Antigo império que se estendia pelo leste da Europa e da Ásia setentrional e ocidental, hoje a Rússia compreende o território que até 1991 integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), estabelecida após a Revolução Russa de 1917. Ivan IV Vasilievitch ficou conhecido como Ivan, o Terrível, por usar a tortura, o desterro e a execução para reprimir os nobres que conspiraram contra ele. Embora famoso por sua crueldade e seus excessos, fundou um poderoso Estado russo e estabeleceu o modelo para o governo autocrático czarista. Pedro I, o Grande, impôs costumes ocidentais, construiu estradas e canais, modernizou o Exército e a Marinha e abriu os portos ao comércio. Com isso, conseguiu seu objetivo de transformar a Rússia de um principado asiático em uma grande potência européia. A princesa alemã Sophie Fredericke Auguste von Anhalt-Zerbst contraiu matrimônio com o czar russo Pedro III. Em decorrência do péssimo governo do czar e dos maus tratos que dele recebeu, Catarina organizou uma rebelião que o destronou. Já como czarina, adotou o nome de Catarina II e continuou a ocidentalização do país iniciada por Pedro I, o Grande. Manteve correspondência com livres-pensadores franceses como Voltaire e Diderot. Sentiu-se, no entanto, ameaçada pelas radicais e democráticas reformas da Revolução Francesa. Manteve a escravidão, incrementou os privilégios da nobreza e esmagou brutalmente as rebeliões que ameaçaram seu poder. Alexandre Nevski, governante e herói nacional russo, derrotou os suecos no rio Neva em 1240, de onde originou-se o sobrenome Nevski. Fosse pela força ou por meio de pactos, manteve a Rússia unida e livre do domínio invasor do norte, do leste e do oeste. Foi canonizado em 1547 pela Igreja ortodoxa russa. Mikhail Gorbatchov foi o último líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). As reformas iniciadas por ele, nos últimos anos da década de 1980, chamaram-se glasnost ("abertura") e perestroika ("reestruturação"). Elas levaram o país às reformas democráticas e ao abrandamento das tensões com o Ocidente, sobretudo com os Estados Unidos. Em 1987, Gorbatchov e o presidente americano Ronald Reagan assinaram um acordo para redução de mísseis nucleares de médio e pequeno alcance. Gorbatchov deixou o poder em 1991 quando os estados-membros da URSS votaram por extinção da federação. Fonte:http://www.historiadomundo.com.br/russa/civilizacao-russa.htm
Durante a era pré-cristã, o território era habitado por grupos de tribos nômades. A grande região do norte encontrava-se povoada por tribos de eslavos. No sul, a região da Cítia foi ocupada por uma sucessão de povos asiáticos, como os cimérios, os citas e os sármatas. Os comerciantes e os colonos gregos estabeleceram numerosos assentamentos ao longo da costa norte do mar Negro e na Criméia.
Nos primeiros séculos da era cristã, os citas, de origem asiática, foram deslocados pelos godos, povo germânico do qual uma tribo (os ostrogodos) estabeleceu um reino às margens do mar Negro. No século IV d.C., os hunos derrotaram os godos, destruindo a Cítia. Os godos se mantiveram provisoriamente no atual território da Ucrânia e a região da Bessarábia. Mais tarde chegaram os ávaros, seguidos dos magiares e dos jázaros, os quais mantiveram sua influência até a primeira metade do século X.
A organização política dos eslavos orientais era ainda de caráter tribal quando os vikings começaram a navegar e comerciar pelos rios russos, no século IX. As dissensões internas eram tão virulentas que permitiram a instauração de uma aristocracia escandinava sobre os povos eslavos, o que facilitou a escolha de um príncipe viking como líder que fosse capaz de uni-los: Rurik, chefe escandinavo que em 862 converteu-se em governador de Novgorod; com ele começou a expansão territorial do povo eslavo, que com a fundação do principado de Kíev chegou à fronteira setentrional do Império bizantino, com o qual estabeleceu um acordo comercial em 911.
Com Iaroslav o Sábio, príncipe de Novgorod, no século XI, o estado de Kíev alcançou seu máximo esplendor. Para consolidar a posição de seus herdeiros, Iaroslav idealizou um sistema de precedência, que estabelecia a hierarquização dos diferentes principados.
