André Pinto Rebouças, no túnel do tempo: negro, numa época em que vigorava a escravatura no Brasil, conseguiu se formar engenheiro e bacharel em ciências físicas e matemáticas pela Escola Militar. Nasceu em Cachoeiras, na Bahia, no dia 13 de janeiro de 1838. Seu pai, Antônio Pereira Rebouças, era deputado e autodenominava-se representante da população mulata no Império. André conseguiu o grau de engenheiro militar em 1860. Depois, com seu irmão Antônio, também engenheiro, foi estudar na Europa.
Lá, os irmãos se especializaram na construção de portos e ferrovias. Voltaram em 1862, quando foram contratados pelo governo para serviços de vistoria e melhoria de portos e fortificações estratégicas do litoral. Como engenheiro militar, André participou da guerra do Paraguai entre maio de 1865 e junho do ano seguinte.
Doente, voltou ao Rio de Janeiro. Impedido de prestar concurso para professor da Escola Central, passou a fazer projetos, junto com seu irmão Antônio, para companhias privadas. Mas as obras que deram dimensão ao seu talento de engenheiro foram as do projeto de abastecimento de água do Rio, na seca de 1870, e a construção das primeiras docas brasileiras, no Rio de Janeiro, na Bahia, em Pernambuco e no Maranhão.
Na década seguinte, já professor da Escola Politécnica, participa ativamente da campanha abolicionista e funda, com outros de mesmo ideal, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e a Sociedade Abolicionista. Era o ideólogo dos abolicionistas. Pregava a democracia rural, uma espécie de reforma agrária. Mesmo após a abolição da escravatura, em maio de 1888, os ânimos dos grandes proprietários rurais contra os abolicionistas continuaram acirrados. No ano seguinte, quando a República foi proclamada, André, que era monarquista, embarcou com a família imperial para a Europa. Até 1891, ficou exilado em Lisboa, onde era correspondente do Times, de Londres. Depois morou em Cannes, na França. Desempregado, sem dinheiro, em 1892 foi trabalhar em Luanda, na África, onde ficou um ano. De lá foi para Funchal, na Ilha da Madeira.
André vivia deprimido no exílio e sonhava em libertar a África. Morreu em 1898. Seu corpo foi encontrado no mar, junto a um penhasco de 60 metros, perto do hotel onde morava, no Funchal. Em 1967, o governador do Estado da Guanabara (hoje cidade do Rio de Janeiro), Negrão de Lima, batizou com os nomes dos irmãos André e Antônio Rebouças os maiores túneis da cidade. (2.840 metros nas duas galerias, em cada sentido).
Fonte:
Livro 100 Brasileiros (2004)