Por volta do ano 700 havia, três civilizações que se colocavam como rivais em diferentes margens do Mediterrâneo: A Bizantina, a Islâmica e a Cristã Ocidental. A civilização bizantina, descendente direta do Império Romano do Oriente, falava o grego e dedicavam-se pela combinação das tradições romanas de governo com a busca da fé cristã. A civilização islâmica falava o árabe e se inspiravam nos pontos relacionados ao governo e à cultura, para idealizarem uma nova religião. A civilização cristã ocidental, possuía uma economia pouco avançada, não tinham bases suficientes para se organizarem tanto no governo como na religião. É no cristianismo e na língua latina que encontrou uma base que em breve começaria a unir a política e a religião. Reavaliação das civilizações bizantinas e islâmicas Do século VII ao XI, dessas três civilizações, a mais atrasada foi a civilização cristã ocidental, mas as outras duas civilizações merecem nossa atenção, pelo fato de terem influenciado direta e indiretamente a evolução da Europa Ocidental. Realização da civilização bizantina: imponente apesar das fraquezas. No passado, o historiador Gibbon, a menosprezou, enquanto que hoje é vista como uma das mais interessantes, apesar de não ter sido inovadora. O império aos poucos foi prosperando e influenciou muito o mundo a sua volta. Entre muitas realizações, ajudou a preservar o pensamento grego antigo, criou obras de arte, levou a cultura cristã a povos pagãos, sobre tudo aos eslavos. Problemas de periodização na história bizantina A história bizantina não teve uma data precisa, porque varia de um historiador para outro. Alguns relatam que algumas características bizantinas se manifestaram na história romana, decorrente a política de Diocleciano, enquanto outros afirmam que a história bizantina começou quanto Constantino mudou sua capital de Roma para Constantinopla. O Império Bizantino atingiu seu apogeu durante o reinado do Imperador Justiniano (527 – 565) que pretendeu reconstruir a unidade do antigo Império Romano. Após a morte de Justiniano, o Império Bizantino foi decaindo e perdendo aos poucos tudo que havia conquistado. Heráclio (610 – 641) foi o último grande imperador bizantino. O reinado de Heráclio: a ascensão do Islam Quando Heráclio subiu ao trono os persas ameaçavam o Império Bizantino. O símbolo do seu triunfo, os persas em 614, levaram a relíquia sagrada tida como um fragmento da cruz de Cristo. Heráclio por sua vez, inverteu a situação, juntando forças e recuperando em 627 a cruz. Heráclio reinou em glória até 641. Os últimos anos de Heráclio coincidiram com o começo das invasões árabes. Em 636, os árabes conquistaram a Síria; em 638, a Palestina e, em 641 a Pérsia e o Egito. Revivescência bizantina antes da batalha Manzikert Os invasores muçulmanos, no entanto, foram incapazes de tomar Constantinopla, pois os bizantinos dispunham de uma invencível arma secreta, o “fogo grego”. Essa arma dos bizantinos só foi superada no século XIV pelos canhões e outras armas de fogo. E com essa arma as forças árabes foram derrotadas em terra e mar, pelo Imperador Leão III. No século XI um outro povo islamita, os turcos seljúcidas, destruíram um exército bizantino em Manzikert, na Ásia Menor. É nesse século que começaram as lutas entre bizantinos e turcos, que se estenderiam até 1453. Fim do Império Bizantino Em 1071, mesmo ano que houve a vitória dos turcos sobre os bizantinos na Ásia Menor, ocidentais conhecidos como normandos expulsaram os bizantinos do sul da Itália. O império do Oriente defrontou-se com um inimigo inesperado: os participantes cristãos da quarta cruzada que em 1204, desistiram do projeto de retomar Jerusalém, em poder dos turcos, e preferiram conquistar Constantinopla. Vitoriosos, os cruzados fundaram o Império Latino de Constantinopla que durou até 1261. O Império Bizantino foi restabelecido mas a ameaça turca continuava a existir. E não apenas a dos seljúcidas, mas a de um ramo ainda mais hábil e ameaçador, os turcos otomanos que desembarcaram na Europa e aos poucos se apoderaram