por: Alice Melo
“Nas últimas duas ou três voltas, só tinha uma coisa na minha cabeça: Deus”, confessou Ayrton Senna que, ao vencer o Grande Prêmio do Japão, sua oitava vitória na temporada de 1988, (recorde na época) ganhou o título de campeão mundial da Fórmula 1.
Senna chegou à vitória no circuito Suzuka, em Tóquio, numa sensacional recuperação, após problemas na largada que o fizeram perder 15 posições. Na 28ª volta, ultrapassou seu eterno adversário Alain Prost e assumiu a ponta, para nunca mais perdê-la.
Senna atribuiu a “uma mistura de problema de fuso horário e tensão” a sua péssima largada, “a pior que já fiz”. Por um momento achou que estava tudo acabado. Reconheceu ter-se aproveitado da chuva num momento delicado da prova, para então reduzir drasticamente a diferença que o separava do líder Post e do segundo colocado, Ivan Capelli. Na metade da corrida ultrapassou Prost como uma rajada de vento e manteve-se à frente com autoridade até o fim. Cruzou a linha de chegada com os punhos cerrados socando o ar e levantou a viseira do capacete, como se quisesse mostrar ao mundo suas lágrimas.
“Quanto mais difícil, melhor, mas não achei que tinha que passar por este sofrimento todo. Só Deus sabia que seria tão duro, mas agora que acabou acho que foi melhor assim. Guiei o que podia e o que não podia. Foi a corrida da minha vida, uma coisa tremenda”, declarou ele.
Este não foi um campeonato comum para Senna ou para a Fórmula 1. Naquele dia, o brasileiro encerrava um ano batendo recordes de 12 pole-positions, oito vitórias e 88 pontos. Mesmo sendo o GP do Japão a penúltima prova da temporada, Senna assegurava o título mundial por antecipação. Em 12 de novembro, na Austrália, o herói nacional receberia o prêmio, no lugar mais alto do pódio, seguido por Alain Prost e Gerhrad Berger. Era início de uma era de vitórias para o nosso automobilismo.
Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=24266