29.1.11

A morte de José do Patrocínio

29 de janeiro de 1905 -


A morte de José do Patrocínio. Jornal do Brasil: Segunda-feira, 30 de janeiro de 1905.
"O jornalista que a morte acaba de roubar a uma vida, agora ingrata e difícil que na Imprensa brasileira ocupou a primeira fila entre os combatentes de mais vulto, de mais larga fama, tem na História Pátria lugar reservado para o seu nome que a vitória da causa abolicionista aureolou da mais justa glória". Jornal do Brasil

José do Patrocínio, 51 anos, morreu no Rio de Janeiro, vítima de tuberculose. Logo que a triste notícia percorreu pela Cidade, muitos amigos foram à sua casa, prestar-lhe uma última homenagem.

José Carlos do Patrocínio nasceu em 1853 na cidade de Campos, no interior fluminense, filho de uma escrava e um cônego. Embora criado livre numa fazenda, conviveu com as atrocidades impostas aos escravos da região. Na adolescência, transferiu-se para a capital, para dedicar-se aos estudos do curso de Farmácia. Mas, fortalecido pelas memórias de sua infância, logo seus ideais abolicionistas e republicanos projetariam a promissora trajetória no jornalismo. O passo inicial foi a publicação de um poema no jornal A República em 1871.

Tribuno ardoroso e inflamado, tinha talento, como poucos, para impressionar as multidões. Com célebre passagem pela redação renomados jornais dedicado sempre a artigos voltados às questões abolicionistas, fazia o povo vibrar ao calor de seus discursos na luta contra a escravidão. E sua causa não foi em vão. No dia 13 de maio de 1888, triunfava a Abolição da Escravatura.

A glória daquele dia precedia tempos difíceis. Por ironia do destino, em pouco tempo, quando o Brasil voltava suas atenções para a campanha republicana, Patrocínio passou a ser identificado pela opinião pública como defensor da monarquia em crise. Após a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, foi deportado para o Amazonas, acusado de participar de um golpe contra o Governo Marechal Floriano.

Com uma vida marcada por altos e baixo, nos últimos anos, Patrocínio dedicou-se ao moderno invento da aviação. Iniciou a construção de um dirigível de quarenta e cinco metros, o "Santa Cruz", com o sonho de voar. Projeto jamais concluído.
Fonte: