22.6.20

Ciclo da Borracha






O Ciclo da borracha no Brasil

O período constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha.

Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém, até hoje maiores centros e capitais de seus Estados, Amazonas, Rondônia e Pará, respectivamente. No mesmo período foi criado o Território Federal do Acre, atual Estado do Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia por meio de uma compra por 2 milhões de libras esterlinas em 1903.

O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945).

LINHAS GERAIS

Região da Amazônia, palco do ciclo da borracha. É visível parte do Brasil e da Bolívia, além dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé, perto dos quais construiu-se a Estrada de Ferro Madeira Mamoré.


A primeira fábrica de produtos de borracha (ligas elásticas e suspensórios) surgiu na França, em Paris, no ano de 1803.

Contudo, o material ainda apresentava algumas desvantagens: à temperatura ambiente, a goma mostrava-se pegajosa. Com o aumento da temperatura, a goma ficava ainda mais mole e pegajosa, ao passo que a diminuição da temperatura era acompanhada do endurecimento e rigidez da borracha.

Foram os índios centro-americanos os primeiros a descobrir e fazer uso das propriedades singulares da borracha natural. Entretanto, foi na floresta amazônica que de fato se desenvolveu a atividade da extração da borracha, a partir da seringa ou seringueira (Hevea brasiliensis), uma árvore que pertence à família das Euphorbiaceae, também conhecida como árvore da fortuna.
O PRIMEIRO CICLO – 1879/1912

Durante os primeiros quatro séculos e meio do descobrimento, como não foram encontradas riquezas de ouro ou minerais preciosos na Amazônia, as populações da hiléia brasileira viviam praticamente em isolamento, porque nem a coroa portuguesa e, posteriormente, nem o império brasileiro conseguiram concretizar ações governamentais que incentivassem o progresso na região. Vivendo do extrativismo vegetal, a economia regional se desenvolveu por ciclos (Drogas do Sertão), acompanhando o interesse do mercado nos diversos recursos naturais da região. Para extração da borracha neste período, acontece uma migração de nordestinos, pricipalmente do Ceará, pois o estado sofria as consequências das secas do final do século XIX.

BORRACHA, LUCRO CERTO

O desenvolvimento tecnológico e a Revolução Industrial, na Europa, foram o estopim que fizeram da borracha natural, até então um produto exclusivo da Amazônia, um produto muito procurado e valorizado, gerando lucros e dividendos a quem quer que se aventurasse neste comércio.

Desde o início da segunda metade do século XIX, a borracha passou a exercer forte atração sobre empreendedores visionários. A atividade extrativista do látex na Amazônia revelou-se de imediato muito lucrativa. A borracha natural logo conquistou um lugar de destaque nas indústrias da Europa e da América do Norte, alcançando elevado preço. Isto fez com que diversas pessoas viessem ao Brasil na intenção de conhecer a seringueira e os métodos e processos de extração, a fim de tentar também lucrar de alguma forma com esta riqueza.


A partir da extração da borracha surgiram várias cidades e povoados, depois também transformados em cidades. Belém e Manaus, que já existiam, passaram então por importante transformação e urbanização. Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica – a primeira foi Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.

FERROVIA DA BORRACHA

A idéia de construir uma ferrovia nas margens dos rios Madeira e Mamoré surgiu na Bolívia, em 1846. Como o país não tinha como escoar a produção de borracha por seu território, era necessário criar alguma alternativa que possibilitasse exportar a borracha através do Oceano Atlântico.

A idéia inicial optava pela via da navegação fluvial, subindo o rio Mamoré em território boliviano e depois pelo rio Madeira, no Brasil.

Mas o percurso fluvial tinha grandes obstáculos: vinte cachoeiras impediam a navegação. E foi aí que cogitou-se a construção de uma estrada de ferro que cobrisse por terra o trecho problemático.

Em 1867, no Brasil, também visando encontrar algum meio que favorecesse o transporte da borracha, os engenheiros José e Francisco Keller organizaram uma grande expedição, explorando a região das cachoeiras do rio Madeira para delimitar o melhor traçado, visando também a instalação de uma ferrovia.

Embora a idéia da navegação fluvial fosse complicada, em 1869, o engenheiro estadunidense George Earl Church obteve do governo da Bolívia a concessão para criar e explorar uma empresa de navegação que ligasse os rios Mamoré e Madeira. Mas, não muito tempo depois, vendo as dificuldades reais desta empreitada, os planos foram definitivamente mudados para a construção de uma ferrovia.

As negociações avançam e, ainda em 1870, o mesmo Church recebe do governo brasileiro a permissão para construir então uma ferrovia ao longo das cachoeiras do Rio Madeira.


MADEIRA-MAMORÉ

A ferrovia Madeira-Mamoré, também conhecida como Ferrovia do Diabo por ter causado a morte de cerca de seis mil trabalhadores (comenta a lenda que foi um trabalhador morto para cada dormente fixado nos trilhos), foi encampada pelo megaempresário estadunidense Percival Farquhar. A construção da ferrovia iniciou-se em 1907 durante o governo de Affonso Penna e foi um dos episódios mais significativos da história da ocupação da Amazônia, revelando a clara tentativa de integrá-la ao mercado mundial através da comercialização da borracha.

Em 30 de abril de 1912 foi inaugurado o último trecho da estrada de ferro Madeira-Mamoré. Tal ocasião registra a chegada do primeiro comboio à cidade de Guajará-Mirim, fundada nessa mesma data.

Mas o destino da ferrovia que foi construída com o propósito principal de escoar a borracha e outros produtos da região amazônica, tanto da Bolívia quanto do Brasil, para os portos do Atlântico, e que dizimara milhares de vidas, foi o pior possível.

