28.6.08

Folha da Memória

Ano 1, n.10. junho de 2008


Apartheid
Apesar do apartheid, enquanto política oficial de Estado, ter sido extinto na África do sul na década de 1990, ainda presenciamos nos noticiários e na vida do dia-a-dia um apartheid social, para não entrar no mérito “racial”.
O apartheid de Estado foi posto em prática, em forma de lei, entre os anos 1948 e 1993 na África do Sul. Ele é traduzido como “vidas separadas” ou, simplesmente, como “separação” em africâner (língua dos sul-africanos).
Para ser mais exato foi em 29 de junho de 1948 que o Partido Nacional Sul-Africano venceu as eleições presidenciais com o slogan: apartheid. Em um país com apenas 30% de “brancos”, os ditos negros foram mantidos décadas a margem da sociedade de direito. A legitimidade racial do homem branco europeu prodominou nos anos em que o apartheid foi uma política legítima de Estado. A partir de 1948 os negros foram legalmente excluídos dos territórios destinados aos brancos: as terras mais férteis e as zonas urbanas mais ricas econômica e culturalmente eram “de direito” dos brancos.
Bairros nobres, praias, bibliotecas, cinemas, restaurantes, teatros, eram destinados aos brancos. O negro só poderia frequentar os lugares dos brancos portando um passe especial, ou caso estivesse trabalhando para um branco. O casamento entre negros e brancos era proibido. Um negro deveria sempre dar lugar ao branco, sair de sua frente caso estivesse na mesma calçada, ou ocupasse um lugar em um ônibus destinado aos brancos. Aliás os ônibus dos negros viviam lotados, enquanto os dos brancos sobravam lugares. Já na escola o aluno negro consumia apenas um décimo dos recursos consumidos por uma criança branca.Universidade para o negro nem pensar!
O que sustentava esta política de segregação? A história e a ideologia. A história da África do Sul nos dá a ver todo um processo de colonização, que começou com os holandeses, ao ocupar o Cado da Boa Esperança no século XVII, e continuou com os ingleses, que no começo do século XX se apropriaram daquela região.
O domínio histórico se deu pelas políticas (e pelas armas) dos imperialistas, mas também por uma mentalidade controladora. Ou seja, o domínio político e econômico das nações imperialistas foi acompanhado por uma ideologia racial - pela idéia de superioridade dos brancos européus sobre os demais povos do globo: os africanos, asiáticos e americanos. (Aliás, apesar da abolição da escravidão africana ter acontecido durante o século XIX, a ideía de superioridade racial ainda sobrevive.) Quantos negros presidentes, astronáutas, cientístas, professores universitários, médicos, advogados, conhecemos?
Até a eleição de Nelson Mandela, em 1994, a diferença entre brancos e negros foi marcada nos espaços da África do Sul. Mas, infelizmente, a segregação ainda é uma prática, não só a dita racial, mas também social, entre ricos e pobres.
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Não deixe de ler o texto: “Educação a distância, a tecnologia do século” do acadêmico Edvânio Arceno.

Thiago Sayão




















O Apartheid
Em 29 de junho de 1948, o Partido Nacional Sul-Africano ganha as eleições, usando como slogan a palavra apartheid (separação, em africâner). O sistema tradicional de segregação racial trouxe educação segregada, proibição de casamentos interraciais e deportações arbitrárias de negros considerados indesejáveis.