A morte de Iaroslav contribuiu para o declínio de Kíev e a Rússia se transformou num conjunto de pequenos estados em confronto. Estimulada pelo comércio com as nascentes cidades alemãs, Novgorod chegou a ser um próspero estado comercial que alcançou posição dominante e no século XIII foi sede de uma das principais feitorias da Liga Hanseática alemã. Esse mosaico de cidades-estado unidas por língua, religião, tradições e costumes comuns, mas governadas por membros das múltiplas casas descendentes de Rurik que freqüentemente estavam em guerra entre si, facilitou a intromissão dos estrangeiros. Os cavaleiros teutônicos, os lituanos e os polacos invadiam os territórios russos e ao sul aconteciam constantes incursões por parte dos nômades polovetzi.
Em 1223 o exército mongol de Gengis Khan iniciou suas incursões pelo sudeste. Após sua vitória, os mongóis se retiraram, regressando à Ásia, mas em 1237 Batu Khan, neto de Gengis Khan, dirigiu novamente os mongóis para a Rússia oriental. Em 1240, assolou a parte sudeste, destruindo Kíev. Os tártaros saquearam a Polônia e a Hungria e continuaram em direção leste, até a Morávia. Em 1242, Batu Khan estabeleceu sua capital em Sarai, no curso inferior do Volga (hoje Volgogrado) e fundou o kanato conhecido como a Horda de Ouro, que foi praticamente independente do Império mongol. O governo, as leis e os costumes tártaros abalaram consideravelmente as tradições russas.
O noroeste da Rússia foi ameaçado por invasores procedentes do oeste; os suecos se apossaram dos territórios de Novgorod; o príncipe Aleksandr Iaroslavevitch derrotou os suecos e a partir de então ficou conhecido como Alexandre Nevski. Dois anos mais tarde a Ordem Teutônica avançou novamente a partir do oeste, mas Alexandre derrotou-os. Ameaçado por contínuo perigo no oeste, adotou uma política de submissão à Horda de Ouro. Em 1263, Alexandre Nevski entregou Moscou a seu filho Daniel, com o qual se inicia uma linhagem de duques moscovitas que pouco a pouco foram estendendo suas terras, anexando os territórios vizinhos. Tão logo contaram com o apoio da Igreja, começaram a organizar um novo estado russo. Em meados do século XIV, o grão-duque Dimitri Donskoi liderou com êxito a primeira revolta contra o poder dos mongóis.
O grão-duque Ivan III, o Grande, começou a considerar-se czar de um regime autocrático. Incorporou à Moscóvia os estados de Novgorod, em 1478, e Tver, em 1485. A dominação mongol terminou em 1480. Uma vez livre do controle tártaro, entre 1492 e 1500 Ivan invadiu os territórios lituanos.
Ivan IV, o Terrível, foi proclamado soberano em 1533 e em 1547 transformou-se no primeiro grão-duque moscovita a ser coroado czar. Seu principal objetivo era debilitar o poder dos boiardos (membros da alta nobreza) e da Igreja. Em uma de suas primeiras medidas, determinou que metade das terras da Moscóvia (Oprichnina) fosse propriedade patrimonial do czar e com isso estabeleceu um novo grupo social, denominado oprichniki.
Em 1552, os exércitos moscovitas conquistaram e anexaram o reino tártaro de Kazán. Astracã passou a ser território russo em 1556. A zona fronteiriça da Moscóvia foi ocupada pouco a pouco pelos cossacos, homens livres recrutados voluntariamente para o serviço do czar. Em 1581, uma expedição cossaca cruzou os Urais e iniciou uma colaboração mútua que possibilitou que a maior parte dos territórios do Obi fossem administrados por um governador russo, começando assim a conquista da Sibéria. Ivan, embora conhecido como o Terrível por suas crueldades, fortaleceu o Estado e estabeleceu as bases do governo supremo dos czares.
Seu filho Teodoro I (1584-1598) foi dominado pelo boiardo Boris Godunov. O Estado russo cresceu em poder e prestígio. Em 1598 Godunov conseguiu ser eleito czar pela Assembléia Nacional. No entanto, a misteriosa morte de Dimitri Ivanovitch, último filho de Ivan o Terrível, provocou uma revolta que fez com que o país caísse em estado de total anarquia, que só terminou em 1613, quando a Assembléia Nacional escolheu como czar Miguel Romanov, que iniciou a dinastia dos Romanov. Sob os primeiros soberanos dessa família, novas leis outorgaram aos nobres propietários de terras maior poder sobre seus servos. Em 1654, os cossacos livres da Ucrânia se rebelaram contra a dominação polonesa e ofereceram seu apoio ao czar. Após a guerra com a Polônia (1654-1667), a Rússia recuperou o leste da Ucrânia.
