23.2.07

MODELO DE PLANO DE AULA

MODELO DE PLANO DE AULA
Observação: no caderno de estudos da disciplina na Didática e Avaliação, página 68, existe dois modelos de Planos de Aula. Ou então, sugere-se este:
ESCOLA XXXX
SÉRIE: 1ª
DATA DA INTERVENÇÃO:
ÁREA DO CONHECIMENTO: Língua Portuguesa
I. Objetivos de Aprendizagem: (devem ser enxutos, neles não se inclui a metodologia
1 Acompanhar a leitura oral do texto.
2 Contar a história do texto.
3 Identificar as seguintes letras do alfabeto: P e C.
4 Reconhecer as palavras solicitadas no texto.
5 Recortar palavras em jornais que comecem com as letras: P e C.
6 Escrever a primeira letra das palavras.
7 Desenhar o texto.
8 Expressar-se oralmente.
II. Conteúdos:
1 Texto - poesia: O pato – Vinicius de Moraes
2 Letras do Alfabeto: P e C.
III. Metodologia:
1 Apresentação do texto em cartolina: O pato – Vinicius de Moraes
2 Leitura coletiva do texto.
3 Leitura intercalada do texto – dois grupos.
4 Debate sobre a idéia do texto: do que fala o texto?
5 Reconstrução do texto a partir da colagem das frases em folha sulfite. Para tanto, o texto será recortado e as frases estarão misturadas.
6 Ao lado do texto impresso desenhar a idéia que o mesmo transmite.
7 Enlace das palavras que comecem com as letras P e C.
8 Cópia e desenho das palavras.
9 Recorte e colagem de palavras que comecem com as letras ....
10 Exercícios: palavra cruzada, completar a primeira letras das palavras, escrever as palavras dentro da coluna a que pertencem – por exemplo: primeira coluna palavras que iniciem com P e C.
11 Bingo de palavras.
IV. Recursos:
1 Cartolinas
2 Lousa e giz
3 Folha mimeografada ou fotocópia.
4 Folhas sulfite.
V. Avaliação:
1 Observar e registrar o desempenho do aluno:
2 Conhece os nomes das letras
3 Escreve as letras e palavras sem modelo?
4 Reconhece outras letras e palavras?
5 Utiliza o conhecimento sobre as letras para escrever outras palavras?
6 Reconstrói o texto?
7 Realiza os exercícios com autonomia?
VI Referências:
CÓCCO, Maria Fernandes e HAILER, Marco Antônio. Didática da Alfabetização. Decifrar o Mundo: alfabetização e socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1996.
GROSSI, Esther Pillar. Didática do Nível Pré-Silábico. 8 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001






