato pela possibilidade abstrata, incorrendo na dissolução do homem e na dissolução do mundo. Denunciou a influência negativa de Kierkegaard sobre os modernistas, pois para o filósofo dinamarquês ‘ cada homem vive num incógnito impenetrável aos outros homens e nada pode rompê-lo. ’


O protesto que a vanguarda ensaia termina recaindo não sobre as injustiças sociais e outras anomalias concretas que cercam o personagem, mas sobre a patologia. E esta fuga em direção à patologia desemboca num vazio... ‘na fuga para a doença’. Em parte, a responsabilidade disto deveu-se a influencia crescente de Freud, cujos retalhos de pensamento e observações do cotidiano alimentaram a imaginação dos vanguardistas os conduzindo a entender o normal pela psicologia do anormal, bem ao contrário dos clássicos que trataram as paixões como expressões de homens normais e não como de excêntricos ou neuróticos.


O gosto que os vanguardistas demonstraram pelo aviltamento patológico do homem, da perversidade e da idiotia, fez da anomalia e da bizarria a verdadeira ‘condição humana’.
A percepção de Gottfried Benn de o humano ser visto como um ‘ pequeno monte viscoso no morno pântano’ é degradante, senão que infamante. Revela, antes de tudo, a perigosa tendência da vanguarda em se posicionar como anti-humanista.

Oscilando entre a mediocridade burguesa e a excentricidade patológica, ela termina por traçar caricaturas da personalidade humana, rejeitando como Franz Kafka e Robert Musil, qualquer perspectiva futura para o homem.


Esta perda da esperança que se junta ao tédio termina por gerar ‘ o homem monstro’(exemplo: o homem-inseto do conto ‘A metamorfose’ de F.Kafka). A uma sensação de completo abandono frente a um temor inexplicável.


Entre outros perigos que ele denunciou na vanguarda foi que a obsessão dela em romper completamente com as formas tradicionais produziu um efeito muito mais radical do que o esperado: o desaparecimento de qualquer forma literário, o que conduziu inevitavelmente à ‘autodestruição da estética’.

Crítica ao Expressionismo

Ainda que a maioria dos artistas expressionistas alemães fossem ativistas um simpatizantes da esquerda, eles não se viram poupados por Lukács. Atribuiu a eles a função de ‘ ideólogos’ atuando entre os dirigentes e as massas. Mesmo que as convicções políticas deles fossem sinceras, apresentavam-se ‘ confusos e obscuros’.


Na prática, arte expressionista ‘ projetava vacilações e proposições contra-revolucionárias’(ideologia da não-violência, crítica abstrata da burguesia, caprichos anarquistas. Etc.). Representava as indecisões típicas de uma ideologia de transição (entre a ordem burgueses abalada e a revolução que se encaminhava para a vitória), o que fazia com que o expressionismo se visse de fato impedido de ser uma verdadeira estética da revolução.

Os defeitos do expressionismo

Gottfried Benn, modernista negativista
O primeiro defeito que Lukács observou no expressionismo foi sua ambição de conceber-se eterno, quando era fruto de circunstâncias históricas bem determinadas (a decadência da sociedade burguesa na transição do século XIX para o XX). Além disto, o predomínio do anti-realismo impediu o controle e a superação das tendências falsas que se abrigavam em seu meio, o que prejudicara ‘ a captação profunda da realidade’.


A forma confusa, caricata, e por vezes excessivamente complexa com que se relacionavam com o público, terminou criando obstáculos para o processo da necessária clarificação ideológica revolucionária daqueles a quem influía. As massas sentiam-se embaralhadas frente aquele tipo de arte, tornando-a inútil para a mobilização radical.


Quanto ao desaparecimento do expressionismo como movimento estético singular, para Lukács isto não se deveu à política contra-revolucionária desencadeada pelos próprios sociais-democratas alemães, em 1919 (a violenta política repressiva anti-espartaquista de Noske, o ministro do interior da recém proclamada República de Weimar, que culminou no assassinato de Rosa Luxemburgo e Karl Liebcknecht, líderes da extrema esquerda, em janeiro de 1919, em Berlim). No entender do pensador húngaro, foi a Revolução Bolchevique de 1917 com seu enorme impacto sobre a realidade européia e mundial quem transformou em fumaça a estética expressionista.


Concluiu então que, ‘ quanto mais se aprofundava o socialismo na URSS mais ainda foi sendo abandonada a Arte de Vanguarda na Rússia’, por conseguinte foi a crescente maturidade das massas revolucionárias quem impingiu a ‘ derrota do expressionismo’.

Nota: uma boa síntese sobre o ponto de vista marxista mais recente sobre a relação do Realismo com as vanguardas encontra-se na série de artigos publicados por Carlos Nelson Coutinho, em 1967, onde se encontra um capitulo especial intitulado ‘O Realismo como categoria central da crítica marxista’(in ‘Literatura e Humanismo’, pág. 95-136), na qual o autor remete a outras posições sobre o entendimento do Realismo (Galvano Della Volpe, Leandro Konder, Roger Garaudy, etc.)

Bibliografia


Coutinho, Carlos Nelson – Literatura e humanismo. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.

Fischer, Ernst – A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966.

Konder, Leandro – Os marxistas e a arte. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1967.
Lukács, George – Materiales sobre el realismo. Barcelona- Buenos Aires- México, Grijalbo, 1977.


Lukács, George – La novela histórica. Barcelona: Grijalbo, 1977.


Lukács, Georg – Realismo crítico hoje. Brasília: Coordenada-editora de Brasília, 1969.


Tertulian, Nicolas – Georg Lukács – etapas do seu pensamento estético. São Paulo: Editora UNESP, 2008.


Vedda, Miguel - Lukács: Etapas de su pensamiento estético y político. (IPS) Instituto del Pensamiento Socialista Karl Marx. Buenos Aires, septiembre de 2005

Williams, Raymond – Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1979.

Fonte: Voltaire e Schilling

Os Primeiros Fumantes

Desconhecido dos europeus até a viagem de Colombo, em 1492, o tabaco já era utilizado pelos nativos da América desde tempos remotos. Os índios no atual território brasileiro acreditavam que, pelo fumo, podiam entrar em contato com os espíritos e fazer adivinhações. Empregavam também a planta para curar feridas, dores de estômago, fístulas e outras doenças. O produto poderia ser comido, bebido em infusão, mascado e fumado. Encantado com a planta, Luís de Góes que veio com Martin Afonso de Sousa em 1530, levou as primeiras mudas para Portugal.

Na França, o sucesso do fumo começou depois que Jean Nicot, embaixador francês em Lisboa , presenteou sua rainha, Catarina de Médici, com certa quantidade do produto. Quando ela passou a atribuir ao tabaco a cura de suas enxaquecas, o consumo do produto se tornou comum na alta sociedade francesa e caiu no gosto da população.

Já na Inglaterra, o hábito de fumar e mascar fumo foi introduzido na década de 1580, quando os corsários Francis Drake e Walter Raleigh, de volta de viagens à América do Norte levaram para lá mudas de tabaco.