Primeiro, porque o preço do látex caiu vertiginosamente no mercado mundial, inviabilizando o comércio da borracha da Amazônia. Depois, devido ao fato de que o transporte de outros produtos que poderia ser feito pela Madeira-Mamoré foi deslocado para outras duas estradas de ferro (uma delas construída no Chile e outra na Argentina) e para o Canal do Panamá, que entrou em atividade em 15 de Agosto de 1914.

Alie-se a esta conjuntura o fator natureza: a própria floresta amazônica, com seu alto índice de precipitação pluviométrica, se encarregou de destruir trechos inteiros dos trilhos, aterros e pontes, tomando de volta para si grande parte do trajeto que o homem insistira em abrir para construir a Madeira-Mamoré.

A ferrovia foi desativada parcialmente na década de 1930 e totalmente em 1972, ano em que foi inaugurada a Rodovia Transamazônica (BR-230). Atualmente, de um total de 364 quilômetros de extensão, restam apenas 7 quilômetros ativos, que são utilizados para fins turísticos.

A população rondoniense luta para que a tão sonhada revitalização da EFMM saia do papel, mas até à data 1º de dezembro de 2006 a obra ainda nem havia começado. A falta de interesse dos órgãos públicos, em especial das prefeituras, e a burocracia impedem o projeto.

A QUESTÃO DO ACRE

Mas o exagero do extrativismo descontrolado da borracha estava em vias de provocar um conflito internacional. Os trabalhadores brasileiros cada vez mais adentravam nas florestas do território da Bolívia em busca de novas seringueiras para extrair o precioso látex, gerando conflitos e lutas por questões fronteiriças no final do século XIX, que exigiram inclusive a presença do exército, liderado pelo militar José Plácido de Castro.

A república brasileira, recém proclamada, tirava o máximo proveito das riquezas obtidas com a venda da borracha, mas a Questão do Acre (como estavam sendo conhecidos os conflitos fronteiriços por conta do extrativismo da borracha) preocupava.

Foi então a providencial e inteligente intervenção do diplomata Barão do Rio Branco e do embaixador Assis Brasil, em parte financiados pelos barões da borracha, que culminou na assinatura do Tratado de Petrópolis, assinado 17 de novembro de 1903 no governo do presidente Rodrigues Alves. Este tratado pôs fim à contenda com a Bolívia, garantindo o efetivo controle e a posse das terras e florestas do Acre por parte do Brasil.

O Brasil recebeu a posse definitiva da região em troca de terras de Mato Grosso, do pagamento de 2 milhões de libras esterlinas e do compromisso de construir uma ferrovia que superasse o trecho encachoeirado do rio Madeira e que possibilitasse o acesso das mercadorias bolivianas (sendo a borracha o principal), aos portos brasileiros do Atlântico (inicialmente Belém do Pará, na foz do rio Amazonas).

Devido a este episódio histórico, resolvido pacificamente, a capital do Acre recebeu o nome de Rio Branco e dois municípios deste Estado receberam nomes de outras duas importantes personagens: Assis Brasil e Plácido de Castro.

APOGEU, REQUINTE E LUXO

Belém, capital do Estado do Pará, assim como Manaus, capital do Estado do Amazonas, eram na época consideradas cidades brasileiras das mais desenvolvidas e umas das mais prósperas do mundo, principalmente Belém, não só pela sua posição estratégica – quase no litoral -, mas também porque sediava um maior número de residências de seringalistas, casas bancárias e outras importantes instituições que Manaus.

Ambas possuíam luz elétrica e sistema de água encanada e esgotos. Viveram seu apogeu entre 1890 e 1920, gozando de tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos, avenidas construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus, e o mercado de peixe, mercado de ferro, Teatro da Paz, corredores de mangueiras, diversos palacetes residenciais no caso de Belém, construídos em boa parte pelo intendente Antônio Lemos.

A influência européia logo se fez notar em Manaus e Belém, na arquitetura da construções e no modo de viver, fazendo do século XIX a melhor fase econômica vivida por ambas cidades. A Amazônia era responsável, nessa época, por quase 40% de toda a exportação brasileira. Os novos ricos de Manaus tornaram a cidade a capital mundial da venda de diamantes. Graças à borracha, a renda per capita de Manaus era duas vezes superior à da região produtora de café (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo).

Moeda da borracha: libra esterlina: como forma de pagamento pela exportação da borracha, os seringalistas recebiam em libra esterlina (£), moeda do Reino Unido, que inclusive era a mesma que circulava em Manaus e Belém durante a Belle Époque amazônica.

O FIM DO MONOPÓLIO AMAZÔNICO

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, terminada em 1912, já chegava tarde. A Amazônia já estava perdendo a primazia do monopólio de produção da borracha porque os seringais plantados pelos ingleses na Malásia, no Ceilão e na África tropical, com sementes oriundas da própria Amazônia, passaram a produzir látex com maior eficiência e produtividade. Conseqüentemente, com custos menores e preço final menor, o que os fez assumir o controle do comércio mundial do produto.

A borracha natural da Amazônia passou a ter um preço proibitivo no mercado mundial, tendo como reflexo imediato a estagnação da economia regional. A crise da borracha tornou-se ainda maior porque a falta de visão empresarial e governamental resultou na ausência de alternativas que possibilitassem o desenvolvimento regional, tendo como conseqüência imediata a estagnação também das cidades. A falta não pode ser atribuída apenas aos empresários tidos como barões da borracha e à classe dominante em geral, mas também ao governo e políticos que não incentivaram a criação de projetos administrativos que gerassem um planejamento e um desenvolvimento sustentado da atividade de extração do látex.