A ascensão de Pedro I, o Grande, em 1682, marcou o começo de um período durante o qual a Rússia alcançou grande poder dentro da Europa. Em 1721, Pedro foi proclamado "czar de todas as Rússias" dando origem ao Império russo, que através do estabelecimento de uma capital sobre o Báltico, São Petersburgo, quis marcar sua nova vocação européia.
Ao governo autoritário de Pedro I seguiu-se um período de debilidade. O trono, após conjurações e conspirações, passou por vários sucessores e distintos governadores. Em 1741, Elizabeta Petrovna chegou ao trono e sob seu governo produziu-se uma recuperação nacional; em guerra contra a Suécia (1741-1743), a Rússia conseguiu parte da Finlândia. Posteriormente, aliou-se à Áustria e à França na guerra dos Sete Anos (1756-1763), contra a Prússia. Seu sobrinho e sucessor Pedro III foi sucedido no trono por sua esposa Catarina II, a Grande.
O êxito de seu governo permitiu a expansão da Rússia, baseado na adesão aos princípios do Iluminismo. Mas a eclosão de um levante cossaco e de camponeses fez com que Catarina endurecesse ainda mais as opressivas leis sobre servidão e abandonasse progressivamente seus pontos de vista liberais.
Seu neto, Alexandre I Pavlovitch, começou seu reinado garantindo anistia aos presos políticos, projetando uma constituição para o Império e rechaçando muitas das medidas restritivas de seu pai. Em 1805, Rússia, Grã-Bretanha, Áustria e Suécia criaram a Terceira Coalizão contra Napoleão Bonaparte. Posteriormente, aliou-se à França mediante o tratado de Tilsit (1807). A Rússia ocupou a Bessarábia, adquiriu as ilhas Aaland e toda a Finlândia e ampliou suas fronteiras na Ásia. Mas como não aceitou o rigoroso plano de bloqueio continental contra a Inglaterra, em 1812 Napoleão invadiu a Rússia. Após a derrota francesa, Alexandre tornou-se a figura central da aliança, que terminou com a expulsão de Napoleão. Como resultado do Congresso de Viena (1815), a maior parte do ducado de Varsóvia passou a ser propriedade russa.
O trono passou a seu irmão mais jovem, Nicolau I, oportunidade em que um grupo de oficiais organizou a revolta decembrista. O imperador sufocou a revolta, mas aumentou o descontentamento popular com as medidas reacionárias que adotou. Após as revoluções de 1848, que sacudiram toda a Europa, Nicolau iniciou uma campanha contra a difusão das idéias liberais na educação e nos círculos intelectuais.
Nicolau I expandiu o Império em direção ao Mediterrâneo. Após a guerra russo-turca obteve, mediante o Tratado de Adrianópolis (1829), soberania sobre os povos do Cáucaso e estabeleceu um protetorado sobre os novos principados da Moldávia e da Valáquia, assim como a liberdade de comércio no império Otomano. Mas as potências européias temeram um excessivo poderio russo sobre o decadente estado turco, o que levou à guerra da Criméia (1853-1856), em que a Rússia enfrentou a uma coalizão formada por Turquia, Grã-Bretanha, Piamonte e França, e foi duramente humilhada.
A posição de seu sucessor Alexandre II no mar Negro foi neutralizada após a assinatura da Paz de Paris (1856), além de ter sido abolido o protetorado russo sobre os principados do Danúbio. Na política interior, cresceram os movimentos revolucionários. Os polacos se sublevaram pela segunda vez e a Polônia foi colocada sob o controle absoluto da Rússia. Esta, por sua vez, retomou sua atitude agressiva contra a Turquia depois de 1871. O destronamento de Napoleão III permitiu à Rússia ampliar ali sua esfera de influência. Quando Sérvia e Montenegro se levantaram contra a Turquia em 1876, a Rússia interveio para ajudá-las; após a guerra russo-turca de 1877 e 1878, Alexandre II conseguiu maiores concessões da Turquia, ainda que tivessem sido moderadas por parte das potências européias, temerosas de que a Rússia ampliasse seu domínio.
