22.3.11

Pataxós

Os pataxós são um povo indígena de língua da família maxakali, do tronco macro-jê. Apesar de se expressarem na língua portuguesa, alguns grupos conservam seu idioma original, ensinando-o aos mais novos.

Em 1990, os pataxós eram aproximadamente 1600. Vivem em sua maioria na Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, ao sul do município de Porto Seguro, a menos de um quilômetro da costa, entre as embocaduras dos rios Caraíva e Corumbáu. O território entre estes dois rios, o mar a leste e o Monte Pascoal a Oeste é reconhecido pelos Pataxó como suas terras tradicionais. Abrangem uma área de 20.000 hectares.

Existem outros cinco núcleos de povoamento:

1 - Terra Indígena Imbiriba, próximo à foz do Rio dos Frades, a 20 Km ao Norte de Barra Velha, mais antigo;

2 - Terra Indígena Coroa Vermelha, ocupado mais recentemente, estimulado pelo fluxo turístico, onde se desenvolvem atividades artesanais. Este último povoamento está à margem da rodovia que liga Porto Seguro a Santa Cruz de Cabrália.

3 - Terra Indígena Aldeia Velha, no município de Porto Seguro, ao norte do distrito de Arraial da Ajuda.

4 - Terra Indígena Mata Medonha, ao norte do município de Santa Cruz Cabrália.

5 - Terra Indígena Comexatiba, também conhecida como Cahy/Pequi, no município do Prado, imediatamente ao sul da TI Barra Velha do Monte Pascoal.


Adolescente pataxó durante o 2º Encontro dos Povos da Floresta.
População total

10.897 (Funasa - 2006)[1]

Regiões com população significativa
Sul do estado da Bahia, Brasil
Línguas
Maxacali e português
Religiões
Xamanismo pataxó e cristianismo
Grupos étnicos relacionados
Pataxós-hã-hã-hães


Pataxó

Classificada como língua isolada mas nunca sistematicamente estudada, a língua originalmente falada pelos Pataxó não é mais utilizada. Atualmente, todo o povo Pataxó fala o português regional fluente, utilizando-se alguns indivíduos de palavras isoladas (substantivos e adjetivos) de uma língua tomada de empréstimo aos Maxacalí, povo indígena localizado numa região próxima, já no Estado de Minas Gerais. A importância deste empréstimo para os Pataxó é tão considerável que eles tendem a reconhecer o Maxacalí como a sua própria língua.

A Aldeia de Barra Velha, reconhecida pelos Pataxó como o seu local de origem – onde todos nasceram e foram criados -, localiza-se nos limites meridionais do município de Porto Seguro, a menos de um quilômetro da costa, entre as embocaduras dos rios Caraíva e Corumbáu. O território delimitado pelos cursos destes dois rios pela costa atlântica a Leste, e pelo Monte Pascoal a Oeste – cerca de 20.000 hectares -, é tradicionalmente identificado pelos Pataxó como o seu território. O Monte Pascoal, além de se constituir num limite territorial, tem grande valor simbólico como marco de identidade étnica Pataxó.

Embora concentrados majoritariamente na Aldeia de Barra Velha tem ainda mais dois núcleos de povoamento. O mais antigo deles, o de Embiriba, está localizado cerca de 20 Km ao Norte de Barra Velha, também junto à costa, próximo à foz do Rio dos Frades, enquanto que o núcleo da Coroa Vermelha, a formação mais recente e estimulada pela atividade artesanal e pelo fluxo turístico, localiza-se à margem da rodovia que liga Porto Seguro a Santa Cruz de Cabrália, próximo a estas duas cidades.

O habitat dos Pataxó compreende uma área litorânea com ocorrência de mangues e terrenos arenosos junto à costa, e faixas de campo e floresta nas áreas mais interiores. O clima é tropical, quente e úmido.
O povo identificado como Pataxó pelas diversas fontes históricas, vivia tradicionalmente em bandos, entre as bacias dos rios João Tiba e São Mateus, ao sul, e Pardo e Contas, ao norte, convivendo com um bom número de outras etnias. A sociedade brasileira através de suas frentes de expansão predominantemente agrícolas, alcança-os em épocas históricas diversas mas sempre de forma violenta, atingindo primeiramente os bandos situados mais ao sul, conforme permitem concluir os dados existentes. As diversas etnias dessa faixa territorial, tiveram como polo de atração a então Vila do Prado, seguindo uma estratégia usual do processo de colonização, uma prática que teria gradativamente provocado a redução das especificidades culturais daquelas etnias.

O aldeamento do povo Pataxó no sítio da atual Aldeia de Barra Velha data, segundo fontes históricas, de 1861, atendendo deliberação do governo da Província à época. Desde então, têm os Pataxó permanecido neste local, onde durante muito tempo mantiveram-se relativamente isolados da sociedade nacional, isolamento este que vem sendo crescentemente rompido nos últimos trinta anos.