A Malásia, que investiu no plantio de seringueiras e em técnicas de extração do látex, foi a principal responsável pela queda do monopólio brasileiro.

Embora restando a ferrovia Madeira-Mamoré e as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim como herança deste apogeu, a crise econômica provocada pelo término do ciclo da borracha deixou marcas profundas em toda a região amazônica: queda na receita dos Estados, alto índice de desemprego, êxodo rural e urbano, sobrados e mansões completamente abandonados, e, principalmente, completa falta de expectativas em relação ao futuro para os que insistiram em permanecer na região.

Os trabalhadores dos seringais, agora desprovidos da renda da extração, fixaram-se na periferia de Manaus em busca de melhores condições de vida. Aí, por falta de habitação, iniciaram, a partir de 1920, a construção da cidade flutuante, gênero de moradia que se consolidaria na década de 1960.

O governo central do Brasil até criou um órgão com o objetivo de contornar a crise, chamado Superintendência de Defesa da Borracha, mas esta superintendência foi ineficiente e não conseguiu garantir ganhos reais, sendo, por esta razão, desativada não muito tempo depois de sua criação.

A partir do final da década de 1920, Henry Ford, o pioneiro da indústria americana de automóveis, empreendeu o cultivo de seringais na Amazônia criando 1927 a cidade de Fordlândia e posteriormente (1934) Belterra, no Oeste do Pará, especialmente para este fim, com técnicas de cultivo e cuidados especiais, mas a iniciativa não logrou êxito já que a plantação foi atacada por uma praga na folhagem conhecida como mal-de-folhas, causada pelo fungo Microcyclus ulei.
O SEGUNDO CICLO – 1942/1945

A Amazônia viveria outra vez o ciclo da borracha durante a Segunda Guerra Mundial, embora por pouco tempo. Como forças japonesas dominaram militarmente o Pacífico Sul nos primeiros meses de 1942 e invadiram também a Malásia, o controle dos seringais passou a estar nas mãos dos nipônicos, o que culminou na queda de 97% da produção da borracha asiática.

Isto resultaria na implantação de mais alguns elementos, inclusive de infra-estrutura, apenas em Belém, desta vez por parte dos Estados Unidos. A exemplo disso, temos o Banco de Crédito da Borracha, atual Banco da Amazônia; o Grande Hotel, luxuoso hotel construído em Belém em apenas 3 anos, onde hoje é o Hilton Hotel; o aeroporto de Belém; a base aérea de Belém; entre outros.

A BATALHA DA BORRACHA

Com o alistamento de nordestinos, Getúlio Vargas minimizou o problema da seca do nordeste e ao mesmo tempo deu novo ânimo na colonização da Amazônia.

Na ânsia de encontrar um caminho que resolvesse esse impasse e, mesmo, para suprir as Forças Aliadas da borracha então necessária para o material bélico, o governo brasileiro fez um acordo com o governo dos Estados Unidos (Acordos de Washington), que desencadeou uma operação em larga escala de extração de látex na Amazônia – operação que ficou conhecida como a Batalha da Borracha.

Como os seringais estavam abandonados e não mais de 35 mil trabalhadores permaneciam na região, o grande desafio de Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, era aumentar a produção anual de látex de 18 mil para 45 mil toneladas, como previa o acordo. Para isso seria necessária a força braçal de 100 mil homens.

O alistamento compulsório em 1943 era feito pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA), com sede no nordeste, em Fortaleza, criado pelo então Estado Novo. A escolha do nordeste como sede deveu-se essencialmente como resposta a uma seca devastadora na região e à crise sem precedentes que os camponeses da região enfrentavam.

Além do SEMTA, foram criados pelo governo nesta época, visando a dar suporte à Batalha da borracha, a Superintendência para o Abastecimento do Vale da Amazônia (Sava), o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) e o Serviço de Navegação da Amazônia e de Administração do Porto do Pará (Snapp). Criou-se ainda a instituição chamada Banco de Crédito da Borracha, que seria transformada, em 1950, no Banco de Crédito da Amazônia.

O órgão internacional Rubber Development Corporation (RDC), financiado com capital dos industriais estadunidenses, custeava as despesas do deslocamento dos migrantes (conhecidos à época como brabos). O governo dos Estados Unidos pagava ao governo brasileiro cem dólares por cada trabalhador entregue na Amazônia.

O governo dos Estados Unidos pagava ao governo brasileiro cem dólares por cada trabalhador entregue na Amazônia.

Milhares de trabalhadores de várias regiões do Brasil foram compulsoriamente levados à escravidão por dívida e à morte por doenças para as quais não possuíam imunidade. Só do nordeste foram para a Amazônia 54 mil trabalhadores, sendo 30 mil deles apenas do Ceará. Esses novos seringueiros receberam a alcunha de Soldados da Borracha, numa alusão clara de que o papel do seringueiro em suprir as fábricas nos EUA com borracha era tão importante quanto o de combater o regime nazista com armas.

Manaus tinha, em 1849, cinco mil habitantes, e, em meio século, cresceu para 70 mil. Novamente a região experimentou a sensação de riqueza e de pujança. O dinheiro voltou a circular em Manaus, em Belém, em cidades e povoados vizinhos e a economia regional fortaleceu-se.

CAMINHO SEM VOLTA

Mosquito, elemento transmissor da malária e da febre amarela, doenças que causaram muitas mortes aos seringueiros.

Entretanto, para muitos trabalhadores, este foi um caminho sem volta. Cerca de 30 mil seringueiros morreram abandonados na Amazônia, depois de terem exaurido suas forças extraindo o ouro branco. Morriam de malária, febre amarela, hepatite e atacados por animais como onças, serpentes e escorpiões. O governo brasileiro também não cumpriu a promessa de reconduzir os Soldados da Borracha de volta à sua terra no final da guerra, reconhecidos como heróis e com aposentadoria equiparada à dos militares. Calcula-se que conseguiram voltar ao seu local de origem (a duras penas e por seus próprios meios) cerca de seis mil homens.