Uma das grandes vergonhas do século XX











Até mesmo os banheiros eram diferentes para negros e brancos


Em 1487, quando o navegador português Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, os europeus chegaram à região da África do Sul. Nos anos seguintes, a região foi povoada por holandeses, franceses, ingleses e alemães. Os descendentes dessa minoria branca começaram a criar leis, no começo do século XX, que garantiam o seu poder sobre a população negra.
A África do Sul foi uma região dominada por colonizadores de origem inglesa e holandesa que, após a Guerra dos Boeres (1902) passaram a definir a política de segregação racial como uma das fórmulas para manterem o domínio sobre a população nativa. Esse regime de segregação racial - conhecido como apartheid - começou a ficar definido com a decretação do Ato de Terras Nativas e as Leis do Passe.
“O Ato de Terras Nativas” forçou o negro a viver em reservas especiais, criando uma gritante desigualdade na divisão de terras do país, já que esse grupo formado por 23 milhões de pessoas ocuparia 13% do território, enquanto os outros 87% das terras seriam ocupados pelos 4,5 milhões de brancos. A lei proibia que negros comprassem terras fora da área delimitada, impossibilitando-a de ascender economicamente ao mesmo tempo que garantia mão-de-obra barata para os latifundiários brancos.
Nas cidades eram permitidos negros que executassem trabalhos essenciais, mas que viviam em áreas isoladas (guetos). As “Leis do Passe” obrigava os negros a apresentarem o passaporte para poderem se locomover dentro do território, para obter emprego. Essa política de segregação racial ganhou força e foi oficializada em 29 de junho de 1948, quando o Partido Nacional, dos brancos, assumiu o poder. A segregação consolidou-se com a catalogação racial de toda criança recém nascida, com a Lei de Repressão ao Comunismo e com a formação dos Bantustões em 1951, que eram uma forma de dividir os negros em comunidades independentes, ao mesmo tempo em que estimulava-se a divisão tribal, enfraquecia-se a possibilidade de guerras contra o domínio da elite branca.
O apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços públicos. Os casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes eram ilegais. Os negros geralmente trabalhavam nas minas, comandados por capatazes brancos e viviam em guetos miseráveis e superpovoados.
Para lutar contra essas injustiças, os negros acionaram o Congresso Nacional Africano (CNA), uma organização negra clandestina, que tinha como líder Nelson Mandela. Após o massacre de Sharpeville, o CNA optou pela luta armada contra o governo branco, o que fez com que Nelson Mandela fosse preso em 1962 e condenado à prisão perpétua. A partir daí, o apartheid tornou-se ainda mais forte e violento.
A partir de 1975, com o fim do império português na África, lentamente começaram os avanços para acabar com o apartheid. A comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) faziam pressão pelo fim da segregação racial. Em 1991, o então presidente Frederick de Klerk não teve outra saída: condenou oficialmente o apartheid e libertou líderes políticos, entre eles Nelson Mandela.
A partir daí, outras conquistas foram obtidas: o Congresso Nacional Africano foi legalizado, De Klerk e Mandela receberam o Prêmio Nobel da Paz (1993), uma nova Constituição não-racial passou a vigorar, os negros adquiriram direito ao voto e em 1994 foram realizadas as primeiras eleições multirraciais na África do Sul e Nelson Mandela se tornou presidente da África do Sul, com o desafio de transformar o país numa nação mais humana e com melhores condições de vida para a maioria da população.
A África do Sul é um país de grande importância estratégica para o mundo ocidental. Ao longo de sua costa viajam quase todos os navios que transportam petróleo para o Ocidente. É rica em ouro, diamantes, carvão, ferro, minérios, cromo e urânio, vital para a indústria militar. Tem uma população de aproximadamente 44 milhões de pessoas, sendo 85% negros.
Fontes: Ibge.gov.br Historianet.com.br
Disponível em http://www.unificado.com.br/calendario/06/apar.htm Acesso em 26 de junho de 2008.




Apartheid
Origem histórica da segregação racial na África do Sul
Renato Cancian*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação


Para uso de pessoas brancas, diz a placa da época do apartheid



O termo apartheid significa "separação" ou "identidade separada". Serviu para designar o regime político da África do Sul que, durante décadas, impôs a dominação da minoria branca (ou aristocracia branca) sobre grupos pertencentes a outras etnias, compostos em sua maioria por negros.O apartheid não deve ser interpretado como simples "racismo", pois ele foi um sistema constitucional de segregação racial que abrangeu as esferas social, econômica e política da nação sul-africana estabelecendo critérios para diferenciar os grupos.A origem histórica do apartheid é bem antiga e remonta ao período da colonização da África do Sul. Os primeiros colonizadores bôeres (também denominados de afrikaner) compunham-se de grupos sociais europeus que vieram da Holanda, França e Alemanha e se estabeleceram no país nos séculos 17 e 18.
Ideologia nacionalista
Esses colonizadores dizimaram as populações autóctones (grupos tribais indígenas) e tomaram suas terras. Os líderes afrikaners manipularam e converteram um preceito religioso cristão, que a princípio estabelecia a segregação como uma forma de defender e preservar as populações tribais da influência dos brancos, em uma ideologia nacionalista que pregava a desigualdade e separação racial.Os afrikaners se consideravam a verdadeira e autêntica nação (ou volk, que em alemão significa povo). A cor e as características raciais determinaram o domínio da população branca sobre os demais grupos sociais e a imposição de uma estrutura de classe baseada no trabalho escravo.
Política racial
Nas regiões dominadas por eles estabeleceu-se uma política racial que diferenciou os europeus (população branca) dos africanos (que incluía todos os nativos não-brancos, também conhecidos por bantus). Até mesmo aqueles grupos sociais compostos por imigrantes asiáticos, em particular indianos, sofreram com a política de discriminação racial. Seria engano supor que a expansão do domínio dos afrikaners sobre a população não-branca da África do Sul foi um processo livre de conflitos. Pelo contrário, houve muitas guerras com as populações tribais que ofereceram resistência aos brancos, entre elas as tribos xhosa, zulu e shoto.No início do século 20, a África do Sul atravessou um intenso processo de modernização que intensificou os conflitos entre brancos e não-brancos. Não obstante, a minoria branca soube explorar os conflitos intertribais que afloravam entre os diferentes grupos étnicos e isso de certo modo facilitou a avanço e domínio dos afrikaners.
Disponível em http://educacao.uol.com.br/sociologia/apartheid-origem.jhtm Acesso em 26 de junho


