Nem sempre eles se destacam pelos livros que escreveram. Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector. Nenhum deles ocupou cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Em compensação, Ivo Pitanguy, José Sarney e Paulo Coelho estão entre os atuais 40 imortais, o que mostra que não são só as letras que contam. O estatuto da ABL explica em seu 2º artigo que “só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário”. Na prática, ocupa a vaga quem fizer o melhor lobby entre os 39 imortais que, em de voto secreto, escolhem seu próximo colega. E mais uma eleição se aproxima. Em 28 de fevereiro faleceu o bibliófilo José Mindlin, que desde 2006 ocupava a cadeira 29. Em 4 de março, quando foi declarada vaga na Sessão da Saudade, já despontaram vários e variados candidatos, como o cartunista Ziraldo, o sambista Martinho da Vila e o diretor da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré. Mas as apostas repousam em Eros Grau, que já ocupa uma cadeira cobiçada: ele é ministro do Supremo Tribunal Federal. Reportagem extraída da revista Superinteressante, Abril de 2010. Texto de Érica Georgino.Cadeira Nome Eleição Área de atuação 1 Ana Maria Machado 2003 Literatura 2 Tarcísio Padilha 1997 Meio Acadêmico 3 Carlos Heitor Cony 2000 Literatura 4 Carlos Nejar 1988 Literatura 5 José Murilo de Carvalho 2004 Meio Acadêmico 6 Cícero Sandroni 2003 Jornalismo 7 Nelson Pereira dos Santos 2006 Cinema 8 Cleonice Berardinelli 2009 Meio Acadêmico 9 Alberto da Costa e Silva 2000 Meio Acadêmico 10 Lêdo Ivo 1986 Literatura 11 Helio Jaguaribe 2005 Meio Acadêmico 12 Alfredo Bosi 2003 Meio Acadêmico 13 Sergio Paulo Rouanet 1992 Meio Acadêmico 14 Celso Lafer 2006 Direito / Diplomacia 15 Pe. Fernando Bastos de Ávila 1997 Religião 16 Lygia Fagundes Telles 1985 Literatura 17 Affonso Arinos de Mello Franco 1999 Jornalismo 18 Arnaldo Niskier 1984 Literatura 19 Antonio Carlos Secchin 2004 Literatura 20 Murilo Melo Filho 1999 Jornalismo 21 Paulo Coelho 2002 Literatura 22 Ivo Pitanguy 1990 Medicina 23 Luiz Paulo Horta 2008 Jornalismo 24 Sábato Magaldi 1994 Meio Acadêmico 25 Alberto Venâncio Filho 1991 Direito / Diplomacia 26 Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça 1985 Direito / Diplomacia 27 Eduardo Mattos Portella 1981 Direito / Diplomacia 28 Domício Proença Filho 2006 Meio Acadêmico 29 José Mindlin – cadeira vaga 2006 Direito / Diplomacia 30 Nélida Piñon 1989 Literatura 31 Moacyr Scliar 2003 Literatura 32 Ariano Suassuna 1989 Literatura 33 Evanildo Cavalcante Bechara 2000 Meio Acadêmico 34 João Ubaldo Ribeiro 1993 Literatura 35 Cândido Mendes 1989 Política 36 João de Scantimburgo 1991 Jornalismo 37 Ivan Junqueira 2000 Jornalismo 38 José Sarney 1980 Política 39 Marco Maciel 2003 Política 40 Evaristo de Moraes Filho 1984 Direito / Diplomacia
11.4.10
[Curiosidades] Quem são os imortais da Academia Brasileira de Letras?
Mas fãs de ironias históricas devem torcer para o embaixador Geraldo de Holanda Cavalcanti, casado com a escritora Dirce de Assis Cavalcanti, filha de Dilermando de Assis. Em 1909, Dilermando matou, em legítima defesa, Euclides da Cunha, que ocupava a cadeira n° 7 da ABL. Exatos 101 anos depois, o genro de um assassino de imortal se tornando imortal – dava um livro.