das províncias européias do império. No momento em que os otomanos lançaram o ataque final contra Constantinopla, o Império Bizantino estava reduzido aos limites das muralhas da cidade. Em 29 de maio de 1453, Constantinopla caiu em poder dos turcos. Até hoje os turcos dominam Constantinopla ou Istambul. Fatores da estabilidade do Império Bizantino: (1) ocasionais governantes capazes O estado bizantino sofreu séculos de tantas forças hostis diferentes. Conseguira sobreviver basicamente graças, de um lado, a uma eficiente máquina burocrática que deixou de funcionar durante as inúmeras crises e, de outro, a sua base econômica baseada no comércio. O funcionalismo bizantino regulava muito os aspectos da vida, muito mais do que considerado certo por nós hoje em dia. Os burocratas supervisionavam a educação e religião. Os funcionários urbanos em Constantinopla, regulavam preços e salários, controlavam as exportações e tudo feito com eficiência. Constantinopla foi durante os séculos IX e X o empório comercial mais importante do mundo ocidental. O império protegia suas indústrias, em especial a da seda. Significado da história agrícola bizantina O comércio e a indústria dão realce, porque proporcionavam segurança e estabilidade ao estado. A agricultura é o coração da economia bizantina. Os camponeses, antes conseguiam sobreviver, com a ajuda da legislação estatal, mas depois de 1205, os aristocratas começaram a transformar os camponeses em rendeiros pobres. Dessa forma, o império foi destruído de dentro pelos venezianos que pretendiam dominar totalmente o comércio no Mediterrâneo, antes de ser dominado por fora, pelos turcos. Preocupação com a religião A religião desempenhava um papel central na vida cos bizantinos. Ao que parece, nenhum outro assunto ocupou de maneira tão absorvente a população local pois era enorme o interesse nas discussões sobre assuntos de natureza religiosa que despertavam em todas as camadas da população, até mesmo nos governantes. Participação imperial nas controvérsias religiosas Os religiosos bizantinos, como exerciam grande poder na vida da igreja, eram as vezes considerados pelos sacerdotes como “semelhantes a Deus”. Apesar de seus conhecimentos não podiam obrigar os seus subordinados a acreditar no que eles pensavam, acreditavam. Os iconoclastas Iconoclastas, quebradores de imagens, eram denominados os que condenavam o uso de ícones no culto. Leão III, o imperador que derrotava os árabes, era partidário da heresia dos iconoclastas, que acusavam as pessoas fanáticas de deturpar a doutrina cristã e adorar as imagens religiosas como se fossem ídolos pagãos. Motivações políticas e financeiras Quando anunciaram o movimento religioso novo, os imperadores controlaram a Igreja. Acabaram defendendo a causa das imagens e foram perseguidos por Constantino V, que aproveitou para apropriar-se das riquezas dos conventos. Significado da controvérsia do Iconoclasmo Foi um século de tumulto quanto à questão que teve resultados profundos. Um deles foi a proibição ao uso de imagens, determinando sua destruição. Por causa dessa proibição, durante mais de um século os iconoclastas destruíram ou desfiguraram milhares de pinturas e esculturas religiosas. Outra questão religiosa que não deu origem a heresias, mais dividiu o cristianismo: o chamado Grande Cisma (grande divisão) entre o catolicismo ocidental e o oriental. Outros resultados: (1) reafirmação da tradição O movimento iconoclasta representou um estágio importante na reformulação das tradições romanas e orientais, foi um prenúncio da separação definitiva entre dois ramos da Igreja. Os teólogos bizantinos, viam o pecado como ignorância e acreditavam que a salvação seria encontrada na iluminação. Isso fez com que conduzisse o cristianismo oriental a um certo sofrimento e religiosidade profunda que o fazem parecer diferentes das variedades ocidentais até hoje. O classicismo bizantino As escolas bizantinas baseavam a instrução na literatura grega clássica. Os escritores imitavam a prosa de Tucídides, porque foi o mais profundo historiador da antigüidade, e tinha uma visão realista e racional, pois se preocupava em narrar os acontecimentos com imparcialidade e precisão, explicando suas causas. A educação feminina As moças de famílias nobres não iam à escolas mas tutores particulares as orientavam com boa educação em sua própria casa. Mulheres tinham conhecimento que discursavam como um Platão. Muitas mulheres eram médicas no império bizantino. Arquitetura bizantina; a igreja de Santa Sofia e a arte bizantina A arte bizantina merece menção mais destacada. Realçou, sobretudo, pelo esplendor da ornamentação. Como que para compensar se fez presente uma chamativa arquitetura de traços místicos, variedade de detalhes e riqueza de colorido. Seu exemplo mais notável foi a igreja de Santa Sofia, erguida na época de Justiniano. Seus arquitetos projetaram aspecto sóbrio na face externa, usaram mosaicos coloridos, detalhes folheados a ouro, colunas de mármores com cores variadas e pedaços de vidros coloridos que refletiam como pedras preciosas. A disposição do edifício que a luz parecia não vir de fora, mas brotar do próprio interior. Devido a influência do ascetismo, negadora da glorificação do homem, a escultura não se desenvolveu. Porém, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos, eruditos bizantinos procuravam refúgio em cidades italianas, onde difundiram o gosto pela cultura clássica. Hostilidades entre os cristãos orientais e ocidentais Do ponto de vista bizantino os ocidentais eram rudes e ignorantes enquanto aos olhos ocidentais os bizantinos eram efeminados e inclinados à heresia. Após o saque de Constantinopla em 1204, o ódio bizantino pelos ocidentais tornou-se imenso. Os beneficiários desse ódio são os turcos, que não só conquistaram Constantinopla, como conquistaram a maior parte da Europa, até Viena. A contribuição bizantina para a civilização ocidental A civilização bizantina conservou, e posteriormente, espalhou a herança cultural greco-romano. Aos árabes e à Europa Ocidental, os bizantinos deram a conhecer as grandes obras dos sábios filósofos, escritores, médicos da Antigüidade. Mantiveram aceso o contato cultural entre o Oriente e Ocidente, através da manutenção do comércio entre Constantinopla e Veneza. Os eruditos bizantinos influenciaram diretamente a Renascença Italiana. Nas artes legaram uma arquitetura de acabamento interno rico e vistoso, trabalhos de ourivesaria, mosaicos, miniaturas de manuscritos e preciosos estofos. O fenômeno do Islam No Oriente Médio desenvolveu-se o islamismo, religião nascida entre os árabes, a qual se converteram muitos povos, desde a Índia até o norte da África. O islamismo é atualmente a religião que possuí maior número de seguidores, depois do cristianismo. Islamismo significa “submissão a Deus”. Daí o adepto do islamismo chamar-se islamita, muçulmano ou maometano. As condições na Arábia antes da ascensão do Islam Antes do século VII os árabes não tinham Estado e nem unidade nacional: formavam tribos que lutavam umas com as outras. Os árabes do deserto, chamados de beduínos, eram nômades, cujo sustento dependia dos oásis onde plantavam a tâmara e criavam camelos e cabras. Os árabes da cidade por sua vez, tinham como principal atividade o comércio que se desenvolvia com os povos vizinhos por intermédio das caravanas. O comércio de Meca beneficiava-se em larga medida de sua condição de cidade santa para todas as tribos árabes. Ali até hoje existe um templo sempre envolvido num pano negro: é a Caaba, palavra que significa “cubo”, porque ele tem a forma aproximada desse sólido. A Caaba abriga a Pedra Negra, venerada desde tempos imemoriais, e que é provavelmente um meteoro. Conta-se que a pedra era branca, mas se tornou negra com os beijos dos pecadores. Ali também eram guardados os 360 ídolos protetores das tribos da Arábia. Maomé Nascido em Meca no ano de 570, Maomé pertencia a tribo dos coraixitas, de ricos comerciantes, cuja função religiosa era a guarda da Caaba. Órfão desde cedo, Maomé, foi condutor das caravanas de sua prima Cadidja, que veio a desposar