7.2.12

VAR-Palmares

Por Antonio Gasparetto Junior
A VAR-Palmares foi uma organização guerrilheira da extrema esquerda brasileira. Durante a Ditadura Militar brasileira, vários grupos de resistência ao regime se formaram no país. Essas organizações representavam a esquerda política e combatiam de todas as formas o sistema de governo brasileiro que foi implantado pelos militares. As ações dos opositores iam desde simples contestações com discursos contrários ao governo até atitudes mais extremadas, como utilização de táticas de guerrilha que incluía sequestros e assaltos.
Uma das mais importantes organizações de esquerda se formou ainda antes do Golpe Militar, logo no começo da década de 1960. AOrganização Revolucionária Marxista – Política Operária (POLOP)representava uma ala dos radicais de esquerda que tinham ideais diferenciados, inclusive, aos do Partido Comunista Brasileiro. Formada em 1961, militava em favor do direito dos trabalhadores. A POLOP possuía também em seu interior várias dissidências, o que levou a formação de uma série de outros grupos revolucionários de esquerda, como o Comando de Libertação Nacional(COLINA) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

A Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, chamada simplesmente de VAR-Palmares, foi fundada em julho de 2009 como resultado da união do grupo COLINA com o VPR. Tinha como objetivo instaurar no Brasil um regime político do tipo soviético.

A VAR-Palmares logo tornou-se conhecida uma organização radical de esquerda e teve entre suas ações mais famosas a chamada expropriação do “cofre do Adhemar”, quando roubou 2,8 milhões de dólares guardados na casa de Anna Gimel Benchimol Capriglione, secretária e amante de Adhemar de Barros, então governador de São Paulo. Os militantes da esquerda acreditavam que esse dinheiro era fruto de corrupção praticada pelo governador do estado de São Paulo. A ação de roubo foi efetivada pelos integrantes do VAR-Palmares, dentre os quais estava Carlos Minc, um dos ministros do governo da presidenta Dilma Rousseff. Esta, por sinal, foi uma das militantes que integrou o VAR-Palmares. Não participou da ação de expropriação do “cofre do Adhemar”, mas acredita-se que ela tenha organizado a operação. Atualmente, seus companheiros argumentam que Dilma Rousseff não tinha participação destacada no grupo, encarregava-se apenas da retaguarda. Mas a Operação Bandeirante, serviço de inteligência das Forças Armadas, alega que era ela uma grande líder da organização de esquerda.

Ainda no ano de 1969, alguns integrantes líderes da VAR-Palmares, entre eles Dilma Rousseff, planejaram o sequestro do civil no governo militar identificado como símbolo do milagre econômico, Delfim Neto. A ação, contudo, foi abortada porque os membros da VAR-Palmares começaram a ser capturados pelos militares.

Em 1972 houve uma ação radical concretizada. No dia 5 de fevereiro, membros da VAR-Palmares, da Aliança Libertadora Nacional e do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário assassinaram David Cuthberg, um marinheiro inglês que veio ao país para a comemoração dos 150 anos de independência do Brasil. O ato foi justificado como demonstração de apoio ao Exército Republicano Irlandês que lutava contra o domínio britânico.

A VAR-Palmares padeceu na mão da repressão praticada pelo regime militar. Dois de seus principais líderes, Carlos Alberto Soares de Freitas e Mariano Joaquim da Silva, foram presos e assassinados pelo DOI-Codi no Rio de Janeiro. Ainda no ano de 1969, ano de fundação da VAR-Palmares, um grupo interno de dissidentes abandona o movimento para reconstituir a Vanguarda Popular Revolucionária. Enquanto isso, outro grupo dava início à organização que ficaria conhecida como Grupo Unidade.

Fontes:

USTRA, Carlos Alberto Brilhante. Rompendo o Silêncio. Editora Laudelino Amaral de Oliveira.