JAPÃO
Japão budista
Em 538 ou 552 os historiadores se dividem nesse ponto–o Estado coreano de Paekche, ameaçado por seu vizinho, o Shiragi, e desejoso de obter
o apoio do imperador japonês, enviou-lhe uma imagem do Buda, juntamente com o texto das sagradas escrituras. Os japoneses já conheciam o budismo através dos imigrantes coreanos convertidos. Pela primeira vez, porém, tratava-se de transformá-lo em religião oficial do Estado.
Os dás que se opunham à corte de Yamato fizeram da questão religiosa o tema central de uma acesa rivalidade pela conquista do poder político. Ostensivamente, discutia-se a possível superioridade do Buda sobre as divindades autóctones, os Kami; na realidade, o chefe da importante família dos Soga adotou a nova religião como ponto de apoio para destruir o partido adversário, representado pelos poderosos dás militaristas dos Mononobe e dos Nakatomi. A ascendência dos Soga sobre seus rivais consolidou-se em 592, quando Soga Umako, depois de mandar assassinar o imperador Sujun, colocou no trono sua sobrinha, irmã mais moça do imperador, que reinou como imperatriz Suikõ, de 593 a 628.
O poder efetivo passou, porém, ao príncipe imperial Umayado, que, por influência dos Soga, foi designado herdeiro presuntivo pela imperatriz, mal assumiu a direção do Estado. A obra de Umavado, mais conhecido como príncipe Shõtoku Taishi (574-621), preparou o Japão para a adoção do modelo governamental chinês. Convencido da superioridade do budismo, implantou-o como religião oficial, abstendo-se, porém, de suprimir ou condenar o xintoísmo.
É sintomático de sua tolerância e darividência o lato de o confucionismo ter penetrado no Japão juntamente com o budismo, o primeiro representando um conjunto de princípios morais para a vida presente, e o segundo, o caminho superior para a outra vida. A conjugação das duas doutrinas constituía, para os japoneses da época, a própria essência a civilização chinesa.
Shõtoku Taishi retirou dessa concepção suas conseqüências políticas, através de um édito – os 17artigos’ – publicado em 604, estabelecendo, sob a forma de injunçôes morais paternalistas, princípios idênticos aos que haviam feito a força da autocracia chinesa. O Estado centralizado, hierárquico, era dirigido por um monarca absoluto, secundado por funcionários escolhidos segundo o mérito e não pelo nascimento. Sua obra foi completada, à maneira chinesa, por minucioso protocolo de audiências imperiais e de insígnias hierárquicas.
Os sete templos fundados por Shõtoku Taishi e 9 instituto de estudos budistas, por ele estabelecido na região da atual cidade de Osaka, se transformaram em centros ativos de irradiação doutrinária. Em 624, o Japão possuía 46 mosteiros, com 816 monges 569 freiras. Missionários em número sempre crescente afluíam da China e da Coréia desde a segunda metade do sec. VI, fugindo a perseguições antibudistas. Eram acompanhados de artistas, de homens de letras e de ciência, que propagaram a cultura chinesa, que também florescia na corte dos Suí.
Em 607, a primeira embaixada oficial japonesa partiu para a China, de lá regressando um ano mais tarde acompanhada por um enviado do imperador Suí. Sete anos se passaram sem que nova missão visitasse solo chinês, mas, nesse interim, os contatos foram mantidos por grupos de religiosos e cientistas que, de regresso, estimulavam a cultura e preservavam a influência chinesa.
Shõtoku Taishi passou á história como um governante esclarecido, que procurou promover a unidade e o bem-estar de seu povo através do aperfeiçoamento das instituições governamentais e da difusão de básicos princípios de moral. Com sua morte o sistema de clãs, já então inadequado às necessidades do Japão, recobrou novo alento.
A “grande reforma”
A sucessão da imperatriz Suikõ deu ensejo a que os Soga, sempre mais arrogantes, continuassem a impor candidatos imperiais de sua escolha, a fazer assassinar os príncipes rivais e a usurpar os privilégios do trono. Seus velhos inimigos, os Nakatomi, convertidos ao budismo, Juntaram-se á família imperial e abriram luta de morte contra os Soga, terminando por destrui-los.
Com a queda desse importante dá, recrudesceu a influência da China, onde a dinastia Suí Cora derrubada por um golpe de Estado e substituída, em 618, pelos T’ang. O imperador Kõtoku (645-654) e seu ministro, o poderoso Nakatomi no Kamatari (? -669), tentaram estabelecer no Japão um regime idêntico ao vigente na China. No prosseguimento á obra de Shõtoku Taishi, tinham como objetivo a abolição definitiva do regime de clãs e o estabelecimento de um governo autocrático, com base em um funcionarismo escolhido pelo critério do mérito.
Tal foi o propósito do édito de 646, que tomou o nome de Taika (grande reforma). A reforma começou com a enunciação de princípios gerais e com a proclamação, diante da nobreza reunida, da nova doutrina relativa ao absolutismo do poder monárquico.
No ano seguinte (647), quatro artigos estabeleceram as linhas mestras da nova ordem. A propriedade privada em forma de terra ou de servos foi abolida. A região em tomo da capital passou a constituir um distrito administrativo com governadores nomeados pelo trono. Um recenseamento foi ordenado, a fim de permitir uma distribuição eqüitativa das terras entre os agricultores, e as antigas taxas e impostos foram canceladas para dar lugar ao novo sistema.
Inovações sucessivas estenderam-se até o ano de 702, quando foi promulgado o código Taihõ (grande tesouro), base da legislação japonesa decalcada sobre modelo chinês, que deveria durar até o início do regime feudal, quinhentos anos mais tarde lativos era o principio da vinculação direta do povo e das terras ao imperador, órgão supremo do governo, com exclusão de todo poder intermediário.
Essas reformas representavam uma tarefa gigantesca e, até certo ponto, impraticável. As instituições chinesas, amadurecidas no correr de séculos de experiência, em condições totalmente diferentes, não podiam ser transplantadas intactas para solo japonês. Um principio essencial do mandarinato chinês, o sistema de exames abertos a todas as camadas sociais, permitindo a escolha de funcionários na base exclusiva do mérito, nunca fez parte das instituições japonesas.
Várias das disposições relativas à organização do poder central não foram jamais postas em vigor e, nas províncias, os cargos públicos foram outorgados à aristocracia local. O efeito final das grandes refere mas foi o de consolidar os poderes da velha e nobreza. A rivalidade entre os clãs pela conquista do poder, continuou como no passado. Os Soga foram apenas substituídos pelos Nakatomi.