Mas quando chegavam tornavam-se escravos por dívida dos coronéis seringueiros e morriam em consequência das doenças, da fome ou assassinados quando resistiam lembrando as regras do contrato com o governo.

Apontamentos finais

Os finais abruptos do primeiro e do segundo ciclo da borracha demonstraram a incapacidade empresarial e falta de visão da classe dominante e dos políticos da região.

O final da guerra conduziu, pela segunda vez, à perda da chance de fazer vingar esta atividade econômica.

Não se fomentou qualquer plano de efetivo desenvolvimento sustentado na região, o que gerou reflexos imediatos: assim que terminou a Segunda Guerra Mundial, tanto as economias de vencedores como de vencidos se reorganizaram na Europa e na Ásia, fazendo cessar novamente as atividades nos velhos e ineficientes seringais da Amazônia.

Bibliografia

DEAN, Warren. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. São Paulo: Nobel, 1989.”De como foi que começou até o fim da borracha”.

Fonte: www.rdmonline.com.br
Ciclo da Borracha


DECADÊNCIA DO CICLO DA BORRACHA

Em 1876, quando o ciclo da borracha ainda iniciava sua fase de progressiva expansão, uma medida decisiva, que no futuro próximo aniquilaria a economia do Estado, tinha sido levada a cabo: o contrabando de sementes de seringueira para a Inglaterra e, daí, para suas colônias na Ásia, onde seriam cultivadas.

Tal empresa foi concebida e realizada pelo botânico inglês, Sir Henry Wickham, que embarcou clandestinamente cerca de 70 mil sementes para a Inglaterra, onde foram cultivadas experimentalmente em estufa.

Dentre essas, vingaram 7.000 mudas, as quais foram transportadas para o Ceilão e, posteriormente, para a Malásia, Samatra, Bornéu e outras colônias britânicas e holandesas, nas quais se desenvolveram, passando a produzir uma seringa de maior qualidade e menor custo, o que provocou a queda dos preços da borracha e fez que o quase monopólio da borracha pelo Brasil desmoronasse.

Em 1900, as colônias britânicas da Ásia disputaram o mercado com uma modesta oferta: apenas 4 toneladas. Porém suas exportações cresceram abruptamente e, em 1913, a produção asiática já superava a produção brasileira.

A partir de então, a produção de seringa brasileira passou a despencar vertiginosamente, sobretudo face à queda dos preços da borracha no mercado internacional, que inviabilizava cada mais a atividade extrativa na região amazônica em seu custo.

Porém, na Ásia, uma borracha de boa qualidade era produzida em grandes quantidades e a um custo bem mais baixo, o que levou o capital estrangeiro, ligado ao comércio e a distribuição do produto brasileiro a abandonar o vale do Amazonas, visando seguros lucros no Oriente.

Por essa época, a Ásia já abastecia o mercado internacional com cerca de 700.000 mil toneladas de goma, passando a dominar inteiramente o mercado da borracha mundial.

Os planos e projetos de valorização e defesa da borracha brasileira no mercado internacional não passaram de tímidas e fracassadas iniciativas de um governo central totalmente apático e sempre tardio no que se refere à Região Norte.

Ao governo central interessava os impostos arrecadados com a atividade gomífera. Suas atenções voltavam-se quase que exclusivamente ao Sul do país e à proteção do café, conforme denunciou o deputado amazonense Luciano Pereira a mencionar em seu discurso, em 1912, na Câmara dos deputados. É por motivos iguais a este que se diz ter sido, até hoje, a União mãe para o Sul e madrasta para o Norte.

Fonte: www.linguativa.com.br
Ciclo da Borracha
A queda do Ciclo da Borracha

Quando a borracha da Malásia tornou proibitivo o preço da borracha da Amazônia no mercado mundial, a economia regional estagnou. Devido à gravidade da crise, e à falta de visão empresarial e governamental, que resultou na ausência de alternativas para o desenvolvimento regional. Estagnaram também as cidades.

Da vila de Santo Antonio do Madeira, que chegou a contar com uma pequena linha de bonde e jornal semanal ao tempo em que se iniciava Porto Velho, resta hoje uma única construção.

A sobrevivência de Porto Velho está associada às melhores condições de salubridade da àrea onde foi construída, da facilidade de acesso pelo rio durante o ano todo, do seu porto, da necessidade que a ferrovia sentia de exercer maior controle sobre os operários para garantir o bom andamento das obras, construindo para tanto residências em sua área de concessão, e, até mesmo, de uma certa forma, ao bairro onde moravam principalmente os barbadianos trazidos para a construção.

Desenvolvendo-se sobre uma pequena colina ao sul da cidade, ainda em área da ferrovia, surgiu o bairro denominado originalmente de Barbadoes Town (ou Barbedian Town), embora posteriormente se tenha tornado mais conhecido como o Alto do Bode. O núcleo urbano que então existia em torno das instalações da EFMM, inclusive e com muito significado, o Alto do Bode, serviu de justificativa para a consolidação de Porto Velho como a capital do Território Federal do Guaporé, em 1943. Essa pequena colina foi arrasada no final dos anos 60, e o Alto do Bode desapareceu.