quando ela era uma viúva bastante rica. Aos 40 anos, a calma proporcionada pela riqueza permitiu-lhe longas meditações sobre as crenças religiosas dos povos que ele havia conhecido nas viagens das caravanas à Síria a à Pérsia. Maomé afirmava ter visões, nas quais o anjo Gabriel lhe ordenava a pregação de uma nova doutrina baseada na submissão total (islam) a Alá , o Deus único. Dizendo-se profeta e Alá Maomé começou a pregar contra os ídolos guardados na Caaba. Por esse motivo, foi perseguido pelos coraixitas, interessados em manter a idolatria tradicional, que atraía multidões de visitantes a Meca, favorecendo com isso a atividade comercial. Em 622, para não morrer nas mãos dos coraixitas, Maomé fugiu para Yathrib que desde então passou a chamar-se Medina (Cidade do Profeta). Esse episódio, conhecido como Hégira (fuga ou emigração marca o único do calendário muçulmano. Consolidação do Religião de Maomé Aproveitando uma luta entre duas poderosas famílias da cidade e explorando as rivalidades entre Yathrib e Meca, Maomé difundiu sua doutrina. Como os judeus de Medina rejeitavam sua liderança, Maomé procurou apoio nos beduínos. Difundiu entre eles a nova fé e desencadeou uma guerra santa contra seus inimigos. Fortalecidos, Maomé e seus seguidores entraram em Meca, no ano de 630. Em 632, Maomé morria, deixando inteiramente difundida sua doutrina religiosa. Ao mesmo tempo, a região, que era um aglomerado de tribos e clãs dispersos, teve sua unificação política realizada através da própria unificação religiosa. As Doutrinas do Islam O Islão, isto é, “submissão total à vontade de Deus”, é uma mistura de idéias religiosas árabes com elementos da religião judaica e da religião cristã. A doutrina de Maomé está no livro sagrado do Islamismo, o Corão ou Alcorão, que não foi escrito pelo profeta, mas por seus discípulos. Afirma, a existência de um só Deus, Alá, e prega o combate aos infiéis através da Guerra Santa. A Influência Judeu-Cristã sobre o Islam. O Islamismo é uma religião sincrético, ou seja, resulta da superposição de princípios extraídos do Judaísmo e do Cristianismo. O profeta afirmava que os preceitos dos islamismo foram ditados a ele por mensageiros de Deus. Seja como for, a nova doutrina contem elementos das religiões cristã e hebraica, ambas monoteístas, e das crenças árabes tradicionais. Por exemplo, a Pedra Negra da Caaba continuou a ser venerada; dizia-se que ela fora trazida à Terra pelo Anjo Gabriel. A Unificação da Arábia após Maomé: os Cafifas Após a morte de Maomé, seus discípulos escolheram Abu-Bakr, como sucessor, um dos antigos fundadores do Islamismo. Ao novo governador denominou-se califa, que quer dizer “sucessor do Profeta”. A Expansão e as conquistas árabes. Abu-Bakr morreu dois anos após sua acessão, mas foi sucedido no califado por Omar. Em 636, os árabes destruíram um exército bizantino na Síria, ocupando depois as cidades de Antioquia, Damasco e Jerusalém. Em 637, destruíram o exército dos persas e atacaram contra a capital da Pérsia, Ctesifonte. Em 711, os árabes cruzaram o estreito do Mediterrâneo e invadiram a Espanha e conquistaram quase toda Península Ibérica. Razões para a propagação do Islam O que fez os árabes saírem do deserto foi a procura de territórios mais ricos, e o que os manteve em contínuo avanço foi a facilidade de guardarem as riquezas. Os governantes preferiam os árabes, pois estes cobravam menos impostos que os bizantinos e persas. Divisão entre xiitas e sunitas Eis que o Islam se divide em duas facções violentamente antagônicas: uma composta pelos sunitas, seguidores da suna, e outra que permaneceu fiel a Ali e seus descendentes diretos, os xiitas. Hoje, cerca de 90% dos muçulmanos seguem a tradição sunita, mas os xiitas, mesmo sendo minoria, não desistiram de lutar por seus direitos. Os omíadas Estes concentravam suas forças nos territórios na Síria. Voltaram suas energias para o domínio no Mediterrâneo e a conquista de Constantinopla. Os Abássidas Os mais célebre cáfifa árabe, Harun al-Rashid ( o justo), da dinastia dos Abássidas