Artigos


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, A TECNOLOGIA DO SÉCULO

Por Edevânio Francisconi Arceno

Equivocadamente muitos relacionam a tecnologia com a informática, pois de que serviria um notebook a um morador do sertão da Paraíba, onde não tem nem energia elétrica. Uma bomba manual, para tirar água do poço, seria uma tecnologia ideal, bem melhor aproveitada e aceita pelo morador do sertão da Paraíba.
Mas não tenha dúvida, depois do invento da roda e da escrita, a informática é a maior referência tecnológica, principalmente com o advento da internet em 1969. Esta tecnologia transformou nossas vidas, direta ou indiretamente, facilitando o transporte, o trabalho, o lazer, propiciando mais moradias, saúde, segurança e principalmente na educação, onde gostaríamos de destacar os avanços tecnológicos.
Desde o tempo das Redes Bitnet e Hipnet, onde as Universidades do Rio de Janeiro e São Paulo interligavam-se com os Estados Unidos, apontavam para uma futura democratização da grande rede. A partir de 1993, praticamente todo o território brasileiro, já estava interligado, apesar do morador do sertão da Paraíba, ainda continuar sem a tecnologia da energia elétrica.
A tecnologia na Educação é muito abrangente, desde a climatização das salas de aula até catracas eletrônicas, que registram a entrada e saída dos alunos, mas sem dúvida o maior avanço tecnológico, foi a criação das Universidades de Ensino a Distância, que estreitaram virtualmente suas relações com os mais diversificados tipos de alunos.
Os desacreditados cursos por correspondência deram lugar as universidades virtuais, que receberam o aval do governo, até mesmo com a criação da TV escola, um canal de televisão do Ministério da Educação.
A pioneira mundial foi a universidade de Athabasca, Canadá, com milhares de alunos espalhados por 67 países. A maioria nunca pôs os pés no campus, em Athabasca. (ROCHEDO, 2005). Especialistas dizem que a partir de 2015, haverá uma explosão de universidades oferecendo cursos a distância. No Brasil, temos Katherine, ou simplesmente Kat, a caçula da Família Schurmann, mesmo navegando pelo mundo, estuda através dos módulos didáticos enviados pela instituição. Depois de fazer as provas, as redações e os trabalhos, envia via internet para a central da escola de Calvere –Baltimore, nos Estados Unidos, para correção.
Mas nem todos concordam com o ensino a distância, o Sr. Valdemar Setzer, professor titular do departamento de ciências da computação da USP, não vê com bons olhos, um relacionamento, virtual entre alunos e mestres, ele acredita que ninguém aprende fora de um ambiente estruturado como a sala de aula.
Gostaríamos de concluir, usando uma frase muito conhecida pelo povo brasileiro, que foi eternizada pelo presidente Lula –“Nunca na história deste país...”, houve tantos alunos universitários, esperamos que o ensino a distância, ganhe cada vez mais credibilidade. Instituições como a UNIASSELVI- Centro Universitário Leonardo da Vinci, vem cumprindo o seu papel, oportunizando às pessoas - que ficaram a margem das universidades devido ao alto custo, ou em virtude do ingresso prematuro no mercado de trabalho - uma chance de voltar a estudar. Nós, os universitários do ensino a distância, é que temos que provar, não apenas ao Sr. Valdemar Setzer, mas à nós mesmos, que o ensino ocorre de fato, independente da distância, e se chegou até nós também pode e deve chegar ao morador do sertão da Paraíba.

REFERÊNCIA
ROCHEDO, A. Se Você não vai a Escola... Revista Super Interessante, Rio de Janeiro, ed. 209, p.48-51, mar.2005.


Texto recebido dia 23 de junho de 2008.