Em muitos aspectos, porém, o resultado das iniciativas reformistas foi uma combinação dos métodos chineses e das tradições japonesas de antes da Taika. O poder imperial consolidou-se, apesar das grandes, famílias continuarem a exercer completo , controle sobre suas propriedades territoriais. O sistema híbrido teve o mérito incontestável de facilitar o processo de transição.
A formação do Estado imperial
Pela primeira vez, a partir do séc. VIII, a corte, até então errante, fixou-se em uma capital permanente. Em 710, a imperatriz Gemmyõ (reinou de 707 a 715) decretou a fundação da capital na cidade de Heijõ-Kyô ou Nara, na planície de Yamato.
Urbanisticamente, Nara era uma cópia de chang-an, sede das dinastias chinesas dos Sui e dos T`ang. As principais avenidas, de traçado simétrico retangular, em forma de xadrez, eram ocupadas por grandes mosteiros e templos budistas, por residências e palácios da aristocracia e altos membros do governo.
A civilização de Nara desenvolveu-se sobre o signo do budismo. O fervor religioso dominou a corte a ponto de levar o imperador Shõmu (701-756); reinou de 724 a 749) a abdicar para juntar-se a urna ordem de monges, inaugurando a tradição dos ‘imperadores retirados’. Sua filha Shõtoku, durante um reinado dividido em dois períodos (749 a 758 e 765 a 770) por uma curta abdicação, foi dominada pelo monge Dõkyõ, que pretendeu substitui-la no trono, fato único na história do Japão, onde o principio da transmissão do poder na linha de Amaterasu não fora jamais contestado. O incidente levou o conselho de ministros a excluir as mulheres do processo sucessório até o séc. XVIII.
Além dos documentos clássicos sobre o Japão – o Kojivi e o Nihongi - foi compilada em Nara a primeira antologia de poesia, o Manyõshu (759). Economicamente, o crescimento da população e a descoberta de ouro e cobre contribuíram para a prosperidade do regime. Em 784 a capital chamada Nagaoka, e dez anos depois para a cidade de Heian-kyõ (‘a capital da paz e da tranqüilidade’), mais tarde denominada Kyôto (‘a capital’).
Durante o séc. VIII, a influência clerical se fez sentir de forma crescente.
O budismo, bem organizado estruturalmente, com forte apoio econômico e dominando o espirito dos nobres e do imperador, desempenhava um papel político preponderante no Estado. Os mosteiros, que eram construídos por toda parte, desde a capital até as mais remotas províncias, tiveram, n interior, uma influência civilizadora. Os conventos, hospitais e orfanatos, anexos a templos, contribuíam para atenuar a miséria do povo, enquanto que o clero estimulava economia participando da exploração da primeiras minerações.
Na capital, porém, as organizações religiosas tendiam a abusar de Seus privilégios. As terras que possuíam como donativos imperiais eram isentas de impostos e entre o fim do séc. VII e o principio do séc. VIII, a produção mineral foi em grande parte absorvida na fundição de estátuas objetos de culto. O Grande Buda de Nara o Daibutsu, erigido pelo imperador Shõmu consumiu toda a produção de cobre e ouro do pais e levou 15 anos para ser construído.
Além das exigências do clero budista outros fatore, como o luxo da corte, construção dos templos e edifícios de Nara a moda dos grandes monumentos funerários e o serviço militar, que se tentou tomai obrigatório, contribuíram para a exaustão dos recursos econômicos e financeiros do país.
Um dos poucos soberanos que procurou pôr termo aos excessos administrativos, inspirados em grande parte pelo clero foi o imperador Kammu (reinou de 781 a 806). Ainda que budista devoto, limitou através de legislação, a capacidade do clero de acumular propriedades, proibindo aos templos aceitarem doações de terras.
O imperador buscou também remediar os efeitos das derrotas militares infligi. das pelos Ainu as forças armadas nacionais. O sistema de conscrição foi abandonado, e os batalhões recrutados entre os principados locais com interesse direto na vitória. Essas novas formações armadas contribuíram para o embrião das operações mas, por outro lado, constituíram o embrião de uma força militar obediente aos senhores locais e fora do controle estrito do governo central.
O período Heian
A despeito da pobreza do povo, o Japão atingiu no começo do séc. IX o apogeu de uma civilização requintada. Uma das circunstâncias que permitiram a elevação do nível cultural do pais foi a cessação das irrelações diplomáticas com a China, decidida em 894.0 período de anarquia que marcou o fim da dinastia T’ang deu ao império nipônico o ensejo de contestar o dogma da superioridade intelectual chinesa. Esse momento introspectivo abriu oportunidade ao Japão de desenvolver a cultura nacional e de libertar-se de uma imitação demasiado servil.
O surgimento do feudalismo.
Enquanto a corte se esgotava em intrigas palacianas, sob a influencia dos Fujiwara e do esplendor cultural de Kyõto, uma aristocracia local surgia nas províncias e consolidava lentamente seu poder.
O código Talhõ baseava-se no principio de que toda terra pertence ao imperador e que os campos aráveis são divididos periodicamente entre os agricultores, ao passo que os funcionários e a nobreza auferiam rendas de propriedades que lhes eram arrendadas durante o exercício de seus cargos. Na prática, porém, as terras férteis eram raramente redistribuídas, e as propriedades e entregues em usufruto ao funcionalismo tendiam a permanecer nas mãos dos beneficiados.
Unificação japonesa.
A primeira tentativa de unificação partiu de Oda Nobunaga (1534-1582), um daimyõ; natural de Owari, que, em 1560, dominou as províncias vizinhas, utilizando como equipamento de sua infantaria o mosquete recém-introduzido no país corno arma de guerra.
Em 1568, ocupou Kyõto e investiu Ashikaga Yoshiaki (1537-1597) nas funções nominais de xogum, em meio a demonstrações ostensivas de lealdade ao imperador. Mas, cinco anos passados, depôs e exilou Yoshiaki, quando este procurou formar contra ele uma aliança integrada por militares hostis.
O poder absoluto de Oda Nobunaga, que se fazia adorar como um deus, sofreu Forte contestação por parte da seita budista lkkõ-shu ou jõdoshü (‘seita da terra sagrada’) e dos exércitos monásticos do monte Hiei, nas vizinhanças de Kyõto. Depois de longas campanhas, no curso das quais destruiu os mosteiros revoltados, exterminando seus ocupantes, concluiu, em 1580, uma trégua com os insurretos.