O fracasso nos objetivos bélicos exacerbou o descontentamento popular. Alexandre II morreu assassinado e seu filho Alexandre III instituiu censura rígida e supervisão policial das atividades intelectuais. A opressão sobre os judeus foi especialmente dura, manifestando-se através dos pogroms, que incluíam saques e assassinatos coletivos. Os trabalhadores industriais acolheram de bom grado a propaganda revolucionária e as teorias marxistas encontraram numerosos adeptos. Nas cidades mais industrializadas, como Moscou e São Petersburgo, o desenvolvimento de um movimento revolucionário de caráter subversivo encontrou logo grande número de seguidores.
Nicolau II, que subiu ao trono em 1894, foi um governante fraco, facilmente dominado por outros, e um firme seguidor dos princípios autocráticos ensinados por seu pai. A autocracia, a opressão e o controle policial cresceram ainda mais sob seu mandato e aumentou o número de ações terroristas. Alguns dirigentes revolucionários exilados, como Lenin, conduziram o movimento socialista. Em relação à política exterior, os interesses russos na região de Dongbei Pingyuan ou Manchúria chocaram-se com os do Império Japonês em expansão, fazendo eclodir assim a guerra em fevereiro de 1904. Necessitado da ajuda do povo para fazer frente à guerra com o Japão, o governo permitiu que um congresso se reunisse em São Petersburgo em novembro de 1904. Rejeitados pelo governo os pedidos de reforma que fizera o Congresso, estes foram assumidos pelos grupos socialistas, que organizaram várias manifestações. Em 22 de janeiro de 1905, milhares de pessoas lideradas por Georgi Apolonovitch Gapon, sacerdote revolucionário, marchavam pacificamente rumo ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, para apresentar seu protesto, quando foram interceptados e metralhados pelas tropas imperiais; centenas deles morreram naquele que se decidiu chamar o domingo sangrento.
Este massacre assinalou o começo da revolução. O fluir dos acontecimentos, combinado com o desastre da guerra contra o Japão, obrigou o czar a fazer determinadas concessões: prometeu a formação de uma assembléia representativa ou Duma e deu maior liberdade aos polacos. Não obstante, não conseguiu deter a marcha da revolução. Criaram-se soviets (conselhos operários), cujos delegados se reuniram em São Petersburgo, e em 14 de outubro convocaram uma greve geral, acompanhada de movimentos nacionalistas de descontentamento na Finlândia e na Polônia, e revoltas de camponeses, acrescentando-se a tudo isto a completa derrota da Rússia na guerra contra o Japão. No começo de 1906, o governo conseguiu retomar uma vez mais o controle do país. A primeira Duma foi constituída em maio desse ano, mas anteriormente já se haviam aprovado várias leis que garantiam os poderes autocráticos do czar. Foi dissolvida dois meses depois de inaugurada. Em 1907 foi instituída uma segunda Duma que seria também dissolvida em pouco tempo. Enquanto isso, os moderados e os conservadores iniciaram sua cooperação com o governo, controlando a atividade da terceira Duma, que aprovou várias reformas moderadas. O começo da I Guerra Mundial em 1914 significou a interrupção momentânea das atividades revolucionárias dos radicais. A guerra eclodiu quando a Rússia recusou-se a permanecer neutra diante do ultimato da Áustria à Sérvia, após o assassinato do arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo. A quarta Duma realizou então uma única sessão para obter apoio popular ao governo.
No final de 1914, o Exército russo já havia sofrido duras derrotas diante dos alemães, especialmente no leste da Prússia. Essas derrotas aumentaram em 1915 e, com as deserções que começaram a acontecer, a guerra adquiriu caráter impopular em toda a Rússia, enquanto aumentava a repressão e se mantinha a corrupção por parte do governo. O czar, dominado por sua esposa Alexandra, alemã de nascimento, perdeu a confiança do povo e passou a ser influenciado por Rasputin, que praticamente controlava as decisões governamentais, até as de caráter militar. Em dezembro de 1916, um grupo de aristocratas organizou seu assassinato. No entanto, a agitação revolucionária continuou em ascensão e em fevereiro de 1917 começaram os distúrbios em Moscou; as tropas, em lugar de voltar-se contra os revolucionários, uniram-se a eles. Finalmente, em 15 de março, aconteceram as abdicações do czar Nicolau II e de seu filho, deixando a administração em mãos de um governo provisório organizado pela quarta Duma. Assim findou o império russo.