tinha corte em Bagdá. Governou como califa de 786 à 809. Foi contemporâneo de Carlos Magno e mostrou-se protetor das letras e das artes. Personagem dos contos de As mil e uma mortes, obra-prima da literatura árabe. História política islâmica após a queda do império abássida Em 945, o império abássida arruinou-se quando uma tribo xiita capturou Bagdá. Foi a partir daí, que se tornaram governantes nominais, desprovidos do poder. Surgiu mais tarde, novos impérios islâmicos, sendo no Ocidente o dos turcos otomanos, controlando grande parte da Europa oriental e do Ocidente Próximo. Em 1251, o Império Muçulmano atacado ao Oriente pelos mongóis, teve Bagdá conquistada, e com isso chegava ao fim a Dinastia Abássida. No século XIV, os turcos otomanos conquistavam aquilo que ainda restava de outrora extenso império fundado na religião criada por Maomé. O caráter da cultura e da sociedade islâmica Inicialmente, o islamismo não encorajava e nem insistia na conversão. O Alcorão incita a respeitar “os povos do livro”, isto é, membros de religiões monoteísta que seguem a palavra escrita. O tratamento dado as mulheres Pela lei islâmica, a mulher é igual ao homem com os mesmos direitos e nos deveres, sendo que para ela não haverá nenhuma discriminação na vida eterna que a espera depois da morte. Mas no campo social há diferenças fortes e muito graves. Sob a questão o Alcorão estabelece: “os homens estão acima das mulheres porque, Deus deu preferência a alguns sobre outros e porque eles dão seus bens para mantê-las”. Isso significa, na prática, que a mulher enquanto não casa, deve submeter-se à autoridade do pai, e após o casamento, à do marido. A vida religiosa islâmica: os ulama e os sufis Os ulama, letrados; sua tarefa se baseava em estudar e dar conselhos sobre religião e a vida religiosa. Os sufis, místicos; valorizavam a contemplação e a admiração, tal como os ulama valorizavam a lei religiosa. Alguns sufis eram “dervixes rodopiantes”, assim chamados no Ocidente por causa de suas danças; outros eram faquires, outros encantadores de serpentes, e outros meditavam. Filosofia islâmica Os filósofos islâmicos eram na verdade chamados faylasufs, por se dedicarem ao cultivo daquilo que os gregos denominavam filosofia. Sua filosofia se baseava no estudo do antigo pensamento grego. O problema da conciliação das idéias gregas com a religião islâmica Este era o problema dos faylasufs; o de conciliar filosofia grega com a religião islâmica. Os faylasufs reagiram a esse problema de um modo distinto. Al-Farabi (m.950) viveu em Bagdá, ensinava que as pessoas mais cultas podiam filosofar sem ser envolvidas pelas crenças comuns das massas. Avicena e Averróes O primeiro grande filósofo árabe foi Al kindi. Viveu no século IX e considerava-se neoplatônico. Ibn Sina, chamado Avicena, de origem persa, viveu no século X e foi o introdutor da indução na filosofia; realizou estudos de psicologia, influenciando Santo Tomás e Albert Magnos. Ibn Rush – chamado Averróes (1126 – 98), natural de Córdova, viveu no século XII e transmitiu as idéias aristotélicas ao mundo ocidental europeu, aceitando a doutrina de dupla verdade: religiosa e intelectual. Ciência islâmica; a prática da astrologia Os homens eram tanto filósofos como cientistas, pois não podiam ganhar a vida comentando Aristóteles, mas podiam mostrar a prática da astrologia da medicina. Contribuições islâmicas para a medicina Avicena descreveu a natureza de várias doenças, como a da tuberculose, a peste, o contágio por meio da água, solo, etc. Sua principal obra, “Canon da medicina”, foi adotada na Europa até o século XVII. Rhazes (865 – 925) descobriu o sarampo e a varíola. Outros médicos islâmicos descobriram antídotos para certos casos de envenenamento. Montaram hospitais nas principais cidades: Pérsia, Síria e Egito; e organizaram cursos de estudos médicos. Óptica, química e matemática Iniciaram a ciência da óptica, desenvolvendo as lentes de aumento e as de correção dos defeitos da visão. Na química, dedicaram-se à alquimia. Procuravam descobrir a pedra