Enraíza-se numa luta de caráter nacionalista, na primeira metade do século XX, e numa vitória socialista que, ao contrário do que afirmava a teoria marxista, não se baseia num operariado urbano desenvolvido, como acontece na Rússia, e sim no campesinato.
Primeira fase
Desde 1905, o Partido Nacionalista (Kuomintang) de Sun Yat-sen tenta depor a dinastia mandchu. Mas o movimento está dividido. Em Nanquim, Sun é eleito presidente de uma assembléia revolucionária. Em Pequim, Yuan Chegai é nomeado primeiro-ministro pela Assembléia Nacional. Quando o imperador abdica, Sun concorda que Yuan se torne presidente provisório em março de 1912. Mas este proclama-se imperador em 12 de dezembro de 1915. Sua morte no ano seguinte lança o país na anarquia. No sul, com a ajuda russa, Sun reorganiza o Kuomintang e instala um governo republicano em Cantão. No norte, Pequim é disputado pelo governador mandchu Jiang Tsolin e pelo republicano general Fong Huxiang. Em Xangai, começam a surgir focos de resistência do PC, fundado em 1o de julho de 1921 e que se alia ao Kuomintang em 1923.
Kuomintang contra o PC
Depois da morte de Sun, em 1925, seu cunhado, Chiang Kai-shek , comanda o Exército nacionalista e conquista Hankow em janeiro de 1927, Xangai em 21 de março e Nanquim, em 24 de março. Nesta última instala seu governo. O massacre e a expulsão dos comunistas de Xangai dá início à luta entre o Kuomintang e o PC, em 1927. No ano seguinte as campanhas no norte resultam na unificação. Chiang passa a presidir um Conselho de Estado, que concentra todos os poderes e Nanquim substitui Pequim como capital. Nos anos seguintes, Chiang pacifica o vale do Yang-Tsé, na guerra civil contra o Exército Vermelho, criado em 1928. Tenta expulsar os comunistas de Kiangsi, forçando-os a iniciar, sob o comando de Mao Tse-tung e Chou Enlai, a Grande Marcha até Shensi (1934).
China na Segunda Guerra
Durante a 2a Guerra Mundial, a China fica dividida em três regiões: uma ocupada pelos comunistas, uma sob controle nacionalista e uma invadida pelo Japão, desde 1931. A reduzida atividade militar do país favorece a reorganização das forças comunistas no norte e leste. Paralelamente, o Kuomintang deteriora-se, desmoralizado pela corrupção de seus dirigentes.
Formação da República Popular da China
A guerra civil se alastra e, entre 1945 e 1947, os comunistas instalam um governo provisório, decretam a reforma agrária, denominam suas tropas de Exército Popular de Libertação (EPL) e, apesar do ajuda americana ao Kuomintang, ampliam o domínio das áreas rurais e das pequenas e médias cidades. Em 1949 conquistam grandes cidades, como Nanquim e Pequim. Proclamam a nova República Popular em 1o de outubro e forçam a retirada do governo e do exército do Kuomintang para Taiwan (Formosa ). A conquista do restante do território chinês é completada em 1950.
Mao Tse-tung (1893-1976)
Fundador do Partido Comunista Chinês, do Exército Popular de Libertação e da República Popular da China, nasce numa família de pequenos proprietários de Changcha. É enviado a Pequim para cursar a escola secundária e a universidade e se envolve no movimento democrático de 4 de maio de 1919. Ao voltar a Iennan, organiza círculos de estudo da teoria marxista. Participa do congresso de fundação do Partido Comunista, em 1921, em Xangai, mas é considerado herético por sugerir que a revolução chinesa deve ser camponesa, e não liderada por operários industriais. Passa a advogar construção de bases revolucionárias no campo, contra a opinião da maioria dos dirigentes. Essas bases acabam sendo decisivas para a sobrevivência das forças comunistas, que se salvam do golpe militar de Chiang Kai-shek em 1927. Mesmo assim, as opiniões estratégicas de Mao continuam em minoria até a derrota do Exército Popular de Libertação frente à quinta ofensiva das forças do Kuomintang, em 1935, que resulta na Longa Marcha. Durante essa retirada de 100 mil homens através de 12 mil km para Iennan, Mao é eleito o principal dirigente do PC e comandante do EPL. Estabelece seu quartel-general na província de Shensi, região que permanece sob o controle do Exército Popular. Em 1939 casa-se com Chiang Ching, uma artista de Xangai, apesar da oposição de outros dirigentes, como Chou Enlai. Durante a 2a Guerra, faz uma aliança com o Kuomintang para defender o território chinês e amplia as bases sob seu domínio. Em 1948 lança uma ofensiva final sobre o governo e estende o domínio do governo popular socialista sobre toda a China. Acumula os cargos de secretário-geral do PC e presidente da República e dirige as transformações radicais no país. Em 1966 lança a Revolução Cultural e usa o movimento para libertar-se de seus opositores e inimigos dentro do próprio PC. No início dos anos 70, sob influência de Chou Enlai, começa a conter as tendências mais esquerdistas, inclusive as lideradas por sua mulher, Chiang Ching, e promove uma abertura do país ao mundo ocidental. Em 1971 reata relações diplomáticas com os Estados Unidos e ingressa na ONU. As disputas pelo poder acirram-se no país. Com a morte de Chou Enlai no início de 1976, Mao vê crescer o poder de seu vice-primeiro-ministro, Deng Xiaoping, mais tarde seu sucessor.