Pouco depois da dissolução da URSS, em 1991, surgiu a luta pelo poder entre as forças conservadoras e reformistas. O presidente Boris Yeltsin, eleito em junho de 1991 por sufrágio popular, recebeu poderes absolutos outorgados pelo Congresso de Deputados, um dos corpos legislativos estabelecidos pela Constituição Soviética de 1978. Yeltsin usou seus poderes para iniciar um programa de reformas econômicas e fazer uma série de nomeações regionais, para dominar as assembléias legislativas locais controladas pelos neocomunistas. Os conservadores, liderados pelo presidente do Soviet Supremo Ruslan Jasbulatov, tentaram reduzir os poderes de Yeltsin após uma campanha de reforma econômica radical no começo de 1992. Em dezembro do mesmo ano, numa reunião do Congresso de Deputados, o primeiro ministro em exercício Iegor Gaidar (1992), artífice do plano governamental de reformas econômicas, foi substituído por Viktor Stepanovitch Tchernomirdin, antigo membro do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). O Congresso de Deputados também rescindiu alguns dos poderes outorgados ao presidente e o Tribunal Constitucional desautorizou a proibição do PCUS, uma iniciativa do próprio Yeltsin. Chegou-se a um acordo com o Congresso de Deputados no final de 1992, para realizar eleições que permitissem elaborar uma nova constituição. Os conservadores se opuseram a esse acordo e Yeltsin formou um novo governo de emergência. Pouco depois, alguns grupos modificaram suas posições: o presidente anulou o regime de emergência e os conservadores permitiram que fossem realizadas as votações em 25 de abril de 1993.
Yeltsin obteve esmagadora vitória nas urnas, mas as eleições não conseguiram resolver o problema da luta pelo poder. Em setembro de 1993, expulsou Rutskoi da vice-presidência por escândalos de corrupção, apesar dos protestos do Parlamento. Nesse mesmo mês, o presidente decretou a dissolução do Parlamento, devido à resistência dos deputados conservadores para a formação de uma Assembléia Constituinte. O Parlamento denunciou as ações de Yeltsin como inconstitucionais e declarou Rutskoi presidente. Cerca de cem deputados e outros tantos seguidores armados, dirigidos por Jasbulatov e Rutskoi, ocuparam o edifício do Parlamento e provocaram outras revoltas. O governo respondeu então com o bombardeio do edifício do Parlamento, prendendo seus ocupantes, e em outubro de 1993 Rutskoi e Jasbulatov foram acusados de incitar a desordem pública.
No entanto, a vitória de Yeltsin sobre os conservadores durou pouco. As eleições de dezembro de 1993 permitiram um inesperado êxito dos partidos nacionalistas e comunistas, em especial do Partido Liberal Democrático, encabeçado por Vladimir Jirinovsky. Em fevereiro de 1994, a nova Duma anulou as acusações que ainda pesavam sobre Rutskoi e Jasbulatov pelas ações de outubro de 1993, além de garantir a anistia aos organizadores do golpe de estado de agosto de 1991 contra o dirigente soviético Mikhail Gorbatchov. Yeltsin enfrentou os ultraconservadores convocando novas eleições, com o objetivo de manter a presidência independente dos reacionários.
Nas eleições legislativas celebradas em dezembro de 1995 os comunistas, encabeçados por Guennadi Ziuganov, consolidaram-se como a primeira força da Duma, o que significou um novo revés para Yeltsin e pôs à mostra a resistência popular a sua política. Por outro lado, a decomposição da sociedade russa permitiu o aumento de organizações mafiosas que têm presença cada vez maior na economia russa.
Mas os principais problemas surgiram no terreno étnico. Aproveitando os enfrentamentos de diferentes tendências na autoproclamada república da Tchetchênia (que estava fora do controle de Moscou desde 1991), Yeltsin decidiu intervir militarmente em dezembro de 1994, desencadeando cruenta guerra, na qual a população civil foi bombardeada; a resistência dos rebeldes tchetchenos pôs em evidência a ineficácia do aparato militar russo. Em meados de 1996, após o assassinato do antigo presidente tchetcheno Dzhokhar Dudaiev, iniciaram-se conversações de paz que permitiram aliviar a situação.
No âmbito internacional, apesar de sua adesão ao projeto da Aliança para a Paz, recusou abertamente a incorporação de seus antigos aliados da Europa do Leste à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ameaçando com o não cumprimento dos acordos que visam à redução de armamentos.