Gravura de Angeli Biasioli. Escravos preparando tabaco  EUAGravura de Angelo Biasioli (1790-1830). Escravos preparando tabaco, estado da Virgínia, EUA

No século XX, a indústria cinematográfica norte-americana associou o ato de fumar ao charme, à beleza e ao sucesso, e o cigarro espalhou-se por todo mundo. A partir das últimas décadas do século, porém, o poder de sedução do tabaco diminuiu com a divulgação de pesquisas médicas que o apontam como responsável por inúmeras doenças, entre elas o câncer, que pode ser fatal.

Fonte: HISTOBLOG

Guerra de Suez

Por Antonio Gasparetto Junior
A Guerra de Suez envolveu Israel, França e Inglaterra na disputa com o Egito pelo domínio de seu canal, o Canal de Suez. O motivo da guerra foi o desejo das nações capitalistas controlarem um ponto estratégico no Mar Vermelho, que permite ligar Europa à Ásia sem precisar contornar a África.

O Canal de Suez foi construído entre 1859 e 1869 e caracterizou-se por ser o mais longo do mundo. Com seus 163 Km de extensão, o Canal de Suez liga o porto egípcio de Port-Said, localizado no Mar Mediterrâneo, ao porto deSuez, no Mar Vermelho. O Canal de Suez tornou-se então um importante caminho comercial que permite ligar a Europa à Ásia sem precisar fazer o contorno pelo continente africano. O domínio dessa região é um grande favorecimento econômico para os empenhados no comércio marítimo.

O Egito, com o advento do imperialismo, tornou-se uma nação subjugada pelos ingleses ainda no século XIX. Somente no século XX, em 1922, o Egito deu sinais de libertação estabelecendo um regime monárquico. Esta forma de governo permaneceu até depois da Segunda Guerra Mundial. Acabada esta, o Canal de Suez tornou-se localidade mais cobiçada ainda pelas potências européias e os Estados Unidos por causa da importância crescentemente valorizada do petróleo na economia mundial, produto o qual era encontrado em grande quantidade no Oriente Médio.

Mesmo com a independência do Egito e formação de um governo monárquico, o país continuava sofrendo a intervenção de outras nações. Um grupo de militares, liderados pelo coronel Gamal Abdel Nasser, inconformados com a antiga situação, organizaram um levante que derrubou o governante egípcio, o rei Faruk, no ano de 1952. Tão logo esse grupo de militares chegou ao poder, medidas começaram a ser implementadas para reformar o Egito. Dentre essas estavam a estatização das empresas estrangeiras, a limitação da presença de outros países na economia do Egito e um audacioso projeto de reforma agrária, com o apoio dos soviéticos.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, pairava no mundo a Guerra Fria, que rivalizava os países do bloco capitalista e os países do bloco comunista. O apoio dado pelos soviéticos ao Egito e seu projeto de reformas incomodou a França, a Inglaterra e Israel, países do bloco capitalista com interesses diretos na região. Para ampliar a tensão, os egípcios determinaram o fechamento do porto de Eliat e a nacionalização do Canal de Suez. A situação preocupou os países capitalista, os quais ficaram receosos de que os soviéticos estivessem conquistando um importante aliado no Oriente Médio.

Israelenses vitoriosos na região de Sinai (Egito)

Com a medida egípcia, Israel ficou sem a possibilidade de irrigação do deserto de Negev e perdeu seu contato com o Mar Vermelho. França e Inglaterra, com seus interesses imperialistas, perdiam o espaço de influência na economia do Egito e um importante mercado consumidor. Os israelenses prepararam a retaliação, no dia 29 de outubro de 1956 os judeus promoveram uma invasão militar na península de Sinai, ao mesmo tempo em que grupos de paraquedistas franceses e ingleses tomaram Port-Said. A guerra estava declarada.

Com a conquista da península de Sinai, os israelenses conseguiram reabrir o porto de Eliat. A guerra durou duas semanas e os egípcios saíram derrotados. Os Estados Unidos, contudo, preocupados com reações radicais dos soviéticos, intervieram no conflito. De fato, a União Soviética se expressou sobre o conflito ameaçando a França e a Inglaterra de um ataque nuclear. Por ser uma das vencedoras da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética tinha uma posição fortalecida no mundo.

As Nações Unidas também interferiram no confronto. Para evitar um ataque nuclear e a ascensão de uma nova guerra de proporções mundiais, exigiu que os países que tinham invadido o Egito se retirassem do território. Sob a pressão de guerra nuclear dos soviéticos, os israelenses se retiraram do Egito, juntamente com os ingleses e franceses. Assim, a União Soviética conquistou o Egito como zona de influência ideológica no mundo árabe, terminando a guerra, mas permanecendo a tensão pelos interesses econômicos, árabes e judeus na região.

O Canal de Suez voltou a ser liberado para transitação apenas no dia 10 de abril de 1957.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Suez
http://historia.abril.com.br/guerra/guerra-canal-suez-faz-50-anos-435131.shtml


Grande Medo

Por Emerson Santiago
Grande Medo é o nome dado aos acontecimentos ocorridos logo no início da Revolução Francesa de 1789, mais precisamente, de 20 de julho até 5 de agosto de 1789. Seu início está ligado aos resultados deficitários da agricultura local naquele período de grande confusão e incerteza. Milícias rurais guardavam a colheita no campo já que a autoridade do antigo regime havia sido implodida. Em tal cenário de desinformação, os rumores predominam, e a população em geral é levada a crer que hordas de bandidos armados estavam prestes a invadir as cidades. Os camponeses então pegam em armas para reagir à alegada ameaça e iniciam ataques a vários solares (tipo de casa grande rural francesa). Mesmo assim, continuavam os rumores, sendo um de que uma força estrangeira havia invadido a França e queimado as colheitas; outro dava conta de que bandidos queimavam casas em vários vilarejos.

Com toda essa desorganização grassando o meio rural, a 4 de Agosto o governo provisório francês decreta o fim do regime feudal na França, em boa parte devido ao medo de que a instabilidade no interior fizesse a já precária situação econômica, política e social da França se agravasse ainda mais.

As revoltas ocorridas na época tinham não só causas econômicas, mas políticas, e que datavam de acontecimentos bem anteriores, especialmente das secas que atingiram a região e pelas condições precárias de vida, mera repetição do que acontecia nas empobrecidas cidades do reino. Desde a época do ministro das finançasJacques Necker, do então rei Luís XVI, avisos de possíveis rebeliões gerais no campesinato eram previstas, e o ambiente de anarquia estava apenas à espera de um acontecimento mais drástico para estourar. Os camponeses armam-se cada vez mais e o pânico inicia-se na região de Franche-Comté, logo se transformando no “Grande Peur” (Grande Medo, em francês), à medida que as cidades vizinhas daquelas atacadas tomavam os camponeses armados e descontentes por forças invasoras.

Apesar de popularmente associado a camponeses, o Grande Medo foi obra também de todos os outros integrantes do tecido social francês, inclusive nobres empobrecidos. Aparentemente a classe burguesa teria, assim como o baixo campesinato, muito a lucrar com o desmantelamento do regime feudal então em voga.