Grande Salto à Frente
Em 1958 Mao adota um plano de comunização radical, com a coletivização forçada da terra, um grande esforço industrial e forte repressão contra os oposicionistas. A experiência fracassa e faz crescer os atritos ideológicos com a URSS, que resultam, em 1960, na retirada da assistência tecnológica soviética. A postura chinesa mais agressiva leva a uma guerra de fronteira com a Índia em 1961.
Revolução cultural
Movimento popular liderado por Mao entre 1966 e 1969 contra seus opositores no aparelho do Estado e no Partido Comunista, acusados de tentar restaurar o capitalismo. Todos os hábitos, costumes e tradições passados são considerados burgueses e reacionários. Os intelectuais são perseguidos e enviados para o campo, a fim de “reeducar-se” por meio de trabalhos forçados. Surge a Guarda Vermelha, formada por estudantes que se guiam pelo livro de citações de Mao . A partir de 1967, com a instauração da Comuna de Xangai, a luta pelo poder se transforma em conflito entre diferentes facções que se proclamam intérpretes fiéis de Mao. A Revolução Cultural termina em 1969 com a destituição do presidente Liu Xiaoqi.
Transição
Choques entre comandos rivais do EPL ameaçam envolver o país numa guerra civil. Mao envelhece. O primeiro-ministro Chou Enlai, no cargo desde 1949, melhora as relações entre a China e o Ocidente e leva o país a entrar na ONU em 1971. O grupo do ministro da Defesa, Lin Piao, tenta um golpe de Estado em 1973. A disputa se agrava em 1976, quando morrem Chou Enlai e Mao. São presos Chiang Ching, viúva de Mao, e seus aliados da chamada Gangue dos Quatro, que haviam desempenhado papéis importantes na Revolução Cultural. A transição se completa em 1978, com o afastamento do secretário-geral do PC, Hua Guofeng, e a ascensão ao poder do vice-presidente do partido, Deng Xiaoping.
Chiang Ching (1914-1991)
Atriz na juventude, é quarta esposa do dirigente comunista chinês Mao Tse-tung, com quem se casa em 1939. Fica mundialmente conhecida a partir de 1965, como a principal dirigente da Revolução Cultural chinesa e uma das organizadoras da Guarda Vermelha, organização paramilitar da juventude maoísta. Com a morte de Mao em 1976, é afastada do poder e presa. É condenada à morte em 1981, durante o processo contra a chamada Gangue dos Quatro – os dirigentes da Revolução Cultural –, acusada de mandar matar milhares de oposicionistas. Em sua defesa, afirma que limitava-se a cumprir ordens de Mao: “Eu era apenas o seu cachorrinho”. Sua pena é comutada para prisão perpétua em 1983. Doente a partir de 1988, suicida-se em 1991.
Deng Xiaoping (1904- )
Sucessor de Mao Tse-tung no comando da China. Com 16 anos integra um programa de estudo e trabalho na França, onde adere ao Partido Comunista. De volta ao país passa a organizar forças a favor de Mao Tse-tung. Participa da Longa Marcha com Mao mas depois passa a ser acusado de ser pouco ortodoxo em relação aos princípios maoístas. Em 1966 é demitido do cargo de secretário-geral do partido e submetido à humilhação pública pela Guarda Vermelha. Depois de algumas tentativas frustradas, volta à política depois da prisão da Gangue dos Quatro e da mulher de Mao. Recupera a liderança no final da década de 70 e internacionalmente passa a ser considerado o responsável pela modernização do país. Começa a perder popularidade na década de 80 ao defender posições da ala mais radical do partido. Em 1989 manda reprimir com violência as manifestações pacíficas de estudantes na Praça da Paz Celestial em Pequim.
Fonte:
http://www.thamazer.hpg.ig.com.br/rchinesa.html