22.5.08

MEC estuda mudanças para o Enem 2009

Objetivo é comparar resultados de provas de anos diferentes.
Medida poderá beneficiar vestibulandos que usam nota da avaliação

O Ministério da Educação (MEC) estuda mudanças para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem buscar) de 2009. O objetivo, segundo informou nesta quarta-feira (21) Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), é permitir a comparação entre as notas de diferentes edições da prova.

“O Enem é uma prova clássica que tem bastante sucesso de público. Mas ele tem uma deficiência de medida, pois os anos não são comparáveis”, explicou Fernandes. Em 2007, por exemplo, as médias da avaliação subiram bastante e a prova foi considerada mais fácil pelo Inep - o que dificulta a seleção dos melhores alunos, já que todo mundo que é mais ou menos bom fica com nota alta.

Para quem presta vestibular, a mudança pode ser um grande auxílio. Isso porque a maior parte dos processos seletivos permite apenas a utilização da nota do último Enem realizado. Atualmente, quem fez Enem em 2006 e quer prestar vestibular em 2008, não pode usar a pontuação antiga.

A mesma restrição existe para quem busca uma bolsa de estudos pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), do governo federal. De acordo com as regras atuais do programa, só quem fez a última edição do Enem pode disputar. Se todos os exames tiverem o mesmo grau de dificuldade existe a possibilidade da restrição ser eliminada.


“Existe uma equipe trabalhando na mudança. E já há estudos anteriores que vão ser recuperados”, disse Fernandes. A alteração não é simples: diversos modelos estatísticos estão sendo discutidos e elaborados para levar à forma final do Enem.

Provas diferentes

Outra alteração na vida dos candidatos é que a prova com 63 questões objetivas pode deixar de ser única para todo o país. Na prática, isso significa que os candidatos podem responder a questões diferentes.


“Algumas questões passariam por todos os exames e outras não. A idéia é que o estudante não perceba a diferença com a alteração, porque não vai mudar o conteúdo que cai na prova”, explica Fernandes

Para que o Enem seja comparável de um ano para outro, a equipe do Inep terá de pré-testar o exame. Com isso, será necessário elaborar um número bem maior de questões.

Padrão internacional

O Enem é a única avaliação do MEC que não pode ser comparada de ano para ano. Todas as outras podem ser estudadas no tempo, como acontece com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mede o desempenho de estudantes de 57 países em domínio da língua, matemática e ciências.

Segundo Andreas Schleicher, responsável pelo Pisa, elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a mudança do Enem é um desafio. “A avaliação tem de ser relevante para o momento em que é aplicada. Não se deve congelar um exame só para que se possa fazer as comparações. Mas o Enem é uma prova nova e sempre tem de passar por melhoras”, afirmou.

O anúncio das mudanças foi feito em entrevista após o V Seminário de Outono, promovido pela Fundação Santillana e pela Editora Moderna.