Ao longo do período que vai de 1925 a 1960, o centro urbano adquiriu feições definitivas. O sistema viário de bom traçado e o sistema de esgotos da região central são heranças dos previdentes pioneiros; os prédios públicos, o bairro Caiarí, etc…, são provas de que, mesmo em meio à grandes dificuldades, é possível construir e avançar. Somente com a erupção da segunda guerra mundial, e a criação dos territórios federais em 1943, ocorreu novo e rápido ciclo de progresso regional. Esse surto decorreu das necessidades de borracha das forças aliadas, que haviam perdido os seringais malaios na guerra do Pacífico, e produziu o denominado segundo ciclo da borracha.

Finda a guerra, novamente a economia regional baseada na borracha, e dirigida com imprevidência e incapacidade empreendedora, entrou em paralisia.

Fonte: www.portovelho.ro.gov.br
Ciclo da Borracha
O Primeiro Ciclo da Borracha

1850-1912

A Hevea Bralisiensis ( nome Científico da seringueira) já era conhecida e utilizada pelas civilizações da América Pré-Colombiana, como forma de pagamento de tributos ao monarca reinante e para cerimônias religiosas. Na Amazônia, os índios Omáguas e Cambebas utilizavam o látex para fazer bolas e outros utensílios para o seu dia-a-dia.

Coube a Charles Marie de La Condamine e François Fresneau chamar a atenção dos cientistas e industriais para as potencialidades contidas na borracha. Dela, podia ser feito, borrachas de apagar, bolas, sapatos, luvas cirúrgicas etc…

Precisamente no ano de 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcanização que consistia em misturar enxofre com borracha a uma temperatura elevada ( 140º /150º) durante certo número de horas, Com esse processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes comuns ou óleos,

Thomas Hancock, foi o primeiro a executar com sucesso um projeto de manufatura de borracha em larga escala. Em 1833 surgiu a primeira indústria americana de borracha,a Roxbury Índia Rubber Factory, posteriormente outras fábricas se instalaram na Europa.

Com o processo de vulcanização, as primeiras fábricas de beneficiamento de borracha e com a indústria automobilística surgindo nos Estados Unidos ( Henry Ford- carros Ford T-20) possibilitou o crescimento da produção de borracha nos seringais amazônicos. A região amazônica era uma área privilegiada por ter diversos seringais.

Apesar desse surto econômico favorável para a Amazônia brasileira, havia um sério problema para a extração do látex, a falta de mão-de-obra, o que foi solucionado com a chegada à região de nordestinos ( Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877 e, com o sonho de enriquecer e voltar para o nordeste.

A grande maioria cometeu um ledo engano, pois encontraram uma série de dificuldades como: Impaludismo ( Malária), índios e , sobretudo, a exploração dos seringalistas, o que impossibilitou a concretização deste sonho.

Em relação ao número de nordestinos que vieram para a Amazônia brasileira, há uma divergência entre os diversos historiadores amazônicos. Alguns chegam a escrever que vieram 300.000 nordestinos e outros, 150.000 nordestinos nesse ciclo.

A exploração dos seringalistas sobre o seringueiro é evidente neste período. Os seringalistas compravam das Casas Aviadoras, sediadas em Belém do Pará e Manaus os mantimentos para os seringais e, pagavam a essas casas, com a produção de borracha feita pelos seringueiros, que , por sua vez, trabalhavam exaustivamente nos seringais para poder pagar sua dívida contraída nos barracões dos seringais. Os seringueiros dificilmente tinham lucro, porque eram enganados pelo gerente ou pelo seringalista, esse sim, obtinha lucro e gastava o dinheiro em Belém do Pará, Manaus ou Europa.

Os seringais amazônicos ficavam às margens de rios como: Madeira, Jaci-Paraná, Abunã, Juruá, Purus, Tapajós, Mamoré, Guaporé, Jamary etc…

Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou 70.000 sementes de seringueiras da região situada entre os rios Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Mais de 7.000 sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para o Ceilão e Malásia.

Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racional e passaram a contar com um grande número de mão-de-obra, o que possibilitou uma produção expressiva, já nom ano de 1900. Gradativamente, a produção asiática vai superando a produção amazônica e, em 1912 há sinais de crise, culminando em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira.

Para a economia brasileira , este ciclo teve suma importância nas exportações, pois em 1910, a produção de borracha representou 40 % das exportações brasileiras.

Para a Amazônia, o 1º Ciclo da Borracha foi importante pela colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas grandes cidades amazônicas: Belém do Pará e Manaus.
ECONOMIA


Por causa da crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém, fizeram um grande recrutamento de nordestinos para a extração da borracha nos Vales do Juruá e Purus.
De 1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que, devido às primitivas técnicas de extração empregada, estava associado ao aumento do emprego de mão-de-obra.
O Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União. A borracha chegou a representar 25% da exportação do Brasil.
Como o emprego da mão-de-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros agrícolas, que passaram a ser fornecidos pelas Casas Aviadoras.
Sistema de Aviamento


Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR= fornecer mercadoria a alguém em troca de outro produto.
O Escambo era usual nas relações de troca – as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem a intermediação do dinheiro.
Era baseado no endividamento prévio e contínuo do seringueiro com o patrão, a começar pelo fornecimento das passagens.
Antes mesmo de produzir a borracha, o patrão lhe fornecia todo o material logístico necessários à produção da borracha e à sobrevivência do seringueiro. Portanto, já começava a trabalhar endividado. Nessas condições, era quase impossível o seringueiro se libertar do patrão.

“O sertanejo emigrante realiza ali, uma anomalia, sobre a qual nunca é demasiado insistir: é o homem que trabalha para escravizar-se”. Euclides da Cunha.
SOCIEDADE

(Seringalista x Seringueiro)


Seringal: unidade produtiva de borracha. Local onde se travavam as relações sociais de produção.
Barracão: sede administrativa e comercial do seringal. Era onde o seringalista morava.
Colocação: era a área do seringal onde a borracha era produzida. Nesta área, localizava a casa do seringueiro e as “estradas” de seringa. Um seringal possuía várias colocações.
Varadouro: pequenas estradas que ligam o barracão às colocações; as colocações entre si; um seringal a outro e os seringais às sedes municipais. Através desses trechos passavam os comboios que deixavam mercadorias para os seringueiros e traziam pélas de borracha para o barracão.
Gaiola: navio que transportava nordestino de Belém ou de Manaus aos seringais acreanos.
Brabo: Novato no seringal que necessitava aprender as técnicas de corte e se aclimatar à vida amazônica.
Seringalista (coronel de barranco): dono do seringal, recebiam financiamento das Casas Aviadoras.
Seringueiro: O produtor direto da borracha, quem extraia o látex da seringueira e formavam as pélas de borracha.
Gerente: “braço-direito” do seringalista, inspecionava todas as atividades do seringal.
Guarda-livros: responsável por toda a escrituração no barracão, ou seja, registrava tudo o que entrava e saía.
Caixeiro: Coordenava os armazéns de viveres e dos depósitos de borracha.
Comboieiros: responsáveis de levar as mercadorias para os seringueiros e trazer a borracha ao seringalista.
Mateiro: identificava as áreas da floresta que continha o maior número de seringueiras.
Toqueiro: Abriam as “estradas”.
Caçadores: abastecia o seringalista com carne de caça.
Meeiro: seringueiro que trabalhava para outro seringueiro, não se vinculando ao seringalista.
Regatão: negociantes fluviais que vendiam mercadorias aos seringueiros a um preço mais baixo que os do barracão.
Adjunto: Ajuda mútua entre os seringueiros no processo produtivo.
Havia alta taxa de mortalidade no seringal: doenças, picadas de cobra e parca alimentação.
Os seringueiros eram, em sua maioria, analfabetos;
Predominância esmagadora do sexo masculino.
A agricultura era proibida, o seringueiro não podia dispensar tempo em outra atividade que não fosse o corte da seringa. Era obrigado a comprar do barracão.
CRISE (1913)


Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry Wichham.
As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia inglesa.
A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas, possibilitando um aumento produtivo com custos baixos.
A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa.
Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a produção amazônica (39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha.
Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho.
Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a ser os produtos mais exportados da região.
As normas rígidas do Barracão se tornaram mais flexíveis. O seringueiro passou a plantar e a negociar livremente com o regatão.
Vários seringais foram fechados e muitos seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste.
Houve uma estagnação demográfica;
Em muitos seringais, houve um regresso a economia de subsistência.
CONSEQÜÊNCIAS


Povoamento da Amazônia.
Genocídio indígena provocado pelas “correrias”, ou seja, expedições com o objetivo de expulsar os nativos de suas terras.
Povoamento do Acre pelos nordestinos;
Morte de centenas de nordestinos, vítimas dos males do “inferno verde”.
Revolução Acreana e a conseqüente anexação do Acre ao Brasil (1889-1903);
Desenvolvimento econômico das cidades de Manaus e Belém;
Desenvolvimento dos transportes fluviais na região amazônica.

Eduardo de Araújo Carneiro

Fonte: www.fontedosaber.com
Ciclo da Borracha


Seringueiro

O Ciclo da borracha constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha.

Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém, até hoje maiores centros e capitais de seus Estados, Amazonas, Rondônia e Pará, respectivamente.

No mesmo período foi criado o Território Federal do Acre, atual Estado do Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia por meio de uma compra por 2 milhões de libras esterlinas em 1903.

O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
Látex e luxo: ostensivos na Amazônia

Entre 1840 e 1913, as seringueiras, árvores nativas da Amazônia, tiveram destaque fundamental na economia brasileira. O látex extraído dessas árvores era utilizado para a obtenção da borracha, produto facilmente exportado devido às suas múltiplas aplicações industriais, principalmente na indústria automobilística, em expansão desde o final do século XIX. A exploração em grande escala dos seringais espalhados pela Floresta Amazônica levou à concentração de riquezas e à ostentação nas grandes cidades da região, principalmente Belém e Manaus. Mas para a maioria da população miserável que vivia do extrativismo vegetal, os benefícios foram poucos. Com o sucesso das plantações de seringueiras na Ásia, a principal atividade econômica da região declinou, muitos negócios faliram, agravando a pobreza dos trabalhadores.
Exploração e produção da borracha

As seringueiras cresciam naturalmente e de forma dispersa na floresta. Os seringalistas (donos de terras) forneciam ferramentas e alimentos aos seringueiros. Estes recolhiam o látex das árvores e o defumavam, transformando-o em peças de borracha bruta.
A presença estrangeira

Interessadas na exploração dos seringais, grandes empresas estrangeiras instalaram-se em Belém e Manaus. Cuidavam da exportação da borracha e da importação de outros bens, fixavam o preço do produto no mercado internacional, financiavam seringalistas e cuidavam das plantações.
O aumento da produção de borracha

A produção amazônica passou de 1 tonelada em 1850 para 42 mil toneladas em 1912, quando se iniciou a crise. Esse crescimento só foi possível porque cerca de 250 mil nordestinos assolados pelas graves secas do final do século XIX migraram para a Amazônia para trabalhar nos seringais.
A miséria dos seringueiros

Os seringueiros compravam nas vendas de seus patrões tudo de que precisavam e o valor era descontado do pagamento. Como os seringalistas determinavam o preço dos produtos, a dívida ficava sempre maior do que o salário.

Os seringueiros tornavam-se escravos por dívidas. Quanto mais trabalhavam para saldá-las, mais endividados ficavam.