O Grande Medo ajuda também a explicar em boa parte o porquê da nobreza e do clero francês terem se desfeito de seus antigos privilégios feudais na noite do 4 de agosto, além de fazer valer perante a Assembleia Nacional Constituinte que se formava, a abolição definitiva dos costumes feudais, ante o total descontentamento da antiga nobreza.

Bibliografia:
http://les.guillotines.free.fr/carte/la%20grande%20peur%20de%201789.htm
http://roland.grenier1.free.fr/ressources%20primaire/cm1/G%E9ographie%20histoire/r%E9volution%201789/Provis/Revolution.html
http://www.diagnopsy.com/Revolution/Rev_011.htm – Página cultural Diagnopsy – La grande peur, un moment d´enthousiasme (4 août 1789) – Les droits de l´homme (em francês)

Fonte: InfoEscola: Navegando e Aprendendo

Congresso de Viena

Por Fernando Rebouças
Depois da época napoleônica e das consequências bélicas, sociais, políticas e econômicas, os países que haviam vencido os conflitos, entre eles Áustria, Rússia, Prússia e Inglaterra, organizaram em Viena um congresso para redesenhar as fronteiras entre as nações europeias e restaurar os tronos às famílias reais derrotadas.

O Congresso de Viena ocorreu de 1° de outubro de 1814 a 9 de junho de 1815, período posterior à derrota da França de Napoleão. O restabelecimento da ordem na França e a busca da paz comum no velho continente foram também os principais objetivos do congresso.

Foi decidido que à França o dever de pagar uma indenização de guerra e instituir um novo governo conservador sob as influências do clero e da nobreza, mantendo os mesmo limites territoriais da França. A Prússia e a Áustria receberam territórios da Alemanha e da Itália.

Além das vantagens políticas às nações vencedoras, os termos de paz foram documentados pela assinatura do Tratado de Paris assinado em 30 de maio de 1814. O Ato Final do Congresso de Viena foi assinado em 9 de junho de 1815, nove dias antes da última derrota das tropas napoleônicas na batalha de Waterloo.

O Congresso buscou equilibrar as questões de território entre as nações que haviam perdido parte de seus territórios à França napoleônica. Em suma, tratou-se de uma conferência entre os vencedores e o derrotado Império de Napoleão para a instauração da paz na Europa, restabelecimento do território entre os países, restabelecimento do poder de modo equilibrado, pagamento de indenização por parte da França e demais garantias.

Foi adotado também o Instrumento de Ação na qual a Santa Aliança, uma frente político-militar formada pelos exércitos feudais, tinha plenos poderes para atuar sobre qualquer conflito que ameaçasse ou afetasse as bases e tranqüilidade do Antigo Regime. A Santa Aliança tinha poderes de também intervir nas independências da América.

O Congresso de Viena foi liderado pelo estadista austríaco Klemens Wenzel Von Metternich, Príncipe da Áustria, com a presença do Ministro de Negócios Estrangeiros e do Barão Wessenberg. A Prússia teve o príncipe Karl August Von Hardenberg como seu representante, ao lado do chanceler Wilhelm Von Humboldt.

A Áustria foi representando por Metternich, general- chefe. A França, nação derrotada no fim dos conflitos, foi representada por Charles Maurice de Talleyrand Périgord. O representante francês conseguiu incluir a França nas reuniões, teimando com a decisão inicial, dos países vitoriosos, de bani-la das decisões.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_de_Viena
http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/congresso-de-viena.htm


Lei dos Sexagenários

Por Tiago Ferreira da Silva
Promulgada em 28 de setembro de 1885, a Lei dos Sexagenários concedia liberdade apenas aos escravos com mais de 65 anos, que já não dispunham de força e disposição para encarar as péssimas condições de trabalho cedidas pelos senhores de engenho.

Na prática, essa lei não mudava em nada a relação dos patrões com os escravos. De fato, dava mais autonomia aos donos dos grandes cafezais em dispensar mão-de-obra que não produzisse.

Poucos escravos chegavam aos 60 anos, tornando a lei praticamente inútil. Mesmo assim, sua aprovação tornou-se um artífice importante na campanha dos abolicionistas, que três anos mais tarde conseguiriam aprovar a Lei Áurea.

O primeiro abolicionista a apresentar um projeto que libertava escravos mais velhos foi o liberal Sousa Dantas. Quando ele apresentou o projeto ao Parlamento, muito se discutiu sobre sua efetividade: os fazendeiros se opuseram fortemente no início, mas acabaram aceitando, com a condição de que os escravos com 60 anos teriam de ter um vínculo de 3 anos de trabalho gratuitos com seu patrão.

Ainda antes, em 1872, a Lei do Ventre Livre foi aprovada por iniciativa dos abolicionistas para impedir que os senhores de engenho ou patrões de grandes cafezais forçassem crianças negras a trabalhar. Por mais que representasse um avanço, quando o jovem escravo atingia a maioridade aos 21 anos era obrigado a saldar asdívidas bancadas por seu patrão, como estadia, comida e necessidades básicas. Ou seja, o escravo acabava ficando preso da mesma maneira.

A Lei dos Sexagenários pode não ter sido decisiva para o fim da escravatura, mas fez parte de uma cadeia de avanços abolicionistas que culminariam na assinatura da Lei Áurea, em 1888.

Fontes:
https://www.historiabrasileira.com/escravidao-no-brasil/lei-dos-sexagenarios/
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/lei_sexagenarios.htm


Revolução Sandinista

Por Emerson Santiago
Revolução Sandinista ou Revolução Nicaraguense foi o movimento iniciado em 1978 e que se estendeu até 1990, e visava uma reforma radical das instituições da Nicarágua. Era um movimento capitaneado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional, FSLN, fundada em 1962. O nome “sandinista” faz referência ao mítico líder Augusto César Sandino (1895-1934), antigo líder da resistência ante à ocupação pelos EUA da Nicarágua, que durou de 1912 a 1933. Com a saída dos EUA do país, um novo presidente é eleito, porém, logo derrubado pelo primeiro membro da dinastia ditatorial Somoza, que, logo após, assassinará o lider Sandino. É assim, que em sua memória nasce o movimento sandinista, que curiosamente não tinha grande ligação com o Partido Comunista da Nicarágua, apesar de objetivos muito semelhantes.

Depois de cerca de 40 anos e de três Somozas no poder da Nicarágua, sem mencionar os presidentes fantoches apoiados pela família, finalmente em 1978, com a retirada do apoio norte-americano ao regime ditatorial, os Sandinistas chegam ao poder, depois de quase duas décadas de violenta luta.

Inicia-se a Revolução Sandinista, com a instituição da Junta de Governo de Reconstrução Nacional, composta por cinco membros, tendo como coordenador Daniel Ortega, incluindo, além dele, mais dois militantes sandinistas e dois políticos independentes. Apesar de haver um equilíbrio entre as diversas forças oposicionistas na Junta, logo a força do movimento sandinista fez-se presente, e, em 1985 a Junta é dissolvida e Daniel Ortega torna-se presidente da república. Além disso, os problemas deixados pelo antigo regime ditatorial pressionavam por ação e mudanças imediatas. A guerra pela derrubada de Somoza havia deixado 50000 vítimas, centenas de milhares estavam desabrigados ou imigraram para países vizinhos; muitas áreas sofreram com bombardeios e estavam arruinadas. A economia, consequentemente, encontrava-se destroçada e a dívida externa do país disparava a níveis alarmantes. Profissionais liberais e intelectuais abandonaram o país, além do que as condições sanitárias declinavam assustadoramente.