É provável que o antagonismo em relação aos budistas tenha sido responsável pelo tratamento cordial dispensado por Nobunaga aos missionários jesuítas. Concedeu-lhes permissão para viajar e pregar livremente em todo o pais, recebeu-os cordialmente em seu grande castelo de Azuchi e chegou mesmo a doar-lhes terras para a construção de um seminário cristão. O governo de Nobunaga não durou muito. Com a idade de 49 anos foi assassinado ou levado ao suicídio, como resultado do ataque traiçoeiro de um de seus súditos. No momento de sua morte, em 1582, não dominava ainda o norte, nem a região oeste do pais, mas controlava com firmeza uma área compacta em torno de Kyõto, compreendendo mais da metade das províncias japonesas.
A liderança política passou, então, a Toyotomi Hideyoshi (1536-1398), homem de origem humilde, que se tornara um dos mais hábeis generais de Nobunaga. Inicialmente, destruiu a facção responsável pela morte de seu antecessor, em 1582, e entrou em acordo com outros chefes militares influentes. Em 1584, impôs definitivamente sua autoridade às forças armadas. Dedicou-se, em seguida, a completar a obra de unificação do país, concluída com a tomada, em 1590, do forte de Odawara, a sudoeste da cidade atual de Tóquio.
Uma vez pacificado o Japão, Hideiryoshi decidiu-se a conquistar a China. Sua ambição desmedida, aguçada pelo rápido sucesso interno, levou-o a dirigir mensagens ameaçadoras aos governantes de Manila, Goa, Formosa e Ryükyü. Quando o rei da Coréia se negou a permitir a passagem das e tropas destinada à invasão da China, uma força expedicionária japonesa desembarcou em vários pontos da península.
O exército invasor, de duzentos mil homens, cruzou o estreito de Tsushima a 24 de maio de 1592 e, depois de ocupar Pusan, chegou a Seul em 12 de junho.
Economia e Cultura
As condições políticas que asseguravam a primazia da família Tokugawa e a dominação militar tiveram profundas repercussões sobre a vida econômica do país. A residência forçada em Edo obrigava os proprietários de terras a venderem parte de suas colheitas, como meio de financiamento do transporte e permanência fora de seus domínios, o que os colocava à mercê dos mercadores de Osaka. Os guerreiros, por sua vez, pata suprir as necessidades da vida urbana, dependiam também dos negociantes. Esses últimos, porém, não encontrando na lei segurança para suas fortunas, empenhavam-se em mantê-las através de suborno e corrupção.
A produção agrícola japonesa aumentou gradativamente durante a época Tokugawa, devido a trabalhos de saneamento e a melhores métodos de fertilização e cultivo. A maior parte dos lucros auferidos, contudo, referia em favor dos proprietários. enquanto que os trabalhadores rurais viviam em extrema penúria.
A importância da manufatura, exercida por artesãos nas cidades e pelo homem do campo, como fonte subsidiária de recursos, era ainda bastante limitada. Os artesãos reuniam-se em corporações chamadas nakama (companheiros). rigidamente controlados pelo bakufu, ao qual os associados pagavam certa quantia como prestação feudal. Mas. Já no fim do período começou a surgir um modo de produção semelhante, sob certos aspectos. ao capitalismo moderno.
Ao lado da produção do artesanato tradicional instituiu-se um sistema em cujo centro se situava a figura do capitalista comerciante, comprando a produção dos pequenos fabricantes a quem financiava. supria de matérias-primas e equipamentos para revender o produto no mercado por conta própria. Mais tarde surgiu novo sistema, mais avançado. A fabricação de uma mercadoria eira repartida entre vários artesãos sob a direção de um só capitalista e em um só local. Com o desenvolvimento do comércio, o negociantes se organizaram também em corporações, financiados por instituições de crédito características de uma economia monetária.
Formação da sociedade moderna
A queda do sistema militarista de governo, conhecido como a abertura do pais forçada pelos E.U.A. e Outros países, que solapou a autoridade da administração Tokugawa, e à lenta mas irresistível pressão das transformações econômicas internas, fortalecendo a classe dos negociantes capitalistas e destruindo os fundamentos do bakufu.
Nos dez anos que se seguiram à assinatura do primeiro tratado de comércio entre o Japão e os E.U.A., em 1858, o centro de gravidade político transferiu-se de Edo para Kyõto, onde o imperador, afastado por motivos institucionais do comando efetivo da nação. escapou do descrédito que atingiu em cheio o xogunado.
O triunfo da causa imperial deve-se, essencialmente te, à habilidade política e à clarividência de um grupo de jovens conselheiros, descendentes dos clãs, ocidentais de Satsuma, Chôshü, Tosa e Echizen, atuando em estreita cooperação com alguns nobres de Kyõto e negociantes de Osaka.
O xogum, por sua vez, era também dominado por assessores categorizados, que exerciam o poder em seu nome. Entre esses predominava Ii Naosuke (1815-1860), senhor de Hikone, que, em 1858, contrariando a orientação do trono, autorizou, em nome do xogum, a assinatura do’ acordos com os E.U.A., Rússia. Reino Unido e França.
Ii Naosuke, que em pouco tempo se tornou o homem mais – odiado do pais, terminou assassinado por um fanático nacionalista, agente de uma oposição generalizada e vociferante, reunida sob as palavras de ordem ‘Reverencia o imperador! Expulsai os bárbaros!’.
Os anos que se seguiram foram anos de violência. O regime Tokugawa, ansioso pelo apoio de seus feudatários, e a fim de que estes se pudessem, preparar militarmente, relaxou a regra instituída no séc. XVII, obrigando o daimyõ à residência alternada em Edo, e aboliu o sistema de reféns familiares, aumentando, assim, as oportunidades de conspiração. O que, no entanto, selou definitivamente a sorte do bakufu foi a incapacidade de dominar a oposição armada do clã Chõshü, na extremidade ocidental da ilha de Honshiü.
As forças do clã. treinadas e armada, segundo o modelo ocidental, não se restringiam às castas guerreiras tradicionais, mas abriam suas fileiras a voluntários do campo e das cidades. Antes de hostilizar o xogunado, as autoridades Chõshü haviam desafiado as potências marítimas estrangeiras. Em 1862, um édito imperial dirigido ao xogum instruía-o no sentido de expulsar os estrangeiros no verão do ano seguinte.
Na data fixada pelo trono, as baterias de terra no estreito de Shimonoseki, controladas pelos Chôshü, abriram fogo contra embarcações norte-americanas, francesas e holandesas, obstruindo a navegação, a despeito da imediata reação por parte dos navios de guerra estrangeiros.
A era Meiiji
Em 1866. Tokugawa Keiki (1837-1902), que tomou o nome de Yoshinobu, assumiu a chefia do xogunado e pouco mais tarde, em 1867, subiu ao trono japonês o jovem imperador Mutsuhito (Meiiji), que reinou por 45 anos, período que foi chamada de ‘restauração’, embora tenha tido um claro sentido modernizador
Adotado em 1868 por Mutisushito, imperador japonês, nasceu em Kyõto a 3 de novembro de 1852 e morreu em Tóquio a 30 de julho de 1912. l2Z~ em linhagem direta da família real’ nipônica, era filho do imperador Kômei, a quem sucedeu no trono. Coroado em Osaka (1868), no ano seguinte transferiu a capital para Tóquio. Encontrou o pais em grande agitação e prometeu reformas, a maioria das quais executou. Durante seu reinado foi abolido o sistema feudal (1868-1869), com a rendição dos feudos de quatro grandes clãs; introduziram-se idéias, artes, leis, costumes, escolas, sistemas comerciais etc. do Ocidente; foi adotado o calendário gregoriano (1873).
O movimento constitucional
O absolutismo constituirá até então a forma ordinária de governo no Japão. O regime que se estabeleceu depois da restauração dos poderes imperiais não fazia exceção à regra. O imperador porém prometera. na declaração do trono de abril de 1868, uma completa revisão dos velhos métodos e a instituição de um governo cujas decisões obedecessem a um consenso majoritário. O movimento constitucional nasceu dessa declaração de intenções e teve como causa imediata a mesma questão política que afastara Saigô Taltamori do governo antes de chefiar a revolução dos Satsuma em 1877.
Alguns lideres da facção Tosa, tendo à frente ltagaki Taisulte (1537-1919), deixaram também o governo, aliaram-se a elementos influentes do clã Saga e, em vez de recorrer à violência, passaram a exigir a formação de uma assembléia popular que preservasse a unidade da nação e representasse a vontade do povo. Esse grupo assumiu no ano seguinte o caráter de um verdadeiro partido político, sob a denominação de Jiyutõ (liberal) e chefiado por Itagaki.
O governo, enfraquecido pela defecção de algumas de suas mais importantes figuras, viu-se forçado a prometerem 1881, através de uma declaração imperial. a promulgação de uma carta constitucional para dentro de nove anos. Essa atitude conciliatória, completada por uma enérgica repressão policial, aniquilou as organizações políticas de oposição. O Partido jiyütõ dissolvesse em 1884 e o Kaishintô passou a existir apenas formalmente.
O Japão imperial
A revolução industrial japonesa iniciou-se na última década do séc. XIX. As primeiras indústrias de moldes foram, em sua quase totalidade, fundadas, promovidas, adquiridas e, durante algum tempo, administradas pelo Estado. Os tratados subscritos com as principais potências estrangeiras no momento da abertura dos portos (1854) impunham ao Japão uma escala reduzida de tarifas, que não permitia às novas indústrias crescerem ao abrigo de barreiras protecionistas.
Consciente dos riscos que um forte endividamento externo poderia acarretar ao seu programa expansionista. o governo passou a angariar fundos para o financiamento de seus projetos de desenvolvimento através de rigoroso sistema fiscal, baseado em recém-criados impostos territoriais. Os progressos foram inicialmente lentos. Até o fim da década de 1810, nove décimos do comércio exterior japonês estavam em mios estrangeiras. Os navios de maior tonelagem, mercantes ou de guerra, eram construídos em estaleiros europeus e o grosso do equipamento industrial importado, até 1914.
Em comparação com os países da área porém, o Japão realizou avanços substanciais Entre 1868 e 1897 as importações de matéria prima para as fábricas japonesas cresceram cinco vezes, enquanto que as exportações de produto.. acabados, no mesmo período, aumentavam vinte vezes.
Alguns anos depois da restauração, o governo transferiu a empresas privadas, mediante quantia insignificante, a propriedade dos grandes complexos industriais que formara e promovera originando os poderosos grupos financeiro (zaibatsu) responsáveis pela expansão do comércio e da indústria do Japão durante a segunda metade da era Meiiji.
Apesar dos avanços realizados, os estrangeiros continuavam a gozar de direitos de extra territorialidade, o que colocava o Japão, unia mente com a China, em situação de inferioridade perante os países ocidentais,
Desde 1871 o Japão procurava persuadir as potências signatárias dos tratados, para ele tão humilhantes, a concordarem com uma revisa das cláusulas que lhe negavam autonomia tarifária e concediam ao estrangeiro direitos extraterritoriais. As potências beneficiadas não se mostravam, porém dispostas a submeter seus nacionais à jurisdição de tribunais japoneses enquanto estrutura do sistema legal do pais não fosse modernizada.
O governo japonês empenhou-se, então numa revisão completa de seus códigos civil penal. Um acordo parecia iminente quando, em 1889, as propostas japonesas publicadas na imprensa inglesa provocaram uma violenta reação nacionalista, levando à interrupção das negociações em curso.
A primeira guerra mundial
Ao fim do período Meiiji, o Japão atingiu a completa paridade com os países ocidentais e tornou-se, na Ásia, a mais forte potência militar imperialista. A primeira guelra mundial, absorvendo os recursos dos países europeus, deu-lhe ampla oportunidade de prosseguir, na Ásia, seu programa expansionista.
Depois de declarar guerra à Alemanha logo ao iniciar-se o conflito, em 1914, as forças japonesas apoderaram-se das possessões germânicas na península de Shantung.
A nova posição estratégica permitia ao governo de Tóquio exercer forte pressão sobre a China. quando esta solicitou a devolução dos territórios ocupados, foi confrontada, em janeiro de 1915, com as chamadas ’21 exigências’.
O objetivo da ofensiva diplomática japonesa era, em ultima análise, reduzir a China à condição de país vassalo. As ’21 exigências’, divididas em cinco grupos e apresentadas ao presidente Yüan Shik-k’ai (1859-l9l6), não só se referiam ás antigas possessões alemãs em Shantung e aos direitos japoneses no sul da Mandchúria, como impunham também o emprego. pela China, de conselheiros políticos, econômicos e militares Japoneses, a participação da policia nipônica na administração das mais importantes cidades e a compra no Japão de mais de metade do armamento chinês.
Relações internacionais.
As dificuldades com a URSS, a revolução chinesa e a guerra da Coréia modificaram substancialmente a posição norte-americana ante o Japão. Em 1947, os E.U.A pretenderam realizar uma conferencia de paz que ocupasse fim à ocupação e resolvesse em definitivo a situação japonesa Divergências entre os países diretamente interessados – E.U.A., Reino Unido China e URSS – mostraram que o assunto não estava ainda suficientemente amadurecido para permitir uma solução internacionalmente acordada.
A perspectiva de uma ocupação prolongada levou o governo norte-americano a substituir a atitude de contenção por uma política de recuperação econômica e pela concessão de um crescente grau de autonomia às instituições japonesas. A nova política de ocupação foi facilitada pela circunstância de os vários gabinetes japoneses da época terem feição nitidamente contratadora c pela rara oportunidade de expansão econômica c comercial que a guerra da Coréia ofereceu ao pais.
China
História
O mais provável é que derive de Ch’ín, nome da dinastia que unificou o país. Logo depois da dinastiachou (1122-256 a.C.), o feudo de Tsin, hoje província de Shensi, tornou-se o mais civilizado do país, advindo, talvez dele o nome China. Frei Gaspar da Cruz morto em 1570, informa que China era nome dado pelos indianos e habitantes do sul a região hoje assim denominada, mas o nome da terra eraTame, com o e mal pronunciado, e Tamgin, seus habitantes, China, segundo o padre, talvez venha dos navegantes antigos que, viajando aquela região, negociavam e descansavam em um reino chamadoCauchim China. Abandonando o nome Cauchim, os navegantes passaram a chamar toda a região deChina. Os árabes, que começam a negociar com a China no séc. VII, chamam-na Cin, por ouvirem esse nome dos chineses ou por lhes ter chegado através dos persas. A palavra teria vindo do árabe, através dos dialetos veneziano e genovês, Cina, ou foi ouvida pelos portugueses que chegaram a China em 1519.
Pré-história
De todas as grandes civilizações mundiais, a chinesa, em sua origem, é a menos bem documentada. Nada há respeito que se compare ao material disponível sobre o mundo greco-romano ou mesmo sobre as fontes da civilização egípcia ou particulares, um enraizamento na poesia modernista hispano-americanas. Em Veinte poemas de amor, y uma canción desesperada (1924), os motivos amorosos estão integrados a sentimento da morte e da existência angustiosa. Mas as obras mais importantes de Neruda são os dois volumes de Residência en La tierra (1933-1935) e Canto general (1950).
Nesse livro, posterior à sua experiência na Espanha, aparece claramente o compromisso político, com a atenção para a América Latina.
A angustia metafísica centrada no indivíduo, que caracterizam as primeiras obras de Neruda, converge pata a vinculação ao coletivo e ao épico. O compromisso com a realidade não faz desaparecer a temática a morte e a indagação metafísica, integradas dentro de uma compreensão dialética da arte.
Toda a tradição de poesia retórica, muitas vezes declamatória e torrencial, sofre na antipoesia de Nicanor Parra (19l4 ) uma ruptura. Segundo Emir Rodriguez Monegal, Parra escreve uma poesia deliberadamente coloquial, uma poesia que usa a entonação das frases de todos os dias. Poemas y antipoemas (1954) provocou escândalos e polêmicas quando surgiu, já que opera uma verdadeira ‘desdignificação’ da poesia, graças ao uso de elementos da psicanálise e à revelação da sordidez e complexidade do mundo moderno. A antipoesia de Parra tem uma de suas fontes mais poderosas na literatura popular.
Dinastia Han
(302 a.C. – 221 d.C.). Chamada período anterior ou ocidental, a monarquia absoluta instituída por Shih Huang. Ti teve como sucessor um adolescente incapaz, Eul Shih Huang Ti (209-207 a.C.), que se suicidou ao fim de três anos, em meio a revolta generalizada. Os principais contendores na luta pelo o poder que se seguiu à extinção da dinastia Ch’in eram dois aventureiros: Hsiang Yü e Liu Pang. Este último, responsável pelo golpe de misericórdia no governo Ch’in, através da ocupação da capital, era um camponês, original do antigo Estado de Ch’u, na bacia do médio Yangtze. Na luta pelo espólio resultante da vitória, Liu Pang terminou por dominar Hsiang Yü, cujos ancestrais haviam ocupado um posto hereditário na hierarquia militar do antigo Estado de Shu.
A dinastia dos Han se divide em dois períodos: de 202 Ac. a 6 d.C., um primeiro ramo reinou de changan, onde Liu Pang fundara a nova capital, á margem direita do rio Wei, em face de Hsien Yang (Hienyang), antiga sede da monarquia Ch’in; é o período conhecido como Han anterior, ou e ocidental.
O período intermediário
Com a morte o imperador Wu-ti, em 87 a.C., registrou-se um declínio de poder e prosperidade, com o conseqüente retorno aos métodos corruptos do passado. As principais famílias da corte adquiriram uma influencia excessiva, que terminou por levar ao poder a Wang Mang, homem de notável cultura, dominado por uma desenfreada ambição. Durante algum tempo manteve no trono o imperador
P’ing-ti (1 – 8 d.C) que contava então nove anos de idade. Bem cedo, porém, eliminou-o, proclamando-se imperador e adotando o nome de Hsin (9-23 d.C.) para o império.
A personalidade de Wang Mang tem dado motivo a grandes controvérsias, mas o mérito das reformas sociais que realizou não pode ser contestado. A mais importante delas foi a assistência às populações rurais empobrecidas, de uma distribuição de terras em que família, com mais de oito filhos, recebe uma propriedade medindo cinco hectares. O tráfico de escravos foi abolido e os grandes latifundiários obrigados a partilhar nas terras com parentes e vizinhos.
Duas mudanças de curso do rio Amarelo, ocorridas em 6 d.C e 11 d.C., tornaram, porém, ainda mais difícil a situação do homem do campo, enquanto que as medidas para progê-lo alijavam do trono o apoio e a solidariedade das classes privilegiadas e da burocracia. O governo desacreditou-se gradualmente, forçado a enfrentar em meio a uma crise econômica severa, uma série de rebeliões que terminaram por um assalto a capital e pelo assassinato do imperador.
Os Três Reinos e as Seis Dinastias (221 589).
Com o desaparecimento de Pan Ch’ ao- responsável pela anexação da Ásia central ao Estado universal chinês – iniciou-se a queda e a dissolução do império. A balança de poder inclinou-se progressivamente em favor dos bárbaros e, apesar de um longo período de paz, a dinastia Han assistiu impotente à desagregação do pais.
A China entra, nesse passo de sua história, em um período de esfacelamento político que devia durar quatro séculos. Inicialmente viu-se dividida em três remos independentes: Wei, no norte, Wu, no médio e baixo vale do Yangtze, e Shu na região de Szechuan. O prenúncio do destino reservado à China nos ano’ imediatos encontra-se na relação de força entre os três Estados. Wei era duas vezes e meia mais populoso do que Shu e quatro vezes mais do que o reino de Wu.
A crise agrária em que soçobrou a dinastia Han teve como resultado o restabelecimento do regime feudal, com a outorga de poderes dicionários aos grandes latifundiários. A classe agrícola não foi porém, a única a sofrer em conseqüências das lutas sociais e assolaram o antigo império. O recenseamento mostra que a população declinou de 58.487.000 habitantes, em 157, a 16.114.000, em 280.
Com o declínio da monarquia. Wei um dos generais do reino destituiu o último soberano, fundou a dinastia Ch’in e, por um curto período de tempo (265-317), reunificou o império. Incorreu, porém, no erro de desmobilizar as forças militares, enquanto que os senhores feudais se conservaram armados e muitos dos soldados liberado pelo governo central, sem meios de subsistência, trocaram, com os bárbaros, suas armas por terras cultiváveis, no norte da China.
Relações sino-japonesas.
O Japão, ajustando-se melhor e mais rapidamente aos métodos e processos da civilização ocidental, emergia em 1868 de um prolongado isolamento, decidido a Se transformar em potência mundial. Já em 1874, com intuito de experimentar a resistência chinesa, o Japão enviava uma expedição contra Formosa, de onde se redrou por insistência do Reino Unido, depois de ‘indenizado’ pela China. As ilhas Ryukyu foram anexadas em 1879. A Coréia, porém atraia especialmente a atenção japonesa, por sua posição estratégica e pelas reservas de carvão e ferro encontradas em seu território.
A China, por seu lado, procurava consolidar a influencia sobre o mais importante de seus Estados tributários, através de medidas administrativas, de acordos de comércio e de uma recuperação do potencial militar coreano. Conflitos armados eclodiram entre facções fiéis á China e grupos apoiados por interesses japoneses. Os dois países enviaram forças militares à Coréia a fim de debelar o movimento revolucionário. Uma vez restabelecida a paz, as tropas japonesas recusaram-se a abandonar a Coréia, sob pretexto de que a instabilidade da situação continuaria a reclamar a presença armada do Japão.
O conflito teve inicio em agosto de 1894, quando a marinha chinesa abriu fogo contra barcos japoneses. Na luta que se seguiu, a derrota chinesa foi rápida e decisiva. Em março de 1895, o Japão invadira a Manchúria e a província de Shantung. capturara Port Arthur e dominara as vias de acesso a Pequim. A China foi obrigada a pedir a paz. Pelo tratado de Shimonoseki, o governo de Pequim reconheceu a independência da Coréia, cedeu as ilhas de Formosa e Pescadores e a península de Liaotung (Leao-tong) na Manchuria, além de uma indenização de 200 milhões de taéis e abertura de quatro portos ao comercio japonês.
As reformas provocaram, porém, sérias contestações entre membros do governo. Tzu-hsi, a rainha-mãe, à frente de um grupo conservador, reassumiu as rédeas do governo, que abandonara por ocasião da guerra com o Japão, manteve o imperador como virtual prisioneiro e anulou grande parte das modificações legislativas recém-introduzidas.
A guerra civil
A vitória aliada sobre o Japão dissolveu os últimos vestígios de cooperação entre nacionalistas e comunistas na China. Enquanto que o governo emergia do conflito enfraquecido e impopular. os comunistas cresciam em vigor e prestigio junto às massas.
O governo dos E.U.A., preocupado com as conseqüências de uma provável guerra civil, procurou através da missão confiada ao general George C. Marshall em 1946, restabelecer a unidade chinesa. Os esforços norte-americanos para transformar a Liga Democrática, fundada em 1941, em urna possível alternativa para a solução do conflito interno viram-se frustrados pelos próprios nacionalistas, e o assassinato do líder democrático Wen I-to apressou o insucesso da gestão pacificadora.
Nos primeiros anos de luta (1946-1947), os exércitos nacionalistas tiveram alguns sucessos. Quando tentaram, porém, reocupar a Manchúria, evacuada pelas tropas soviéticas, experimentaram unta derrota militar decisiva. Os comunistas, reequipados com as armas tomadas aos japoneses e com o material norte-americano capturado ou entregue pelas forcas nacionalistas, passaram à ofensiva em larga escala.
Ao fim de 1948, o exército nacionalista, derrotado em sucessivos encontros, desintegrava-se. O Kuomintang, dividido internamente, não mais conseguia impor unta liderança ao país. Em 1949, os comunistas ocuparam Nanquim, Cantão e Chungking. A 8 de setembro de 1949, Chiang Kai-shelt refugiou-se em Formosa e declarou Taipei a capital da China nacionalista.
A República Popular da China
Em outubro e 1949, a República Popular da China foi criada, com a capital em Peiping, novamente chamada Pequim. Na qualidade de chefe do partido comunista, Mao Tse-tung tornou-se o mais poderoso líder da China e chefe do governo, e Chou En-lai, a segunda personalidade do regime, primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores. O novo governo, controlado pelo partido comunista, completou a unificação do pais.
Os primeiros anos após 1949 foram dedicados à criação de um mecanismo de controle econômico. A reforma agrária, terminada em 1952, fez desaparecer o sistema latifundiário, as comunicações foram restabelecidas, a inflação dominada e as instituições financeiras e comerciais estatizadas.
Em 1953 foi lançado o primeiro plano qüinqüenal destinado a transformar a China em uma potência industrial. Nesse estádio do desenvolvimento chinês. os remanescentes do antigo sistema foram absorvidos.
No curso do VIII Congresso do Partido Comunista, em setembro de 1956, Chou En-lai anunciou que as metas governamentais não poderiam ser atingidas em 1957. Na mesma oportunidade, anunciou o segundo plano qüinqüenal (1958-1962), destinado a elevar em 100% a produção industrial do país e em 35% a produção agrícola. O novo plano devia iniciar ‘o grande salto para a frente’.
Em 1960, o governo viu-se novamente na contingência de anunciar deficiências na execução do programa traçado, reformulando as metas propostas. principalmente no Setor agrícola. Um terceiro plano qüinqüenal entrou em vigor em 1963 com bons resultados na parte referente á agricultura, e substancial crescimento industrial.
Índia
(BHARAT) Pais do S da Ásia, limitado ao N por Jammu e Cachemir, China, Nepal e Butan; a NI por Bangladesh e Birmânia; a NW pelo Paquistão a SE pelo golfo de Bengala; ao S pelo oceano Indico e ao SW pelo mar da Arábia. Ocupa uma superfície de 3.280.483km2 e sua população estimada para inícios da década de 1980, é de aproximadamente 665.000.000 habitantes. A capital é Nova Delhi.
Geografia
Geologia e relevo. Geologicamente, o pais consiste em três elementos distintos: o Himalaia, a planície Indo-Gangética e o planalto do Decan. Ao N, como gigantesca barreira natural, ergue-se a cordilheira do Himalaia que com suas encostas escarpadas e as maiores elevações do planeta, isola complemente o pais do resto da Ásia. De seus contrafortes desce o mais importante rio indiano, o Ganges (Ganga), que segue a direção de e, indo desembocar no golfo de Bengala, por intermédio de um vasto delta situado em Bangladesh, onde confunde suas águas do Bramaputra. Com os materiais trazidos do Himalaia, o Ganges construiu a planície lndo Gangética, grande área de formação sedimentar que se alonga de NE para SW, com largura não superior a 300km, uniforme, de altitudes modestas, de formação recente e extraordinariamente rica em aluviões, que se renovam em cada cheia do rio. A planície Indo-Gangética é a região vital do país.
Para o S estende-se o planalto do Decan, bloco triangular maciço, constituído por terrenos cristalinos e vulcânicos, um dos remanescentes do continente de Gonduana, que teria existido no Paleozóico. Trata-se de área profundamente acidentada, em cujos bordos se elevam montanhas escarpadas, com altitudes inferiores a 3.000m: são os Gates ocidentais, voltados para o mar da Arábia, e os Gates orientais, que se debruçam por sobre o golfo de Bengala. No sopé dessas elevações abrem-se planícies litorâneas.
População
Grupos-étnicos. Algumas regiões do pais caracterizam-se por grande diversidade racial, enquanto outras apresentam certa uniformidade. As populações da maior parte do norte da índia são predominantemente de origem mediterrânea (europóides) As castas numericamente dominantes são os jates, os rajputes, os banianos e os kurmis; no Estado de Bihar, especialmente no vale do Ganges, vivem as grandes tribos dos santals, hos e oraons, de origem vedóide; as planície de Bengala são habitadas pelos bengaleses, que pertencem ao tipo racial mediterrâneo, enquanto elementos assameses e mongolóides coexistem no vale do Bramaputra, embora as áreas montanhosas de Bengala e Assam sejam ocupadas por comunidades tibeto-birmanesas, a maioria de origem mongolóide. Na índia central, ponto de contato entre as línguas indo-ariana e drávida, existem civilizações tribais arcaicas, mas diversas tribos, como os saoras, gadabas, bondos, bhils e gonds, além dos maratas e télugos, não vivem em isolamento comparável ao das tribos das montanhas de Assam. No Sul, predominam os tâmiles de língua drávida, e as populações de língua malaiala, além dos grupos não-hindus, como os elementos de descendência árabe.
Economia
Agricultura e pecuária. A grande maioria da população indiana depende da agricultura, atividade que concorre com 40-45% do valor total das exportações do país durante esse período, aumentado satisfatoriamente. O II Plano qüinqüenal (1956-61) deu menos atenção à expansão agrícola, lato que se refletiu no aumento das importações nacionais de gêneros alimentícios, mas, mesmo assim, durante a década 1951-61 o crescimento da produção agrícola foi superior ao aumento da população. Já o III Plano qüinqüenal (1961-66) previu uma expansão da produção agrícola da ordem de 22% sobre a colheita de 1960-61, índice que não foi alcançado. O pais produz. Principalmente arroz, chá, trigo, milho, cana-de-açúcar, algodão, juta, café e amendoim, havendo ainda culturas comerciais de cacau e papoula.
As atividades pecuárias são disseminadas por todo o país, destacando-se os rebanhos bovino (o maior do mundo), bubalíno, ovino e caprino.
Extrativismo e mineração.0 extrativismo vegetal intensa produção de madeiras, agora realizada sob controle governamental nas reservas florestais.
Os principais recursos minerais do país são o carvão (em Bihar-Bengala Ocidental), ferro (em Madhya Pradesh, Karnataka), manganês, cromita, vanádio, petróleo, chumbo, ouro e cobre; existem depósitos de bauxita em Madhya Pradesh, e de mica em Bihar; a ilmenita é encontrada sobre tudo em Kerala, e no Nordeste há grandes ocorrências de tório.
Indústria. A indústria indiana divide-se basicamente dois setores: (1) o das manufatura tradicionais, desenvolvidas no séc. XIX e principalmente orientadas para o mercado externo; (2) o das indústrias recentes. A primeira categoria. inclui as indústrias têxteis (juta e algodão), bem como o beneficiamento de alimentos, e extrativas (chá, café, borracha etc.). 0 segundo grupo compreende as indústrias mecânica, de equipamentos elétricos, produtos químicos e uma grande variedade de bens de consumo. A maior parte da mão-de-obra industrial concentrava-se, em 1966, no setor manufatureiro. Os principais parques manufatureiros localizam-se em Bombaim Bengala Ocidental, Uttar Pradesh, Madrasta Bihar.
Comércio. A Índia importa sobretudo cereais maquinaria e minérios, que procedem do Reino Unido, EUA, Japão, República Federal da Alemanha, URSS e Canadá; e os principais produtos de exportação do país são juta, couro, chá artigos de algodão e minério de ferro, que têm como maiores compradores a URSS, FUA, J. pão, Reino Unido, República Federal da Alemanha e Itália.
História
História antiga. A invasão da Índia por tribos árias, por volta de 2000 ou 1500 a.C., inicia o período histórico propriamente dito. Os árias, povos nômades vindos do Iran, ocuparam a região do Punjab e dominaram a já decadente civilização dos hindus, absorvendo-lhe numerosos elementos. Tem inicio então o Período Védico (c. 1500-c. 500 a.C.), narrado nos Vedas, hinos sagrados de diferentes épocas, escritos em sânscrito. O RigVeda descreve as lutas dos árias contra os drávidas, no vale do Indus, e dá uma idéia da vida e da sociedade nesse tempo; os três outros Vedas – Sarna-Veda, Yajur- Veda e Atharva-Veda -, seguidos pelos Brahrnanas Upanichades, narram a fase da conquista da planície Indo-Gangética, quando, através da síntese ário-dravidica, surge o hinduísmo, com sua sociedade dividida em castas e varnas ou ordens. O período Védico se encerra no final do séc. VI a.C, quando surgiram novas ideologias e religiões que transformaram o ambiente intelectual do país. Entre os vários reformadores. religiosos que pregaram novas orientações dentro do contexto do hinduísmo, destacam-se Buda, filósofo e reformador social, e Mahavira (540-468 a.C.), último profeta jaina, que deu origem ao jainismo. Tais pregações encontraram ambiente propício entre os magádicos, em franca prosperidade comercial.