Segundo o escritor Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, a vida nos seringais era uma “criminosa organização do trabalho”.
O paraíso ficava nos grandes centros

O dinheiro da borracha não melhorou a vida dos seringueiros, e também não foi investido em melhorias para as plantações. Foi gasto na construção de mansões e em festas e viagens. Manaus e Belém foram as cidades que mais prosperaram. A capital amazonense ganhou avenidas, luz elétrica, bondes, sistema de abastecimento de água, telefone, jardins, hipódromo e palácios.

Em 1896, foi inaugurado o símbolo máximo da riqueza resultante da borracha: o Teatro Amazonas. Construído apenas com material importado, em sua noite de abertura contou com a apresentação da Companhia Lírica Italiana.
A conquista do Acre

Até o final do século XIX, Brasil e Bolívia não tinham demarcado parte de suas fronteiras. Os dois países lutavam pela posse do Acre, rico em seringueiras.

Aproveitando-se do clima de animosidade, em 1899 o monarquista espanhol Luiz Rodríguez Galvez de Árias declarou a independência do território e autoproclamou-se imperador da nova nação. Seu reinado acabou em 1900, quando foi desalojado do poder.
A compra do território

Em 1902, um ano após o Acre ter sido arrendado à organização internacional The Bolivian Syndicate, seringueiros, liderados pelo gaúcho José Plácido de Castro, invadiram a região para explorar o látex, gerando novos conflitos com os bolivianos. A disputa foi solucionada em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis.

Pelo acordo, o Brasil comprou o Acre da Bolívia por 2 milhões de libras esterlinas e comprometeu-se a construir a ferrovia Madeira–Mamoré e a indenizar o The Bolivian Syndicate em 110 mil libras esterlinas.
A modernidade na selva

Os trens eram sinônimo de modernidade no início do século XX. A construção da Madeira–Mamoré, projeto iniciado e interrompido por duas vezes (1873 e 1880), foi retomada em 1907, sob a supervisão de engenheiros norte-americanos. Aproximadamente 60 mil homens, de 50 nacionalidades, foram recrutados para construí-la no meio da selva. A estrada de ferro, de 364 km, ficou pronta em 1912, quando começava a crise da produção da borracha.
A “Ferrovia do Diabo”

Cerca de 10 mil trabalhadores morreram de pneumonia, febre amarela, malária ou acidentes, e 30 mil foram internados, durante a construção da ferrovia Madeira–Mamoré, o que levou à afirmação de que cada dormente custara uma vida e rendeu-lhe o apelido de “Ferrovia do Diabo”. Ligando “o nada a lugar nenhum”, como se dizia na época, a Madeira–Mamoré uniu os trechos navegáveis do rio Madeira, no lado brasileiro, e do Mamoré, no lado boliviano, permitindo a saída dos produtos bolivianos pelo Atlântico. Acompanhando seu leito, surgiram as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim, no atual Estado de Rondônia. Anos mais tarde, a ferrovia foi desativada.
A crise da borracha

Em 1876, o botânico inglês Alexander Wickham mandou clandestinamente 70 mil sementes de seringueiras para o Jardim Botânico de Londres. As mudas que vingaram foram levadas para as colônias inglesas e holandesas da Malásia, Cingapura e Indonésia, onde foram plantados 10 milhões de árvores. A partir de 1911, esses países entraram no mercado da borracha e desbancaram a produção brasileira, pois, além de a produção asiática ser maior, eles vendiam o produto a um preço inferior.

Em 1913, o Brasil exportou 39.370 toneladas e a Ásia, 47.618 toneladas. Em 1926, a borracha brasileira representava apenas 5% da produção mundial.

Com a concorrência asiática, as empresas que se haviam instalado em Belém e Manaus fecharam as portas e mudaram-se para as novas áreas produtivas. Sem diversificação dos investimentos, a economia na Amazônia estagnou-se, muitos negócios faliram e a miséria dos seringueiros aprofundou-se.

Fonte: www.klickeducacao.com.br
Ciclo da Borracha

Manaus, a capital do Estado do Amazonas, localizada a 18 km da junção dos Rios Negro e Amazonas, portão de entrada para a maior floresta tropical do planeta, é o mais importante destino turístico do norte brasileiro.

A cidade passou por grandes transformações nas últimas décadas, adotando feição contemporânea, que se consolida através de uma excelente infra-estrutura: malha viária com largas avenidas, viadutos e passagens de nível; aeroporto e porto com categoria internacional; shopping-centers, teatros, restaurantes, bares, museus, centros culturais, espaços para grandes eventos, clubes noturnos, aluguel de veículos; além de eficientes serviços de energia elétrica e saneamento básico.

Manaus ajusta-se ao seu tempo, perfeitamente conectada ao mundo globalizado através de uma eficiente rede de comunicação, disponibilizando a visitantes e residentes ótimos serviços de Internet, telefones celulares, pagers, serviços rápidos de entrega de encomendas, etc..


Porto de Manaus
Um Pouco de História

Nasce com o nome de Lugar da Barra, em 1669, durante a construção da Fortaleza de São José da Barra (ou Forte da Barra), erigida com o objetivo de conter as invasões dos holandeses e espanhóis, inimigos da Coroa Portuguesa.

Em 1755, o governo português determina a criação da Capitania de São José do Rio Negro, instalada inicialmente em Mariuá (Barcelos, Amazonas) e em 1804 a sede da Capitania é definitivamente transferida para o Lugar da Barra (hoje Manaus).

O Lugar da Barra é elevado à categoria de Vila, em 1832, passando a chamar-se Nossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro; e, em 24 de Outubro de 1848, a Vila da Barra é elevada à categoria de Cidade.