O governo atuou um importante papel na recuperação econômica na década de 80, e buscou um sistema que tentava conciliar ideais socialistas e capitalistas. O comércio exterior e o controle dos bancos passaram às mãos do governo. A Revolução transformou a Nicarágua em um dos palcos da Guerra Fria, pois o país recebia ajuda e influência tanto dos Estados Unidos como de Cuba e URSS.

Com a chegada de Reagan à presidência norte-americana, deu-se o incremento do movimento contra-revolucionário (os famosos “contras” da Nicarágua), que tinham orientação, financiamento e armamentos pró-EUA. Em 1983, a luta entre sandinistas e contras progride, é declarado estado de exceção e várias liberdades civis suspensas. A situação só irá melhorar com a ascenão de Bush à presidência norte-americana, já que este estava mais disposto ao diálogo do que uma simples derrubada do governo.

Assim, em 1990, são realizadas eleições presidenciais, das quais sai vitoriosa Violeta Chamorro, da UNO, União Nacional Opositora, uma dos membros originais independentes da Junta Nacional, pondo fim a este período conturbado da história nicaraguense.

Bibliografia:
http://www.gratisweb.com/ladron16/revsand.htm

Fonte: InfoEscola: Navegando e Aprendendo

República Velha

Por Tiago Ferreira da Silva
República Velha compreende o período entre os anos de 1889 e 1930, quando a elite cafeeira paulistana e mineira revezava o cargo da presidência da República movida por seus interesses políticos e econômicos.

O primeiro presidente foi o Marechal Deodoro da Fonseca, que proclamou a República em 15 de novembro de 1889 e conquistou o mandato através do Governo Provisório.

O Governo Provisório foi responsável por acabar com a mediação da Igreja nos interesses políticos. Deodoro da Fonseca, em seu governo, separou Igreja e Estado, determinou o fim do padroado e fez com que o casamento se tornasse um registro civil obrigatório.

Por mais que demonstrasse confiança no cargo de presidente, Deodoro da Fonseca renunciou à presidência após o fracasso da política econômica do “encilhamento”, empreendida pelo Ministro da Fazenda Rui Barbosa. O “encilhamento” permitia que grandes emissões de dinheiro fossem realizadas, o que acabou suscitando em um grave período inflacionário.

Em 1891, foi elaborada a Primeira Constituição da República, baseada no texto constitucional dos Estados Unidos. Dentre as principais mudanças estavam o rompimento com o sistema monárquico, a divisão dos três poderes independentes entre si ( Legislativo, Executivo e Judiciário) e a alternância da presidência com eleições diretas realizadas no período de 4 anos. Todos os homens com mais de 21 anos letrados eram obrigados a votar e as províncias passaram a ser denominadas estados, obtendo mais autonomia federativa.

Alguns historiadores argumentam que os todos os presidentes da República Velha (exceto Epitácio Pessoa) faziam parte de uma sociedade secreta da Faculdade de Direito de São Paulo de origem maçom.

Os presidentes da República Velha foram:

Em 1930, o gaúcho Getúlio Vargas articulou um golpe de Estado com a intenção de boicotar o posto de presidência de Júlio Prestes, candidato de Washington Luís. Ele se juntou a alguns militantes de esquerda que queriam acabar com a política do café-com-leite (alternância de paulistas e mineiros na presidência). O ato ficou conhecido como Revolução de 1930 e consolidou a figura de Vargas como um dos presidentes mais emblemáticos que já governaram o Brasil.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/República_Velha
http://www.culturabrasil.org/republicavelha.htm


Hércules


HérculesNa Grécia Antiga, o grande herói nacional foi Herácles, ou Hércules, como se chamou depois. Era o maior de todos os heróis da Grécia Antiga, por isso até hoje vive Hércules em nossa imaginação.

Era filho de Zeus, o grande deus grego, e de Alcmena, a mulher mais bela da época. Mas Zeus era casado com a deusa Hera, a qual, enciumadíssima com aquele filho de seu esposo na terra, jurou persigui-lo sem cessar. E assim foi. A vida do pobre Hércules tornou-se puro tormento, tais e tais armadilhas lhe armava a deusa. Mas era defendido por Zeus. Hera armava as armadilhas e Zeus as desarmava - e assim foi até o fim.

Após uma infinidade de aventuras, entre as quais os Doze Trabalhos, Hércules casou-se com Dejanira, a quem amava muito. Mas um dia, numa das suas expedições, foi parar nas terras do centauro Néssus. Pediu então, a Néssus que ajudasse sua esposa a atravessar um rio. No meio do rio, Néssus teve a idéia de beijar a força a esposa de Hércules. Lá da margem, Hércules viu tudo e tomou uma flecha e espetou-a no coração de Néssus. Antes de morrer, entregou a Dejanira um filtro potentíssimo, quem pudesse no corpo peça qualquer de roupa com esse filtro, envenenar-se-ia e morreria a pior das mortes.

Dejanira guardou o filtro e alcançou a nado a margem onde Hércules a esperava.

Tempos depois, Hércules se meteu em nova aventura, na qual salvou uma linda moça de nome Íole, levando-a consigo à ilha de Eubéia, onde havia um altar a Zeus. Lá, querendo oferecer um sacrifício a Zeus, mandou um mensageiro à sua casa em Traquis, buscar uma túnica. Chamava-se Licas esse mensageiro. Em vez de mimitar-se a cumprir a sua missão, contou a Dejanira toda a aventura de Hércules e falou da bela Íole, a quem Hércules tinha salvado. Uma feroz onda de ciúme encheu o coração de Dejanira, fazendo-a lembrar-se do venenoso filtro de Néssus. Entregou então ao mensageiro a túnica que Hércules mandara buscar, mas toda borrifada com tal filtro . . .

Ao receber a túnica, Hércules vestiu-a descuidasomente e foi ao altar oferecer o sacrifício a Zeus. Lá chegando, começou a sentir no corpo uma dor horrenda, como se tivesse vestido uma túnica feita de chamas implacáveis. Hércules então morreu queimado.

Dejanira achava que a túnica fosse para Íole, e não para Hércules. Ao saber do acontecido, desesperou-se e correu para enforcar-se numa árvore.

Zeus então transformou seu filho numa das constelações do céu.

A principal característica de Hércules estava em ser extremamente forte, extremamente bruto, mas dotado de um grande coração. No calor das batalhas muitas vezes matava culpados e inocentes - e depois chorava arrependido.

Os Doze Trabalhos de Hércules

Os doze trabalhos estam apresentados em forma resumida. Em breve, contaremos mais detalhes.

#Matar o terrível Leão de Neméia, que era invulnerável. Com a pele do Leão, Hércules fez um belo manto que funcionava como se fosse uma armadura.