filosofal (substância que transformaria os metais em ouro) e o elixir da longa vida (substância que proporcionaria a juventude eterna). Não foram bem sucedidos nessas pesquisas mas acabaram descobrindo novas substâncias e compostos, como o salitri, o álcool, o ácido sulfúrico, o nitrato de prata, o alúmen, o carbonato de sódio etc. Na matemática desenvolveram a álgebra e a trigonometria e propagaram o sistema de numeração indu-arábico, cuja invenção pertencem aos hindus. A literatura islâmica A poesia era amplamente cultivada pelos árabes. O mais célebre poeta foi Omar Khayyam (m.1123) autor do poema Rubaiyat. A literatura também tinha importância para os árabes. Na época do califa Harun-al-Rashid, em Bagdá, foi escrito o famoso livro As Mil e Uma Noites. Superior a poesia de Khayyam foi a de Sadi (1193 – 1292) e Hafiz (m. 1389). A arte eclética dos muçulmanos No campo das artes, os árabes distinguiram-se principalmente na arquitetura. Construíram palácios e mesquitas (templos) com numerosas colunas esguias, arcos em ferradura, mosaicos e os famosos arabescos (decorações baseadas em combinações de motivos geométricos e vegetais, e inscrições em caracteres árabes). Desenvolvimento econômico do império islâmico: (1) comércio O comércio foi outra atividade que floresceu com a civilização muçulmana. Antes mesmo do surgimento do islamismo, as caravanas árabes já cruzavam boa parte da Ásia. Após a formação do império, as embarcações e as caravanas dos mercadores árabes alcançaram as regiões mais distantes. Cidades como Bagdá (Mesopotânea), Damasco (Síria) e Alexandria (Egito) tornaram-se importantes centros de comércio. Recebiam tecidos e porcelanas da China, pimenta e outras especiarias da Índia e de outros países asiáticos, escravos, marfim e ouro da África. Quase todas as grandes cidades especializaram-se num dado tipo de indústria. Mossul, na Síria, fabricação de tecidos de algodão. Bagdá, especializou-se em vidros, ourivesaria, cerâmica e sedas. Damasco era famosa por seu aço e por seu damasco, ou seda. Marrocos, produção de couros e Toledo, na Espanha, por suas magníficas espadas. Com os chineses muçulmanos, aprenderam a arte da fabricação de papel. Influência econômica do Islam sobre o Ocidente Os ocidentais absorveram muito da tecnologia islâmica, como utilizando o sistema de irrigação, cultivo de produtos agrícolas, fabricação de papel e a destilação do álcool. Influência islâmica quanto as palavras de origem árabe e persa, como: alface, benjoim, café, enxaqueca, fardo, garrafa, laranja, máscara, pataca, quilate, talco etc. Contribuições intelectuais e científicas A civilização islâmica preservou e difundiu o conhecimento filosófico e científico dos gregos. Todas as obras científicas gregas foram traduzidas para o árabe e retraduzidas no ocidente para o latim. Na matemática desenvolveram a álgebra e a trigonometria, além dos conhecimentos deixados pelos gregos. Propagaram o sistema numérico “arábico” cuja invenção provem dos hindus. Significado geral da civilização islâmica Civilizações superaram com suas conquistas intelectuais todas as outras civilizações da época. Isso se deu à capacidade de assimilar e reelaborar o patrimônio cultural das civilizações com que entravam em contato, enriquecendo-o com contribuições originais. O que se deu com as mais diversas culturas como a bizantina, persa, hindu ou a chinesa. Criação de uma unidade cultural no ocidente durante a Idade Média Inicial Por volta de 800 a monarquia dos francos, baseada nas riquezas agrícolas do norte da Europa, conseguiu criar um império europeu ocidental em aliança com a Igreja Cristã do Ocidente. Embora esse império não tivesse longa duração, conseguiu moldar uma nova unidade cultural no Ocidente que teria grande importância no futuro. O reino dos francos: período merovíngio Em 482, quando Clóvis se tornou rei, os francos ocupavam apenas uma pequena parte da Gálea e viviam divididos em tribos. Clóvis, porém, conseguiu unificar os francos e derrotar outros grupos germânicos da Gálea. Por esse motivo, é considerado