Finalmente, em 05 de Setembro de 1856, a Cidade da Barra do Rio Negro, contando com quase 1.300 habitantes, passa a denominar-se Manáos.
O Ciclo da Borracha

A cidade floresce e vive um espetacular ciclo de desenvolvimento a partir de 1890, em decorrência das riquezas geradas pela produção e exportação da borracha natural (Hevea brasiliensis), época áurea em que foram realizadas grandes obras – o Porto de Manaus, o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, o Reservatório do Mocó, a primeira rede de energia elétrica, os serviços de transporte coletivo em bondes, o início da construção da rede de esgotos, hotéis, casas de espetáculos, praças, escolas, liceus, etc..

Manaus torna-se uma referência internacional, símbolo de prosperidade e civilização, palco de importantes acontecimentos artísticos e culturais. Floresce o comércio de produtos luxuosos e supérfluos. Homens e mulheres de todo o mundo desfilam por suas ruas e avenidas, na sede da compra do “Ouro Negro”, como era chamada a borracha natural, para revenderem com grandes lucros nas principais capitais da Europa e nos Estados Unidos da América.

Em 1910, iniciam-se tempos muito difíceis para a cidade, devido a forte concorrência da borracha natural plantada nos seringais da Ásia, que chega aos mercados europeu e americano com enormes vantagens, decretando a falência da economia local.
A Zona Franca de Manaus

A Zona Franca de Manaus é um projeto de desenvolvimento sócio-econômico criado pela Lei Nº 3.173 de 06 de Junho de 1957, reformulado e ampliado pelo Decreto-Lei Nº 288, de 28 de Fevereiro de 1967, estabelecendo incentivos fiscais para implantação de um pólo industrial, comercial e agropecuário numa área física de 10 mil km², tendo como centro a cidade de Manaus.

Os benefícios desse projeto se estendem a Amazônia Ocidental, formada pelos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Área de Livre Comércio de Macapá.

Em 36 anos de atividades a ZFM passou por diversas fases: na primeira década, predominou o comércio, atraindo compradores de todo o País, o que deu à cidade a infra-estrutura de transportes, comunicações, hotelaria e serviços. A partir de segunda década, estruturou-se o Pólo Industrial de Manaus (PIM), em que predomina o setor eletroeletrônico, responsável por 55% do faturamento industrial, cuja média anual é de US$ 10 bilhões.

A fase atual é marcada pela busca de mercados externos para os produtos do PIM; o investimento em pesquisas, incluindo novas tecnologias; o estudo das potencialidades regionais, entre as quais se destaca o Ecoturismo; e das formas de aproveitamento sustentável de matérias-primas da biodiversidade amazônica para interiorizar o desenvolvimento.

Fonte: www.amazonroyal.com.br
Ciclo da Borracha
O Ciclo da Borracha no Brasil – 1ºFase

A utilização da borracha foi desenvolvida em função das diversas descobertas científicas promovidas durante o século XIX.

Inicialmente, o látex era comumente utilizado na fabricação de borrachas de apagar, seringas e galochas. Anos mais tarde, os estudos desenvolvidos pelo cientista Charles Goodyear desenvolveu o processo de vulcanização através do qual a resistência e a elasticidade da borracha foram sensivelmente aprimoradas.

A vulcanização possibilitou a ampliação dos usos da borracha, que logo seria utilizada como matéria-prima na produção de correias, mangueiras e sapatos.

A região amazônica, uma das maiores produtoras de látex, aproveitou do aumento transformando-se no maior pólo de extração e exportação de látex do mundo.

No curto período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2673 toneladas.

A mão-de-obra utilizada para a extração do látex nos seringais era feita com a contratação de trabalhadores vindos, principalmente, da região nordeste. Os seringueiros adotavam técnicas de extração indígenas para retirar uma seiva transformada em uma goma utilizada na fabricação de borracha. Não constituindo em uma modalidade de trabalho livre, esses seringueiros estavam submetidos ao poder de um “aviador”. O aviador contratava os serviços dos seringueiros em troca de dinheiro ou produtos de subsistência.

A sistemática exploração da borracha possibilitou um rápido desenvolvimento econômico da região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém. Este centro urbano representou a riqueza obtida pela exploração da seringa e abrigou um suntuoso projeto arquitetônico profundamente inspirado nas referências estéticas européias. Posteriormente atingindo a cidade de Manaus, essas transformações marcaram a chamada belle époque amazônica.

No início do século XX, a supremacia da borracha brasileira sofreu forte declínio com a concorrência promovida pelo látex explorado no continente asiático.

A brusca queda do valor de mercado fez com que muitos aviadores fossem obrigados a vender toda sua produção em valores muito abaixo do investimento empregado na produção. Entre 1910 e 1920, a crise da seringa amazônica levou diversos aviadores à falência e endividou os cofres públicos que estocavam a borracha na tentativa de elevar os preços.

Esse duro golpe sofrido pelos produtores de borracha da região norte ainda pode ser compreendido em razão da falta de estímulo do governo imperial. Atrelado ao interesse econômico dos cafeicultores, o governo monárquico não criou nenhuma espécie de programa de desenvolvimento e proteção aos produtores de borracha. Em certa ocasião, atendendo ao pedido de industriais norte-americanos, chegou a proibir que o governo do Pará criasse taxas alfandegárias protecionistas maiores aos exportadores estrangeiros.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as indústrias passaram a adotar uma borracha sintética que poderia ser produzida em ritmo mais acelerado.

Essa inovação tecnológica acabou retraindo significativamente a exploração da seringa na Floresta Amazônica. No entanto, até os dias de hoje, a exploração da borracha integra a economia da região norte do Brasil.

Fonte: escolafragelliangelica.com