#Matar a terrível Hidra de Lerna, que tinha nove cabeças

#Capturar vivo, o javali de Erimanto

#Capturar vivo, a corça de Cerínia. Era um verdadeiro tesouro: tinha chifres de ouro e pés de bronze.

#Matar os pássaros carnívoros do Lago Estínfale.

#Limpar as Cavalarias do rei Áugias, da Élida. Para completar tal trabalho, Hércules precisou desviar o curso dos rios Alfeu e Peneu.

#Capturar o touro de Creta. Era um animal incontrolável que vinha devastando as colheitas de toda a área.

#Capturar os cavalos carnívoros de Diomedes, rei da Trácia.

#Roubar o cinto mágico de Hipólita, rainha das Amazonas.

#Capturar os bois do Gigante Gerião.

#Colher os pomos de ouro das Hespérides. Eram frutos mágicos e de valor incalculável, quem os provava tornava-se imortal.

#Descer ao Inferno e capturar o seu guardião, o Cão Cérbero de 3 cabeças.
Fonte:Grupo Escolar

Cultura: Um Conceito Antropológico

Cultura: Um Conceito AntropológicoDesde a antigüidade, tem-se tentado explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou geográficas.

As características biológicas não são determinantes das diferenças culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França, ela crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores dos franceses.

Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra.

O ambiente físico também não explica a diversidade cultural. Por exemplo, os lapões e os esquimós vivem em ambientes muito semelhantes – os lapões habitam o norte da Europa e os esquimós o norte da América. Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida são bem diferentes. Os esquimós constróem os iglus amontoando blocos de gelo num formato de colméia e forram a casa por dentro com peles de animais. Com a ajuda do fogo, eles conseguem manter o interior da casa aquecido. Quando quer se mudar, o esquimó abandona a casa levando apenas suas coisas e constrói um novo iglu.

Os lapões vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam se mudar, eles tem que desmontar o acampamento, secar as peles e transportar tudo para o novo local.

Os lapões criam renas, enquanto os esquimós apenas caçam renas.

Outro exemplo são as tribos de índios que habitam uma mesma área florestal e têm modos de vida bem diferentes: algumas são amigáveis, enquanto outras são ferozes; algumas alimentam-se de vegetais e sementes, outras caçam; têm rituais diferentes; etc

O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo chamado endoculturação ou socialização. Pessoas de raças ou sexos diferentes têm comportamentos diferentes não em função de transmissão genética ou do ambiente em que vivem, mas por terem recebido uma educação diferenciada

Assim, podemos concluir que é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os homens.

O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é resultado do meio em que foi socializado

Para Edward Tylor, 1871:
Cultura é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade.

Tylor, foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico da forma como é utilizado atualmente. Na verdade, ele formalizou uma idéia que vinha crescendo desde o iluminismo. John Locke, em 1690, afirmou que a mente humana era uma caixa vazia no nascimento, dotada de capacidade ilimitada de obter conhecimento, através do que hoje chamamos de endoculturação,


Tylor enfatizou a idéia do aprendizado na sua definição de cultura.
O homem é um ser predominantemente cultural. Graças à cultura, ele superou suas limitações orgânicas. O homem conseguiu sobreviver através dos tempos com um equipamento biológico relativamente simples.

Um esquimó que deseje morar num país tropical, adapta-se rapidamente, ele substitui seu iglu e seus grossos casacos por um apartamento refrigerado e roupas leves – enquanto o urso polar não pode adaptar-se fora de seu ambiente.

A cultura é o meio de adaptação do homem aos diferentes ambientes. Ao invés de adaptar o seu equipamento biológico, como os animais, o homem utiliza equipamentos extra-orgânicos. Por exemplo, a baleia perdeu os membros e os pêlos e adquiriu nadadeiras para se adaptar ao ambiente marítimo. Enquanto a baleia teve que transformar-se ela mesma num barco, o homem utiliza um equipamento exterior ao corpo para navegar.

A cultura é um processo acumulativo. O homem recebe conhecimentos e experiências acumulados ao longo das gerações que o antecederam e, se estas informações forem adequada e criativamente manipuladas, permitirão inovações e invenções. Assim, estas não são o resultado da ação isolada de um gênio, mas o esforço de toda uma comunidade.

Não existe um consenso, na antropologia moderna, sobre o conceito de cultura.

Roger Keesing, antropólogo, em seu artigo "Theories of Culture" (1974), define cultura de acordo com duas correntes:

• As teorias que consideram a cultura como um sistema adaptativo: culturas são padrões de comportamento socialmente transmitidos que servem para adaptar as comunidades humanas ao seu modo de vida (tecnologias, modo de organização econômica, padrões de agrupamento social, organização política, crenças, práticas religiosas, etc.)

• As teorias idealistas da cultura são divididas em três abordagens:

• A primeira considera cultura como sistema cognitivo: cultura é um sistema de conhecimento, "consiste de tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro da sociedade"

• A segunda abordagem considera cultura como sistemas estruturais: define cultura como "um sistema simbólico que é a criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido o de descobrir na estruturação dos domínios culturais – mito, arte, parentesco e linguagem – os princípios da mente que geram essas elaborações culturais.

• A terceira abordagem considera cultura como sistemas simbólicos: cultura é um sistema de símbolos e significados partilhados pelos membros dessa cultura que compreende regras sobre relações e modos de comportamento.

A cultura é uma lente através da qual o homem vê o mundo - pessoas de culturas diferentes usam lentes diferentes e, portanto, têm visões distintas das coisas.

O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural (isso é denominado etnocentrismo), depreciando o comportamento daqueles que agem fora dos padrões de sua comunidade – discriminando o comportamento desviante.

Comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes, práticas de outros sistemas culturais são vistas como absurdas.

O etnocentrismo é um comportamento universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade.

A reação oposta ao etnocentrismo é a apatia. Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, num momento de crise os indivíduos abandonam a crença naquela cultura e perdem a motivação que os mantém unidos.

Por exemplo, os africanos, quando foram trazidos como escravos para uma terra estranha, com costumes e línguas diferentes, perdiam a motivação de continuar vivos e muitos praticavam suicídio.

Embora nenhum indivíduo conheça totalmente o seu sistema cultural, é necessário que o indivíduo tenha um mínimo de conhecimento da sua cultura para conviver com os outros membros da sociedade. Nenhum indivíduo é perfeitamente socializado. São estes espaços que permitem a mudança.

Qualquer sistema cultural está num contínuo processo de mudança.

Existem dois tipos de mudança cultural: interna, resulta da dinâmica do próprio sistema cultural. Esta mudança é lenta; porém, o ritmo pode ser alterado por eventos históricos, como catástrofe ou uma grande inovação tecnológica.

A mudança externa é resultado do contato de um sistema cultural com outro. Esta mudança é mais rápida e brusca.

O tempo é um elemento importante na análise de uma cultura.

Assim, da mesma forma que é importante para a humanidade a compreensão das diferenças entre os povos de culturas diferentes, é necessário entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema.

http://gestor.adm.ufrgs.br/adp/culturaorg_adpo14_2 ....


ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA
A existência humana é marcada pela cultura e é ela a própria fundamentação da humanidade. Cultura é criação/ aprendizagem/ criação. É modificada, enriquecida, num processo constante, consciente e inconsciente, por acaso e por necessidade. Por isso a cultura marca, registra e pauta as condutas humanas. O ser humano é muito pouco programado.
http://drogaseespiritualidade.vila.bol.com.br/sent ....


A ANTROPOLOGIA E SUAS TEORIAS ACERCA DAS CULTURAS
Com o avanço da colonização e a partir das viagens do século XVIII, os europeus passaram a manter contato com outros povos e a incluí-los na reflexão sobre a evolução da humanidade. Várias maneiras de interpretar a evolução humana surgiram; dentre elas, as versões monogenista e poligenista. A monogenia, seguindo a idéia de "perfectibilidade" defendida por Rousseau, considerava a evolução da humanidade um gradiente que ia desde o estágio menos avançado (primitivo) ao mais avançado (civilização). As dissimilitudes entre os entre os homens eram consideradas provas dos diferentes estágios pelos quais passavam no seu processo evolutivo. Essa forma de interpretação foi adotada pelos etnólogos na reconstrução do passado dos povos "primitivos". A poligenia considerava que os diferentes centros de criação explicavam as diferenças físicas e morais entre os homens. Os poligenistas acreditavam que mesmo que tivessem ancestrais comuns, os homens diferenciaram-se tanto num dado momento que não restou a possibilidade de cruzamento sem que dele resultasse degeneração.

A partir da obra de Darwin, A origem das espécies, publicada em 1859, vários ramos do conhecimento passaram a adotar uma perspectiva evolucionista: a lingüística, a pedagogia, a sociologia, a filosofia, a política. Na política, o imperialismo europeu se valeu da idéia de sobrevivência dos mais aptos para justificar o avanço do colonizador. Uma teoria sobre as raças foi sistematizada a partir do darwinismo social, preconizado por Herbert Spencer. Essa teoria estabelecia um paralelo comparativo entre as diferenciações entre os homens e as diferenças que existem entre os animais - o asno e o cavalo, por exemplo - e rejeitava a idéia de livre arbítrio do homem, pois que ele estaria fadado a receber características étnico-culturais do meio ao qual pertenciam e condenava a miscigenação, valorizando os "tipos puros" considerava a miscigenação. Essa teoria surgiu dos poligenistas e veio a legitimar o domínio de um grupo étnico sobre outro.

Nesse contexto, surge a Antropologia, que teve o evolucionismo como princípio orientador. Dividindo a evolução em estágios, os etnólogos abandonaram o uso convencional do tempo e utilizaram-se de etapas construídas logicamente para referenciar o homem. Na escala evolutiva. Morgan, em sua obra Ancient Society, descreve três estágios que seriam aplicáveis na explicação da escala de evolução humana: selvageria, barbárie e civilização.

O estudo das sociedades "primitivas" era feito tendo por base documentos escritos, onde havia o relato dos costumes, mitos, objetos utilizados pelos "selvagens" etc. Através da utilização do método comparativo, os antropólogos analisaram essas sociedades, guiados pela idéia de progresso. Esse método recebeu vários ataques, sendo Franz Boas o seu principal crítico. Uma das críticas dizia respeito ao fato de os elementos culturais serem analisados fora do seu contexto: a partir de uma parcela mínima da cultura inferia-se sobre a totalidade.

Dessa breve digressão, podemos concluir que, apesar de não podermos considerar os usos advindos dos estudos antropológicos da época como os mais "honestos", sem dúvida nenhuma foi um grande avanço o abandono da análise dos dados coletados por viajantes e a adoção da pesquisa de campo como meio de investigação. Da mesma forma, pode ser considerado um passo significativo o abandono da utilização da perspectiva evolucionista na análise dos povos não-europeus, bem como das suas explicações psicológicas e intelectualistas. Porém, o surgimento da corrente funcionalista na Antropologia - da qual Malinowski foi o precursor - trouxe consigo uma certa dose de determinismo, ao considerar o processo de colonização como dado, como algo inevitável. A necessidade do estudo dessas sociedades era justificada pelo avanço do imperialismo europeu sobre os povos "primitivos" e as comparações feitas entre essas sociedades e a sociedade da qual fazia parte o pesquisador não preocupavam-se em situá-las mecanicamente numa escala evolutiva. Os povos estudados eram focalizados em situação, ou seja, seu processo de auto-construção era avaliado a partir da contextualização dos fenômenos culturais.

Bronislaw Malinowski, tocado pelo "nojo à civilização", dedicou-se ao estudo das sociedades "primitivas" imbuído do objetivo de "apreender o ponto de vista do nativo, sua relação com a vida, compreender a sua visão de mundo." Malinowski procedeu a explicação do todo social a partir da construção de unidades significativas de análise, que seriam compostas por elementos representativos do todo e, assim, ulteriormente, encadeadas na análise. A essas unidades ele chamou isolats, e utilizou as instituições como objeto de análise. Para ele, as necessidades biológicas (primárias), determinavam a existência de outras necessidades: as necessidades culturais (secundárias). A cultura seria o aparato instrumental que inicialmente estaria ligado à satisfação das necessidades biológicas, e à medida em que houvesse o desenvolvimento, o crescimento da população e a diferenciação estrutural, ela passaria a constituir-se num meio próprio. Os padrões culturais determinariam o surgimento do estatuto, que é o liame entre as instuições. No processo de análise da realidade, Malinowski vê como fundamentais três procedimentos metodológico: a observação de todos os costumes dos nativos, a apreensão das narrativas orais e a utilização do método estatístico. Para ele, através da observação do comportamento dos nativos seria captados os "imponderáveis da vida real" - os elementos não abarcados pela análise estatística e que são "a carne e o sangue" do arcabouço teórico da pesquisa.

A antropologia de Malinowski dava maior visibilidade aos sujeitos integrantes da cultura em estudo, como forma de garantir a legitimidade científica da investigação. O abandono de pré-noções, para ele seria fundamental:
"Conhecer bem a teoria científica e estar a par de suas últimas descobertas não significa estar sobrecarregado de idéias preconcebidas. Se um homem parte numa expedição decidido a provar certas hipóteses e é incapaz de mudar seus pontos de vista constantemente, abandonando-os sem hesitar ante a pressão da evidência, sem dúvida seu trabalho será inútil."

Radcliffe-Brown, também funcionalista, propunha a combinação das tarefas de pesquisa de campo e de gabinete. Ele apontava a necessidade de estudos comparativos sistemáticos para que a Antropologia não se tornasse mera etnografia. O método indutivo, proposto também por ele, possibilitaria o estabelecimento de regularidades e leis gerais. Ele enfatiza o aspecto funcional de costumes como o rapto da noiva, hostilidade inter-grupal, entre outros, baseando-os na idéia de oposição que fundaria sociedades divididas em metades exogâmicas. Radcliffe-Brown chegou à explicação histórica de cada uma dessas sociedades em particular e, consequentemente, ao problema do totemismo e da natureza e funcionamento das relações e estruturas sociais baseadas em "oposição", que são fenômenos gerais. Dessa forma, ele articulou os métodos histórico e comparativo (aliás, numa articulação que ele propunha aos estudos antropológicos em geral), considerando, entretanto, que o método histórico seria específico da Etnologia e o método comparativo mais afeito à Antropologia Social.