o fundador do Estado franco e o mais importante rei da dinastia dos merovíngios (nome derivado de meroveu, avô de Clóvis, que combateu os hunos). O arquiteto de uma nova política religiosa na Europa ocidental, baseado numa aliança entre duas instituições, foi o papa Gregório Magno. Como teólogo, desenvolveu o trabalho de seus três antecessores: Jerônimo, Ambrósio e Agostinho. Políticas religiosas de Gregório Magno Além de teólogo, Gregório Magno destacou-se como estadista e lingüista. Ele protegeu a ordem dos monges beneditinos, garantiu na Itália, a sobrevivência física do papado e deu ênfase as antigas pretensões de primazia do papado. O mais importante foi a conversão da Inglaterra anglo-saxônica ao cristianismo. Não viveu o suficiente para ver essa união, mas o principal fator de realização foi a política de revigoramento da igreja ocidental. Fatores para o aumento da estabilidade da Gálea franca Quando os árabes conquistaram, conquistaram a margem africana do Mediterrâneo e se lançaram ao mar no século VII, a Gálea e a Europa ocidental viram-se finalmente entregues a si mesmas e obrigadas a desviar os olhos do mediterrâneo. As terras ao norte, as áreas eram férteis, produzindo grandes riquezas com equipamentos agrícolas adequados. A aliança entre os reis francos e a Igreja: Carlos Martel e São Bonifácio Em 687, Pepino de Heristal, conseguiu unir todas as terras francas sob seu governo e construiu uma nova base de poder para sua família na região da Bélgica e do Reno. Tornou o cargo hereditário e passou-o a seu filho Carlos Martel, que derrotou na Batalha de Poitiers (732) tropas árabes que haviam invadido a Gálea. São Bonifácio juntamente com os beneditinos atravessaram o canal da Mancha para tentarem converter a Alemanha central. Com a expansão dos francos e o trabalho missionário progredindo lado a lado, Carlos Martel ofereceu a São Bonifácio e aos beneditinos ajuda material em troca de apoio as suas pretensões territoriais. Solidificação da aliança ao tempo de Pepino, o Breve. Alguns anos mais tarde, 751, o filho de Carlos Martel, Pepino o Breve, com o apoio da Igreja, afastou o último soberano merovíngio e fundou a dinastia dos carolíngios. O acontecimento mais importante do governo de Pepino, o Breve, foi a doação ao papa de territórios tomados aos bombardos. A reviravolta do papado O filho de Pepino, o Breve, Carlos Magno (768 – 814) foi o maior soberano da Idade Média e o mais famoso de todos os reis francos. Conseguiu unir politicamente boa parte da Europa central e ocidental. Apoiadas pela Igreja, as campanhas militares de Carlos Magno possibilitaram tanto a expansão do Reino Franco como a difusão do Cristianismo. A renascença Carolíngia Carlos Magno, que mal sabia assinar o próprio nome, fez muito pela instrução. Ele ordenou a criação, em cada convento, de uma escola para o ensino da gramática, cálculo e religião. Esses conventos, especialmente os dos beneditinos, eram os polos onde se rearticulava a vida intelectual na Idade Média. Os monges se dedicavam ao paciente trabalho de copiar em pergaminho obras de antigos autores gregos e romanos, completando-as com ilustrações. No palácio de Carlos Magno foi fundada a Escola Palatina, onde o imperador e os demais alunos assistiam as aulas ministradas pelo monge inglês Alcuíno, um dos mais brilhantes mestres e pensadores da época. A retomada intelectual foi tão intensa que se tornou conhecida como Renascimento Carolíngio e comparada ao Renascimento da Idade Moderna. Coroação de Carlos Magno como Imperador O papa Leão III, pontífice da época, era acusado de tirânico. A própria população romana, insatisfeita, rebelou-se, obrigando-o a fugir da cidade. Exilado, Leão III apelou para o auxílio de Carlos Magno. Este assumiu sua defesa e o recolocou no trono pontifício. No ano 800, em Roma, na noite de Natal, Carlos Magno foi coroado imperador dos romanos, pelo papa Leão III, sob as aclamações da multidão. Com a coroação de Carlos Magno como imperador dos romanos, a Igreja pretendia fazer reviver o Império Romano do Ocidente