13.9.10

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

Por Felipe Araújo
Após o golpe de estado de 1937, o presidente Getúlio Vargasfechou o Poder Legislativo e impôs uma nova Constituição. Assim surgia o Estado Novo e com esta nova Constituição de 1937 foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), órgão que regulamentava tudo que a imprensa poderia ou não publicar. Influenciado pelo nazismo de Hitler e Jospeh Goebbels, Getúlio Vargas fez a cartilha do DIP nos moldes da utilizada no regime nazista. Assim, além de controlar a imprensa, listou uma porção de assuntos proibidos como, por exemplo:

“Proibidas todas e quaisquer alusões ao regime brasileiro anterior a 10 de novembro de 1937, sem prejuízo de referencia à democracia, pois o regime atual é também uma democracia. Nada sobre a União Nacional dos Estudantes. Nenhuma noticia sobre a escassez de peixes no país. Nada sobre passeatas de estudantes paulistas. Não podem ser divulgadas noticias sobre o desfalque na Caixa Econômica de Niterói”.

Além das regras gerais, todo mês eram feitas novas regras de acordo com o que acontecia no país. A DIP alimentava 60% dos jornais naquela época e controlava os outros 40% com seus censores. Para cada periódico havia um censor. Além da DIP, havia as DEIPs (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda), os dois faziam a distribuição do material propagandista do governo, que destacavam as qualidade de Getúlio Vargas. Além disso, os funcionários da DIP e das DEIPs subornavam profissionais de imprensa e donos de jornais. Com essa máfia da informação, muita gente lucrou e os veículos de comunicação que se negavam a colaborar foram fechados.

A lista de assuntos proibidos elaborada pela DIP mensalmente era, no mínimo, estranha:

  • Não pode ser noticiada a morte de um operário no restaurante do SAPS quando almoçava.
  • Não divulgar nota sobre grave incidente entre civis e militares em Marechal Hermes (subúrbio do Rio).
  • Nenhuma notícia sobre escassez de peixe no país
  • Nada assinado por Oswald de Andrade

Mas não era só isso. Ainda existia uma lista de expressões e termos que não deveriam ser utilizados. Se alguma publicação mencionasse o nome “União Soviética”, o jornalista que escreveu poderia ser preso. “Amante” também era um vocábulo proibido. Outra medida foi a proibição das caricaturas políticas como as criadas pelo paulista Benedito Carneiro Bastos Barreto, conhecido como Belmonte. Ele fazia duras críticas à situação sofrida do cidadão de classe média de São Paulo com seu personagem Juca Pato. Acabou sendo proibido de tocar nestes assuntos e se voltou à temas de política internacional. Belmonte chegou até mesmo a irritar o ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels. Irritado com o possível fim do nazismo, Goebbels atacou o conteúdo do livro de charges de Belmonte em uma das últimas transmissões da Rádio Berlim. “Certamente o artista foi pago pelos aliados ingleses e norte-americanos”, disse Goebbels.

Restavam aos jornais duas opções, ou resistiam e corriam riscos, ou viravam órgãos panfletários pró Getulistas. Até mesmo o jornal O Estado de São Paulo teve sua direção destituída pelo DIP. Porém, em 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial, o DIP foi extinto e substituído pelo Departamento Nacional de Imprensa de Propaganda, órgão substituído posteriormente pelo Serviço Nacional de Informações (SNI).

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Departamento_de_Imprensa_e_Propaganda
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp831/pag10.htm
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp056609.pdf