Radcliffe-Brown, que também considerava de suma importância a pesquisa de campo, rejeitava o uso do conceito de cultura em sua análise, pois considerava-o desprovido do caráter empírico necessário à análise social. A abstração que o termo sugere seria substituída pela realidade empírica das estruturas sociais, que eram o seu objeto de estudo. Para ele, o indivíduo adquire relevância analítica quando inserido nessa rede de relações, desempenhando os seus diversos papéis. Aliado a esse conjunto de relações que se dão entre os indivíduos, está o conceito de forma estrutural. Para Radcliffe-Brown, a forma estrutural seria o padrão das relações que ocorrem na estrutura, tendo como maior característica a constância do mesmo. Ele não nega mudanças na forma estrutural, porém, admite que elas ocorrem de uma maneira mais lenta. A totalidade fica, assim melhor explicada na teoria de Radcliffe-Brown, pois possibilita a visualização da mesma através dos conceitos de estrutura e forma estrutural. Com a idéia de coerência funcional, ele exprime a necessidade de que os elementos estejam interligados por uma mutualidade de relações que, se não forem observadas, levam ao surgimento de conflitos.
Vê-se que o funcionalismo possibilitou o diálogo entre pesquisador e pesquisado a partir da adoção de uma postura flexível e menos dogmática perante o seu objeto de estudo, porém, nota-se que a utilização do relativismo como princípio orientador proporcionava um certo distanciamento e faz com que o investigador, ao abordar o "nativo", estabeleça uma relação na qual o entrevistado realiza o papel de mero informante, sem que haja uma troca de experiências visando ao conhecimento e questionamento culturais mútuos. Esse procedimento decorre do fato de que para os relativistas, as culturas são válidas em si mesmas, consequentemente, não há porque questionar as normas e valores nela imbricados. A postura do investigador que utiliza-se do relativismo é a de um mero coletor de informações. O relativismo, a partir da sua proposta de validade das práticas inerentes às varias culturas, inspirada no alemão Herder, não dá margem a uma interação subjetiva efetiva entre os envolvidos na relação e não possibilita a disseminação de valores universais como a liberdade e a igualdade.
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CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
Introdução
Pretende-se aqui delinear a evolução do conceito de cultura, pinçando idéias defendidas no passado tais como, o determinismo biológico, geográfico, antecedentes históricos do conceito de cultura, mostrando a conciliação da unidade biológica e da grande diversidade cultural da espécie humana. O desenvolvimento do conceito de cultura, idéias sobre a origem da cultura e teorias modernas sobre cultura organizacional e, fatores que compõem a cultura brasileira. Porém, ressalta-se que não se pretende esgotar a discussão nesta apresentação, pois a natureza e a amplitude do tema não permite findar esta discussão devido as perspectivas multidisciplinares e das diversas abordagens em que se pode visualizar o emprego e a intersecção do estudo da cultura, tais como a semiótica e a hermenêutica.


Origem da cultura e antecedentes históricos do conceito de cultura
O termo cultura segundo o Novo Dicionário da língua portuguesa significa “ato, efeito ou modo de cultivar. Complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característica de uma sociedade" (p.508). Porém no final do século XVIII e no princípio do século XIX, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Mais tarde Edward Tylor (1832-1917) sintetizou os dois termos no vocábulo inglês Culture, que
"tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade".


Segundo Laraia (1996: 25) com a definição acima apresentada Tylor abrange em suma só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição a idéia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos.
Há muito se estuda o comportamento dos animais, inclusive o comportamento do homem, com a finalidade de entender o que o conduz as atividades cotidianas e, as relações entre eles na formação dos grupos e na relação entre outros grupos. Confúcio (VX séc. a C.) enunciou que "a natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados" este é um pensamento compartilhado por vários estudiosos até a atualidade, inclusive adotado pelas ciências sociais quando se trata de estudos inerentes a cultura organizacional. Pois, não há como se aceitar algo como bom ou mal, sem uma análise prévia, quando esta não é prática em sua terra, isto vale para práticas de gestão sugeridas a serem adotadas em uma organização. Há que se observar e analisar as possibilidades de adequação.


Segundo Sahlins apud Laraia (1996: 24),
"(...) a posição da moderna antropologia é que a cultura age seletivamente, e não casualmente, sobre o seu meio ambiente, explorando determinadas possibilidades e limites ao desenvolvimento, para o qual as forças decisivas estão na própria cultura e na história da cultura."

Apesar da evolução do conceito de cultura demonstrar que as questões biológicas e geográficas não interferem nas ações humanas, ainda existe alguns resquícios no que diz respeito as questões referentes a supremacia de raça (inteligência) e da melhor localização geográfica (nordeste brasileiro).



Desenvolvimento do conceito de cultura
O determinismo biológico, bem como o geográfico são idéias que no passado foram consideradas relevantes para conceituar cultura. Com o passar do tempo diversas investigações foram realizadas e chegou-se a conclusão de que estas teorias, apesar de terem sido importantes para o entendimento de algumas dimensões da natureza humana, apresentando limitações e inconsistência para o entendimento do conceito de cultura. Aí então, inaugura-se uma nova fase de estudos e interpretação de culturas.

Segundo Leibniz apud (Laraia, 1986) a natureza nunca age por saltos, analogamente conclui-se que, a cultura também não age por saltos, ela é resultado do acúmulo das ações dos homens, que inclusive altera a própria natureza, pois é necessário compreender a época em que se viveu e consequentemente o background intelectual de quem ou do que está se analisando.

A comunicação é um instrumento decisivo para a assimilação da cultura, pois a experiência de um indivíduo é transmitida aos demais, criando assim um interminável processo de acumulação permeado por valores cristalizados, o que nos leva a afirmar que a linguagem humana é um produto da cultura. Daí a necessidade de identificar as determinadas formas de comunicação que atinja todos as pessoas da organização quando da transmissão de uma mensagem.

Pois, para Hoebel apud (Barros & Prates, 1996: 15),
"O homem é o único animal que fala de sua fala, pensa o seu pensamento, que responde à sua própria resposta, que reflete o seu próprio reflexo e é capaz de diferenciar-se mesmo quando está se adaptando as causas comuns e estímulos comuns".

Comportamentos compartilhados são componentes da cultura o que nos leva inclusive a afirmar que, teorias behavioristas (Watson - condicionamento), Cognitivista (Piaget-psicogenética) quando aplicadas, mesmo que inconscientemente por um grupo de pessoas determinam algumas características culturais em relação ao padrão de comportamento. Normas impostas por organizações determinam padrões de comportamento, marcando de forma indelével a cultura organizacional. Portanto, pode-se afirmar que diferenças culturais não são genéticas e sim adquiridas no decorrer do tempo.
"Possuidor de um tesouro de signos que tem a faculdade de multiplicar infinitamente, o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias (...), comunicá-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como herança sempre crescente." (Turgot apud Laraia 1986, 27).