e, ao mesmo tempo, unificar a Europa sob o comando de um monarca cristão. A desintegração do Império de Carlos Magno Com sua morte, em 814, os senhores proprietários de terras buscaram maior autonomia. Seus sucessores perderam o controle sobre eles. O feudalismo, sistema econômico político e social que caracterizou a Europa na Idade Média, assentou-se de forma mais nítida. Sucedeu a Carlos Magno seu filho Luís, o Piedoso, governando de 814 a 840. Sem energia para governar tão vasto império, ele foi combatido e deposto pelos próprios filhos. Com o desmembramento do Império Carolíngico, malogrou a tentativa de unificação de toda a Europa Cristã do Ocidente sob o comando de um único monarca. Inglaterra ao tempo de Alfredo, o Grande O século X foi marcado pelo aparecimento de uma organização política estável no norte e no leste da Europa. Os saqueadores do século anterior formaram Estados estáveis sendo um deles a Inglaterra, os sucessores de Alfredo o Grande, que reconquistaram a zona dinamarquesa. Condições políticas na França e na Alemanha A França foi a região devastada pelas invasões dos vikings, que haviam subido pelos rios franceses. A leste, os reis da Germania eram os mais fortes monarcas do século X, dominando um reino unido. Oto, o Grande da Alemanha O mais importante soberano alemão do período foi Oto o Grande. Em 936, foi eleito rei da Germania e em 955 derrotou os húngaros e conquistou o reino da Itália. Em 962, Oto I, conhecido como Oto, o Grande, foi coroado em Roma pelo papa João XII. Pretendia, assim, suceder a Carlos Magno. A economia da Europa Ocidental no início da Idade Média A economia baseava-se entre os séculos VIII e XI na agricultura e no comércio local. Nos séculos IX e X, a medida que conseguiram se libertar da autoridade monárquica, alguns principados deixaram aos reis um poder apenas teórico sobre seus territórios. A divisão e a fragmentação interromperam a hegemonia franca na Europa Ocidental. O baixo nível da vida intelectual O saber ou as artes eram pontos, que não prosperaram. O saber era privilégio de poucos, muitos eram analfabetos. Vimos que houve uma idéia do conhecimento ao tempo de Carlos Magno, que não se transformou numa criatividade verdadeira, pois sua realização foi a criação de escolas para ensinar o clero, os elementos iniciais da leitura e da escrita. Mas isso foi suficiente para as escolas e manuscritos sobreviverem em número suficiente para se tornarem base de conhecimento bem mais amplo, que começou nos séculos XI e XII. Literatura No campo da literatura, a produção do início da Idade Média foi escassa. Isso aconteceu porque poucos cristãos sabiam escrever, esses poucos eram monges e sacerdotes. Houve algumas obras que foram escritas em latim: Beda Einhard. Beowulf É o épico anglo-saxão mais conhecido dessa literatura. É uma narrativa de lutas de antigas lendas dos povos germânicos no noroeste da Europa. Os primeiros monumentos da arte medieval antiga foram criados por monges da Irlanda. O que sobreviveu dessa escola é o “Livro de Kells”, uma coleção de evangelhos. Variações regionais na arte do início da Idade Média A arte do período de Carlos Magno Buscou inspiração nos modelos clássicos. Após o declínio desse império houve um cessar na história da arte ocidental. No século X novas escolas regionais surgiram: No final da Idade Média, um novo estilo surge – românico. Uma civilização européia ocidental com características próprias em 1.050 Observou que a Europa no ano 1.050 não teve muito progresso em relação aos séculos da Idade Média inicial. Muitos europeus viviam à beira da fome e eram mínimas as realizações culturais. Muito havia sido feito transferindo-se para o noroeste atlântico, a civilização européia passou a usar as terras que produziam riquezas agrícolas. Com as tradições desenvolvidas por Gregório Magno, São Bonifácio, Pepino e Carlos Magno, a civilização européia desenvolveu uma unidade cultural que se baseou no cristianismo ocidental e na herança latina. Fonte: http://poucodetudo.com/2011/04/01/os-tres-herdeiros-de-roma/