Por Felipe Araújo
O termo “conquistadores” ganhou força histórica na época dos descobrimentos ultramarinos protagonizados por povos da Península Ibérica. No período da conquista do continente americano, os conquistadores eram, em sua maioria, plebeus, fidalgos, membros da pequena nobreza, veteranos de combates e aventureiros. As terras conquistadas por eles foram alcunhadas de Novo Mundo, pois houve um estranhamento entre a cultura europeia e a dos nativos. Para desbravar o território, foram travadas diversas batalhas entre os indígenas e os europeus, com saldo negativo para o primeiro grupo.
A cobiça do europeu e as batalhas sangrentas contra os índios foram evidenciadas na obra “Brevíssima Relação da Destruição das Índias”, do Frei Bartolomeu de Las Casas. O livro relatava as atitudes tomadas pelos espanhóis nas terras descobertas e, posteriormente, foi utilizado pelos adeptos da Leyenda Negra.
O alcance desta publicação causou, na Espanha, a proibição do termo “conquista” para se referir à colonização no continente americano. A partir daí, começa a ser empregada somente a palavra “descobrimento”. Entre as principais jornadas de conquistadores na América, destacam-se as de Pedro Alvarez Cabral, Cristóvão Colombo, Cabeza de Vaca e Balboa.
Entre os fatores que incentivaram a conquista dos territórios americanos, podem ser citados: caráter privado, aprovação da monarquia, conquista do título de nobre, metais preciosos, honrarias, status e espalhamento da religião cristã. Em muitos casos, conquistadores que eram pequenos fidalgos em seus países de origem, apresentavam-se como marqueses nas terras conquistadas. Conseguiam, até mesmo, que os monarcas lhe cedessem títulos de Don. No que se refere à motivação religiosa, os conquistadores acreditavam estar dando continuidade à luta contra os infiéis. Desta vez, ao invés dos muçulmanos, os alvos eram os povos pagãos da América.
Embora o termo “conquistadores” tenha sido abolido na Espanha do século XVI, leituras históricas mais recentes reutilizaram a palavra e criticaram sua substituição por “descobridores”. Isso ocorreu devido a protestos de camadas da sociedade a favor dos índios, dos negros e contra o imperialismo contemporâneo.
No Brasil, a palavra descobrimento costuma ser a mais empregada para se referir ao fenômeno. De acordo com Tzvetan Todorov, filósofo e linguista da Bulgária, os descobrimentos foram um encontro de culturas e um momento singular na história humana, ocasionando a integração entre diferentes povos, muitas vezes, com a utilização da violência.
Fontes:
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo. 2 ed. São Paulo: Fundamento, 2008.