O território tradicional dos Pataxó de Barra Velha passou, a partir de 1961, com a criação do Parque Nacional do Monte Pascoal, a ser objeto de disputa entre os índios e o IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), tendo os primeiros enfrentado um longo período de privações provocado pela proibição de utilização econômica do seu próprio território, imposta por aquele órgão – situação que motivou uma grande dispersão dos Pataxó, compelidos a buscar meios de subsistência em outras áreas. O encaminhamento de uma solução para esse problema tem se prolongado por vinte anos, e, mais recentemente, a FUNAI e o IBDF chegaram a um acordo que descina aos Pataxó apenas 8.720 hectares dos 22.500 que compõem o Parque. Além de ser esta uma área extremamente reduzida para as necessidades da sociedade Pataxó, abrange, em sua maior parte, terrenos impróprios para a agricultura (brejos, faixas arenosas e campos), o que tem provocado grandes manifestações de insatisfação e revolta por parte dos Pataxó.

Tendo apresentado um grande incremento após os períodos de dispersão a que foram submetidos, os Pataxó que em 1976 compunham uma população de 684 indivíduos na Aldeia de Barra Velha , contam hoje, nessa mesma aldeia, com cerca de 3.118 indivíduos, enquanto Coroa Vermelha, que também apresenta intenso crescimento, conta hoje com 2.600 habitantes.

As atividades econômicas básicas compreendem a agricultura, a coleta vegetal e animal, a pesca, a extração vegetal piaçava e madeira, a produção artesanal, atividades de comércio (produtos industrializados), e caça. A agricultura é a atividade dominante, realizada em pequenas roças familiares, sendo seu principal produto a mandioca, seguido da cana-de-açúcar, milho, arroz e feijão, dentre outros. A criação de animais é pouco desenvolvida, limitando-se a animais de carga e a criação doméstica.

A coleta predominantemente animal (crustáceos e mariscos), é praticada nos manguezais e nos arrecifes fronteiros à praia. Pratica-se também a pesca marítima, fluvial e de mangue.

A produção artesanal tem se desenvolvido amplamente, tanto em termos de mercado, quanto de elaboração técnica, e vem se constituindo no principal meio de relação dos Pataxó com o mercado nacional.

Organizam-se em famílias nucleares, constituída cada unidade de seis membros em média, onde as crianças, desde muito cedo, participam das atividades domésticas. A divisão social do trabalho é pouco rígida, embora aquelas poucas atividades que exigem maior dispêndio de energia sejam caracterizadas como mais propriamente masculinas, e hajam pessoas que se destacam como artesãos e pescadores. As tarefas que dependem de maior quantidade de força-de-trabalho são realizadas de forma cooperativa, entre várias unidades familiares.

O cacique é representante político do seu povo, servindo como intermediário entre os Pataxó e a sociedade nacional, sobretudo a FUNAI. O seu papel político nos limites da aldeia é sempre exercido com o apoio dos chefes de família, prevalecendo a sua condição de mediador. A instabilidade emocional Pataxó, decorrente de uma série de acontecimentos que tem atingido – confrontamento com forças policiais (1951), naufrágio com grande número de vítimas (1969), atritos com a guarda do Parque Nacional do Monte Pascoal desde a criação deste, e mais recentemente, o mal encaminhamento da questão da terra por parte da FUNAI -, tem debilitado a sua organização social e tornado extremamente inseguras as suas relações internas e com a sociedade envolvente.

Hoje, não mais se encontram em prática rituais indígenas existindo tão somente lembranças do ‘tempo antigo’.

As festas existentes confundem-se com o calendário católico regional, destacando-se as de N. Sra. da Conceição e São Sebastião.

A constante afirmação da identidade étnica Pataxó, ao contrário de outros povos indígenas na Bahia, faz-se muito mais através de referências históricas ligadas ao descobrimento, e da utilização das palavras que conhecem.

A existência de um Posto Indígena na área representa sobretudo o poder da sociedade nacional e interfere, na maioria das vezes negativamente, nas relações entre os índios. Sua atuação, restrita apenas a Barra Velha, orienta-se predominantemente para o exercício de uma assistência educacional, econômica e de saúde, desvinculada das tradições e dos verdadeiros interesses dos Pataxó, de cujas decisões estes não participam.

O Posto Indígena mantém uma escola na qual o ensino (até a quarta série do 1.º grau) segue o padrão dos currículos oficiais, sem atentar para as características culturais próprias do povo Pataxó.

Há também na aldeia uma enfermaria que embora bem equipada, funciona precariamente. As visitas da equipe médica são muito esporádicas e são comuns os casos de disenteria, carência nutricional e doenças reumáticas.

Fonte: