21.2.11

O caso Watergate - renúncia de Nixon


"Nixon diz que não renunciará" e depois "Nixon renuncia"
O caso Watergate ficou famoso por ter sido o turbilhão de escândalos políticos que culminaram com primeira renúncia de um presidente dos EUA: o republicano Richard Nixon. Saiba o que aconteceu e conheça o dedo-duro mais famoso (e um dos maiores mistérios) da história americana.
Watergate é o nome do hotel em Washington que foi palco do famoso escândalo.

Tudo começou com uma invasão desastrada à sede do Comitê Nacional do Partido Democrata, nesse famoso hotel em Washington, em 17 de junho de 1972, em pleno ano eleitoral. O objetivo era grampear os telefones do comitê dos adversários.

A princípio foi minimizado pela Casa Branca como apenas "um furto de terceira categoria" e o escândalo demorou a se moldar, assim, Nixon conquistou seu segundo mandato em 1972 antes de investigadores determinarem que o incidente se origenara no interior da Casa Branca, obrigando Nixon a renunciar em 9 de agosto de 1974.


Presidente Richard Nixon
Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal americano Washington Post, desempenharam um papel-chave na revelação do escândalo, auxiliados por informações cruciais de seu misterioso informante, que se escondia debaixo do codinome Garganta Profunda ("Deep Throat").

Segundo Woodward, a medida que o caso Watergate se desenrolava, o Garganta Profunda temia ser descoberto. O informante tinha exigido não conversar mais por telefone, temendo os grampos, teriam então começado a se encontrar sempre tarde da noite em uma garagem em Washington. Se o repórter quisesse se encontrar com o Garganta Profunda, teria que alterar o arranjo de um vaso de plantas na janela de seu apartamento. Caso o Garganta Profunda quisesse ver Woodward teria, de alguma forma, que garantir que a cópia do jornal New York Times que Woodward recebia tivesse uma marca na página 20.

No filme de ficção Forrest Gump, O Contador de Histórias, Gump (Tom Hanks) junto com seus colegas do time de tênis de mesa dos EUA é recebido por Nixon, na Casa Branca, e é hospedado no Hotel Watergate. É ele quem liga para o segurança Frank Wills, para que ele verifique as luzes no apartamento em frente. Frank Wills é o nome do segurança que realmente surpreendeu os invasores e interpretou ele mesmo o personagem em "Todos os Homens do Presidente".

E quem era afinal o Garganta Profunda? Foram vários e intensos os esforços para tentar matar a charada. Teses e mais teses foram escritas em universidades, projetos investigativos de longo prazo foram realizados por jornais e revistas. E nada, não havia sido possível chegar a uma conclusão e muito menos provar.

Muitos pesquisadores, jornalistas e críticos admitiram que falharam. Até a Universidade de Illinois, para citar um exemplo, colocou 40 estudantes e vários professores durante três anos perseguindo as pistas sobre o informante em "Todos os Homens do Presidente".

O livro dizia que "Garganta Profunda" era homem, fumava (o que se mostrou falso), bebia uísque escocês, gostava de política, já havia conversado com Woodward muitas vezes e havia lhe passado informações contundentes, entre outros detalhes. Ao final da pesquisa, a força-tarefa chegou a sete nomes e não era nenhum deles.

Enfim, devido a pressões de sua neta, que achava que deveriam aproveitar para amealhar algum dinheiro com a história, William Mark Felt, o número dois do FBI à época, se apresentou como o "Garganta Profunda" em 2005, aos 91 anos, em artigo publicado na revista Vanity Fair.

A Vanity Fair especulou sobre as possíveis razões para a decisão de Felt de servir de fonte para os repórteres do Washington Post. Segundo ela, as relações entre os assessores de Nixon e os agentes do FBI tinham se deteriorado no começo dos anos 70. Nixon estava possesso porque alguém no governo tinha vazado detalhes para o jornal The New York Timessobre a estratégia da corrida armamentista com os russos. Nixon queria que o FBI apontasse o culpado e exigia até que os suspeitos fossem submetidos ao detector de mentiras. Alguns meses depois, Nixon pressionou o FBI para que falsificassem um laudo pericial. Eles deveriam declarar como falso um documento que comprometia sua administração.

Felt, protegido do ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover, sentiu-se passado para trás, diziam alguns dos seus críticos, alguns deles cumpriram pena por causa dele, quando Nixon nomeou uma pessoa de fora do FBI para liderar a agência de investigação, após a morte de Hoover, em maio de 1972. Felt negou a versão de que o descontentamento teria motivado as denúncias.

W. Mark Felt morreu dia 18 de dezembro de 2008, aos 95 anos, em Santa Rosa, na Califórnia, após sofrer de uma insuficiência cardíaca congestiva por vários meses.