Domínio britânico
A visão de um império europeu na Índia foi concebida por Dupleix governador francês de Pondichéry, corno parte da luta mundial anglo-francesa pelo comércio marítimo na América, África e Ásia. Coube, porém, ao inglês Robert Clive construir aquele império, usando métodos de Dupleix. Processou-se, então, a lenta conquista da Índia, a principio limitada, mais tarde total. As divergências entre os príncipes, a utilização de tropas indianas contra os próprios indianos, a ambição e a habilidade dos ingleses tornaram possível transformar o Subcontinente indiano cm colônia britânica, dividida em duas partes distintas (1) Índia britânica, inicialmente sob a administração direta da Companhia e, depois, do governo imperial (2) Estados nativos, que consertavam suas dinastias, mas sob a supervisão política dos ingleses.
O Indian civil Service. A espinha dorsal do poderio britânico na Índia foi o seu funcionalismo civil. O serviço público, que o governador-geral Warren Hastings (1772-85) começou a organizar, refinou-se, gradativamente, até atingir a suprema perfeição a que chegou. Cada Estado tinha sua cultura, sua língua, seus costumes e abusões. Isso dificultava a tarefa da administração; mas, por outro lado, impedia que se formasse a unanimidade contra o opressor. o inglês era aceito pelos príncipes nativos como árbitro, e sua tirania preferida à dos rivais. O que em nada diminui a excelência do ICS, que soube manobrar com habilidade entre todos os escolhos e impor-se por lauto tempo a uni Subcontinente inteiro, variegado, movediços e hostil.
Independência
Com o fim da II Guerra Mundial e o vento de um governo trabalhista na Inglaterra, foram anunciadas eleições para a Constituinte. Unia missão foi enviada à Índia para discutir com o vice-rei e os lideres políticos indianos. Já havia então governos responsáveis nas províncias e, na falta de um acordo, a missão tomou suas decisões: criação de um governo provisório só com ministros indianos, excluído o Paquistão. Muçulmanos e hindus empenharam-se, em seguida, em combates violentos, e quando a Constituinte reuniu-se foi boicotada pelos muçulmano e pelos Estados indianos. O governo anunciou para junho de 1948 a independência e a partilha da Índia, em dois Estados: o Paquistão e a Índia com fronteiras a demarcar. Ocorreram então enormes deslocamentos de populações e terríveis. massacres em que cerca de 500.000 pessoas per deram a vida. Até março de 1948, cerca 6.000.000 de hindus esikhs migraram do Paquistão Ocidental para a Índia enquanto 6.500.00 muçulmanos deixaram o território indiano. A 30-1-1948, Gandhi foi assassinado por um fanático hindu, que o considerava responsável pela partilha, e o visconde de Mountbatten foi substituído no governo-geral da Índia por Chakravarti Rajagopalachari.
A constituição de 1949, que instituiu a União Indiana no quadro da mmonwealth, entrou em vigor em 1950. Rajendra Prasad foi o primeiro presidente da nova república; Nehru continuou como primeiro-ministro. Assumiu então gravidade o problema da constituição territorial do pais. Grandes Estados, como Misoro, mantiveram-se inalterados, ficando seu marajá como raJpramukh (princípe-presidente), enquanto os pequenos tiveram de agrupar-se sob um rajpramukh único; outros perderam a autonomia ou foram incorporados a antigas províncias. O Haiderabad, cujo nizam recusou submissão, foi ocupado em 1948. Depois de 1952, houve uma tendência para reagrupar os Estados segundo fronteiras lingüísticas. Essa política foi aceita oficialmente pelo governo em 1956, mas motivou sérios conflitos entre gujarates e maratas, em Bombaim. Também a questão de Cachemir levou a um conflito com o Paquistão em fins de 1948, e em janeiro de 1949 o território ficou dividido, de fato, em duas partes. Nehru e Mohamed Ali, primeiro-ministro do Paquistão, decidiram realizar um plebiscito em Cachemir, mas a adesão do Paquistão ao Pacto de Bagdad prejudicou as negociações.
Movimento nacional indiano
Embora externamente a apresentação tradicional da vida indiana se mantivesse intacta, a ação gradual do modernismo ia esvaziando as velhas crenças de todo o seu conteúdo, principalmente entre as elites. Dotados dos meios fornecidos pelo Ocidente, tanto culturais e materiais como ideológicos, logo formaram os indianos um movimento nacionalista, que reivindicou, a principio, maior participação de nacionalistas administração, para logo em seguida se transformar em movimento de autodeterminação e emancipação. Dos esforços de síntese religiosa e valorização do hinduismo, tais como o Brahmo Samaj, o Arya Samaj, as doutrinas de Ramakrishna e seu seguidor, Swami Vivekananila, e a criação da Sociedade de Teosofia perto de Madrasta, passaram os indianos à ação política, liberal e nacional, mostrando-se insatisfeitos com a pequena participação dos nacionais na administração e formando sociedades como a Associação Indiana e o Congresso Nacional Indiano. Este Congresso reivindicou, em 1906, o Swaraj ou a independência após Lima sucessão de atos de terrorismo e conspirações antibritânicas, contra a divisão de Bengala e a discriminação racial. Entre 1909 e 1914, sobreveio nova onda de terrorismo, que vitimou altas autoridades, ferindo o novo vice-rei, Lord Hardinge. A visita do rei Jorge V, em 1911, de que resultou a anulação da divisa-o de Bengala, contribuiu para acalmar os ânimos. Ao mesmo tempo, projetava-se, na África do Sul, um novo líder, Mohandas Karamchand Gandhi, e um novo método da resistência passiva, não cooperação e não-violência.
A I Guerra Mundial contribuiu para a intensificação do movimento de libertação, pelo crescimento da indústria indiana e pela participação na e luta ao lado dos ingleses, o que avivava as esperanças de concessões ao nacionalismo após o conflito, como pensava o próprio Gandhi. Em 1916, o Congresso e a Liga pela Autonomia (Home Rule League) chegaram a um acordo sobre um mínimo de reformas a serem exigidas: era o Pacto de Lucknow. Mas as agitações não cessaram, es ocorrendo novos choques entre muçulmanos e hindus.
Fonte: http://poucodetudo.com/2011/04/01/japao-china-e-india/