De acordo com Kluckhohn apud Geertz (1989: 14) cultura pode ser vista como:
“...o modo de vida global de um povo; 2) legado social que o indivíduo adquire do seu grupo; 3) uma forma de pensar, sentir e acreditar; 4) uma abstração do comportamento; 5)Uma teoria, elaborada pelo antropólogo, sobre a forma pela qual o grupo de pessoa se comporta realmente; 6) um celeiro de aprendizagem em comum; 7) um conjunto de orientações padronizadas para os problemas recorrentes; 8) comportamento aprendido; 9) um mecanismo para regulamentação normativa do comportamento; 10) um conjunto de técnicas para se ajustar tanto ao ambiente externo como em relação aos outros homens; 11) um precipitado da história.”

Ao correlacionar o conceito de cultura apresentado por Kluckhohn com a "praxis" organizacional, emerge daí padrões de comportamento (normas), processo de adaptação (símbolos e signos), tecnologia e componentes ideológicos (religião, mitos, cerimônias), ou seja, valores compartilhados pelos membros da organização, resultado do processo de individuação, isto é, de atitudes individuais que ao mesmo tempo que interfere no comportamento do grupo, interfere na atitude individual de cada membro da organização, resultando numa configuração impar de cultura organizacional.



Teorias modernas sobre cultura
A utilização da antropologia para a análise organizacional deve-se ao fato de que esta área do conhecimento consegue abranger as dimensões da linguagem, do simbolismo, do espaço, do tempo e da cognição. A abordagem antropológica intensificou-se na década de 80, inclusive gerando críticas pelo uso acrítico, explicando tudo e qualquer coisa através do conceito de cultura. Porém, para seus defensores o grande mérito desses estudos foi justamente chamar a atenção para a dimensão simbólica que permeia a organização e os seus grupos. A necessidade de encontrar os significados das relações entre os elementos da cultura de uma organização e que dão sentido ao quotidiano das mesmas justifica o apelo ao estruturalismo, do qual Geertz (1989) é um dos representantes.

Para Geertz (1989: 15) o conceito de cultura é essencialmente semiótico, que vem de encontro com o pensamento de Max Weber "que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu". Geertz concebe a cultura como uma "teia de significados" que o homem tece ao seu redor e que o amarra. Busca-se apreender os seus significados (sua densidade simbólica).

Um dos métodos utilizados para entender a cultura é a descrição etnográfica que se baseia nas palavras dos informantes e o pesquisador interpreta-a e compartilha os significados juntamente com seus informantes, ou seja, aqueles que na verdade possuem o roteiro simbólico do que concebem e articulam logicamente entre suas visões de mundo. O respeito rigoroso à visão que os nativos têm sobre os aspectos analisados (sobre si mesmo, seus conhecimentos e práticas cotidianas, sua concepção do mundo) é fundamental.

Ao se analisar a cultura organizacional sob a ótica antropológica, faz-se necessário interpretar e decodificar a visão de mundo subjacente aos sistema de gestão utilizados e praticados pelas organizações. Pois a prática etnográfica estabelece relações e sendo assim é dialógica, ou seja é uma via de mão dupla, na qual o mesmo objeto ou fato deve ser visto e sentido do mesmo modo, o que requer uma descrição densa do que se está diagnosticando, que segundo Goodenough apud Geertz (1989: 21) "a cultura (está localizada) na mente e no coração dos homens".

Alguns estudiosos contemporâneos tal como Schein, apresentam alguns modelos para diagnosticar a cultura organizacional. Para Schein apud Monteiro et.al.(1999: 74) as categorias para investigar o universo cultural de uma organização são:

1) Analisar o teor e o processo de socialização dos novos membros;

2) Analisar as respostas a incidentes críticos da história da organização;

3) Analisar as crenças, valores e convicções dos criadores ou portadores da cultura;

4) Explorar e analisar junto a pessoas de dentro da organização as observações surpreendentes descobertas durante as entrevistas.

As categorias apresentadas por Schein vem sendo largamente utilizadas nas investigações sobre cultura organizacional, inclusive se tem chegado a algumas conclusões tais como: a importância do papel dos fundadores da organização no processo de moldar seus padrões culturais, que imprime sua visão de mundo aos demais membros da organização e, também sua visão do papel que a organização deve desempenhar no mundo.

Dentre os estudiosos da atualidade encontra-se Fleury, que apresenta o seguinte conceito de cultura organizacional:
“Cultura organizacional é um conjunto de valores e pressupostos básicos, expressos em elementos simbólicos que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elementos de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação.” (Fleury, 1991: 06).

Smircich apud Monteiro et al. (1999: 73-74) propõe duas linhas de pesquisa a serem seguidas na investigação da cultura organizacional que são:

1) A cultura como uma variável, como alguma coisa que a organização tem, estas variáveis são independentes externa (cultura da sociedade onde a organização está inserida) e interna (produtos culturais como lendas, ritos, símbolos).

2) A cultura como raiz da própria organização, algo que a organização é, considerando a organização como um fenômeno social.

A cultura não é determinante nas tomadas de decisões em uma organização, mas influencia sobremaneira nas diretrizes e práticas a serem adotadas, pois é um instrumento de poder a ser utilizado pelos gestores.
http://www.dad.uem.br/xixsemad/comunicacoes/comuni ....


Uma visão antropológica
Para Beyer & Trice (1986), o rito se configura como uma categoria analítica privilegiada para desvendar a cultura das organizações, que é composta por redes de concepções, normas e valores, que são tão tomados por certos que permanecem submersas à vida organizacional. Para Horton & Hunt (apud Fleury, 1989), a cultura é tudo aquilo que é apreendido e partilhado pelos membros de uma sociedade. Esse conceito utiliza-se do método funcional, ou seja, a sociedade sofreu segmentação causada pela divisão de trabalho. Para Hofstede (apud Fleury, 1989), a cultura se baseia em modelo de pensamento que se transfere de pessoa para pessoa. Apesar desses pensamentos situarem-se na mente das pessoas, ficam cristralizados nas instituições e nos produtos tangíveis de uma sociedade.

Já para Horton & Hunt (1980), a cultura é tudo aquilo que é socialmente apreendida e partilhada pelos membros de uma sociedade. Desta forma, conclui-se que a antropologia funcional explica a gênese da cultura de uma sociedade e que as subculturas nasceram dentro deste mesmo processo funcional, pelo motivo de a sociedade ter sofrido segmentação causada pela divisão de trabalho e ainda que cultura é adequada por surgir uma necessidade a ser satisfeita, e se manteve porque se provou ser conveniente para um fim colimado.
Lakatos (1979) define que a cultura é um modelador de comportamento e está presente em qualquer agrupamento de pessoas com características próprias a cada um deles. Malinowski (1965) afirma que a cultura não é estática e que acompanha as modificações da sociedade; desta forma conclui-se que a organização formal é dinâmica e assim se transforma de acordo com as interações sociais.
http://www.epa.adm.br/cultura.htm

Fonte: Grupo Escolar