11.2.07

Aprender a ser

Aprender a ser

Sônia Maria RuellaCentro Educacional Waldorf Alecrim DouradoEsta é uma versão revisada; o original foi publicado na revista Homeopatia & Cia, Ano 2, No. 6, março 2004, p. 6; e pode ser obtido no site da revista
Todo educador, ao educar, deve sempre ter em mente um fato fundamental: de que a criança não deve ser educada apenas para aprender, mas também, para, ao mesmo tempo, crescer e completar sua maturação orgânica de forma equilibrada. O educador deve ajudá-la a desempenhar essas duas funções.
Rudolf Steiner atribuiu essa importante tarefa ao educador, fundando em 1919, em Stuttgart, na Alemanha, a primeira escola que deu início à Pedagogia Waldorf, baseada em um conhecimento aprofundado da natureza humana.
De acordo com a sua concepção, o ser humano é um ser físico, anímico e espiritual, cujo desenvolvimento transcorre em fases, cada uma com necessidades intrínsecas. Durante os primeiros sete anos de vida a criança vai completando (metamorfoseando) os seus órgãos vitais, até que atinjam a sua forma definitiva. Nesse 1º Setênio ela entrega-se, desprotegida e confiante, ao cuidado de terceiros, de quem vai recebendo amor e carinho, mas, também, modelos e orientações de vida. Nesse período, a criança aprende por imitação, não só do mundo exterior (gestos de todos os dias, atividades básicas de higiene, alimentação, vestuário, caminhar, falar, etc), mas também do mundo interior (imitação da qualidade dos estados de alma do adulto com quem convive e com quem aprende a pensar). Todo o meio que envolve a criança está em comunicação com a alma infantil, que se entrega plena de confiança. Todas as vivências - e as suas qualidades - penetram na criança atuando sobre o processo de metamorfose dos seus órgãos. É nesta fase que se desenvolve o querer, que se manifesta por meio das ações. De fato, toda criança pequena, em uma atividade sadia, é um ser de ação. Muitas vezes, determinadas emoções vividas nesse período manifestam-se mais tarde sob a forma de doenças crônicas. Se, porém, o ambiente em que cresceu foi saudável, então é mais provável que venha a dispor de uma constituição orgânica sã. É evidente que muitos outros fatores podem influenciar ou mesmo determinar estados de debilidade física, mas isso não invalida, aliás reforça, a necessidade de se proporcionar à criança até os sete anos uma atmosfera familiar e social (jardim-de-infância) que lhe permita completar a formação saudável dos seus órgãos, base de toda a sua vida. Para isso é necessário que todos os sentidos sejam estimulados naturalmente, pelo que se deve cuidar das qualidades do som, da cor, dos materiais, da alimentação, do calor. Esse cuidado dar-lhe-á o alicerce para o futuro, fortalecendo-lhe a vontade. O dia-a-dia de um jardim de infância, reproduzindo tanto quanto possível o de uma grande família, em sua casa, com o seu ritmo natural de trabalhar e brincar, com as imagens trazidas pelos contos de fadas, com elementos da natureza, constitui um ambiente propício ao desenvolvimento feliz e saudável da criança.
Quando é atingida a maturidade para aprender a ler e escrever, a maioria das forças vitais que se empenhavam no desenvolvimento de seu organismo são liberadas e ficam disponíveis para essas aquisições e para outras sistematizadas. A imitação, embora ainda atuante, vai deixando de ser relevante e o que se torna agora importante é o desejo de admirar, de venerar alguém que lhe revele o mundo exterior. A criança já não se entrega incondicionalmente ao mundo como antes.
Agora, ela recolhe-se freqüentemente em seu mundo interior e precisa de um mediador em quem possa confiar, como antes confiou no meio que a envolvia. Esse mediador para quem a criança eleva todo o seu ser interior num ato de veneração é o professor - aquele que traz a beleza do mundo até ela. Cabe ao professor fazer despertar no aluno o sentido artístico, praticando-o na globalidade das aprendizagens necessárias. E, uma vez mais, não se trata aqui apenas de atividades exteriores: o pintar, o modelar, o fazer música, preenchem-se de uma atitude interior de olhar, ouvir, ver, escutar e de sentir.
É nesta fase que se desenvolve o sentir, por meio da beleza do som da palavra e da frase; da beleza das letras do alfabeto (apresentadas artisticamente) e da beleza na verdade dos números; da beleza do inseto, da árvore, da chuva e da areia. Por amor ao professor, pelo que de belo ele lhe trás do mundo exterior, o aluno esforça-se em fazer bem tudo o que lhe é proposto. Uma vez mais, é aqui necessário criar um ambiente - a escola - que não contradiga a sensibilidade que desperta e se desenvolve. Os contos, as lendas e fábulas, trechos do Antigo Testamento, mitos ou sagas de outros povos e biografias significativas, dão-lhe a imagem do ser humano e do seu percurso, por entre o bem e o mal.
No 3º setênio o raciocínio, que já vinha desenvolvendo-se, ganha novas dimensões e o jovem entra na fase da formulação de juízos fundamentados. Ele dispõe agora das forças do pensar para penetrar a verdade do mundo com as suas capacidades intelectuais e manuais: ciências naturais e sociais, filosofia, artes, tecnologias. Procura junto dos especialistas o porquê dos fenômenos e das suas leis, quer naturais, quer sociais. O jovem anseia por intervir nesse mundo real e é isso que a escola deve propiciar-lhe.
Como vimos, a educação deve respeitar essas três forças naturais do ser humano, favorecendo seu desenvolvimento equilibrado e sadio: querer, sentir e pensar devem desenvolver-se equilibradamente nos três primeiros setênios da vida do ser humano. Só dessa forma poderemos garantir uma vida saudável e feliz para o indivíduo que queremos educar.

