Por Antonio Gasparetto Junior
A Segunda Guerra Latina foi a continuidade do conflito entre as cidades integrantes da Liga Latina e Roma.
No século VII a.C., cerca de 30 cidades, aldeias e tribos da região do Lácio na Península Itálica se reuniram em uma organização militar de mútua defesa para combater inimigos externos. A medida era um reflexo da necessidade de proteção que cada localidade necessitava para se defender das investidas de povos estrangeiros que tentavam dominar a região. Isolada, cada localidade não dispunha de poderio suficiente para se defender, mas, unidas, a capacidade de defesa se tornava muito maior. A chamada Liga Latina demonstrou grande efetividade no que se propunha e foi capaz de expulsar invasores. Ao mesmo tempo, Roma crescia em território e poderio. Naturalmente, os romanos notaram a importância da Liga Latina na Península Itálica, o que seria muito vantajoso para seus planos de expansão.
Após um breve conflito entre romanos e a Liga Latina, Roma impôs uma aliança. No entanto, o desequilíbrio da aliança foi aumentando à medida que Roma crescia. Esse aumento de poder refletia-se diretamente na relação com a Liga Latina, que perdia espaço e sucumbia à dominação romana. O desenvolver dessa instabilidade culminou com a Primeira Guerra Latina, entre 498 e 493 a.C., após uma campanha vitoriosa contra os etruscos. Os romanos tentaram consolidar o domínio na região do Lácio, desagradando os integrantes da Liga Latina. O embate resultou em cinco anos de conflito que foi encerrado com destacada vitória da cavalaria romana na Batalha do Lago Regilo. Embora Roma tenha consolidado seu poderio na região, as consequências da guerra não foram muito graves para as cidades latinas, que mantiveram autonomia, conquistaram a possibilidade de celebrar casamentos mistos e estabeleceram comércio estável.
Mais de um século depois do primeiro conflito, a tensão entrou em pauta novamente basicamente em função dos mesmos motivos. Em 358 a.C., os romanos propuseram um novo tratado com a Liga Latina que estabelecia formalmente a liderança e supremacia de Roma na relação entre as partes. A insatisfação foi grande no Lácio. A medida romana era parte de um contexto de expansão territorial de Roma. As cidades latinas enviaram uma embaixada ao senado de Roma para propor a criação de uma república que convivesse em paridade com os romanos. Ou seja, negando a supremacia de Roma que seria equiparada pela República do Lácio. As cidades latinas ainda tentavam integrar representantes de suas cidades ao senado romano. A reação de Roma foi de repúdio às propostas e o descontentamento da situação desencadeou uma nova guerra.
A Segunda Guerra Latina ocorreu entre os anos 340 e 338 a.C. colocando em choque novamente a Liga Latina e Roma. As alianças do novo conflito, contudo, foram renovadas. Os romanos contavam com o apoio dos samnitas, povo indo-europeu que habitava a Península Itálica. Já a Liga Latina contava com o apoio dos volscos, dos campanos e dos sidicinos, todos povos da Península Itálica que estavam em desacordo com a aceitação dos samnitas pelos romanos. O segundo confronto foi mais intenso militarmente do que o primeiro, embora tenha durado menos tempo. A Liga Latina tentou conquistar o território dos samnitas enquanto os romanos lutavam no território dos volscos. Em ambos os casos os latinos foram derrotados, configurando a primeira derrota.
A Liga Latina foi definitivamente vencida na Batalha de Trifano ao serem encurralados na própria região do Lácio. Desta vez, as consequências foram bem piores para os integrantes da Liga Latina. A frota dos volscos foi entregue à Roma e o final da guerra determinou a dissolução da Liga Latina, integrando definitivamente suas cidades à República Romana. Ainda que algumas cidades tenham recebido cidadania romana ou desfrutado de acordos bilaterais, a supremacia de Roma havia se tornado clara e transparente na região do Lácio.
Fontes:
ROLDÁN, José Manuel. Historia de Roma. Madrid: Ediciones Cátedra, 1987.
http://es.wikipedia.org/wiki/Liga_Latina
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