Aprender do vôo das águias


Aprender do vôo das águias por: Leonardo Boff
Há uma tradição transcultural que apresenta o comportamento de certos animais ou aves como exemplar para os comportamentos humanos. Nisso vai intuição antiga que a ciência dos comportamentos comprovou: existem em nós traços herdados de animais ou aves, pois, embora diferentes, formamos com eles uma única comunidade de vida.
Observemos como as águias voam. Elas voam de forma toda própria. Usam a própria força apenas para iniciar o vôo. Batem as asas e forcejam para ganhar certa altura. Uma vez alcançada, aproveitam a força dos ventos e se deixam carregar por eles. Possuem um instinto muito apurado para captar correntes de ar e sabem tirar proveito delas. Se há apenas brisa leve, elas flutuam suavemente. Se irrompem ventos fortes, elas usam da força deles para voar bem alto e deslocar-se com grande velocidade. Apenas manejando à esquerda e à direita suas enormes asas que podem chegar a mais de dois metros de diâmetro.
Bem diferentes são as galinhas. Quando estão excitadas ou se põem a correr, batem muito as asas, fazem grande barulho mas voam apenas alguns metros.
Apliquemos a sabedoria das águias aos nossos comportamentos. Nós não sabemos entrar em sintonia com a natureza. De saida, rompemos com ela em nosso afã de dominá-la com violência e colocá-la a nosso serviço. Não nos harmonizamos com seus ritmos. Ao contrário, ela tem que obedecer aos ritmos que lhe impomos. Este paradigma está na base de nossa civilização hoje globalizada. Trouxe-nos incontáveis benefícios, mas nos exilou da Terra e nos fez inimigos da natureza. Este projeto de dominação, entretanto, sem limites internos, pode tornar-se altamente perigoso. Ele tem depredado a infra-estrutura da vida a ponto de pôr em risco o futuro da biosfera e da espécie humana.
Por isso, mais e mais pessoas hoje procuram uma nova aliança com a natureza. Assim nasceu a agroecologia que implica produzir interagindo respeitosamente com ela. É ilusório um crescimento econômico à la agronegócio que mata e desmata. Importa conhecer os ritmos da floresta amazônica e utilizar tecnologias adequadas a esses ritmos. Só assim se preserva a natureza e se colabora com ela para que continue a nos dar seus bons frutos. Dito de outro modo: importa moderar a lógica de nossa vontade e fazê-la combinar-se com a lógica objetiva da natureza, a exemplo da águia em seu vôo.
Nosso comportamento é construtivo quando nasce do equilíbrio entre o nosso desejo e o desejo inscrito na natureza. Sábia é a pessoa que capta as duas lógicas, a das coisas e a do eu, se harmoniza com elas e as faz convergir. Imatura é a pessoa e atabalhoado é seu comportamento quando só escuta o próprio eu e a toda hora diz: "eu sei, eu quero, eu decido, eu faço" não escutando a voz da natureza como se ela nem existisse. A tradição do Tao ensina que a pessoa só se sente plena e realizada quando sua obra imita o vôo das águias: trabalha junto com a natureza e jamais contra ela. Caso contrário, sempre há uma réstea de vazio e um sabor amargo de implenitude.
Precisamos desinflar o eu e enraizá-lo na natureza. O eu e a natureza formam um todo dinâmico sempre em busca de um difícil equilíbrio. Ambos, cada qual com sua singularidade, devem permanentemente atuar juntos como garantia de uma vida equilibrada e discretamente feliz.
Leonardo BoffFonte: http://www.leonardoboff.com

Justa medida que nos falta

Justa medida que nos faltapor Leonardo Boff
A cultura imperante é em tudo excessiva. Não tem o sentido da autolimitação nem o senso da justa medida. Por isso está em crise, perigosa para o seu próprio futuro. O desafio é: qual é a justa medida que preserve o capital natural e a sobrevivência? A justa medida é o ótimo relativo, o equilíbrio entre o mais e o menos. Por um lado, a medida é sentida negativamente como limite às nossas pretensões. Daí nascem a vontade e até o prazer de violar o limite. Por outro, é sentida positivamente como a capacidade de usar, de forma moderada, as potencialidades para durarem mais. Isso só é possível quando se encontra a justa medida.
As culturas da Bacia Mediterrânea, de onde viemos, egípcia, grega, latina e hebraica postularam sempre a busca da justa medida. Essa era e é também a preocupação central do budismo e da filosofia ecológica do Feng-Shui chinês. Para todas, os símbolos maiores eram a balança e as respectivas divindades femininas tutoras da justa medida.
A deusa Maat dos egípcios cuidava para que tudo fluísse equilibradamente. Mas os sábios egípcios cedo entenderam que a justa medida exterior só se alcança a partir da justa medida interior. Sem a convergência da Maat interior com a exterior perdemos a justa medida, vale dizer, o equilíbrio, e nos mostramos destrutivos.
Uma das características fundamentais da cultura grega foi a busca insaciável da medida, em tudo (métron). Clássica é a formulação: méden ágan, ''nada em excesso''.
A deusa Nêmese, venerada por gregos e latinos, representava a justa medida na ordem divina e humana. Todos os que ousassem ultrapassar a própria medida (chamada de hybris - auto-afirmação arrogante) eram imediatamente fulminados por Nêmese. Assim os campeões olímpicos que, semelhante aos dias atuais, se deixavam endeusar pelos fãs ou os filósofos e os artistas que permitiam a excessiva exaltação de suas vidas e obras.
A Bíblia hebraico-cristã funda a medida justa no reconhecimento do limite intransponível entre Criador e criatura. A criatura jamais será como Deus. Essa era a pretensão de nossos ancestros no paraíso terrenal. Imaginavam que o conseguiriam caso comessem do fruto proibido. Comeram dele, ultrapassaram o limite imposto, não viraram Deus e foram expulsos do paraíso. Pecado é recusar o limite, é não reconhecer a condição de criatura. Apesar da expulsão, permaneceu o imperativo da justa medida na forma do ''cultivar e guardar'' o jardim do Eden, vale dizer, de viver a ética do cuidado. Por detrás de ''cultivar'' ressoam sempre ''culto'' e ''cultura'', que sinalizam o trato respeitoso da Terra (culto). E por detrás de ''guardar'', o aproveitamento sustentável de seus recursos para atender necessidades humanas, e não para fins de acumulação. Na linguagem bíblica, ser ''imagem e semelhança de Deus'' significa ser o representante e o lugar-tenente de Deus no meio da criação. Como tal, deve prolongar o ato criador divino, criando também com a mesma benevolência com que Deus criou toda as coisas (''e viu que tudo era bom''). O efeito final das intervenções, sob a justa medida, é a cultura como hominização e humanização da natureza.
Aprendamos dos antigos como sanar a crise civilizacional: vivendo sem excesso, na justa medida e no cuidado essencial para com tudo o que nos cerca.
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/boff/
Leonardo Boff